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Querido John - Le Livros

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Dear <strong>John</strong> Nicholas Sparks<br />

ela estava horrorizada com o que havia acontecido e entedia o senso de dever que pesava<br />

sobre mim, mesmo antes de eu tentar explicar. Ela disse que estava orgulhosa de mim.<br />

Mas a realidade logo apareceu. Ao escolher servir ao meu país, eu tinha feito um<br />

sacrifício. Embora a investigação sobre os autores do atentado tenha sido concluída<br />

rapidamente, 2001 terminou sem maiores sobressaltos para nós. Nossa divisão da infantaria<br />

não desempenhou qualquer papel na derrubada do governo Talibã no Afeganistão, uma<br />

decepção para todos no meu pelotão. Em vez disso, passamos a maior parte do inverno e da<br />

primavera treinando e nos preparando para a futura invasão ao Iraque.<br />

Foi por volta dessa época, acredito que as cartas de Savannah começaram a mudar. Se<br />

antes elas chegavam todas semanas, passaram a vir de dez em dez dias, e com o passar dos<br />

dias, tornaram-se quinzenais. Tentei consolar-me com o fato de que o tom das cartas não<br />

havia mudado, mas com o tempo isso também aconteceu. Não havia mais as longas<br />

passagens em que ela descrevia como imaginava nossa vida juntos, as passagens que, no<br />

passado, sempre me encheram de expectativa. Escrever sobre um futuro tão distante a fazia<br />

lembrar quanto tempo faltava, algo doloroso de pensar para nós dois.<br />

No final de Maio, consolei-me que pelo menos nos veríamos na minha próxima licença.<br />

O destino, porém, conspirou novamente contra nós poucos dias antes de eu voltar para casa.<br />

Meu comandante convocou uma reunião e, quando me apresentei em seu escritório, ele<br />

mandou eu me sentar. Meu pai, ele disse, tinha acabado de sofrer um ataque cardíaco, e ele já<br />

se antecipara e me concedera a licença adicional de emergência. Em vez de ir para Chapel<br />

Hill e passar duas semanas gloriosas com Savannah, viajei para Wilmington e fiquei ao lado<br />

da cama do meu pai, respirando o odor anticéptico que sempre me fez pensar mais na morte<br />

do que na cura. Quando cheguei, meu pai estava na unidade de terapia intensiva, e lá ele<br />

permaneceu durante a maior parte da minha licença. Sua pele tinha uma palidez acinzentada,<br />

e sua respiração era rápida e fraca. Na primeira semana, ele recuperava e perdia a<br />

consciência, mas quando ele estava acordado, vi emoções em meu pai que afloravam<br />

raramente, e nunca combinadas: o medo desesperado, a confusão momentânea, e uma

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