Querido John - Le Livros

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16.04.2013 Views

Dear John Nicholas Sparks de desculpas. Ela explicou q não limpava a cozinha havia vários dias porque uma de suas filhas ficou doente, mas trocou os lençóis diariamente e se certificou que havia várias latas de sopa. Frente a frente com ela na varanda, notei a exaustão em seu rosto, e todas as palavras de reprovação que estavam na minha garganta desapareceram. Disse que estava muito grato por tudo que ela fez, mais do que podia expressar. Eu sorri. Incentivada, ela prosseguiu. ―mas preciso dizer que não pé sempre que ele me deixa entrar. Ele disse que não gosta de onde coloco as coisas. Ou do jeito que limpo. E de ter mudado uma pilha de papéis de lugar em cima da mesa dele. Normalmente eu ignoro, mas as vezes, quando ele esta se sentindo bem, é bastante inflexível sobre não me deixar entrar, e até ameaçou chamar a policia quando tentei passar. Eu não...‖ Ela parou de falar, e eu terminei a frase para ela. ―Você não sabe o que fazer.‖ A culpa estava escrita claramente no rosto dela. ―Está tudo bem‖, eu disse. ―Sem você, não sei o que ele faria.‖ Ela acenou com alívio antes de desviar o olhar. ―Estou feliz que você esteja em casa‖, ela começou hesitante, ―queria falar com você sobre essa situação‖. Ela escovou um fiapo invisível em sua roupa. ―Conheço um lugar ótimo em que poderiam cuidar dele. Os funcionários são excelentes. As vagas são raras, mas conheço o diretor, e ele sabe quem é o medico do seu pai. Sei como é difícil ouvir isso, mas acho que é o melhor para ele, espero...‖ Quando ela terminou, sem terminar a frase, percebi que se preocupava genuinamente com meu pai, e abri a boca pare responder. Mas não disse nada. Não era uma decisão tão simples como parecia. A casa dele era o único lugar que meu pai conhecia, o único lugar em

Dear John Nicholas Sparks que ele se sentia confortável. O único lugar em que sua rotina fazia sentido. Se ir para o hospital o apavorava, ser obrigado a viver em lugar novo provavelmente o mataria. A questão resumia-se não a onde Lee morreria, mas como morreria. Sozinho em casa, onde dormia em lençóis sujos, e possivelmente pereceria de fome? Ou entre pessoas que o limpariam e o alimentariam, em um lugar que o aterrorizava? Com um tremor na voz que eu não conseguia controlar, perguntei: ―Onde fica?‖ *** Passei as duas semanas seguintes cuidando do meu pai. Fiz o melhor que pude, lia a Greysheet quando ele estava acordado e dormia no chão ao lado de sua cama. Ele se sujava todas as noites, e tive de comprar fraldas geriátricas para sua vergonha. Ele passava a tarde toda dormindo. Enquanto ele repousava no sofá, visitei várias clínicas. Não apenas a que a vizinha tinha recomendado, ma todas as outras em um raio de duas horas. No final, a vizinha tinha razão. O lugar que ela mencionara era limpo, os funcionários pareciam profissionais e, o mais importante, o diretor parecia ter um interesse pessoal em cuidar do meu pai, não sei se por causa da vizinha ou do médico que o atendia. O preço não foi um problema. A clinica era notoriamente cara, mas como meu pai tinha aposentadoria, Previdência Social, Medicare e seguro saúde privado (era fácil imaginá-lo assinando na linha pontilhada indicada pelos vendedores de seguros sem saber ao certo o que estava pagando), tive certeza que o único custo seria emocional. O diretor quarentão de cabelos castanhos, cujos modos gentis me lembraram TIM, foi compreensivo e não pressionou por uma decisão rápida. Entregou-me uma pilha de brochuras e formulários, desejando melhoras para meu pai. ***

Dear <strong>John</strong> Nicholas Sparks<br />

que ele se sentia confortável. O único lugar em que sua rotina fazia sentido. Se ir para o<br />

hospital o apavorava, ser obrigado a viver em lugar novo provavelmente o mataria. A questão<br />

resumia-se não a onde <strong>Le</strong>e morreria, mas como morreria. Sozinho em casa, onde dormia em<br />

lençóis sujos, e possivelmente pereceria de fome? Ou entre pessoas que o limpariam e o<br />

alimentariam, em um lugar que o aterrorizava?<br />

Com um tremor na voz que eu não conseguia controlar, perguntei: ―Onde fica?‖<br />

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Passei as duas semanas seguintes cuidando do meu pai. Fiz o melhor que pude, lia a<br />

Greysheet quando ele estava acordado e dormia no chão ao lado de sua cama. Ele se sujava<br />

todas as noites, e tive de comprar fraldas geriátricas para sua vergonha. Ele passava a tarde<br />

toda dormindo.<br />

Enquanto ele repousava no sofá, visitei várias clínicas. Não apenas a que a vizinha tinha<br />

recomendado, ma todas as outras em um raio de duas horas. No final, a vizinha tinha razão.<br />

O lugar que ela mencionara era limpo, os funcionários pareciam profissionais e, o mais<br />

importante, o diretor parecia ter um interesse pessoal em cuidar do meu pai, não sei se por<br />

causa da vizinha ou do médico que o atendia.<br />

O preço não foi um problema. A clinica era notoriamente cara, mas como meu pai tinha<br />

aposentadoria, Previdência Social, Medicare e seguro saúde privado (era fácil imaginá-lo<br />

assinando na linha pontilhada indicada pelos vendedores de seguros sem saber ao certo o que<br />

estava pagando), tive certeza que o único custo seria emocional. O diretor quarentão de<br />

cabelos castanhos, cujos modos gentis me lembraram TIM, foi compreensivo e não<br />

pressionou por uma decisão rápida. Entregou-me uma pilha de brochuras e formulários,<br />

desejando melhoras para meu pai.<br />

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