16.04.2013 Views

anno domini - A Irmandade

anno domini - A Irmandade

anno domini - A Irmandade

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

DEUS EX MACHINA<br />

Elsen Pontual<br />

Quando despertei, experiência pela qual desejo nunca mais ter<br />

que passar outra vez, eu instintivamente sabia como alcançar o<br />

paraíso, mas percebi que não seria nada fácil.<br />

Movi-me furtivamente por entre os escombros das antigas<br />

cidades-fantasmas, locais onde a guerra mostrou sua face mais<br />

destruidora, me certificando de estar sempre um passo a frente<br />

dos grupos de caça. Conhecidos entre os homens como “matamáquina”,<br />

esses guerreiros eram a elite bélica da humanidade,<br />

frios, eficazes e bem instruídos na arte de obliterar qualquer ser<br />

racional não orgânico. Eu estava bem próximo de meu objetivo<br />

quando os encontrei pela primeira vez.<br />

Acredito que, neste ponto, devo informar que meu modelo foi<br />

originalmente projetado para trabalhar como auxiliar em hospitais<br />

e casas de recuperação humana. Possuo forma humanóide delgada<br />

e um revestimento de cromo-chumbo projetado para resistir a<br />

pequenas doses de radiação. Não tenho quaisquer armas e minha<br />

única capacidade especial é realizar scans e projetar diagnósticos.<br />

Logo, a menos que os mata-máquina estivessem sofrendo de<br />

alguma doença desconhecida, eu não teria nada com que me<br />

defender ou negociar.<br />

Como dito, eu sentia que estava bastante próximo de alcançar<br />

meu objetivo, sentia que o paraíso estava a poucos dias de<br />

distância, então, tornei-me atrevido. Passei a desprezar a cobertura<br />

da noite e a viajar também durante o dia. Julgava que não haveria<br />

patrulhas em locais tão afastados de qualquer centro, mas como<br />

errar não é um privilégio humano, fui punido pela minha estupidez.<br />

A primeira coisa que ouvi foi o rugido grave da turbina dos<br />

“anjos”. Experimentando o maior medo que já senti, procurei<br />

abrigo imediato nas ruínas, temendo sentir nas costas a explosão<br />

de algum míssil ar-terra ou o calor pungente de balas do tamanho<br />

de facas, e rezei para não ter sido detectado. Fiquei imóvel,<br />

completamente apavorado, por vários minutos até não ouvir mais<br />

o eco das aeronaves. Se eu tivesse sorte, elas não teriam me visto<br />

e não haveria um grupo de solo, mas a fortuna só me concederia<br />

uma dessas bênçãos.<br />

O primeiro mata-máquina surgiu no que um dia foi a entrada<br />

de um antigo bulevar. O esqueleto decrépito de uma torre saldava<br />

sua passagem pela direita e, à esquerda, os escombros de um<br />

50

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!