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o espelho nos contos de machado de assis e ... - Itaporanga.net

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sua própria imagem:<br />

Depois <strong>de</strong> algum tempo, Narciso percebe que a imagem que tanto o encantou é<br />

O final trágico:<br />

Tu não és outro senão eu mesmo, eu o compreendo; eu não estou mais<br />

enganado <strong>de</strong> minha própria imagem. É por mim que eu queimo <strong>de</strong> amor,<br />

e esse ardor, eu o provocarei por sua vez e o sinto. Que fazer? Ser querido<br />

ou querer? (...) E eis que a dor me retira minhas forças; não me resta mais<br />

muito tempo para viver e eu me extingo na flor da ida<strong>de</strong>. Mas morrer não<br />

me é um peso, pois que morrendo eu <strong>de</strong>ixarei o fardo <strong>de</strong> minha dor. (...)<br />

Disse isso, e insensato, voltou ainda à sua contemplação. Mas suas<br />

lágrimas agitaram as águas e, no lago agitado, a imagem tornou-se<br />

indistinta. (ZAMBOLLI, 2002, p.32)<br />

A última fala <strong>de</strong> Narciso, os olhos mergulhados nessa água que se tornara<br />

familiar, foi: ‘Ai! Jovem querido, meu vão amor!’ e o lugar retornou-lhe<br />

todas as palavras. (...) o corpo tinha <strong>de</strong>saparecido. Em seu lugar,<br />

encontraram uma flor amarelo-alaranjada cujo coração é ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong><br />

pétalas brancas. (ZAMBOLLI, 2002, p.33)<br />

Como um objeto <strong>de</strong> revelação, o <strong>espelho</strong> é utilizado em <strong>contos</strong> <strong>de</strong> fadas como<br />

Branca <strong>de</strong> Neve, cuja madrasta confirmava sua beleza no <strong>espelho</strong>. Neste, a revelação <strong>de</strong><br />

um ser mais belo causa inveja e ódio na bruxa. Em filmes <strong>de</strong> terror ou espíritas, o <strong>espelho</strong><br />

aparece como porta <strong>de</strong> entrada para o mal, como Constantine (2005), cuja cena mostra um<br />

exorcismo utilizando o <strong>espelho</strong> como instrumento. No que se refere à literatura, <strong>nos</strong>so<br />

trabalho enfocará o <strong>espelho</strong> como instrumento <strong>de</strong> revelação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s masculinas, <strong>nos</strong><br />

<strong>contos</strong> brasileiros <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis e Guimarães Rosa, ambos intitulados O Espelho.<br />

2. O <strong>espelho</strong> <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis<br />

No conto O Espelho <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis, publicado no livro Papéis Avulsos<br />

<strong>de</strong> 1982, Jacobina, o narrador, afirma haver duas almas: uma que olha <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro e<br />

outra <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora. Acredita que uma completa a outra e a “perda da alma exterior<br />

2

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