A Revolta da Chibata e seu centenário - Fundação Perseu Abramo
A Revolta da Chibata e seu centenário - Fundação Perseu Abramo
A Revolta da Chibata e seu centenário - Fundação Perseu Abramo
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
GRÁFICO 1<br />
Faixa etária <strong>da</strong> Escola de Aprendizes Marinheiros - RJ (1909-1910)<br />
45<br />
40<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
11 anos<br />
Fonte: Livro 3533, Serviço de Documentação <strong>da</strong> Marinha.<br />
12 anos 13 anos 14 anos 15 anos 16 anos 17 anos 18 anos<br />
Boa parte desses aprendizes, no entanto, chegava às escolas pelas<br />
mãos de autori<strong>da</strong>des civis, e outra parte, bem menor, por meio <strong>da</strong>s mães,<br />
pais e tutores. Quarenta e quatro deles foram enviados por delegados, que<br />
recebiam garotos detidos nas ruas ou mesmo de pais que procuravam a autori<strong>da</strong>de<br />
policial para intermediar a matrícula do fi lho junto às autori<strong>da</strong>des<br />
militares. Outros 77 garotos eram procedentes dos Asilos de Menores Desamparados.<br />
Algo que acontecia com certa frequência: os ofi ciais visitavam<br />
esses asilos e de lá retiravam os garotos e rapazes que poderiam ser aproveitados<br />
na Arma<strong>da</strong>. Os demais alunos vinham de outras escolas de aprendizes<br />
espalha<strong>da</strong>s pelo país (Pernambuco, Alagoas, São Paulo, entre outras), por estarem<br />
próximos a tornar-se marinheiros e terem de assentar praça, ou por serem<br />
muito indisciplinados nas escolas de origem – a do Rio de Janeiro era temi<strong>da</strong><br />
pelo <strong>seu</strong> rigor excessivo...<br />
A cor desses garotos e rapazes também chama a atenção. Do total, 55<br />
eram brancos, 48 pardos, 23 pretos, 5 mulatos, 3 morenos, 2 caboclos, 1 escuro<br />
e 2 não tinham registros <strong>da</strong> cor. Nota-se uma quanti<strong>da</strong>de maior de não<br />
brancos, com 82 alunos. Ain<strong>da</strong> não há pesquisas mais detalha<strong>da</strong>s acerca <strong>da</strong><br />
cor e origem dos marinheiros e aprendizes desde o século XIX até o século XX,<br />
mas sabemos por fontes diversas e até por testemunhos de ofi ciais que a maioria<br />
<strong>da</strong>queles homens era composta de indivíduos não brancos. Uma reali<strong>da</strong>de<br />
que será paulatinamente modifi ca<strong>da</strong> por intermédio dos ofi ciais na passagem<br />
do século e que se aprofun<strong>da</strong> nas primeiras déca<strong>da</strong>s do século XX 8 .<br />
Já nesse período, contudo, ofi ciais encarregados <strong>da</strong> seleção de pessoal<br />
<strong>da</strong>vam preferência a garotos e rapazes brancos ou quase brancos. É interessante<br />
Nº 5, Ano 4, 2010 14