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Querido John - Le Livros

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Dear <strong>John</strong> Nicholas Sparks<br />

eu tinha menos de um ano. Embora mais tarde eu tenha suspeitado que minha mãe tivesse<br />

encontrado outra pessoa, meu pai nunca confirmou isso. Tudo o que ele tinha dito era que ela<br />

tinha se dado conta que tinha cometido um erro casando tão jovem, e que ela não estava<br />

pronta para ser uma mãe. Ele nem tratava ela com desdém, nem a elogiava, mas se certificou<br />

que eu a incluísse nas minhas orações, não importando onde ela estivesse ou o que ela havia<br />

feito.<br />

"Você me lembra ela," ele tinha dito algumas vezes.<br />

Até hoje, eu nunca falei uma única palavra com ela, nem tenho nenhum desejo de falar.<br />

Eu acho que meu pai era feliz. Eu coloco assim porque ele raramente mostrava suas<br />

emoções. Abraços e beijos eram uma raridade pra mim quando eu estava crescendo, e<br />

quando aconteciam, eles geralmente pareciam sem vida, algo que ele tinha feito porque<br />

sentiu que tinha que fazer, não porque ele quisesse fazer. Eu sei que ele me amava pelo modo<br />

que ele se dedicou a cuidar de mim, mas ele tinha 43 anos quando me teve, e uma parte de<br />

mim acha que meu pai se daria melhor como um monge do que como um pai. Ele era o<br />

homem mais quieto que eu já conheci. Fazia poucas perguntas sobre o que estava<br />

acontecendo na minha vida, e do mesmo jeito que raramente ficava com raiva, ele raramente<br />

brincava. Vivia para a rotina. Fazia ovos mexidos, torradas e bacon para mim todas as<br />

manhãs e ouvia eu falar sobre a escola, no jantar que ele também tinha nos preparado. Ele<br />

marcava visitas ao dentista com dois meses de antecedência, pagava suas contas no sábado<br />

de manhã, lavava a roupa no domingo à tarde e saía de casa todo dia exatamente às 7:35 da<br />

manhã. Ele era socialmente estranho e passava longas horas sozinho todos os dias, deixando<br />

pacotes e maços de cartas nas caixas de correio ao longo da sua rota. Ele não namorava, nem<br />

passava noites de fim de semana jogando poker com seus colegas; o telefone podia ficar em<br />

silêncio por semanas. Quando tocava, ou era engano ou telemarketing. Eu sei o quanto deve<br />

ter sido difícil pra ele me criar sozinho, mas ele nunca reclamava, nem mesmo quando eu o<br />

desapontava.<br />

Eu passava a maioria das minhas tardes sozinho. Com as obrigações do dia finalmente

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