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Querido John - Le Livros

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Dear <strong>John</strong> Nicholas Sparks<br />

suas cartas, ele contava que saia para passear no quarteirão três vezes por dia, todos os dias,<br />

exatamente por vinte minutos, mas até isso era difícil para ele. Se havia um lado positivo<br />

nisso tudo, foi proporcionar a ele algo em torno do qual organizar seu dia agora que ele<br />

estava aposentado, algo além de moedas. Além de mandar cartas, mesmo com mais<br />

freqüência, passei a telefonar para ele às terças e sextas-feiras, exatamente à uma hora,<br />

horário dos Estados Unidos, só para ter certeza que ele estava bem. Procurava sinais de<br />

cansaço em sua voz, e lembrava-lhe constantemente sobre comer bem, dormir bastante e<br />

tomar a medicação. Sempre fui o responsável pela maior parte da conversa. Papai achava as<br />

conversas telefônicas ainda mais dolorosas do que a comunicação cara a cara, e sempre soou<br />

como se quisesse desligar o telefone o mais rápido possível. Com o tempo, comecei a<br />

provocá-lo por causa disso, mas nunca tive certeza se entendia que eu estava brincando. Isso<br />

me divertia, e às vezes eu ria; embora ele nunca risse comigo, o tom de sua voz ficava mais<br />

alegre, ainda que temporariamente, antes de ele cair em total silêncio. Não tinha problema.<br />

Sabia que ele esperava os telefonemas com ansiedade. Ele sempre atendia ao primeiro toque,<br />

e foi fácil para mim imaginá-lo olhando o relógio, à espera da ligação.<br />

Agosto virou setembro e depois outubro. Savannah terminou suas aulas em Chapel Hill<br />

e voltou para casa para procurar um emprego. Nos jornais, eu lia sobre as Nações Unidas e<br />

como os europeus queriam encontrar um modo de nos impedir de entrar em guerra com o<br />

Iraque. AS coisas estavam tensas nas capitais dos nossos aliados na OTAN; no noticiário,<br />

sempre havia manifestações da população e declaração vigorosas dos governos, afirmando<br />

que os Estados Unidos estavam prestes a cometer um erro terrível. Enquanto isso, nossos<br />

líderes tentavam fazê-los mudar de idéia. Eu e todos no meu pelotão continuávamos a levar<br />

nossas vidas, treinando para o inevitável com sinistra determinação. Então, em novembro, eu<br />

e meu pelotão retornamos a Kosovo. Não ficamos muito tempo por lá, mas era mais do que<br />

suficiente. Eu já estava cansado dos Balcãs, estive lá quatro vezes, e já estava cansado das<br />

forças de paz. Mais do que isso, eu e todos no exército sabíamos que a guerra no Oriente<br />

Médio se aproximava, quisesse ou não a Europa.<br />

Nesse período, as cartas de Savannah ainda chegavam com alguma regularidade, assim<br />

como meus telefonemas para ela. Normalmente eu ligava antes do amanhecer, como sempre

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