16.04.2013 Views

o espelho nos contos de machado de assis e ... - Itaporanga.net

o espelho nos contos de machado de assis e ... - Itaporanga.net

o espelho nos contos de machado de assis e ... - Itaporanga.net

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

implica a <strong>de</strong> uma existência inteira”. O narrador conta que virou alferes, posto <strong>de</strong> oficial<br />

subalterno nas forças armadas, aos 25 a<strong>nos</strong> e passou a ser paparicado pela tia Marcolina. O<br />

orgulho sentido pelo sobrinho era tanto que ela colocou um gran<strong>de</strong> <strong>espelho</strong> no quarto em<br />

que Jacobina estava hospedado para que este se olhasse e se envai<strong>de</strong>cesse como alferes,<br />

alimentando seu amor próprio, mesmo vindo <strong>de</strong> uma posição social e não pessoal. Dessa<br />

forma, com a presença do <strong>espelho</strong>, o alferes eliminou o homem. “A alma exterior passou a<br />

ser cortesia e os rapapés da casa, tudo o que me falava do posto, nada do que me falava do<br />

homem.” Após três semanas, era exclusivamente alferes.<br />

Por ocasião <strong>de</strong> doença da filha <strong>de</strong> tia Marcolina, Jacobina ficou sozinho na<br />

fazenda e, por isso, sentiu-se oprimido. Os carinhos da tia foram substituídos pelos<br />

respeitos dos escravos, que não duraram muito em virtu<strong>de</strong> da fuga <strong>de</strong>stes. Ao ficar<br />

completamente solitário na casa, dizia-se não sentir medo, mas uma sensação estranha, <strong>de</strong><br />

não-vida. Sonhava, à noite, ser convidado a tornar-se tenente, capitão e isso o fazia sentir-<br />

se vivo.<br />

Des<strong>de</strong> que ficou sozinho, não havia se olhado ao <strong>espelho</strong>. Após oito dias,<br />

tomou coragem e a imagem refletida era “vaga, difusa”. Resolveu ir embora. Depois<br />

<strong>de</strong>cidiu vestir-se com a roupa <strong>de</strong> alferes e a imagem pareceu-lhe real, integral. Como<br />

sentia-se bem ao ver-se uniformizado, vestia-se todos os dias, a certa hora, e assim<br />

permanecia por duas ou três horas.<br />

2.1. Análise do conto<br />

O <strong>espelho</strong> no conto <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis faz um duplo papel: ao mesmo tempo<br />

que dá vida ao alferes, rouba a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do homem Jacobina. A tia, orgulhosa <strong>de</strong><br />

sobrinho alcançar a patente nas forças armadas, previu o ponto <strong>de</strong> vista que o <strong>espelho</strong> teria,<br />

<strong>de</strong> exagerar, valorizar as qualida<strong>de</strong>s e as características <strong>de</strong> exaltação <strong>de</strong> sua personalida<strong>de</strong><br />

masculina. Ao se ausentar da fazenda e dos olhos do sobrinho, o <strong>espelho</strong> passa a fazer o<br />

papel da carinhosa parente, <strong>de</strong> paparicá-lo, <strong>de</strong> agradar seu ego. A partir daí, o <strong>espelho</strong> faz<br />

nascer o alferes, orgulhoso <strong>de</strong> si mesmo, digno <strong>de</strong> vestir a<strong>de</strong>quadamente com a farda não<br />

3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!