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Negação do Holocausto e falta de ética jornalística - Visão Judaica

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2<br />

editorial<br />

VISÃO JUDAICA • abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

Publicação mensal in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />

JUDAICA LTDA.<br />

Redação, Administração e Publicida<strong>de</strong><br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Curitiba • PR • Brasil<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Dir. <strong>de</strong> Operações e Marketing<br />

SHEILLA FIGLARZ<br />

Dir. Administrativa e Financeira<br />

HANA KLEINER<br />

Diretor <strong>de</strong> Redação<br />

SZYJA B. LORBER<br />

Publicida<strong>de</strong><br />

DEBORAH FIGLARZ<br />

Arte e Diagramação<br />

SONIA OLESKOVICZ<br />

Webmaster<br />

RAFFAEL FIGLARZ<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Antônio Carlos Coelho, Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi,<br />

Breno Lerner, Daniel Pipes, David Horovitz,<br />

Heitor <strong>de</strong> Paola, Jane Bichmacher <strong>de</strong> Glasman,<br />

Martha Wolff, Petra Marquardt-Bigman, Pilar<br />

Rahola, Sérgio Feldman, Simon Rocker, Uzi<br />

Mahnaimi, Yossi Groisseoign e Yossi Melman.<br />

<strong>Negação</strong> <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> e <strong>falta</strong> <strong>de</strong> <strong>ética</strong> <strong>jornalística</strong><br />

rimeiro foi o bispo inglês Richard<br />

Williamson, um excomunga<strong>do</strong><br />

que recebera o perdão<br />

<strong>do</strong> Papa Bento XVI. Semanas<br />

antes, em entrevista a um<br />

canal <strong>de</strong> TV da Suécia, sua reverendíssima<br />

com a maior "cara-<strong>de</strong>-pau"<br />

negou o <strong>Holocausto</strong> e a existência das<br />

câmaras <strong>de</strong> gás nos campos <strong>de</strong> morte<br />

nazistas. Causou um rebuliço internacional<br />

e, primeiro disse que não se<br />

retratava, mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> chama<strong>do</strong> às<br />

falas pelo Vaticano, que ameaçou<br />

cancelar o perdão, pediu <strong>de</strong>sculpas a<br />

quem se sentiu ofendi<strong>do</strong> por suas palavras,<br />

mas não voltou atrás. Disse<br />

que precisava pesquisar e que isso ia<br />

<strong>de</strong>morar. Como conseqüência, foi expulso<br />

da Argentina,<br />

on<strong>de</strong> dirigia<br />

um seminário<br />

teológico.<br />

Em seguida,<br />

foi a<br />

vez <strong>do</strong> ar-<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilida<strong>de</strong> sobre<br />

o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s artigos, notas, opiniões ou<br />

comentários publica<strong>do</strong>s, sejam <strong>de</strong> terceiros<br />

(mencionan<strong>do</strong> a fonte) ou próprios e assina<strong>do</strong>s<br />

pelos autores. O fato <strong>de</strong> publicá-los não indica<br />

que o VJ esteja <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com alguns<br />

<strong>do</strong>s conceitos ou <strong>do</strong>s temas.<br />

Contém termos sagra<strong>do</strong>s, por isso trate<br />

com respeito esta publicação.<br />

www.visaojudaica.com.br<br />

Este jornal é um veículo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

da Comunida<strong>de</strong> Israelita <strong>do</strong> Paraná<br />

cebispo<br />

brasileiro<br />

Nossa capa<br />

<strong>de</strong> Olinda e Recife, D. José Car<strong>do</strong>so<br />

Sobrinho. No meio <strong>de</strong> um rumoroso<br />

caso da menina <strong>de</strong> nove anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, estuprada pelo padrasto,<br />

que a engravi<strong>do</strong>u <strong>de</strong> gêmeos, e<br />

teve que passar por aborto, pois<br />

sua vida estava em perigo, causan<strong>do</strong><br />

assim a reação <strong>do</strong> prela<strong>do</strong> nor<strong>de</strong>stino.<br />

Ele excomungou os médicos<br />

e a mãe da menina, mas não o<br />

agressor! Não parou aí. Em entrevista<br />

à revista Veja, ele afirmou a<br />

certa altura: "Quero lembrar o que<br />

aconteceu na II Guerra Mundial.<br />

Hitler, aquele dita<strong>do</strong>r, queria eliminar<br />

o povo judaico e dizem que ele<br />

chegou a matar 6 milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us".<br />

Como assim, cara-pálida "dizem<br />

que chegou a matar?". Em outras<br />

palavras, esse arcebispo também<br />

não crê na morte <strong>de</strong> 6 milhões<br />

<strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us, já que utilizou a expressão<br />

"dizem que..."<br />

E para confrontar o Nor<strong>de</strong>ste, o Sul<br />

não po<strong>de</strong>ria ficar atrás. O arcebispo<br />

<strong>de</strong> Porto Alegre, Da<strong>de</strong>us Grings, que<br />

na década <strong>de</strong> 90 já criara caso ao afirmar<br />

que só morreram no <strong>Holocausto</strong><br />

A capa reproduz a obra <strong>de</strong> arte cujo título<br />

é: "Escriba", elaborada com a técnica<br />

óleo sobre tela e dimensões <strong>de</strong> 70<br />

x 50 cm (acervo <strong>do</strong> dr. Jaime Osna),<br />

criação <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi.<br />

O autor nasceu em Bucareste, Romênia,<br />

é arquiteto e artista plástico, e vive<br />

em Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978. Já <strong>de</strong>senvolveu<br />

trabalhos em várias técnicas, <strong>de</strong>ntre<br />

elas pintura, gravura e tapeçaria.<br />

Recebeu premiações por seus trabalhos<br />

no Brasil e nos EUA. Suas obras estão<br />

espalhadas por vários países e tem<br />

no judaísmo, uma das principais fontes<br />

<strong>de</strong> inspiração. É o autor das capas<br />

<strong>do</strong> jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. (Para conhecer<br />

mais sobre ele, visite o site<br />

www.bro<strong>de</strong>schi.com.br).<br />

ACENDIMENTO DAS VELAS<br />

EM CURITIBA<br />

abril /maio <strong>de</strong> 2009<br />

Shabat<br />

DATA HORA<br />

24 / 4<br />

1º / 5<br />

8 / 5<br />

15 / 5<br />

22 / 5<br />

17h34<br />

17h29<br />

17h24<br />

17h20<br />

17h17<br />

Datas importantes<br />

25 <strong>de</strong> abril<br />

28 <strong>de</strong> abril<br />

29 <strong>de</strong> abril<br />

2 <strong>de</strong> maio<br />

9 <strong>de</strong> maio<br />

12 <strong>de</strong> maio<br />

16 <strong>de</strong> maio<br />

22 <strong>de</strong> maio<br />

23 <strong>de</strong> maio<br />

um milhão <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us, e tornou a publicar<br />

isso em artigo em 2003, voltou<br />

à carga ao afirmar à revista Press &<br />

Advertising, que os católicos e ciganos<br />

foram mais sacrifica<strong>do</strong>s que os<br />

ju<strong>de</strong>us na II Guerra Mundial, "mas isso<br />

não aparece porque os ju<strong>de</strong>us têm a<br />

propaganda <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>". A Fe<strong>de</strong>ração<br />

Israelita <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul divulgou<br />

nota repudian<strong>do</strong> as <strong>de</strong>clarações.<br />

Depois, em entrevista ao jornal Zero<br />

Hora, Grings tentou mitigar e o caso<br />

acabou no Ministério Público, <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

o arcebispo e a Fe<strong>de</strong>ração Israelita<br />

saíram reafirman<strong>do</strong> a importância e<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> diálogo interreligioso<br />

e da ampla liberda<strong>de</strong> e respeito<br />

entre to<strong>do</strong>s os grupos. Será mera<br />

coincidência to<strong>do</strong>s esses episódios <strong>de</strong><br />

negação <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> por religiosos<br />

da Igreja Católica? Ou há algo mais?<br />

Questão a observar.<br />

Mudan<strong>do</strong> <strong>de</strong> assunto, agora é oficial.<br />

As <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> que solda<strong>do</strong>s israelenses<br />

mataram civis sob as or<strong>de</strong>ns<br />

<strong>de</strong> oficiais foram comprovadas<br />

como inexistentes, mentirosas e fraudulentas.<br />

Não foi possível encontrar<br />

Humor Judaico<br />

ninguém que confirmasse. E no momento<br />

que acharam uma das civis "assassinadas"<br />

viva, e não foi levantada<br />

prova alguma <strong>do</strong> que foi publica<strong>do</strong><br />

num jornal israelense <strong>de</strong> esquerda, o<br />

Haaretz, e que virou, lamentavelmente<br />

"prato cheio" da imprensa internacional,<br />

especialmente a que costuma<br />

<strong>de</strong>tratar Israel, a investigação foi concluída<br />

e as <strong>de</strong>núncias consi<strong>de</strong>radas<br />

falsas. Mas isso, a mídia <strong>de</strong>nunciante<br />

não se preocupou em relatar.<br />

Não é a primeira vez que acontece.<br />

O correspon<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> canal France<br />

2 em Israel, Charles En<strong>de</strong>rlin, não<br />

foi para a ca<strong>de</strong>ia por ter en<strong>do</strong>ssa<strong>do</strong> a<br />

fabricação <strong>de</strong> um cinegrafista <strong>de</strong> Gaza<br />

(o "assassinato" <strong>de</strong> Mohammed Al-<br />

Dura por parte <strong>do</strong> exército israelense).<br />

En<strong>de</strong>rlin divulgou a informação<br />

falsa por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, com "indignação<br />

moral" e causou várias mortes.<br />

O mesmo acontece agora em relação<br />

a Danny Zamir e os jornalistas <strong>do</strong> Haaretz,<br />

que certamente também não<br />

irão para a ca<strong>de</strong>ia apesar <strong>de</strong> tamanha<br />

irresponsabilida<strong>de</strong> e <strong>falta</strong> <strong>de</strong> <strong>ética</strong><br />

<strong>jornalística</strong>.<br />

A Redação<br />

PRIMEIRO PRIMEIRO DIA DIA NA NA ESCOLA ESCOLA JUDAICA<br />

JUDAICA<br />

Uma jovem mãe judia levou seu filho ao ônibus<br />

escolar que o transportaria ao jardim <strong>de</strong><br />

infância, no seu primeiro dia.<br />

- "Se comporte bem, meu bubaleh" (expressão<br />

carinhosa em iídiche para queridinho) - disse<br />

ela.<br />

- "Tenha cuida<strong>do</strong> e pense na sua mamãe,"<br />

tateleh! (papaizinho)<br />

Ela continua...<br />

- "Venha direto para casa no ônibus, mein<br />

scheine kindaleh!" (minha linda criança)<br />

- Mamãe gosta muito <strong>de</strong> você, meu ketsaleh!"<br />

(gatinho)<br />

- "Até logo, meu ingaleh!" (meninho)<br />

No final <strong>do</strong> dia, chega o ônibus,<br />

ela corre para abraçá-lo.<br />

- "O que foi que o meu pupaleh<br />

(bonequinho) apren<strong>de</strong>u no seu primeiro<br />

dia <strong>de</strong> escola?", perguntou a mãe.<br />

Shabat / Tazria Metsorá<br />

A criança respon<strong>de</strong>u: "Aprendi que<br />

meu nome é David".<br />

Iom Hazikaron<br />

Iom Haatzmaut<br />

Shabat Acharê Ke<strong>do</strong>shim<br />

Pêssach Sheni / Shabat Emor<br />

Falecimento<br />

Lag Baomer<br />

Shabat Behar Bechucitai<br />

Marcos Salomão Axelrud, dia 22/<br />

3/2009 (26 <strong>de</strong> Adar <strong>de</strong> 5769), em<br />

Iom Ierushalaim<br />

Curitiba. Sepulta<strong>do</strong> no Cemitério Is-<br />

Shabat Bamidbar<br />

raelita <strong>de</strong> S. Cândida, dia 23/3/2009.


Sérgio Feldman *<br />

enta<strong>do</strong> na minha sala<br />

<strong>de</strong> trabalho eu vejo<br />

uma moldura modulada<br />

em mosaico e <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>la estão duas fotos<br />

muito significativas:<br />

uma tirada em Jerusalém e outra em<br />

Tole<strong>do</strong>. Não é por acaso que se trata<br />

<strong>de</strong> duas das cida<strong>de</strong>s que mais amo e<br />

que têm significa<strong>do</strong> místico para<br />

mim. Casualida<strong>de</strong> ou não, eu moro<br />

em Vitória (ES) e meu prédio é o Edifício<br />

Tole<strong>do</strong>. Já escrevi um artigo nesta<br />

coluna em 2006 que se <strong>de</strong>nominava<br />

"Tole<strong>do</strong> e Cór<strong>do</strong>ba" e que exaltava<br />

as glórias e a especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sefarad<br />

(Espanha e <strong>de</strong> maneira específica<br />

Espanha medieval). Em março <strong>de</strong><br />

2008 <strong>de</strong>screvi num artigo uma caminhada<br />

que fiz pelas "calles <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong>"<br />

em 1981.<br />

Minha pesquisa acadêmica atual<br />

versa sobre Sefarad. Como <strong>de</strong>vem saber<br />

parte <strong>do</strong>s leitores eu sou ashkenazi,<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us da Europa<br />

Oriental (Rússia e Tchecoslováquia).<br />

Um puro exemplar <strong>de</strong> "poilish"<br />

(ju<strong>de</strong>u polonês), mesmo sem ter nenhum<br />

ancestral direto nasci<strong>do</strong> na Polônia,<br />

mas sen<strong>do</strong> completamente <strong>de</strong><br />

cultura judaica "idish" da região <strong>do</strong><br />

antigo reino polonês. Nasci ouvin<strong>do</strong><br />

idish e um pouco <strong>de</strong> hebraico. Comi<br />

comidas judaicas <strong>de</strong> estilo Europa<br />

Oriental e ouvi rezas em que se falava<br />

"Boruch Oto" (maneira <strong>de</strong> pronunciar<br />

o hebraico das orações à moda <strong>do</strong><br />

idish). Não tenho nada <strong>de</strong> Sefarad.<br />

A<strong>do</strong>ro Sefarad. No meu estu<strong>do</strong> tenho<br />

<strong>de</strong>scoberto muita coisa que relembra<br />

este amor <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us por Sefarad<br />

e muitas tristes lembranças.<br />

Uma <strong>de</strong>las é o que fazer em tempos<br />

<strong>de</strong> crise? Hoje, nos vivemos em tempo<br />

<strong>de</strong> crise, seja ela uma crise econômica<br />

e que ameaça nossa estabilida<strong>de</strong>.<br />

O que po<strong>de</strong>mos apreen<strong>de</strong>r e<br />

apren<strong>de</strong>r da história <strong>de</strong> Sefarad? Qual<br />

teria si<strong>do</strong> a crise ou quais teriam si<strong>do</strong><br />

as crises que os ju<strong>de</strong>us sefaradim<br />

passaram nos séculos XI a XV?<br />

Inicialmente os ju<strong>de</strong>us viviam<br />

sob o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s muçulmanos: eram<br />

bem trata<strong>do</strong>s e respeita<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

certos limites. Foi a época <strong>do</strong> Califa<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Cór<strong>do</strong>ba que se acabou em<br />

1031. Eram tolera<strong>do</strong>s e mantinham<br />

suas comunida<strong>de</strong>s sob um governo<br />

autônomo. Estávamos no século XI<br />

quan<strong>do</strong> Tole<strong>do</strong> foi tomada pelo rei<br />

cristão <strong>de</strong> Castela: isto foi em 1085.<br />

Estávamos na época das Cruzadas e<br />

a vida <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us não era confortável<br />

no resto da Europa Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Ocorriam massacres <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us na<br />

França e na Alemanha em 1096 e nos<br />

anos seguintes. O mesmo se daria<br />

um pouco <strong>de</strong>pois na Inglaterra. Muito<br />

rancor e ódio contra os ju<strong>de</strong>us<br />

grassavam na Europa cristã. Os ju-<br />

Tole<strong>do</strong> e Jerusalém<br />

<strong>de</strong>us recearam, quan<strong>do</strong> Tole<strong>do</strong> foi<br />

tomada, mas não houve problemas<br />

com eles. Os reis cristãos precisavam<br />

<strong>de</strong>les. Foram aproveita<strong>do</strong>s na<br />

administração e na cobrança <strong>de</strong> impostos.<br />

Mas <strong>do</strong> la<strong>do</strong> oposto da fronteira<br />

as coisas mudaram. Os muçulmanos<br />

começaram a não ser mais<br />

tolerantes e a situação se alterou no<br />

sul da Península Ibérica. Reinos cristãos<br />

protegiam os ju<strong>de</strong>us e os reinos<br />

muçulmanos <strong>de</strong>ixavam <strong>de</strong> tratar<br />

bem e passaram a discriminar. Tu<strong>do</strong><br />

que era sóli<strong>do</strong> estava se <strong>de</strong>smanchan<strong>do</strong><br />

no ar. Uma era se findava e<br />

os ju<strong>de</strong>us ficaram <strong>de</strong>sorienta<strong>do</strong>s.<br />

A primeira crise<br />

veio quan<strong>do</strong> os exércitos<br />

<strong>do</strong>s reinos cristãos<br />

avançaram sobre<br />

os reinos que suce<strong>de</strong>ram<br />

o Califa<strong>do</strong>, aquilo<br />

que se <strong>de</strong>nomina<br />

Andaluzia, e que hoje<br />

seria a parte sul da<br />

Espanha. Os conquista<strong>do</strong>res<br />

cristãos fizeram<br />

com que os muçulmanos<br />

que <strong>do</strong>minavam<br />

essa região da<br />

Andaluzia, se tornas-<br />

sem radicais. Os governantesmuçulmanos<br />

resolveram con-<br />

Maimôni<strong>de</strong>s<br />

verter a força os seus súditos ju<strong>de</strong>us<br />

e cristãos. Duas dinastias <strong>de</strong> origem<br />

marroquina surgem: os almorávidas<br />

e os almoa<strong>de</strong>s. Os não muçulmanos<br />

são intimida<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>vem optar entre<br />

a conversão ou a morte. Os que po<strong>de</strong>m<br />

optam por uma terceira escolha:<br />

migram para o norte cristão ou para<br />

outros locais sob o islã que fossem<br />

mais tolerantes. A solução encontrada<br />

foi imigrar, ou se tornar criptoju<strong>de</strong>us,<br />

o que significa seguir ju<strong>de</strong>us às<br />

escondidas. Ambas eram saídas<br />

apontadas pelo mais conheci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

refugia<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong>. O rabi Moisés<br />

(ou Moshé) ibn ou ben (filho)<br />

Maimon: o renoma<strong>do</strong> Maimôni<strong>de</strong>s.<br />

Ele admitiu que houvesse a<br />

opção <strong>de</strong> fingir se converter e<br />

tentar fugir <strong>de</strong>pois para um lugar<br />

seguro. A crise exigiu uma<br />

reflexão nova e a busca <strong>de</strong> uma<br />

saída. Muitos fugiram e se abrigaram<br />

nos reinos cristãos.<br />

A segunda crise veio nos reinos<br />

cristãos nos séculos XII e XIII.<br />

Os reis cristãos estavam dividi<strong>do</strong>s<br />

em vários reinos: Castela,<br />

Aragão e Portugal, entre outros.<br />

To<strong>do</strong>s os reis queriam os ju<strong>de</strong>us:<br />

eram excelentes administra<strong>do</strong>res<br />

e financistas. Ajudavam a estabelecer<br />

novas cida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>senvolviam<br />

o comércio e o artesanato.<br />

Seu papel na colonização<br />

<strong>de</strong> novas terras foi fundamental.<br />

Os reis os tinham como alia<strong>do</strong>s<br />

e auxiliares vitais. Ainda assim,<br />

não os viam como seres <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

direitos. A socieda<strong>de</strong> era muito<br />

influenciada pela discriminação:<br />

achavam os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>icidas, ou seja,<br />

assassinos <strong>de</strong> D-us, na figura <strong>de</strong> Jesus.<br />

E não admitiam que os ju<strong>de</strong>us circulassem<br />

na corte <strong>do</strong>s reis e tivessem<br />

tanta influência política e administrativa.<br />

Perguntavam-se: Como po<strong>de</strong>m<br />

infiéis que mataram Jesus ter tanto<br />

po<strong>de</strong>r? Consi<strong>de</strong>ravam um escândalo<br />

e uma profanação tal presença e tal<br />

influência. A pressão se acentuou entre<br />

os monges <strong>do</strong>minicanos e franciscanos.<br />

Estes <strong>do</strong>is grupos <strong>de</strong> religiosos<br />

cristãos começaram uma campanha<br />

<strong>de</strong> conversão <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us<br />

que se acentuou no<br />

século XIV. Leis restringiam<br />

a vida judaica e<br />

cercavam os ju<strong>de</strong>us em<br />

bairros separa<strong>do</strong>s num<br />

afã <strong>de</strong> convertê-los. O<br />

auge <strong>de</strong>ssa crise foi uma<br />

explosão iniciada em<br />

1391 na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sevilha.<br />

Um violento pogrom<br />

eclodiu e se espalhou<br />

por to<strong>do</strong>s os reinos peninsulares:<br />

Castela, Aragão,<br />

Navarra. Só o rei<br />

português conseguiu<br />

contê-lo e impedir as<br />

conversões em massa<br />

<strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us. Entre um e <strong>do</strong>is terços<br />

<strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us foi converti<strong>do</strong> em poucas<br />

semanas. Uma legião <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us se<br />

viu entre a espada e a cruz. Acharam<br />

que podiam seguir a sugestão <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s.<br />

Estavam surgin<strong>do</strong> os cristãos<br />

novos. A crise se revelava <strong>de</strong>sta<br />

vez cruel e sem saída: entre a conversão<br />

e a morte era preferível se tentar<br />

fazer uma conversão superficial e<br />

temporária. Erro crasso. Na Cristanda<strong>de</strong><br />

Medieval o sacramento não era<br />

passível <strong>de</strong> ser retroagi<strong>do</strong>, ou seja,<br />

quem se batiza mesmo contra a vonta<strong>de</strong><br />

não po<strong>de</strong> anular este sacramento.<br />

O Papa con<strong>de</strong>nou as conversões<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

forçadas e admitiu que eram contrárias<br />

às or<strong>de</strong>ns papais, mas não ousou<br />

<strong>de</strong>rrogá-las. Os batiza<strong>do</strong>s não tinham<br />

caminho <strong>de</strong> volta. Como agir diante<br />

<strong>de</strong>sta tragédia? Crise sem saída.<br />

A solução era complexa. Uns<br />

poucos optaram por fugir e esta proposta<br />

era difícil <strong>de</strong> ser executada.<br />

A maioria se conformou e assumiu<br />

a nova religião. Uma minoria pequena<br />

escolheu a resistência às escondidas.<br />

A realida<strong>de</strong> foi ainda mais trágica<br />

<strong>do</strong> que parecia.<br />

Os conversos que aceitaram a<br />

opção <strong>de</strong> se tornar cristãos, não tiveram<br />

vida fácil. Eram suspeitos <strong>de</strong><br />

ter uma vida dupla: ser cristãos na<br />

Igreja e na socieda<strong>de</strong> assumin<strong>do</strong> a<br />

conversão. Alguns ju<strong>de</strong>us ainda persistiam<br />

nos reinos cristãos entre<br />

1391 (a Gran<strong>de</strong> conversão) e o final<br />

da Reconquista cristã <strong>do</strong> último reino<br />

muçulmano. Os reis cristãos haviam<br />

unifica<strong>do</strong> <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s maiores reinos<br />

da península numa só Coroa<br />

Real: o Reino <strong>de</strong> Castela e o Reino<br />

<strong>de</strong> Aragão se tornavam o Reino da<br />

Espanha. Uni<strong>do</strong>s numa só Coroa concluíram<br />

a tomada <strong>do</strong> restante <strong>do</strong> território<br />

ainda ocupa<strong>do</strong>. A vitória cristã<br />

se <strong>de</strong>u com a tomada da última<br />

cida<strong>de</strong> sob o <strong>do</strong>mínio muçulmano:<br />

Granada. Era o ano <strong>de</strong> 1492. Neste<br />

mesmo ano os ju<strong>de</strong>us que ainda vivessem<br />

nos <strong>do</strong>is reinos unifica<strong>do</strong>s<br />

foram expulsos. Trágico final para<br />

uma marcante e criativa presença judaica<br />

<strong>de</strong> quase <strong>do</strong>is milênios. Só<br />

restaram os conversos e os seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

que foram terrivelmente<br />

persegui<strong>do</strong>s nas teias da tenebrosa Inquisição.<br />

Sefarad <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> existir na<br />

realida<strong>de</strong> para se tornar uma lembrança<br />

nostálgica e romântica <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> a tolerância se <strong>de</strong>ixou<br />

vencer pela discriminação, e o rico encontro<br />

entre ju<strong>de</strong>us, muçulmanos e<br />

cristãos foi substituí<strong>do</strong> pelo i<strong>de</strong>al cruzadista<br />

e pela intolerância religiosa.<br />

3<br />

* Sérgio Feldman é<br />

<strong>do</strong>utor em História pela<br />

UFPR e professor <strong>de</strong><br />

História Antiga e<br />

Medieval na<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>do</strong> Espírito Santo, em<br />

Vitória, e ex-professor<br />

adjunto <strong>de</strong> História<br />

Antiga <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong><br />

História da<br />

Universida<strong>de</strong> Tuiuti <strong>do</strong><br />

Paraná.


4<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

stava passean<strong>do</strong> por<br />

Katmandu, Nepal, uma<br />

sexta-feira ao anoitecer<br />

como parte <strong>de</strong> uma viagem<br />

<strong>de</strong> turismo que fiz<br />

também à Índia. Meu perambular<br />

me fazia parar nas apertadas lojas<br />

<strong>de</strong> bagatelas, tapetes <strong>de</strong> Cachemira,<br />

roupas <strong>de</strong> seda, telas bordadas,<br />

merca<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> metal e <strong>de</strong> couro,<br />

<strong>de</strong>uses <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e pedra, dragões,<br />

símbolos, postos <strong>de</strong> comidas típicas<br />

e restaurantes em suas sinuosas<br />

ruas. Deixei-me levar por essas ruas<br />

para observar seu movimento comercial<br />

e político refleti<strong>do</strong> em posters<br />

e em cartazes prega<strong>do</strong>s. A guerrilha<br />

convidava para uma greve geral<br />

para os próximos dias. Conflitos<br />

estudantis, prisão <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>les,<br />

e ameaça vermelha na região anunciavam<br />

um clima político hostil em<br />

meio da área comercial.<br />

Paço da<br />

Liberda<strong>de</strong> vira<br />

espaço cultural<br />

e contribui para<br />

revitalização <strong>de</strong><br />

Curitiba<br />

As armas da Torá e da Fé<br />

Martha Wolff *<br />

Caminhar por essas ruas era<br />

como estar ven<strong>do</strong> um filme sobre<br />

bairros chineses ilumina<strong>do</strong>s por<br />

lanternas <strong>de</strong> papel multicolori<strong>do</strong>. O<br />

costume <strong>de</strong> olhar para <strong>de</strong>scobrir as<br />

imediações, <strong>de</strong>ssa vez por algum<br />

raro anúncio, me fez olhar parta<br />

cima e ler um cartaz que dizia Chabad<br />

Lubavitch. Não podia acreditar,<br />

primeiro porque já começava o Shabat<br />

e segun<strong>do</strong> porque em meio a<br />

essa cida<strong>de</strong> não imaginei encontrar<br />

esse grupo religioso. Como estava<br />

com uma amiga que não era judia,<br />

pedi-lhe que me esperasse e entrei<br />

nesse edifício. Não havia luz, as<br />

pare<strong>de</strong>s estavam <strong>de</strong>scascadas, só<br />

havia uma escada e em cada frente<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>scanso tinha uma indicação<br />

que o Chabad estava no 3º andar.<br />

Tinha me<strong>do</strong> <strong>de</strong> seguir pela escuridão,<br />

mas minha curiosida<strong>de</strong> fez<br />

mais que o meu temor. Até que<br />

cheguei, a porta estava entreaber-<br />

ta e pela luz que filtrava pu<strong>de</strong> ver<br />

um orto<strong>do</strong>xo, com talit e kipá lavan<strong>do</strong><br />

as mãos. Bati à porta, e me<br />

convi<strong>do</strong>u a entrar, <strong>de</strong>sejamo-nos<br />

Shabat Shalom, expliquei-lhe <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> era, que estava com uma amiga<br />

gentia, e disse-me que fosse buscá-la,<br />

que ambas estávamos convidadas<br />

a participar <strong>de</strong>ssa celebração.<br />

Esse Shabat em Katmandu foi<br />

lin<strong>do</strong> e também educativo para<br />

mim, porque me ensinou sobre o<br />

trabalho <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> que os<br />

Lubavitch fazem nos lugares mais<br />

insólitos, recônditos e perigosos <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, para abrir a Casa <strong>do</strong>s Ju<strong>de</strong>us<br />

receben<strong>do</strong> estudantes, turistas,<br />

israelenses que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer<br />

a Tzavá, (o exercito) viajam pelo<br />

mun<strong>do</strong>. Uma espécie <strong>de</strong> lar ju<strong>de</strong>u<br />

na Diáspora.<br />

Oferecem-lhes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> teto a comida,<br />

ali tocam guitarra, cantam,<br />

<strong>de</strong>scansam e encontram um lar ju-<br />

daico para tu<strong>do</strong>. Convidaram-me<br />

para o dia seguinte para comer<br />

tscholent, mas tinha reservada uma<br />

excursão ao Himalaia.<br />

Este relato é para <strong>de</strong>monstrar o<br />

bom propósito com o que trabalham<br />

estes orto<strong>do</strong>xos nesses países<br />

e <strong>de</strong> portas abertas, até que<br />

ocorreu o episódio <strong>de</strong> Mumbai, lugar<br />

escolhi<strong>do</strong> pelos terroristas para<br />

atacar esse Beit Chabad chama<strong>do</strong><br />

Nariman House, on<strong>de</strong> as únicas armas<br />

que tinham eram a Torá e a Fé.<br />

Foram assassina<strong>do</strong>s um rabino<br />

e sua esposa junto com sete<br />

israelenses mais, e seu filho sobreviveu<br />

porque uma empregada<br />

<strong>do</strong>méstica hindu que cuidava <strong>de</strong>le<br />

o resgatou escapan<strong>do</strong> com ele.<br />

Assim, salvo <strong>do</strong> tsunami <strong>do</strong> terrorismo,<br />

talvez esse menino escolhi<strong>do</strong><br />

se torne no futuro um novo<br />

Moisés para salvar o mun<strong>do</strong> da<br />

escravidão <strong>do</strong> ódio racial.<br />

* Martha Wolff é jornalista escritora, conferencista internacional e dirigiu várias publicações culturais <strong>de</strong> intercâmbio argentino-israelenses. Escreve roteiros para televisão e teatro. Publicou 10<br />

livros, entre os quais "Inmigrantes judíos pioneros <strong>de</strong> la Argentina" e "Judíos Argentinos & judíos y argentinos". Há cinco anos tem um programa na Rádio Chai, <strong>de</strong> Buenos Aires, que se chama:<br />

"Mulheres em Ação". É colabora<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> site israelense <strong>de</strong> língua espanhola, Por Israel (www.porisrael.org), parceiro <strong>do</strong> jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

O prefeito Beto Richa entregou na<br />

noite <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> março, aniversário <strong>de</strong><br />

Curitiba, a reforma e restauro <strong>do</strong> prédio<br />

histórico <strong>do</strong> Paço Municipal, na<br />

praça Generoso Marques. O imóvel,<br />

restaura<strong>do</strong> em parceria da Prefeitura<br />

<strong>de</strong> Curitiba e a Fe<strong>de</strong>ração <strong>do</strong> Comércio<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná (Fecomércio),<br />

se tornou Centro Cultural SESC.<br />

Na recuperação <strong>do</strong> prédio foram<br />

investi<strong>do</strong>s R$ 7,6 milhões, que incluem<br />

restauração <strong>do</strong> imóvel e a recuperação<br />

<strong>do</strong> entorno das praças Generoso<br />

Marques e José Borges <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>. A<br />

Fecomércio contratou a empresa responsável<br />

pela recuperação <strong>do</strong> prédio.<br />

A Prefeitura recuperou calçadas<br />

e fontes, reformou as Arcadas <strong>do</strong> Pe-<br />

lourinho, implantou espelhos <strong>de</strong> água<br />

e iluminação cênica.<br />

O Paço Municipal terá café com<br />

piano, livraria <strong>de</strong> autores paranaenses,<br />

biblioteca <strong>de</strong> cultura, internet,<br />

sala <strong>de</strong> cinema, laboratório <strong>de</strong> arte<br />

eletrônica, estúdio <strong>de</strong> música, salão<br />

<strong>de</strong> atos e espetáculos e sala <strong>de</strong> exposições,<br />

sala <strong>de</strong> oficinas, entre outras<br />

atrações. Haverá atendimento em<br />

to<strong>do</strong>s os quatro pisos <strong>do</strong> prédio.<br />

Na entrada <strong>do</strong> prédio, ficarão bibliotecas,<br />

salas <strong>de</strong> leitura, recepção<br />

e setor <strong>de</strong> informação, on<strong>de</strong> haverá<br />

um café com piano. Os <strong>do</strong>is primeiros<br />

andares serão usa<strong>do</strong>s para salas <strong>de</strong><br />

cinema, atos e espetáculos, música,<br />

espaço <strong>de</strong> conferência e o museu <strong>do</strong><br />

Paço Municipal, com os móveis <strong>do</strong> gabinete<br />

<strong>do</strong> prefeito Cândi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Abreu.<br />

No último andar, ficará a sala <strong>de</strong> exposição.<br />

O centro funcionará <strong>de</strong> terça-feira<br />

a <strong>do</strong>mingo, das 9h às 22h.<br />

ARQUITETURA<br />

A reforma <strong>do</strong> Paço Municipal resgata<br />

a arquitetura <strong>do</strong> prédio. O Paço<br />

Municipal é um prédio <strong>de</strong> arquitetura<br />

ecl<strong>ética</strong>, com elementos "art-nouveau".<br />

Ocupan<strong>do</strong> uma área <strong>de</strong><br />

500m2, foi construí<strong>do</strong> sobre base <strong>de</strong><br />

concreto e blocos <strong>de</strong> cantaria, possuin<strong>do</strong><br />

planta retangular sobre cujos<br />

la<strong>do</strong>s menores se erguem duas fachadas.<br />

A principal, voltada para a pra-<br />

ça Generoso Marques e o jardim, <strong>de</strong>staca<br />

a torre quadrada, construída em<br />

alvenaria <strong>de</strong> tijolos em três pavimentos<br />

e cobertura em quatro águas.<br />

No campanário, em três faces da<br />

torre, há relógios movi<strong>do</strong>s eletricamente.<br />

Dois Hércules sustentam as colunas<br />

<strong>de</strong> granito Piraquara na porta<br />

<strong>de</strong> entrada <strong>do</strong> edifício e representam<br />

os po<strong>de</strong>res municipais - o Legislativo<br />

e o Executivo. O nicho existente logo<br />

acima sustenta uma figura feminina<br />

que representa a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba.<br />

Completam a ornamentação da torre,<br />

um escu<strong>do</strong> com as armas <strong>do</strong> município<br />

e a cabeça <strong>do</strong> leão, símbolos da<br />

força. No interior, escadas <strong>de</strong> peroba,<br />

portas e janelas <strong>de</strong> cedro seco.<br />

Em todas as fachadas, sacadas semicirculares<br />

representadas pelas<br />

marquises <strong>de</strong> ferro e vidro arama<strong>do</strong><br />

voltadas para a Praça Tira<strong>de</strong>ntes e<br />

pelo <strong>de</strong>senho das esquadrias <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

e portas externas.<br />

Completan<strong>do</strong> o conjunto, a fonte<br />

<strong>de</strong> Maria Lata d'Água. O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque<br />

é a reprodução da escultura<br />

"Água pro Morro", datada <strong>de</strong> início<br />

<strong>do</strong>s anos 1940, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Erbo<br />

Stenzel, um <strong>do</strong>s mais importantes artistas<br />

plásticos <strong>do</strong> Paraná.<br />

HISTÓRIA<br />

O Paço Municipal foi projeta<strong>do</strong><br />

em 1912, durante a administração <strong>do</strong><br />

engenheiro civil Cândi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Abreu.<br />

O local escolhi<strong>do</strong> para a futura se<strong>de</strong><br />

da Prefeitura <strong>de</strong> Curitiba foi a atual<br />

praça Generoso Marques, on<strong>de</strong> existia<br />

o antigo merca<strong>do</strong> Municipal, que<br />

foi <strong>de</strong>moli<strong>do</strong>.<br />

Iniciada em 1914, a construção prosseguiu<br />

durante to<strong>do</strong> o ano <strong>de</strong> 1915. O<br />

prédio foi inaugura<strong>do</strong> em 24 <strong>de</strong> fevereiro<br />

<strong>de</strong> 1916. Oficialmente chama<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Paço da Liberda<strong>de</strong>, sediou a prefeitura<br />

<strong>de</strong> Curitiba até 1969, quan<strong>do</strong><br />

esta foi transferida para a nova e mo<strong>de</strong>rna<br />

se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Centro Cívico.<br />

Prefeitura entregou o Paço<br />

Municipal restaura<strong>do</strong><br />

Foto: Orlan<strong>do</strong> Kissner/SMCS


*Breno Lerner é<br />

editor e gourmand,<br />

especializa<strong>do</strong> em<br />

culinária judaica.<br />

Escreve para<br />

revistas, sites e<br />

jornais. Dá<br />

regularmente cursos<br />

e workshops. Tem<br />

três livros<br />

publica<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>is<br />

<strong>de</strong>les sobre culinária<br />

judaica.<br />

Pelo mun<strong>do</strong> afora<br />

* Breno Lerner<br />

Recentemente li a história <strong>do</strong> Vietnã e, em meio<br />

a mais <strong>de</strong> 600 páginas, três linhas falavam <strong>do</strong>s<br />

ju<strong>de</strong>us. Fiquei curioso e fui investigar a história e<br />

algumas receitas para os leitores <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

Os ju<strong>de</strong>us para lá foram juntamente com os<br />

franceses, no século XIX e a comunida<strong>de</strong> em toda<br />

In<strong>do</strong>china (Vietnã, Camboja e Laos) mal chegou a<br />

1.500 pessoas.<br />

Jules Rueff, um comerciante ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong> origem<br />

francesa teria si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s expoentes da<br />

comunida<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> ferrovias e<br />

companhias <strong>de</strong> navegação que muito facilitaram o<br />

comércio <strong>de</strong> produtos franceses na In<strong>do</strong>china e sua<br />

influência política local.<br />

Com as revoltas e a in<strong>de</strong>pendência em 1954, os<br />

franceses retiraram-se <strong>do</strong> país e aparentemente os<br />

1.500 ju<strong>de</strong>us também se foram. Uma curiosida<strong>de</strong><br />

sobre os ju<strong>de</strong>us <strong>do</strong> Vietnã é que, quan<strong>do</strong> da<br />

implantação <strong>do</strong> antissemita Estatuto <strong>do</strong>s Ju<strong>de</strong>us <strong>do</strong><br />

governo <strong>de</strong> Vichy, o mesmo não foi aceito pelas<br />

autorida<strong>de</strong>s vietnamitas e não vigorou no Vietnã,<br />

então uma quase colônia da França.<br />

Outra curiosida<strong>de</strong> tem a ver com a kashrut. Em<br />

1993 foi <strong>de</strong>scoberto um mamífero no Vietnã<br />

chama<strong>do</strong> Saola ou Touro <strong>de</strong> Vu Quang, um animal<br />

extremamente pareci<strong>do</strong> com o touro e, portanto,<br />

com todas as características para ser casher.<br />

Todavia, um parecer publica<strong>do</strong> no Journal of Halacha<br />

and Contemporary Society's, em 1999, dizia que por<br />

<strong>falta</strong> <strong>de</strong> mesorah, a tradição oral, uma condição<br />

importante para um animal ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pelos<br />

sábios, o Saola não seria consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> casher.<br />

VJ INDICA<br />

LIVRO<br />

Uma vonta<strong>de</strong><br />

louca <strong>de</strong> dançar<br />

Élie Wiesel - Bertrand Brasil<br />

Movi<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> saber e pela cura <strong>de</strong> feridas íntimas, Doriel - que seria<br />

uma espécie <strong>de</strong> alter-ego <strong>de</strong> Wiesel quan<strong>do</strong> jovem - vê em uma talentosa<br />

psicanalista a chance <strong>de</strong> expor seus sombrios sentimentos e <strong>de</strong> <strong>de</strong>svelar sua<br />

alma por inteiro.<br />

A jornada é feita <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> consultório <strong>de</strong> Thérèse Goldschmidt, uma "curan<strong>de</strong>ira<br />

da alma", como é apresentada aos leitores. Doriel retoma episódios da<br />

difícil infância e da traumática a<strong>do</strong>lescência.<br />

A partir <strong>de</strong> <strong>do</strong>lorosas recordações e <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> si mesmo que insistem<br />

em assombrá-lo, Doriel consegue voltar à superfície num comovente<br />

jogo <strong>de</strong> superação, uma busca <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> espírito, das idéias, da<br />

utopia. Uma verda<strong>de</strong>ira aula <strong>de</strong> autoconhecimento entremeada por uma<br />

sublime e pontual escrita.<br />

"Qual homem que se crê <strong>do</strong>ente que não precisa <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s?", autoquestiona-se.<br />

"Uma alma ferida po<strong>de</strong> estar mais aberta à verda<strong>de</strong> <strong>do</strong> que as outras.<br />

[...] o velho homem em mim foi toma<strong>do</strong> por uma vonta<strong>de</strong> louca <strong>de</strong> dançar",<br />

assim celebra a vida.<br />

SALAD SALADA SALAD SALADA<br />

A DE DE PAP PAPAIA PAP PAPAIA<br />

AIA VERDE<br />

VERDE<br />

GOI GOI DU DU DU<br />

DU<br />

2 papaias ver<strong>de</strong>s (realmente ver<strong>de</strong>s)<br />

250 g <strong>de</strong> brotos <strong>de</strong> feijão<br />

2 tomates maduros sem pele e sementes,<br />

corta<strong>do</strong>s em tiras finas<br />

4 bastões <strong>de</strong> kani-kama <strong>de</strong>sfia<strong>do</strong>s<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

150 g <strong>de</strong> vagens corda branqueadas (fervidas por<br />

2 minutos e <strong>de</strong>pois colocadas em água com gelo),<br />

cortadas em tiras<br />

100 g <strong>de</strong> amen<strong>do</strong>ins torra<strong>do</strong>s, sem casca<br />

Folhas <strong>de</strong> coentro para <strong>de</strong>corar<br />

Para o molho:<br />

1 colher sopa <strong>de</strong> açúcar<br />

mascavo<br />

2 <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> alho<br />

2 colheres sopa <strong>de</strong> molho <strong>de</strong> peixe (nam pla)<br />

2 pimentas <strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> moça sem sementes e<br />

nervuras, picadas<br />

1 tomate maduro sem cascas e sementes, pica<strong>do</strong><br />

Suco <strong>de</strong> 1 limão<br />

De véspera faça riscos com a ponta da faca nas<br />

papaias, para que escorra o "leite".<br />

No dia seguinte <strong>de</strong>scasque-as e rale no rala<strong>do</strong>r fino<br />

ou, melhor ainda, no rala<strong>do</strong>r <strong>de</strong> fios japonês. Misture<br />

com 1 colher sopa <strong>de</strong> sal e coloque em uma peneira<br />

por 30 minutos, para purgar. Esprema bem e reserve.<br />

Enquanto isto prepare o molho em 1 pilão. Vá pilan<strong>do</strong><br />

os ingredientes na or<strong>de</strong>m em que aparecem na receita<br />

até obter um molho não muito grosso.<br />

Em uma sala<strong>de</strong>ira faça um berço com os brotos <strong>de</strong> feijão.<br />

Misture a papaia, tomates e vagens com o molho e<br />

coloque por cima <strong>do</strong> berço. Salpique com os<br />

amen<strong>do</strong>ins torra<strong>do</strong>s e sirva. Se quiser, <strong>de</strong>core ainda<br />

com folhas <strong>de</strong> coentro<br />

BOLINHOS BOLINHOS DE DE PEIXE PEIXE<br />

PEIXE<br />

NEM NEM CA CA COM COM MOLHO MOLHO MOLHO NUOC NUOC NUOC CHAM<br />

CHAM<br />

Esta receita lembra muito o Gefilte Fish, inclusive na forma<br />

<strong>de</strong> acompanhá-la com um molho picante.<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> molho <strong>de</strong> peixe (nam pla)<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> açúcar<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> óleo<br />

500 g <strong>de</strong> peixe <strong>de</strong> rio (carpa, tilápia, traíra) sem pele<br />

e espinhas<br />

Pimenta <strong>do</strong> reino à gosto<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> <strong>de</strong> batata<br />

1 colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> fermento em pó<br />

Molho<br />

1 <strong>de</strong>nte <strong>de</strong> alho, pica<strong>do</strong><br />

1 pimenta <strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> moça sem<br />

nervuras e sementes, picada<br />

1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> açúcar<br />

mascavo<br />

½ limão sem casca<br />

2 colher sopa <strong>de</strong> molho <strong>de</strong><br />

peixe (nam pla)<br />

2 a 3 colheres sopa <strong>de</strong> água<br />

FRANGO FRANGO LAQUEADO<br />

LAQUEADO<br />

GA GA QUA QUAY QUA QUA Y MA MAT MA T ONG<br />

ONG<br />

5<br />

1 frango gran<strong>de</strong>, limpo e sem miú<strong>do</strong>s<br />

1 laranja <strong>de</strong>scascada<br />

Marinada 1<br />

1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> sal<br />

1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> pimenta <strong>do</strong> reino<br />

1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> açúcar mascavo<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong><br />

gergelim torra<strong>do</strong><br />

Marinada 2<br />

4 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> mel<br />

2 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> shoyu<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> limão<br />

1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> nozes<br />

Marinada 3<br />

1 colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> sal<br />

1 colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> pimenta <strong>do</strong> treino<br />

1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> gergelim<br />

torra<strong>do</strong><br />

½ xícara <strong>de</strong> água <strong>de</strong> coco<br />

Misture os ingredientes da marinada 1<br />

e esfregue o frango por <strong>de</strong>ntro e por<br />

fora. Recheie o frango com a laranja,<br />

feche-o e <strong>de</strong>ixe tomar gosto por 30 minutos<br />

Misture os ingredientes da marinada 2<br />

e besunte o frango por fora. Leve ao forno<br />

alto (375oC). Misture os ingredientes da marinada 3<br />

e pincele o frango a cada 10 minutos.<br />

Asse até ficar <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> e bem cozi<strong>do</strong>.<br />

Sirva com arroz.<br />

Prepare o molho:<br />

Pile o alho, a pimenta e o açúcar até<br />

obter uma pasta.<br />

Esprema o limão no pilão e <strong>de</strong>pois<br />

corte-o em cubinhos, colocan<strong>do</strong><br />

também os cubinhos. Adicione então o<br />

molho <strong>de</strong> peixe e a água. Reserve.<br />

Prepare então os bolinhos:<br />

Misture o molho <strong>de</strong> peixe com o<br />

açúcar, até dissolvê-lo. Adicione 1<br />

colher <strong>do</strong> óleo e a pimenta <strong>do</strong> reino,<br />

misture bem e reserve.<br />

Em um processa<strong>do</strong>r coloque o peixe, a<br />

mistura reservada e bata por 1<br />

minuto. Adicione o ami<strong>do</strong> e o<br />

fermento e bata por mais 2 minutos.<br />

Mol<strong>de</strong> bolinhas com as mãos e cozinheas<br />

em água fervente. Após subirem à<br />

superfície, cozinhe as bolinhas por mais<br />

1 minuto e escorra-as.<br />

Frite-as na colher <strong>de</strong> óleo restante até<br />

ficarem <strong>do</strong>uradas e sirva-as com o<br />

molho.


6<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

ag Baômer celebra a vida e<br />

os ensinamentos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />

<strong>do</strong>s mais notáveis sábios<br />

na história judaica, Rabi<br />

Akiva e Rabi Shimon bar Yochai.<br />

É também o dia festivo<br />

mais especialmente associa<strong>do</strong> à Cabalá,<br />

a "alma" ou dimensão mística<br />

<strong>do</strong> Judaísmo.<br />

As sete semanas entre Pêssach e<br />

Shavuot são uma época <strong>de</strong> antecipação<br />

e preparação, durante a qual os<br />

ju<strong>de</strong>us refazem os passos da jornada<br />

<strong>do</strong> Êxo<strong>do</strong> até o Monte Sinai há mais<br />

<strong>de</strong> 33 séculos.<br />

Porém as semanas <strong>de</strong> Ômer são<br />

também um tempo <strong>de</strong> tristeza. Não<br />

se realizam casamentos durante este<br />

perío<strong>do</strong>; não se corta o cabelo ou se<br />

aprecia música. Pois como o Talmud<br />

diz, foi neste perío<strong>do</strong> que milhares <strong>de</strong><br />

eruditos <strong>de</strong> Torá, discípulos <strong>do</strong> gran<strong>de</strong><br />

Rabi Akiva, morreram numa peste,<br />

porque "não se conduziram com<br />

respeito um pelo outro."<br />

Em Lag Baômer, o 33º dia da Contagem<br />

<strong>do</strong> Ômer, as leis proibin<strong>do</strong> o<br />

júbilo durante o perío<strong>do</strong> são suspensas.<br />

As crianças saem em <strong>de</strong>sfiles e<br />

passeios, brincam com arcos e flechas,<br />

e o dia é assinala<strong>do</strong> como uma<br />

ocasião festiva e cheia <strong>de</strong> alegria.<br />

Lag Baômer significa "33º <strong>do</strong><br />

Ômer," pois é o 33º dia da "Contagem<br />

<strong>do</strong> Ômer". No calendário judaico, este<br />

correspon<strong>de</strong> ao 18º dia <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> Iyar.<br />

Rabi Akiva viveu numa das épocas<br />

mais difíceis <strong>de</strong> nossa história: a geração<br />

seguinte à da <strong>de</strong>struição <strong>do</strong> Templo<br />

Sagra<strong>do</strong> (no ano 69 da Era Comum)<br />

e a impie<strong>do</strong>sa perseguição <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us<br />

pelos romanos. Eles proibiram o estu<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Torá e a prática <strong>do</strong> Judaísmo sob<br />

pena <strong>de</strong> morte. Rabi Akiva, que estudara<br />

com os maiores sábios da geração<br />

anterior, <strong>de</strong>safiou os romanos<br />

transmitin<strong>do</strong> o que havia recebi<strong>do</strong> a<br />

seus discípulos, garantin<strong>do</strong> assim a<br />

sobrevivência da Torá. De fato, to<strong>do</strong> o<br />

corpo da Lei da Torá (mais tar<strong>de</strong> registra<strong>do</strong><br />

na Mishná e no Talmud) po<strong>de</strong><br />

ser segui<strong>do</strong> até os ensinamentos <strong>de</strong><br />

Rabi Akiva e seus discípulos.<br />

Até a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 40 anos, Rabi Akiva<br />

foi um pastor analfabeto. Mas Ra-<br />

Comemoração <strong>de</strong> Lag Baômer em um bosque da Polônia<br />

Lag Baômer<br />

(18 <strong>de</strong> Iyar - 12 <strong>de</strong> maio)<br />

chel, a bela e pie<strong>do</strong>sa filha <strong>do</strong> abasta<strong>do</strong><br />

cidadão <strong>de</strong> Jerusalém cujos rebanhos<br />

Akiva pastoreava, reconheceu<br />

seu potencial, e prometeu <strong>de</strong>sposálo<br />

se ele <strong>de</strong>votasse a vida ao estu<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Torá. Ao pastorear as ovelhas <strong>de</strong><br />

seu amo certo dia, Akiva encontrou<br />

uma pedra na qual havia si<strong>do</strong> cava<strong>do</strong><br />

um profun<strong>do</strong> sulco por um fio <strong>de</strong> água.<br />

"Se gotas <strong>de</strong> água po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sgastar<br />

a rocha sólida", pensou, "certamente<br />

as palavras <strong>de</strong> Torá terminarão por<br />

penetrar na minha mente".<br />

Akiva e Rachel casaram-se, e ele<br />

cumpriu sua promessa, <strong>de</strong>dican<strong>do</strong>-se<br />

ao estu<strong>do</strong> da Torá. Deserda<strong>do</strong>s pelo<br />

pai <strong>de</strong> Rachel, os <strong>do</strong>is suportaram anos<br />

<strong>de</strong> pobreza e labuta; por fim, entretanto,<br />

o sacrifício foi recompensa<strong>do</strong>: Rabi<br />

Akiva tornou-se o mais notável mestre<br />

<strong>de</strong> Torá <strong>de</strong> seu tempo, com 24.000<br />

alunos. "Tu<strong>do</strong> aquilo que consegui, e<br />

tu<strong>do</strong> que vocês conseguiram," disse a<br />

eles, "é pelo mérito <strong>de</strong>la".<br />

Morte Morte entre entre os os discípulos<br />

discípulos<br />

Mas então uma tragédia ocorreu.<br />

A discórdia e os conflitos entre os discípulos<br />

<strong>de</strong> Rabi Akiva conduziram milhares<br />

à morte nas semanas entre Pêssach<br />

e Shavuot, dizima<strong>do</strong>s por uma<br />

peste. É por este motivo que neste perío<strong>do</strong><br />

não realizamos casamentos, cortes<br />

<strong>de</strong> cabelo, ou escutamos música.<br />

Em Lag Baômer, o 33º dia da Contagem<br />

<strong>do</strong> Ômer a tristeza e o luto são<br />

suspensos por <strong>do</strong>is motivos: nesta<br />

data cessou a morte <strong>do</strong>s discípulos<br />

<strong>de</strong> Rabi Akiva e marca o dia <strong>de</strong> falecimento<br />

<strong>de</strong> Rabi Shimon bar Yochai.<br />

Seus ensinamentos revelaram a dimensão<br />

mística da Torá: a Cabalá, a<br />

"alma" <strong>do</strong> Judaísmo. Rabi Akiva reconstruiu<br />

sua gran<strong>de</strong> Escola <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> Torá, reinician<strong>do</strong> com seus cinco<br />

discípulos sobreviventes: Rabi<br />

Meir, Rabi Yehudá, Rabi Yossi, Rabi<br />

Nechemia e Rabi Shimon bar Yochai.<br />

Como Rabi Akiva, seu mestre,<br />

Rabi Shimon bar Yochai sofreu perseguição<br />

por parte <strong>do</strong>s romanos, e<br />

sua cabeça foi colocada a prêmio.<br />

Rabi Shimon precisou escon<strong>de</strong>r-se<br />

com seu filho, Rabi Elazar.<br />

Foram até as colinas ao norte <strong>de</strong><br />

Israel, e ocultaram-se em uma caverna<br />

on<strong>de</strong> estudaram Torá dia e noite.<br />

D-us realizou muitos milagres para<br />

eles: uma alfarrobeira cresceu na entrada<br />

da caverna para alimentá-los, e<br />

a água foi fornecida por uma fonte <strong>de</strong><br />

água fresca. Eliyáhu, o profeta, apareceu<br />

a eles, ensinan<strong>do</strong>-lhes os mistérios<br />

e segre<strong>do</strong>s da Torá.<br />

Após <strong>do</strong>ze anos na gruta, Rabi<br />

Shimon soube que o impera<strong>do</strong>r romano<br />

que havia <strong>de</strong>creta<strong>do</strong> sua morte<br />

não vivia mais. O perigo havia passa<strong>do</strong>;<br />

Rabi Shimon e seu filho pu<strong>de</strong>ram<br />

então <strong>de</strong>ixar a caverna.<br />

Foi em Lag Baômer que Rabi Shimon<br />

e Elazar saíram da escuridão<br />

para a luz <strong>do</strong> sol. Era primavera, e os<br />

agricultores estavam atarefa<strong>do</strong>s nos<br />

campos, aran<strong>do</strong> e semean<strong>do</strong>. Porém<br />

para Rabi Shimon, esta não foi uma<br />

visão bonita. Para ele parecia uma<br />

gran<strong>de</strong> tolice, talvez um peca<strong>do</strong>. O<br />

tempo <strong>do</strong> ser humano neste mun<strong>do</strong> é<br />

precioso e breve - como podia <strong>de</strong>sperdiçá-lo<br />

trabalhan<strong>do</strong> a terra, quan<strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>votar-se aos esplen<strong>do</strong>r<br />

da sagrada Torá <strong>de</strong> D-us?<br />

Rabi Shimon havia <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />

notáveis po<strong>de</strong>res durante os <strong>do</strong>ze<br />

anos na gruta, e agora, ao observar<br />

com ira esta visão in<strong>de</strong>sejada, os campos<br />

e árvores irromperam em chamas.<br />

Ouviu-se uma Voz Celestial, dizen<strong>do</strong>:<br />

"Você saiu para <strong>de</strong>struir Meu mun<strong>do</strong>?<br />

Volte para sua caverna!". Portanto,<br />

Rabi Shimon e Elazar retornaram à<br />

gruta por mais um ano, mergulhan<strong>do</strong><br />

ainda mais na sabe<strong>do</strong>ria Divina. Foi<br />

durante este décimo-terceiro ano na<br />

caverna que <strong>de</strong>scobriram o segre<strong>do</strong><br />

mais profun<strong>do</strong> da Torá: que o propósito<br />

da Criação é "Construir uma morada<br />

para D-us no mun<strong>do</strong> físico".<br />

Apren<strong>de</strong>ram que embora o trabalho<br />

mundano <strong>do</strong> homem pareça grosseiro<br />

e inferior, a maior santida<strong>de</strong><br />

está oculta <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste mun<strong>do</strong> físico.<br />

D-us <strong>de</strong>seja que transformemos o<br />

mun<strong>do</strong> material em uma morada para<br />

Ele. Uma vida totalmente <strong>de</strong>votada à<br />

Torá preenche esta finalida<strong>de</strong>, mas<br />

assim também o faz uma vida <strong>de</strong>votada<br />

a <strong>de</strong>senvolver o mun<strong>do</strong> material<br />

em conformida<strong>de</strong> com a vonta<strong>de</strong> Divina.<br />

Não são to<strong>do</strong>s que <strong>de</strong>vem passar<br />

o tempo inteiro no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Torá,<br />

como fizeram Rabi Shimon e seu filho.<br />

Quan<strong>do</strong> Rabi Shimon emergiu da<br />

caverna no Lag Baômer seguinte, não<br />

estava menos comprometi<strong>do</strong> com o<br />

estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Torá; <strong>de</strong> fato, isso permaneceria<br />

sua "única ocupação" pelo<br />

restante <strong>de</strong> sua vida. Mas ele havia<br />

também aprendi<strong>do</strong> a apreciar o valor<br />

<strong>do</strong>s caminhos na direção <strong>do</strong> cumprimento<br />

<strong>do</strong> propósito Divino, em vez <strong>do</strong><br />

seu. Agora, seu olhar sobre o mun<strong>do</strong><br />

curava, em vez <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir.<br />

Rabi Shimon Bar Yochai não apenas<br />

atingiu pessoalmente o mais<br />

eleva<strong>do</strong> entendimento <strong>do</strong>s segre<strong>do</strong>s<br />

da Torá, expresso em sua obra mística,<br />

o Zôhar, como tornou-se o mais<br />

ilustre mestre <strong>de</strong> Torá <strong>de</strong> sua geração.<br />

No último dia <strong>de</strong> sua vida, Rabi<br />

Shimon reuniu seus alunos e disselhes:<br />

"Até o dia <strong>de</strong> hoje, tenho manti<strong>do</strong><br />

os segre<strong>do</strong>s em meu coração.<br />

Mas agora, antes <strong>de</strong> morrer, <strong>de</strong>sejo<br />

revelar to<strong>do</strong>s eles."<br />

O O Zôhar Zôhar<br />

Zôhar<br />

O Zôhar, que significa "esplen<strong>do</strong>r" ou<br />

"brilho", tornou-se a base da espiritualida<strong>de</strong><br />

ímpar da Chassidut, fundada no<br />

século XVIII por Rabi Yisrael ben Eliezer,<br />

o "Báal Shem Tov", no Leste Europeu.<br />

O Zôhar <strong>de</strong>screve o dia da morte<br />

<strong>de</strong> Rabi Shimon como repleto <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> luz e júbilo sem fim, e a sabe<strong>do</strong>ria<br />

secreta que ele revelou naquele<br />

dia aos discípulos; tanto para<br />

o mestre como para os alunos, diz o<br />

Zôhar, foi como o dia em que o noivo<br />

e a noiva se rejubilam sob a canópia<br />

nupcial. Diz-se que o dia não chegou<br />

ao fim antes <strong>de</strong> Rabi Shimon revelar<br />

tu<strong>do</strong> que lhe fora permiti<strong>do</strong> revelar.<br />

Apenas então o sol recebeu permissão<br />

<strong>de</strong> se pôr; e quan<strong>do</strong> isso aconteceu,<br />

a alma <strong>de</strong> Rabi Shimon <strong>de</strong>ixou<br />

seu corpo, subin<strong>do</strong> aos céus.<br />

Rabi Abba, um aluno incumbi<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

trabalho <strong>de</strong> transcrever as palavras <strong>de</strong><br />

Rabi Shimon, conta: "Eu nem ao menos<br />

conseguia manter a cabeça levantada,<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à luz intensa que emanava<br />

<strong>de</strong> Rabi Shimon. Durante to<strong>do</strong> o<br />

dia a casa esteve repleta <strong>de</strong> fogo, e<br />

ninguém podia chegar perto, por causa<br />

da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> chamas e luz. No fim<br />

<strong>do</strong> dia, o fogo finalmente arrefeceu,<br />

e pu<strong>de</strong> olhar a face <strong>de</strong> Rabi Shimon.<br />

O sol se punha e com ele a alma <strong>do</strong><br />

mestre se elevava. Estava morto, envolto<br />

em seu Talit, <strong>de</strong>ita<strong>do</strong> sobre o<br />

la<strong>do</strong> direito - e sorrin<strong>do</strong>".<br />

Rabi Shimon bar Yochai faleceu<br />

em Lag Baômer. Antes <strong>de</strong> morrer, instruiu<br />

os discípulos para observarem<br />

seu yahrzeit, data <strong>de</strong> seu falecimento,<br />

como um dia <strong>de</strong> muita alegria e<br />

festivida<strong>de</strong>s.<br />

Corte Corte <strong>de</strong> <strong>de</strong> Cabelo Cabelo em em Meron<br />

Meron<br />

Durante o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ômer é proibi<strong>do</strong><br />

o corte <strong>de</strong> cabelos em sinal <strong>de</strong> luto<br />

pelas mortes <strong>do</strong>s discípulos <strong>de</strong> Rabi<br />

Akiva. Lag Baômer, entretanto, é um dia<br />

<strong>de</strong> júbilo, no qual to<strong>do</strong> o luto é suspenso.<br />

Por esta razão em Lag Baômer há<br />

sempre muitos garotos <strong>de</strong> três anos que<br />

estão esperan<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Pêssach para<br />

terem seu primeiro corte <strong>de</strong> cabelo.<br />

A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Meron recebe centenas<br />

<strong>de</strong> meninos para a cerimônia <strong>de</strong><br />

opsherenish, reunin<strong>do</strong> milhares <strong>de</strong><br />

pessoas que dirigem neste local preces<br />

o ano to<strong>do</strong>, especialmente nesta<br />

época <strong>do</strong> ano. É um gran<strong>de</strong> mérito realizar<br />

a mitsvá <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> cabelo no<br />

local on<strong>de</strong> se encontram sepulta<strong>do</strong>s<br />

Rabi Shimon e seu filho Elazar.<br />

Ovos Ovos cozi<strong>do</strong>s<br />

cozi<strong>do</strong>s<br />

Costuma-se comer ovos cozi<strong>do</strong>s<br />

em Lag Baômer, pois o ovo é sinal<br />

<strong>de</strong> luto - neste dia, em memória a<br />

Rabi Shimon Bar Yochai. Ainda em<br />

vida, ele pediu que esse dia fosse<br />

celebra<strong>do</strong> com muita alegria. Para<br />

cumprir seu pedi<strong>do</strong>, enfeitamos as<br />

cascas <strong>do</strong>s ovos. Há o costume <strong>de</strong><br />

serem cozi<strong>do</strong>s com cascas <strong>de</strong> cebola,<br />

a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-los colori<strong>do</strong>s. (Fonte:<br />

www.chabad.org.br).


Tel Aviv, a cida<strong>de</strong> mais liberal <strong>do</strong><br />

Oriente Médio, celebra 100 anos<br />

presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Israel,<br />

Shimon Peres, se <strong>de</strong>sfez<br />

em elogios na<br />

abertura <strong>do</strong>s atos <strong>do</strong><br />

centenário <strong>de</strong> Tel Aviv,<br />

o coração geográfico,<br />

econômico, cultural e <strong>do</strong><br />

ócio <strong>do</strong> país <strong>do</strong> Oriente Médio.<br />

"Tel Aviv é um lugar para se apaixonar.<br />

Uma razão para amar. Colorida<br />

e vibrante, com cimento branco e o fun<strong>do</strong><br />

azul <strong>do</strong> mar. Permite-nos ser atrevi<strong>do</strong>s<br />

e nos obriga ser criativos. É a cida<strong>de</strong><br />

das oportunida<strong>de</strong>s para os seres<br />

humanos <strong>de</strong> todas ida<strong>de</strong>s", apontou.<br />

Tel Aviv abriga atualmente três<br />

milhões <strong>de</strong> israelenses <strong>de</strong> um total <strong>de</strong><br />

sete milhões que tem o país, 50 por<br />

cento <strong>do</strong> sistema bancário e 70 por<br />

cento da cultura. Centros comerciais,<br />

avenidas <strong>de</strong> moda, ruas remo<strong>de</strong>ladas,<br />

esquinas centenárias e diversas praças<br />

<strong>de</strong> Tel Aviv congregarão centenas<br />

<strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> israelenses para celebrar<br />

seus primeiros 100 anos <strong>de</strong> vida.<br />

Alguns sába<strong>do</strong>s <strong>de</strong> noite passa<strong>do</strong>s<br />

foi realiza<strong>do</strong> um macro concerto na histórica<br />

Praça Rabin diante da Prefeitura.<br />

"Tel Aviv não tem nada que invejar<br />

Nova York, Londres ou Barcelona,<br />

pois tem tu<strong>do</strong>, mar, festa e diversão,<br />

arranha-céus, museus, ópera, universida<strong>de</strong>s,<br />

teatros, restaurantes e, sobretu<strong>do</strong><br />

jovens", comentou um habitante<br />

<strong>de</strong> Tel Aviv.<br />

O prefeito da cida<strong>de</strong> mais liberal <strong>do</strong><br />

Oriente Médio, Ron Chuldai, disse que<br />

"ainda temos muito trabalho para ver a<br />

Tel Aviv i<strong>de</strong>al, mas trabalhar para esta cida<strong>de</strong><br />

é uma honra e te dá muita satisfação",<br />

publicou o jornal Yediot Acharonot.<br />

Chuldai é o homem mais queri<strong>do</strong><br />

e odia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s 400 mil habitantes <strong>de</strong>ssa<br />

cida<strong>de</strong>, to<strong>do</strong>s os elogios e críticas<br />

se centram no trabalhista, ex-piloto e<br />

ex-diretor <strong>de</strong> escola que está a ponto<br />

<strong>de</strong> completar uma década no cargo.<br />

A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tel Aviv, metrópole que chega aos 100 anos<br />

O prefeito é responsável também<br />

pelo enlouqueci<strong>do</strong> ritmo da construção<br />

- há mais <strong>de</strong> 16 mil edifícios - e em<br />

particular luxuosos arranha-céus, em<br />

um <strong>de</strong>les, no solicita<strong>do</strong> norte da cida<strong>de</strong><br />

vive em um espetacular apartamento<br />

o ministro <strong>de</strong> Defesa, Ehud Barak.<br />

A cida<strong>de</strong> foi fundada pelo movimento<br />

sionista há um século e a celebração<br />

<strong>do</strong> aniversário dá aos habitantes<br />

a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver e refletir<br />

sobre a antiguida<strong>de</strong> e a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

na qual vivem.<br />

Tel Aviv também foi testemunha<br />

da proclamação da in<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Israel em 1948 por David<br />

Ben Gurion.<br />

Se em Jerusalém os visitantes a<br />

cada <strong>do</strong>is passos topam com uma pedra<br />

milenar, na cosmopolita Tel Aviv<br />

não há mais remédio que se sentar e<br />

tomar um bom capuccino numa <strong>de</strong><br />

suas 450 cafeterias ou uma cerveja em<br />

um <strong>de</strong> seus 500 pubs e discotecas.<br />

Tel Aviv é consi<strong>de</strong>rada a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

ócio, o café e o álcool, motivo pelo qual<br />

os habitantes da periferia a acusam <strong>de</strong><br />

"viver numa bolha" ao que Amir Cohen,<br />

diretor <strong>do</strong> estabelecimento Cacao, disse<br />

que "Tel Aviv não é Israel, é uma<br />

cida<strong>de</strong> para escapar <strong>do</strong>s conflitos".<br />

"Enquanto Jerusalém é a capital<br />

política e espiritual <strong>de</strong> Israel e <strong>do</strong><br />

povo ju<strong>de</strong>u, Tel Aviv é a capital cultural,<br />

financeira e comercial", acrescentou<br />

Cohen.<br />

"A cida<strong>de</strong> sem pausa" é a frase<br />

publicitária municipal <strong>de</strong> Tel Aviv<br />

ganha no pulso já que nunca <strong>de</strong>scansa,<br />

as sete noites da semana oferece<br />

diversão e música, é reconhecida<br />

por ser a cida<strong>de</strong> mais oci<strong>de</strong>ntal e<br />

atrevida <strong>do</strong> país.<br />

O jornalista e escritor Yair Lapid,<br />

filho <strong>do</strong> ex-ministro <strong>de</strong> Justiça Tommy<br />

Lapid, <strong>de</strong>squalifica aqueles que afirmam<br />

que Tel Aviv ignora o sofrimento<br />

<strong>do</strong>s habitantes <strong>do</strong> sul que são o alvo<br />

<strong>do</strong>s ataques terroristas <strong>do</strong> Hamas.<br />

"Tel Aviv é a cida<strong>de</strong> mais israelense,<br />

que ninguém lhe dê lições <strong>de</strong> sofrimento<br />

porque Tel Aviv foi o cenário<br />

<strong>do</strong>s mais graves atenta<strong>do</strong>s palestinos,<br />

sem esquecer que aqui caíram <strong>de</strong>zenas<br />

<strong>de</strong> mísseis Scuds lança<strong>do</strong>s pelo<br />

Iraque em 1991", observou.<br />

A escritora Dana Spector afirmou<br />

que "é uma cida<strong>de</strong> caprichosa pensada<br />

para jovens que estão no seu ar".<br />

Nos seus 100 anos, Tel Aviv é uma<br />

velha mulher que rejuvenesce e embeleza<br />

com os anos. (Notimex/Itonga<strong>do</strong>l).<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

7<br />

Obama participa <strong>de</strong><br />

sê<strong>de</strong>r na Casa Branca<br />

O presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Barack Obama<br />

recebeu amigos, familiares e funcionários <strong>de</strong> seu governo<br />

na noite <strong>de</strong> quinta-feira, para celebrar um sê<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> Pêssach, a ceia tradicional da Páscoa judaica, que<br />

pela primeira vez se realizou na Casa Branca.<br />

Uma fotografia divulgada pela Casa Branca, mostra<br />

Obama na cabeceira <strong>de</strong> uma longa mesa <strong>de</strong> 18 comensais,<br />

incluin<strong>do</strong> a primeira dama Michelle Obama e suas<br />

filhas Malia, <strong>de</strong> 10 anos, e Sasha <strong>de</strong> sete.<br />

Um assessor <strong>de</strong> Obama contou que a ceia incluiu as<br />

tradições <strong>do</strong> jantar pascal. Na mesa estavam presentes<br />

a matzá (pão ázimo), maror (ervas amargas), ovo e verduras,<br />

que fazem parte da simbologia tradicional da ceia<br />

que recorda a liberda<strong>de</strong> e o êxo<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us <strong>do</strong> Egito<br />

há 3.000 anos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> quatro séculos <strong>de</strong> escravidão.<br />

O jantar também incluiu a leitura da Hagadá, o livro<br />

religioso que rememora to<strong>do</strong>s os anos aos ju<strong>de</strong>us a<br />

luta pela liberda<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> fontes da Casa Branca, é<br />

a primeira vez que um presi<strong>de</strong>nte norte-americano<br />

realiza esta tradição religiosa.<br />

O Pêssach começou ao entar<strong>de</strong>cer <strong>de</strong> quarta-feira,<br />

8 <strong>de</strong> abril e durou oito dias, durante os quais os ju<strong>de</strong>us<br />

se abstêm <strong>de</strong> comer farinhas com fermento, em recordação<br />

<strong>do</strong>s escassos alimentos que pu<strong>de</strong>ram levar seus<br />

ancestrais liberta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Egito, segui<strong>do</strong> a Bíblia.<br />

Cerca <strong>de</strong> 2% da população norte-americana é <strong>de</strong><br />

origem judaica. O porta-voz da Casa Branca, Gibbs, explicou<br />

que a idéia <strong>do</strong> sê<strong>de</strong>r nasceu durante a campanha<br />

eleitoral em 2008, quan<strong>do</strong> Obama e sua equipe <strong>de</strong><br />

campanha realizaram a cerimônia em um salão <strong>de</strong> um<br />

hotel em Harrisburg, Pensilvania.<br />

"Eu não fui, mas me contaram que nesse evento<br />

disseram: 'o ano que vem façamo-lo na Casa Branca'. E<br />

aqui estamos", disse Gibbs na quinta-feira.<br />

Obama participa <strong>de</strong> sê<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Pêssach pela primeira vez na<br />

Casa Branca


8<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

Verda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>mésticas sobre Gaza<br />

(ou a nossa verda<strong>de</strong>)<br />

David Horovitz *<br />

staríamos per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> distinguir<br />

entre o que sabemos, a<br />

partir <strong>de</strong> nossa própria<br />

experiência, que é verda<strong>de</strong>iro<br />

ou verossímil, e aquilo<br />

que outros tentam fazer com que o<br />

mun<strong>do</strong> pense a nosso respeito?<br />

Em um suplemento <strong>do</strong> Jerusalem<br />

Post publica<strong>do</strong> há duas semanas para<br />

celebrar o encerramento da Páscoa judaica,<br />

Esther Wachsman, cujo filho<br />

Nachshon foi seqüestra<strong>do</strong> pelo Hamas<br />

em 1994 e assassina<strong>do</strong> numa al<strong>de</strong>ia<br />

palestina situada perto <strong>de</strong> Jerusalém,<br />

quan<strong>do</strong> o exército tentava resgatá-lo,<br />

<strong>de</strong>screve comoventemente<br />

como o seu nome foi escolhi<strong>do</strong>.<br />

Terceira criança <strong>de</strong> sua família, ele<br />

nasceu na Páscoa <strong>de</strong> 1975 e seus pais<br />

escolheram seu nome em homena-<br />

“Sabemos que o Exército <strong>de</strong> Israel<br />

foi obriga<strong>do</strong> a lutar num cenário civil<br />

por um inimigo que instalou foguetes<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mesquitas, montou<br />

armadilhas com explosivos em<br />

escolas e espalhou atira<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

elite em edifícios”.<br />

gem a Nachshon, o filho <strong>de</strong> Aminadav,<br />

o homem que teve a coragem <strong>de</strong><br />

confiar em D-us e entrar nas águas, o<br />

homem que pulou no Mar Vermelho<br />

acreditan<strong>do</strong> que seu povo seria capaz<br />

<strong>de</strong> atravessá-lo, o homem que mostrou<br />

aos filhos <strong>de</strong> Israel o caminho<br />

para cumprir seu <strong>de</strong>stino.<br />

Israel clama por alguém assim nos<br />

dias <strong>de</strong> hoje… ou por uma atitu<strong>de</strong> semelhante;<br />

alguém capaz <strong>de</strong> inspirar<br />

confiança e traçar um caminho para a<br />

nação, <strong>de</strong> unificá-la na busca da meta<br />

e orientá-la nessa direção, para seu<br />

próprio bem e para o bem <strong>de</strong> nações<br />

semelhantes, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> nossos inimigos<br />

para trás, imersos em frustração.<br />

Israel enfrentou e venceu <strong>de</strong>safios<br />

hostis ainda mais assusta<strong>do</strong>res em<br />

sua breve história mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong> que os<br />

que estão sen<strong>do</strong> ergui<strong>do</strong>s pela tóxica<br />

mistura <strong>de</strong> <strong>de</strong>monização e violência<br />

li<strong>de</strong>rada pelo Irã e por seus emissários,<br />

como Hamas e Hezbolá. Sobreviver<br />

aos primeiros momentos após a<br />

criação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, em 1948, quan<strong>do</strong><br />

umas poucas centenas <strong>de</strong> israelenses<br />

pioneiros prevaleceram contra exércitos<br />

representan<strong>do</strong> populações vizinhas<br />

<strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> milhões, foi apenas<br />

a primeira <strong>de</strong> muitas outras vitórias<br />

improváveis.<br />

A série <strong>de</strong> vitórias se esten<strong>de</strong>u por<br />

décadas, como a da Guerra <strong>do</strong>s Seis<br />

Dias e a da Guerra <strong>do</strong> Iom Kipur, incluin<strong>do</strong><br />

a segunda intifada, quan<strong>do</strong><br />

os palestinos <strong>de</strong>spacharam homensbomba<br />

suicidas para cometer massacres<br />

calculadamente planeja<strong>do</strong>s no<br />

âmbito <strong>de</strong> uma estratégia em que a<br />

única alternativa lógica para as vítimas<br />

parecia ser a fuga. Mesmo assim,<br />

apesar <strong>de</strong> que ônibus, cafés e<br />

shopping centers explodiam semana<br />

após semana, e enquanto boa parte<br />

<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>res externos argumentava<br />

que estávamos arquitetan<strong>do</strong> nossa<br />

própria perdição porque havíamos<br />

rejeita<strong>do</strong> os termos suicidas que os<br />

palestinos impunham para proclamar<br />

sua in<strong>de</strong>pendência, o povo da Israel<br />

mo<strong>de</strong>rna não fugiu; permanecemos,<br />

repensamos e apren<strong>de</strong>mos a proteger-nos<br />

mais eficazmente.<br />

Mas nos anos seguintes aqueles<br />

que haviam busca<strong>do</strong> nossa <strong>de</strong>rrota<br />

também repensaram sua estratégia.<br />

Empreen<strong>de</strong>mos a construção <strong>de</strong> herm<strong>ética</strong>s<br />

barreiras físicas para impedir<br />

os massacres causa<strong>do</strong>s pelos homens-bomba<br />

suicidas. Des<strong>de</strong> o sul<br />

<strong>do</strong> Líbano e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Gaza, o Hezbolá e<br />

<strong>de</strong>pois o Hamas simplesmente ultrapassaram<br />

esses obstáculos atiran<strong>do</strong><br />

mísseis sobre eles, e to<strong>do</strong>s os esforços<br />

estão sen<strong>do</strong> feitos para repetir<br />

a mesma estratégia na margem oci<strong>de</strong>ntal<br />

<strong>do</strong> Jordão.<br />

A proteção <strong>de</strong> Israel não po<strong>de</strong> ser<br />

assegurada agora mediante muros,<br />

barreiras e outras medidas <strong>de</strong>fensivas;<br />

os foguetes tem que ser <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s<br />

na origem - e essa origem, conforme<br />

planeja<strong>do</strong> brutalmente pelos<br />

palestinos que os produzem e lançam,<br />

situa-se no coração da população civil.<br />

Cinicamente, aqueles que querem<br />

matar nossos cidadãos se asseguram<br />

<strong>de</strong> que seu próprio povo será atingi<strong>do</strong><br />

quan<strong>do</strong> tentarmos impedir seus<br />

ataques - <strong>de</strong> maneira que somos força<strong>do</strong>s<br />

a lutar não apenas protegen<strong>do</strong>-nos,<br />

mas também protegen<strong>do</strong> nosso<br />

bom nome e nossa legitimida<strong>de</strong>.<br />

Essa situação cria uma realida<strong>de</strong><br />

um tanto ou quanto complexa - na qual<br />

as imagens da guerra e a taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong><br />

não retratam fielmente a si-<br />

tuação <strong>do</strong> conflito, embora a distorcida<br />

narrativa oficial seja aparentemente<br />

apoiada, em gran<strong>de</strong> medida, por<br />

uma mistura <strong>de</strong> imagens e estatísticas<br />

enganosas. Apesar disso, não é tão<br />

difícil constatar que o verda<strong>de</strong>iro quadro<br />

é outro - o da nação israelense buscan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se contra uma li<strong>de</strong>rança<br />

terrorista cínica e <strong>de</strong>sonesta, cujo<br />

ódio <strong>de</strong> inspiração religiosa supera em<br />

muito qualquer preocupação com o<br />

bem-estar <strong>de</strong> seu próprio povo. Pelo<br />

menos não é tão difícil perceber o quadro<br />

verda<strong>de</strong>iro quan<strong>do</strong> se está sinceramente<br />

disposto a examinar a situação<br />

mais cuida<strong>do</strong>samente.<br />

Entretanto, a Operação Chumbo<br />

Derreti<strong>do</strong>, o esforço israelense que na<br />

virada <strong>do</strong> ano visou <strong>de</strong>ter os foguetes<br />

atira<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Gaza, parece ter<br />

marca<strong>do</strong> algo como que um ponto <strong>de</strong><br />

inflexão com relação à disposição <strong>de</strong><br />

examinar a questão mais cuida<strong>do</strong>samente<br />

e ir além das imagens diárias<br />

da guerra e das baixas.<br />

De fato, o furor em torno <strong>de</strong> supostos<br />

testemunhos presta<strong>do</strong>s por<br />

um pequeno grupo <strong>de</strong> solda<strong>do</strong>s que<br />

voltou da guerra - solda<strong>do</strong>s cujos relatos<br />

foram compila<strong>do</strong>s por um<br />

membro <strong>do</strong> Programa Pré-Militar I.<br />

Rabin, chama<strong>do</strong> Danny Zamir - sugere<br />

que uma crescente proporção<br />

<strong>de</strong> pessoas, mesmo <strong>de</strong> próprio nosso<br />

povo, o povo <strong>de</strong> Israel, estaria<br />

per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distinguir<br />

entre o que sabemos, a partir <strong>de</strong><br />

nossa própria experiência, que é<br />

verda<strong>de</strong>iro ou verossímil, e aquilo<br />

que outros tentam fazer com que o<br />

mun<strong>do</strong> pense a nosso respeito.<br />

O Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel é<br />

um exército popular, que toca<br />

emocionalmente quase que a to<strong>do</strong>s<br />

nós, <strong>de</strong> maneira direta. To<strong>do</strong>s nós servimos<br />

o exército e/ou temos parentes<br />

e amigos e colegas que serviram.<br />

Quase to<strong>do</strong>s nós conhecemos solda<strong>do</strong>s<br />

que tiveram a experiência direta<br />

da Segunda Guerra <strong>do</strong> Líbano, e<br />

que voltaram para casa com tristes<br />

relatos acerca <strong>de</strong> treinamento, equipamento<br />

e logística ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s.<br />

Quase to<strong>do</strong>s nós conhecemos solda<strong>do</strong>s<br />

que serviram na Operação Chumbo<br />

Derreti<strong>do</strong>. E aquilo que não ouvimos<br />

diretamente foi complementa<strong>do</strong><br />

por aquilo que vimos, ouvimos e lemos<br />

na nossa mídia.<br />

Sabemos que as FDI foram obrigadas<br />

a lutar num cenário civil por um<br />

inimigo que instalou foguetes <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> mesquitas, montou armadilhas<br />

com explosivos em escolas e espalhou<br />

atira<strong>do</strong>res <strong>de</strong> elite em edifícios.<br />

Sabemos, também, porque comandantes<br />

<strong>do</strong> Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel<br />

foram autoriza<strong>do</strong>s a <strong>de</strong>clará-lo publicamente,<br />

que o exército mu<strong>do</strong>u <strong>de</strong><br />

tática em função <strong>de</strong> acontecimentos<br />

tais como a emboscada no campo <strong>de</strong><br />

refugia<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Jenin em 2002, em que<br />

13 solda<strong>do</strong>s per<strong>de</strong>ram suas vidas, e<br />

que se planejou respon<strong>de</strong>r com mais<br />

presteza ao fogo inimigo nas áreas<br />

sob operação militar.<br />

Sabemos, por exemplo, que o<br />

Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel panfletou<br />

áreas em que se propunha a enfrentar<br />

o Hamas, e instou os civis palestinos<br />

tanto por rádio como por inúmeros<br />

chama<strong>do</strong>s telefônicos a <strong>de</strong>ixar<br />

esses locais. Quan<strong>do</strong> o exército era<br />

ataca<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> moradias particulares<br />

nessas áreas, ouvimos relatos<br />

<strong>do</strong>s comandantes que, em vez <strong>de</strong> enviar<br />

seus solda<strong>do</strong>s para que arriscassem<br />

suas vidas, pediram apoio aéreo<br />

e, se necessário, <strong>de</strong>moliram o edifício.<br />

Sabemos que aconteceram erros<br />

- como po<strong>de</strong>riam não acontecer em<br />

uma área tão <strong>de</strong>nsamente povoada<br />

numa situação <strong>de</strong> guerra? Em meio à<br />

auto-flagelação <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Zamir,<br />

parece que esquecemos que o<br />

Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel matou<br />

alguns <strong>de</strong> seus próprios solda<strong>do</strong>s no<br />

sangrento caos <strong>do</strong> conflito. Inevitavelmente,<br />

também civis palestinos,<br />

muitos civis palestinos, foram mortos<br />

por erro em um conflito no qual se<br />

sabe que a<strong>do</strong>lescentes e i<strong>do</strong>sos são<br />

homens-bomba em potencial e no<br />

qual militantes <strong>do</strong> Hamas lutaram<br />

sem uniforme e algumas vezes atiraram<br />

em meio a grupos <strong>de</strong> civis. Tratase<br />

<strong>de</strong> situações em que qualquer noção<br />

acerca <strong>de</strong> combatentes palestinos<br />

seguin<strong>do</strong> as regras da guerra per<strong>de</strong><br />

qualquer senti<strong>do</strong>.<br />

Fontes confiáveis, além disso,<br />

sugerem que, após a guerra, houve<br />

um consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />

Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel sobre<br />

as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reconciliar a tradicional<br />

<strong>ética</strong> militar <strong>do</strong> Exército <strong>de</strong><br />

Defesa <strong>de</strong> Israel com os problemas<br />

coloca<strong>do</strong>s pela natureza <strong>do</strong> cenário<br />

civil <strong>de</strong> guerra que o Hezbolá e o<br />

Hamas estabeleceram: qual <strong>de</strong>ve<br />

ser o procedimento correto, levan<strong>do</strong><br />

em conta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservar<br />

os solda<strong>do</strong>s e simultaneamente<br />

minimizar os danos causa<strong>do</strong>s<br />

a civis? Teria si<strong>do</strong> o procedimento<br />

correto efetivamente segui<strong>do</strong>?


Este jornal, quan<strong>do</strong> apareceram<br />

as notícias sobre os "testemunhos"<br />

da<strong>do</strong>s pelos gradua<strong>do</strong>s pela Aca<strong>de</strong>mia<br />

Rabin, procurou medir sua credibilida<strong>de</strong><br />

mediante os padrões jornalísticos<br />

tradicionais. Quão confiável<br />

era a fonte? A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s<br />

que testemunharam foi revelada?<br />

Po<strong>de</strong>r-se-ia contatá-los para verificar<br />

seus relatos?<br />

Por <strong>de</strong>finição, tais estimativas <strong>de</strong>veriam<br />

ser feitas rapidamente, <strong>de</strong>cisões<br />

<strong>de</strong>veriam ser tomadas contra a<br />

pressão <strong>do</strong>s prazos que expiram, e to<strong>do</strong>s<br />

os jornais inevitavelmente cometeram<br />

alguns erros. Mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os<br />

solda<strong>do</strong>s em questão não foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s<br />

e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não havia como<br />

ter acesso a eles, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as dúvidas<br />

sobre a exatidão <strong>de</strong> seus relatos<br />

surgiram quase imediatamente,<br />

foi rapidamente <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> que essas<br />

narrativas fossem publicadas nas páginas<br />

internas <strong>do</strong> jornal.<br />

A inesperada <strong>de</strong>claração <strong>de</strong><br />

Danny Zamir a este jornal, expressan<strong>do</strong><br />

seu horror - para dizer o mínimo -<br />

diante da controvérsia mundial <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada<br />

pelo testemunho <strong>de</strong> seus<br />

solda<strong>do</strong>s, é difícil <strong>de</strong> conciliar com<br />

sua postura e suas manifestações anteriores.<br />

Agora, Zamir diz que o Exército<br />

<strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel "...procurou<br />

proteger os civis <strong>do</strong> lugar mais <strong>de</strong>nsamente<br />

povoa<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Não foram<br />

expedidas quaisquer or<strong>de</strong>ns para<br />

matar civis ou realizar execuções sumárias<br />

ou qualquer coisa <strong>do</strong> gênero.<br />

Houve problemas, mas problemas<br />

com os quais o exército po<strong>de</strong> lidar".<br />

O foco excessivamente restrito que<br />

o editorial escrito por Zamir (reimpresso<br />

terça-feira no Jerusalem Post) recebeu<br />

por parte <strong>do</strong> The New York Times<br />

em particular e pela mídia internacional<br />

em geral é tu<strong>do</strong> menos casual; esse<br />

foco selecionou parte <strong>do</strong> que a mídia<br />

israelense, principalmente o Haaretz e<br />

o Ma'ariv, imediatamente divulgou<br />

acerca das acusações <strong>de</strong>moniza<strong>do</strong>ras<br />

reunidas por Zamir sobre regras permissivas<br />

<strong>de</strong> combate responsáveis por inci<strong>de</strong>ntes<br />

específicos nos quais civis<br />

haviam si<strong>do</strong> mortos <strong>de</strong>liberadamente.<br />

Foi um repórter <strong>do</strong> Haaretz que <strong>de</strong>clarou<br />

fria e cruamente que "...os solda<strong>do</strong>s<br />

não estão mentin<strong>do</strong>, pela simples<br />

razão <strong>de</strong> que eles não teriam qualquer<br />

motivo para mentir ... As <strong>de</strong>clarações<br />

<strong>de</strong>sses solda<strong>do</strong>s expressam o que a<br />

partir <strong>de</strong> seu ponto <strong>de</strong> vista eles testemunharam<br />

em Gaza".<br />

A exceção <strong>de</strong> que, como se revelou<br />

posteriormente, eles não testemunharam<br />

tais fatos. O seu "testemunho" se<br />

baseou em rumores e não é verda<strong>de</strong>iro.<br />

A partir das primeiras páginas <strong>do</strong>s<br />

jornais <strong>de</strong> Israel para o tristemente<br />

previsível mun<strong>do</strong> cão <strong>do</strong> que passa<br />

por ser jornalismo internacional na<br />

atualida<strong>de</strong>, a compilação <strong>de</strong> Zamir tornou-se<br />

a mais importante matéria na<br />

face da terra durante alguns dias -<br />

ocasionan<strong>do</strong> manchetes nos principais<br />

jornais, receben<strong>do</strong> <strong>de</strong>staque nos<br />

noticiários internacionais, prejudican<strong>do</strong><br />

ainda mais a legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Israel<br />

e transforman<strong>do</strong> numa piada internacional<br />

sem graça a insistência<br />

<strong>do</strong> Comandante em Chefe Gabi Askenazi<br />

em afirmar que o Exército <strong>de</strong> Defesa<br />

<strong>de</strong> Israel é um "exército ético".<br />

Com jornais sen<strong>do</strong> fecha<strong>do</strong>s,<br />

com a evaporação <strong>do</strong>s anúncios e o<br />

aumento constante da carga <strong>de</strong> trabalho<br />

<strong>de</strong> repórteres crescentemente<br />

pressiona<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>ve-se enten<strong>de</strong>r<br />

que não há um processo rigoroso <strong>de</strong><br />

avaliação que possa <strong>de</strong>terminar se<br />

uma história como essa <strong>de</strong>ve ou<br />

não <strong>do</strong>minar a agenda global. O que<br />

acontece, em vez disso, é que uma<br />

história hostil a Israel veiculada<br />

pela imprensa israelense é consi<strong>de</strong>rada<br />

confiável simplesmente em virtu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> que foi publicada pela imprensa<br />

israelense: os israelenses<br />

estão dizen<strong>do</strong> coisas lamentáveis<br />

sobre eles mesmos. Ca<strong>de</strong>ias televisivas<br />

como a Al-Jazira têm patente<br />

interesse i<strong>de</strong>ológico em inflar essas<br />

histórias. As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> notícias rivais<br />

não querem ficar para trás. Uma vez<br />

que a história está sen<strong>do</strong> veiculada<br />

na TV, as agências <strong>de</strong> notícias impressas<br />

se sentem obrigadas a cobri-la,<br />

porque senão seus clientes<br />

se queixarão <strong>de</strong> que a notícia está<br />

na TV mas não nos telegramas. Então,<br />

rápi<strong>do</strong>. Destaque mundial.<br />

A natureza altamente ambígua<br />

<strong>de</strong>stes e certamente <strong>de</strong> outros ingredientes<br />

que produziram manchetes<br />

mundiais sobre o conflito <strong>de</strong> Gaza,<br />

como vim a saber, <strong>de</strong>spertaram consi<strong>de</strong>rável<br />

preocupação nas salas <strong>de</strong><br />

edição <strong>de</strong> várias agências internacionais<br />

<strong>de</strong> notícias, com alguns jornalistas<br />

protestan<strong>do</strong> veementemente contra<br />

a aparente suspensão <strong>de</strong> padrões<br />

jornalísticos mais rigorosos - sem<br />

qualquer resulta<strong>do</strong> e, suspeito, sem<br />

qualquer efeito dura<strong>do</strong>uro.<br />

E não surpreen<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma alguma<br />

que uma atenção infinitamente<br />

menor da mídia internacional tenha<br />

si<strong>do</strong> <strong>de</strong>dicada às <strong>de</strong>clarações feitas<br />

por Zamir ao Jerusalem Post nesta<br />

semana, segun<strong>do</strong> as quais "... a mídia<br />

internacional transformou os solda<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel<br />

em criminosos <strong>de</strong> guerra", "que ele<br />

não tinha como saber se os fatos sobre<br />

os alega<strong>do</strong>s inci<strong>de</strong>ntes relaciona<strong>do</strong>s,<br />

disparos gratuitos haviam ocorri<strong>do</strong><br />

efetivamente" e que "a operação<br />

Chumbo Derreti<strong>do</strong> foi justificada; que<br />

o Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel agiu<br />

<strong>de</strong> maneira cirúrgica. Infelizmente,<br />

nesse tipo <strong>de</strong> operação, ocorrerão<br />

baixas entre civis".<br />

A partir da perspectiva israelense,<br />

um <strong>do</strong>s aspectos mais problemáticos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> lúgubre caso é exemplifica<strong>do</strong><br />

por uma carta que eu recebi,<br />

e que publiquei na edição <strong>de</strong> quarta<br />

feira, <strong>de</strong> um leitor <strong>de</strong> Tel Aviv que<br />

criticou o Jerusalem Post por acreditar<br />

que "...a investigação conduzida<br />

pelo Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel sobre<br />

os supostos assassinatos é religiosamente<br />

verda<strong>de</strong>ira" e por ignorar<br />

ostensivamente o que ele chamou<br />

<strong>de</strong> "...a inundação <strong>de</strong> testemunhos<br />

provenientes <strong>de</strong> Gaza - quase diariamente<br />

- sobre solda<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Exército<br />

<strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel atiran<strong>do</strong> em homens,<br />

mulheres e crianças inocentes<br />

que fugiam <strong>de</strong> suas casas, matan<strong>do</strong><br />

profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, provocan<strong>do</strong><br />

uma taxa <strong>de</strong> mortes civis muito<br />

mais alta <strong>do</strong> que a proclamada<br />

por Israel, fatos inteiramente respalda<strong>do</strong>s<br />

por sólida evidência".<br />

"Não, os argumentos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> palestino<br />

sempre permanecerão falsos<br />

para vocês", conclui o redator da carta,<br />

"e as evidências sobre graves falhas<br />

é negada por um jornal que já<br />

foi confiável mas que rapidamente<br />

está se transforman<strong>do</strong> no porta-voz<br />

propagandístico <strong>do</strong> exército mais<br />

moral <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>".<br />

Muito mais preocupante que a crítica<br />

a este jornal é a afirmação acerca<br />

<strong>de</strong> uma "inundação <strong>de</strong> testemunhos",<br />

respaldada por "sólida evidência", <strong>de</strong><br />

que solda<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong><br />

Israel atiraram em inocentes, e a ironia<br />

<strong>de</strong>liberada presente na <strong>de</strong>scrição<br />

<strong>do</strong> Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel como<br />

"o exército mais ético <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>".<br />

O ceticismo é um instrumento<br />

essencial no arsenal <strong>de</strong> qualquer jornalista,<br />

afirmação que vale para to<strong>do</strong><br />

aquele que queira aferir a veracida<strong>de</strong><br />

das informações. Cabe lembrar<br />

novamente que o Exército <strong>de</strong> Defesa<br />

<strong>de</strong> Israel está <strong>de</strong>baten<strong>do</strong> à exaustão<br />

os parâmetros éticos que <strong>de</strong>vem guiar<br />

a ativida<strong>de</strong> militar em Gaza.<br />

O que é particularmente lamentável<br />

acerca da carta <strong>de</strong>ste leitor é a<br />

mistura entre o extremo ceticismo <strong>de</strong>dica<strong>do</strong><br />

ao que o exército tem a dizer<br />

sobre suas próprias práticas e a suspensão<br />

<strong>de</strong>sse ceticismo com relação<br />

às piores alegações que estão sen<strong>do</strong><br />

feitas contra o exército. E o que é extremamente<br />

consterna<strong>do</strong>r é o grau no<br />

qual essa combinação distorcida <strong>de</strong><br />

critérios se manifesta tão claramente<br />

não somente neste episódio, mas geralmente<br />

na forma pela qual Israel é<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

julgada no exterior e, crescentemente,<br />

eu temo, na maneira pela qual nós<br />

mesmos estamos nos julgan<strong>do</strong>.<br />

Nós, israelenses, precisamos assegurar-nos<br />

constantemente <strong>de</strong> que<br />

nossas ações são morais e justas.<br />

Nesse contexto, as alegações <strong>de</strong> Zamir<br />

<strong>de</strong>vem ser - como foram - enfática<br />

e cuida<strong>do</strong>samente investigadas e tratadas,<br />

conforme ele mesmo <strong>de</strong>clarou<br />

ao Jerusalem Post nesta semana, ele<br />

espera que sejam: seus solda<strong>do</strong>s "falaram<br />

sobre o que é tão difícil e penoso<br />

na guerra" e ele transmitiu esses<br />

relatos "...para o exército porque esperava<br />

que o exército lidasse com as<br />

questões levantadas".<br />

“Nós, israelenses, precisamos<br />

assegurar-nos constantemente <strong>de</strong><br />

que nossas ações são morais e<br />

justas. Nesse contexto, as<br />

alegações <strong>de</strong> Zamir <strong>de</strong>vem ser,<br />

como foram, enfática e<br />

cuida<strong>do</strong>samente investigadas e<br />

tratadas”.<br />

Mais amplamente, levan<strong>do</strong> em conta<br />

os dilemas coloca<strong>do</strong>s por Gaza bem<br />

como os <strong>de</strong>safios relaciona<strong>do</strong>s à nossa<br />

capacida<strong>de</strong> para viver aqui com segurança,<br />

precisamos formular as táticas<br />

e estratégias militares e diplomáticas<br />

<strong>de</strong> maneira a assegurar que po<strong>de</strong>mos<br />

manter-nos fiéis a nossos valores<br />

básicos e ao mesmo tempo sobreviver.<br />

Habitamos uma região em que a<br />

hostilida<strong>de</strong> e o ódio não são facilmente<br />

redireciona<strong>do</strong>s para a conciliação.<br />

Combatemos em um clima internacional<br />

sobretu<strong>do</strong> inóspito e precisamos<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-nos, tanto física<br />

como intelectualmente, contra aqueles<br />

que procuram <strong>de</strong>struir-nos. Fundamentalmente,<br />

não po<strong>de</strong>mos tornar-nos<br />

prisioneiros <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> distorci<strong>do</strong><br />

que outros têm da nossa realida<strong>de</strong>,<br />

<strong>do</strong> nosso comportamento e<br />

<strong>do</strong>s nossos <strong>de</strong>safios.<br />

Há imperativos nacionais e eles<br />

requerem uma comunhão <strong>de</strong> perspectivas<br />

que Israel ainda precisa alcançar.<br />

Internamente dividi<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>masiadamente<br />

intolerantes, permanecemos<br />

tão longe como sempre <strong>de</strong> um<br />

consenso sobre quais <strong>de</strong>vem ser nossos<br />

objetivos e os meios que <strong>de</strong>vemos<br />

empregar para concretizá-los.<br />

Deixamos o Egito e chegamos à<br />

terra prometida, mas ainda não realizamos<br />

nosso <strong>de</strong>stino. Aguardamos o<br />

nosso Nachshon.<br />

* David Horovitz é o editor-chefe <strong>do</strong> The Jerusalem Post e escreveu este artigo <strong>de</strong> opinião em função <strong>do</strong>s últimos acontecimentos em Israel a partir das <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> Danny Zamir. Tradução <strong>de</strong> Franklin<br />

Goldgrub. Este artigo po<strong>de</strong> ser também no original em http://www.jpost.com /servlet/Satellite?cid=1238562949511&pagename=JPArticle%2FShowFull<br />

9


10<br />

O arcebispo <strong>de</strong><br />

Porto Alegre,<br />

Da<strong>de</strong>us Grings (à<br />

direita) e o<br />

presi<strong>de</strong>nte da<br />

Fe<strong>de</strong>ração Israelita<br />

<strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Sul, Henry S.<br />

Chmelnitsky<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

arcebispo <strong>de</strong> Porto Alegre,<br />

<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us Grings, voltou a<br />

criar polêmica há pouco mais<br />

<strong>de</strong> duas semanas ao afirmar<br />

à revista Press & Advertising,<br />

que os católicos e ciganos foram<br />

mais sacrifica<strong>do</strong>s que os ju<strong>de</strong>us na II<br />

Guerra Mundial, "mas isso não aparece<br />

porque os ju<strong>de</strong>us têm a propaganda<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>". A Fe<strong>de</strong>ração Israelita<br />

<strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul (Firs) divulgou<br />

nota repudian<strong>do</strong> as <strong>de</strong>clarações.<br />

Dias <strong>de</strong>pois, o prela<strong>do</strong> conce<strong>de</strong>u<br />

entrevista ao jornal Zero Hora. Dom<br />

Da<strong>de</strong>us foi além. "Quantos milhões<br />

<strong>de</strong> católicos foram vítimas <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong>,<br />

22 milhões? Vinte e <strong>do</strong>is milhões<br />

foram ao to<strong>do</strong>. Os ju<strong>de</strong>us se<br />

dizem as maiores vítimas <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong>.<br />

Mas as maiores vítimas foram<br />

os ciganos. Foram extermina<strong>do</strong>s. Isso<br />

eles não falam", sustenta.<br />

Resposta<br />

Resposta<br />

Henry S. Chmelnitsky, presi<strong>de</strong>nte<br />

da Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Sul, respon<strong>de</strong>u às <strong>de</strong>clarações <strong>do</strong><br />

Arcebispo <strong>de</strong> Porto Alegre, <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us<br />

Grings, em nota oficial, com os<br />

seguintes termos:<br />

"Nos surpreen<strong>de</strong>m as <strong>de</strong>clarações<br />

<strong>do</strong> arcebispo <strong>de</strong> Porto Alegre,<br />

<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us Grings, publicadas pela<br />

revista Press. Não é<br />

a primeira vez que o<br />

religioso se refere<br />

ao <strong>Holocausto</strong> <strong>de</strong><br />

forma distorcida.<br />

Nós, brasileiros <strong>de</strong><br />

todas as origens,<br />

construímos através<br />

<strong>de</strong> décadas uma tradição<br />

<strong>de</strong> convivência<br />

pacífica e harmoniosa.<br />

Afirmações como<br />

as <strong>de</strong> <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us<br />

não contribuem em<br />

nada para este mo<strong>de</strong>lo<br />

que serve <strong>de</strong><br />

inspiração a outros<br />

países. Reduzir ou<br />

relativizar o <strong>Holocausto</strong><br />

agri<strong>de</strong> a memória <strong>de</strong> milhões<br />

<strong>de</strong> mortos numa guerra iniciada pelo<br />

fanatismo e pela intolerância.<br />

O próprio Vaticano, nos últimos<br />

anos, a<strong>do</strong>tou uma postura aberta e<br />

transparente em relação ao assassinato<br />

<strong>de</strong> seis milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us.<br />

Aliás, as relações entre a Igreja Católica<br />

e a comunida<strong>de</strong> judaica nunca<br />

foram tão boas. Em maio, o Papa Bento<br />

XVI visitará Israel.<br />

Na contramão <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>,<br />

mais uma vez <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us <strong>de</strong>stoa<br />

<strong>do</strong>s seus semelhantes ao usar argumentos<br />

sem qualquer valor moral<br />

ou científico. Morreram menos<br />

ju<strong>de</strong>us na II Guerra porque havia e<br />

Arcebispo <strong>de</strong> P. Alegre: "Ju<strong>de</strong>us<br />

têm a propaganda <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>"<br />

ainda há menos ju<strong>de</strong>us no mun<strong>do</strong>.<br />

Proporcionalmente, a chacina minimizada<br />

pelo arcebispo significou a<br />

aniquilação da maior parte <strong>de</strong> um<br />

povo que já era pequeno.<br />

Manifestamos a esperança <strong>de</strong> que<br />

<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us reflita sobre as suas <strong>de</strong>clarações.<br />

Ele é um homem <strong>de</strong> fé e <strong>de</strong><br />

paz. Esteve na posse da diretoria da<br />

Fe<strong>de</strong>ração Israelita há poucos dias, o<br />

que muito honrou e sensibilizou a comunida<strong>de</strong><br />

judaica gaúcha. Entretanto,<br />

ao reproduzir estereótipos cria<strong>do</strong>s pelos<br />

nazistas, <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us se posiciona<br />

<strong>do</strong> la<strong>do</strong> erra<strong>do</strong> da História. Suas <strong>de</strong>clarações<br />

agri<strong>de</strong>m não só aos ju<strong>de</strong>us,<br />

mas aos milhões <strong>de</strong> ciganos, porta<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, homossexuais e<br />

adversários <strong>do</strong> regime nazista que foram<br />

igualmente assassina<strong>do</strong>s.<br />

A única forma <strong>de</strong> impedir que a<br />

barbárie perpetrada pelos nazistas se<br />

repita - contra os ju<strong>de</strong>us ou contra<br />

outras etnias ou segmentos religiosos<br />

- é respeitar sempre a memória,<br />

com serieda<strong>de</strong>, fraternida<strong>de</strong> e honestida<strong>de</strong>.<br />

É isto o que esperamos <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us Grings e <strong>do</strong>s homens e<br />

mulheres comprometi<strong>do</strong>s com a verda<strong>de</strong><br />

e com a justiça. Porto Alegre,<br />

26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2009. Henry S. Chmelnitsky<br />

- Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração Israelita<br />

<strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul".<br />

Na Na Zero Zero Hora Hora<br />

Hora<br />

"Não falei nada contra eles", afirmou<br />

<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us sobre polêmica com<br />

os ju<strong>de</strong>us que o arcebispo abriu na<br />

revista Press & Advertising, ao conce<strong>de</strong>r<br />

entrevista ao Zero Hora.<br />

ZERO HORA - Sua entrevista causou<br />

muito <strong>de</strong>sconforto. O senhor não<br />

imaginava que isso ocorreria?<br />

DOM DADEUS GRINGS - Eu não falei contra<br />

o <strong>Holocausto</strong>, pelo contrário, acho<br />

que os ju<strong>de</strong>us fazem muito bem em<br />

lembrar as suas vítimas. É justo. Sofreram<br />

uma <strong>do</strong>r terrível. O que não<br />

acho justo é que se esqueçam to<strong>do</strong>s<br />

os <strong>de</strong>mais. Os ciganos foram dizima<strong>do</strong>s,<br />

os homossexuais, e não se fala<br />

nada. A União Sovi<strong>ética</strong>, em 70 anos<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio, matou 110 milhões <strong>de</strong><br />

pessoas, isso não se po<strong>de</strong> esquecer.<br />

Em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> um grupo, esquecer os<br />

<strong>de</strong>mais, não me parece muito justo.<br />

Não estou diminuin<strong>do</strong> a lembrança<br />

que os ju<strong>de</strong>us fazem com muita garra.<br />

Mas temos <strong>de</strong> lembrar também <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>mais. Ninguém fala quase da tragédia<br />

<strong>do</strong> marxismo. No nazismo, foram<br />

26 milhões <strong>de</strong> vítimas.<br />

ZH - Para ressaltar as outras vítimas é<br />

necessário fazer comparações com<br />

o <strong>Holocausto</strong>, já que é um assunto...<br />

DOM DADEUS - Não, não, os ju<strong>de</strong>us, com<br />

muita razão, prezam e homenageiam<br />

os seus mortos. Mas nós não po<strong>de</strong>mos<br />

omitir os nossos.<br />

ZH - Mas os ju<strong>de</strong>us foram mortos por<br />

serem ju<strong>de</strong>us...<br />

DOM DADEUS - E os cristãos, por serem<br />

cristãos. Na Iugoslávia, se alguém fizesse<br />

um batiza<strong>do</strong>, era morto. Então,<br />

também temos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar com<br />

muita clareza que os regimes totalitários<br />

que fazem prevalecer i<strong>de</strong>ias<br />

sobre a vida são sempre muito prejudiciais<br />

à humanida<strong>de</strong>.<br />

ZH - O senhor acha que foi mal interpreta<strong>do</strong>?<br />

DOM DADEUS - Acho que sim, eu não<br />

falei nada contra eles.<br />

ZH - Em 2003, o senhor já havia dito<br />

que haviam morri<strong>do</strong> 1 milhão <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us,<br />

não 6 milhões.<br />

DOM DADEUS - Em 2003, republicaram<br />

um artigo que era <strong>de</strong> 1990 e poucos.<br />

Reeditaram aqui.<br />

ZH - Mas o senhor escreveu...<br />

DOM DADEUS - Quan<strong>do</strong> publicaram aqui<br />

em Porto Alegre é que repercutiu.<br />

ZH - Isso não po<strong>de</strong> estremecer as relações<br />

interreligiosas?<br />

DOM DADEUS - Não, pelo contrário, até<br />

é bom para esclarecer os pontos.<br />

Des<strong>do</strong>bramentos<br />

Des<strong>do</strong>bramentos<br />

Des<strong>do</strong>bramentos<br />

O professor e jornalista Luis Milman<br />

escreveu carta a uma jornalista<br />

<strong>do</strong> Zero Hora, que se manifestara <strong>de</strong><br />

maneira ambígua em sua coluna naquele<br />

jornal, em relação à fala <strong>do</strong> arcebispo<br />

<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us. "Senhora Jornalista:<br />

Em sua coluna em ZH <strong>de</strong> hoje,<br />

há o registro <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>claração <strong>do</strong><br />

arcebispo <strong>de</strong> POA a uma revista local,<br />

segun<strong>do</strong> a qual mais católicos<br />

morreram <strong>do</strong> que ju<strong>de</strong>us na 2ª Guerra<br />

e que os ju<strong>de</strong>us "têm a propaganda<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>". A senhora comenta que<br />

a entrevista traz "a marca da polêmica".<br />

Pergunto: a qual polêmica a senhora<br />

(não o arcebispo, que é um antissemita<br />

e faz uma <strong>de</strong>claração neonazista)<br />

a senhora se refere? Por favor,<br />

ilustre-me a respeito para que,<br />

como ju<strong>de</strong>u, autor <strong>de</strong> livros e artigos<br />

sobre o neonazismo e o negacionismo,<br />

venha a saber o ponto que lhe<br />

gera incerteza. Escrever, como a senhora<br />

o fez, que "é polêmico" afirmar<br />

que ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>têm a propaganda <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>" é próprio <strong>de</strong> antissemitas<br />

<strong>de</strong>savergonha<strong>do</strong>s. Não é o seu caso,<br />

mas cuida<strong>do</strong> com as palavras. Quanto<br />

ao número <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us mortos na<br />

guerra "ter si<strong>do</strong> menor" <strong>do</strong> que o <strong>de</strong><br />

católicos, está embutida aí uma asneira<br />

trivial, também própria <strong>de</strong> militantes<br />

antissemitas. Foram alvos <strong>de</strong><br />

genocídio os ju<strong>de</strong>us, não os católicos,<br />

e o assombroso número <strong>de</strong> mortes <strong>de</strong><br />

ju<strong>de</strong>us, porque eram ju<strong>de</strong>us (a senhora<br />

enten<strong>de</strong>u, não é!) dizimou quase a<br />

meta<strong>de</strong> da população judaica da Europa.<br />

Esse arcebispo Da<strong>de</strong>us é um<br />

nazista e não tem polêmica alguma<br />

sobre o que ele disse. Imagine quase<br />

a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> católicos assassina<strong>do</strong>s<br />

porque eram católicos. Seriam, na Europa,<br />

cerca <strong>de</strong> 200 milhões <strong>de</strong> pessoas,<br />

no mínimo. Meça por aí o tamanho<br />

da sanha antijudaica <strong>de</strong>sse naziarcebispo.<br />

E ainda há jornalistas que<br />

vêm escrever sobre "polêmica". Façanos,<br />

a nós que temos compromisso<br />

com a verda<strong>de</strong> e respeito pelas vítimas<br />

<strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong>, o favor <strong>de</strong> avaliar<br />

melhor o que nazistas <strong>de</strong>claram,<br />

sejam eles padres, bispos ou arcebispos.<br />

Prof. Luis Milman - UFRGS e Conselheiro<br />

<strong>do</strong> Movimento <strong>de</strong> Justiça e<br />

Direitos Humanos".<br />

Acor<strong>do</strong><br />

Acor<strong>do</strong><br />

Na manhã <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> março, Henry<br />

S. Chmelnitsky, presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />

Israelita gaúcha, e <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us<br />

Grings, arcebispo metropolitano <strong>de</strong><br />

Porto Alegre, chegaram a um acor<strong>do</strong><br />

em reunião mediada pelo Ministério<br />

Público. Ambos saíram reafirman<strong>do</strong> a<br />

importância e necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> diálogo<br />

interreligioso e da ampla liberda<strong>de</strong> e<br />

respeito entre to<strong>do</strong>s os grupos. O atrito<br />

surgi<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>claração <strong>do</strong> bispo<br />

à Press foi da<strong>do</strong> como supera<strong>do</strong>.<br />

A reunião foi coor<strong>de</strong>nada pelo<br />

<strong>de</strong>puta<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> PDT Carlos Eduar<strong>do</strong><br />

Vieira da Cunha e houve uma nota<br />

conjunta da FIRS e <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us:<br />

"O arcebispo <strong>de</strong> Porto Alegre, <strong>do</strong>m<br />

Da<strong>de</strong>us Grings, e o presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />

Israelita <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul,<br />

Henry Chmelnitsky, se reuniram na<br />

manhã <strong>de</strong>sta segunda-feira, em Porto<br />

Alegre. No encontro, discutiram caminhos<br />

para aprofundar o bom relacionamento<br />

entre a Igreja Católica e a comunida<strong>de</strong><br />

judaica <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul.<br />

Apoia<strong>do</strong>s pelo respeito mútuo e pela<br />

tradição <strong>de</strong> convivência harmoniosa e<br />

pacífica <strong>do</strong>s vários segmentos que<br />

compõem a socieda<strong>de</strong> gaúcha, o arcebispo<br />

da Capital e o presi<strong>de</strong>nte da<br />

Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>de</strong>cidiram:<br />

1. Aprofundar e valorizar cada vez<br />

mais o diálogo interreligioso no Rio<br />

Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, no Brasil e no mun<strong>do</strong>,<br />

por enten<strong>de</strong>r que a aproximação<br />

entre culturas é saudável e fundamental<br />

para o exercício pleno da<br />

<strong>de</strong>mocracia e das liberda<strong>de</strong>s individuais<br />

e coletivas.<br />

2. Rejeitar qualquer tentativa <strong>de</strong> negação<br />

ou <strong>de</strong> relativização <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong><br />

que matou 6 milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us<br />

na Europa.<br />

3. Repudiar a utilização <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias que<br />

possam incentivar o antissemismo<br />

e a discriminação étnica, religiosa<br />

ou racial contra qualquer indivíduo<br />

ou coletivida<strong>de</strong>.<br />

Porto Alegre, 30 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2009".


m assembléia geral ordinária<br />

convocada pelos presi<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>do</strong> Conselho Deliberativo,<br />

Moisés Bromfman<br />

e da Diretoria da Fe<strong>de</strong>ração<br />

Israelita <strong>do</strong> Paraná, Isac Baril,<br />

tomou posse no CIP, dia 24 <strong>de</strong> março<br />

a nova Diretoria da Fe<strong>de</strong>ração Israelita<br />

<strong>do</strong> Paraná, li<strong>de</strong>rada por Manoel<br />

Knopfholz, eleito na ocasião.<br />

Durante a Assembléia os membros<br />

da comunida<strong>de</strong> presentes apreciaram<br />

e aprovaram também a proposta da<br />

reforma estatutária da Fe<strong>de</strong>ração Israelita,<br />

elaborada pela advogada Cristiane<br />

Sasson Rassi, que fez uma leitura<br />

das modificações na ocasião, além<br />

<strong>de</strong> elegerem também os <strong>de</strong>mais membros<br />

da Diretoria da FEIP e seu Conselho<br />

Fiscal. Os membros da nova Diretoria<br />

Executiva e <strong>do</strong> Conselho Fiscal<br />

da Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong> Paraná elei-<br />

Toma posse nova diretoria<br />

da Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong> PR<br />

Manoel Knopfholz assume presidência em substituição a Isac Baril<br />

tos para o biênio 2009/2011, são: presi<strong>de</strong>nte,<br />

Manoel Knopfholz; 1º vicepresi<strong>de</strong>nte,<br />

Nathan Kulisch; 2º vicepresi<strong>de</strong>nte,<br />

Leo Kriger; 1º secretário,<br />

Sidnei Axelrud; 2º secretário, Fernan<strong>do</strong><br />

Brafman. Conselheiros fiscais: Davi<br />

Knopfholz, Itzhak Polikar e Isac Baril.<br />

Discurso<br />

Discurso<br />

Em seu discurso <strong>de</strong> posse, o novo<br />

presi<strong>de</strong>nte da entida<strong>de</strong>, Manoel<br />

Knopfholz <strong>de</strong>stacou que "preten<strong>de</strong><br />

materializar os termos e objetivos <strong>do</strong><br />

Estatuto aprova<strong>do</strong> na Assembléia<br />

Geral e que o objetivo central da<br />

entida<strong>de</strong>, que esta gestão procurará<br />

exercer, é a representativida<strong>de</strong> externa<br />

da comunida<strong>de</strong>".<br />

A seguir falou sobre os planos da<br />

FEIP. "Nosso plano prevê ações <strong>de</strong><br />

propagação, tutoria e resguar<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

valores culturais, étnicos e nacionais<br />

<strong>do</strong> judaísmo, perante a socieda<strong>de</strong> civil<br />

e formal <strong>do</strong> Paraná, em compatibilida<strong>de</strong><br />

com princípios judaicos da <strong>ética</strong>,<br />

justiça, dignida<strong>de</strong>, solidarieda<strong>de</strong>,<br />

fraternida<strong>de</strong> e paz".<br />

Mais adiante, Knopfholz ressaltou<br />

que "teremos, portanto, uma conduta<br />

dissemina<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> nossas tradições<br />

culturais, artísticas, científicas e intelectuais,<br />

entre tantas outras riquezas,<br />

que <strong>de</strong>vem coexistir harmoniosamente<br />

com outras etnias, mas seremos<br />

também responsivos quan<strong>do</strong> formos<br />

alvos <strong>de</strong> alguma ação danosa que as<br />

atinja. Para tanto, e em consonância<br />

com a Kehilá, iniciamos a elaboração<br />

<strong>de</strong> alguns projetos, como comissões<br />

<strong>de</strong> jornalistas, intelectuais, acadêmicos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro e <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> nossa comunida<strong>de</strong><br />

para a formação <strong>de</strong> massa<br />

crítica e <strong>de</strong> fomento <strong>do</strong>s valores tutela<strong>do</strong>s.<br />

Além disso, estamos em fase<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

Netanyahu reafirma que buscará paz com árabes<br />

Enfrentar a ameaça da corrida armamentista<br />

iraniana e a atual crise econômica<br />

serão duas das priorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> novo<br />

governo israelense que tomou posse dia<br />

31 <strong>de</strong> março, ten<strong>do</strong> Benjamin Netanyahu<br />

como primeiro-ministro — o primeiro premiê<br />

reeleito em <strong>de</strong>z anos.<br />

Ele enfatizou que seu governo fará to<strong>do</strong>s<br />

os esforços para conseguir a paz com<br />

os vizinhos árabes. Abaixo, as principais<br />

<strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> Benjamin Netanyahu:<br />

"O governo que vou construir fará tu<strong>do</strong><br />

o que for necessário para conseguir uma<br />

paz justa e dura<strong>do</strong>ura com to<strong>do</strong>s nossos<br />

vizinhos e o resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> árabe. Nós<br />

queremos uma paz total e real com o objetivo<br />

<strong>de</strong> alcançar uma reconciliação entre<br />

os povos árabe e ju<strong>de</strong>u. Cada vez que<br />

Israel se encontrou diante <strong>de</strong> um dirigente<br />

árabe que <strong>de</strong>sejava sinceramente a paz,<br />

agiu <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>".<br />

"Cada um <strong>de</strong> nossos vizinhos que estiver<br />

disposto a ir pelo caminho da paz encontrará<br />

nossa mão estendida".<br />

"Não permitiremos que ninguém questione<br />

nosso direito a existir".<br />

"O maior perigo para a humanida<strong>de</strong> e<br />

para o nosso Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Israel vem da possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um regime radical se munir<br />

<strong>de</strong> armas nucleares".<br />

"A economia, a segurança e a diplomacia<br />

são o caminho para a paz".<br />

"Digo à li<strong>de</strong>rança palestina que, se<br />

vocês realmente querem a paz, nós po<strong>de</strong>mos<br />

alcançar a paz".<br />

"Sob um acor<strong>do</strong> permanente, os pales-<br />

tinos terão toda a autorida<strong>de</strong><br />

necessária para governar eles<br />

mesmos, à exceção daqueles<br />

que ameaçariam a existência e<br />

a segurança <strong>de</strong> Israel".<br />

No final <strong>do</strong> pronunciamento,<br />

Benjamin Netanyahu leu a<br />

lista conten<strong>do</strong> os nomes <strong>do</strong>s 30<br />

ministros que fazem parte da<br />

nova coalizão governamental, a<br />

maior em número <strong>de</strong> pastas na<br />

história israelense. Apenas Netanyahu<br />

duas mulheres estão no novo<br />

governo: Limor Livnat, <strong>do</strong> Likud, que fica<br />

com a pasta <strong>de</strong> Cultura e Esportes, e Sofa<br />

Landver, <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> Trabalhista, que é encarregada<br />

<strong>do</strong> Ministério <strong>de</strong> Imigração e<br />

Absorção.<br />

Ministério<br />

Ministério<br />

Primeiro-ministro: Benjamin Netanyahu<br />

(59 anos, Likud); Assuntos Estratégicos<br />

e primeiro-ministro interino: Moshe Yaalon<br />

(58 anos, Likud); Desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> Neguev e da Galiléia e primeiro-ministro<br />

interino: Silvan Shalom (50 anos,<br />

Likud); Assuntos Exteriores e vice-primeiro-ministro:<br />

Avig<strong>do</strong>r Lieberman (51<br />

anos, Yisrael Beiteinu); Defesa e vice-primeiro-ministro:<br />

Ehud Barak (67 anos,<br />

Trabalhista); Interior e vice-primeiro-ministro:<br />

Eli Yishai (46 anos, Shas); Transportes:<br />

Yisrael Katz (53 anos, Likud); Finanças:<br />

Yuval Steinitz (51 anos, Likud); Indústria<br />

e Comércio: Binyamin Ben-Eliezer<br />

(Trabalhista); Justiça: Yaacov Neeman<br />

(69 anos, sem parti<strong>do</strong>); Educação: Gi<strong>de</strong>on<br />

Sa'ar (42 anos, Likud); Comunicação: Mo-<br />

she Kahlon (48 anos, Likud);<br />

Meio Ambiente: Gilad Ar<strong>de</strong>n<br />

(38 anos, Likud); Cultura e Esporte:<br />

Limor Livnat (58 anos,<br />

Likud); Informação e Diáspora:<br />

Yuli E<strong>de</strong>lstein (50 anos, Likud);<br />

Habitação: Ariel Atias<br />

(38 anos, Shas); Culto: Yaacov<br />

Margi (48 anos, Shas); Serviços<br />

Secretos e Tecnologia<br />

Nuclear: Dan Meri<strong>do</strong>r (61<br />

anos, Likud); Segurança Interior:<br />

Itzhak Aharonovich (58<br />

anos, Yisrael Beiteinu); Infraestrutura:<br />

Uzi Landau (65 anos, Yisrael Beiteinu);<br />

Imigração: Sofa Landberg (59 anos, Yisrael<br />

Beiteinu); Turismo: Stas Misezhnikov<br />

(40 anos, Yisrael Beiteinu); Ciências: Daniel<br />

Hershkovitz (56 anos, Lar Ju<strong>de</strong>u); Assistência<br />

Social: Itzhak Herzog (48 anos,<br />

Trabalhista); Minorias: Avishay Braverman<br />

(61 anos, Trabalhista); Agricultura:<br />

Shalom Simhon (52 anos, Trabalhista);<br />

Serviços Públicos: Michael Eitan (65<br />

anos, Likud); ministros sem pasta: Ze'ev<br />

Benjamin Begin (66 anos, Likud), Yossi<br />

Peled (68 anos, Likud), Meshulam Nahari<br />

(57 anos, Shas), Avishay Braverman e Daniel<br />

Hershkowitz.<br />

Também assumiram os seguintes Vice-<br />

Ministros: Relações Exteriores: Daniel<br />

Ayalon; Saú<strong>de</strong>: Moshe Gafni; Assuntos<br />

<strong>do</strong>s Pensionistas: Lea Nass; Defesa: Matan<br />

Vilnai; Finanças: Yitzchak Cohen; Indústria<br />

e Comércio: Orit Noked; Escritório<br />

<strong>do</strong> Primeiro-Ministro: Gila Gamliel; e<br />

Vice sem pasta: Ayoub Kara.<br />

11<br />

Na primeira fila, a partir da direita, Manoel Knopfholz, novo<br />

presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong> Paraná, a advogada Cristiane<br />

Sasson Rassi, que elaborou o projeto <strong>de</strong> reforma <strong>do</strong>s estatutos, e<br />

Nathan Kulisch, plrimeiro vice-presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>do</strong> lançamento <strong>de</strong> um Programa <strong>de</strong> TV,<br />

e nos inserin<strong>do</strong> nas comemorações<br />

<strong>do</strong>s 120 anos <strong>de</strong> imigração judaica no<br />

Paraná, além ações <strong>de</strong> natureza social,<br />

entre o outras, como eventos e seminários<br />

a serem promovi<strong>do</strong>s nas universida<strong>de</strong>s<br />

e órgãos forma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> opinião",<br />

concluiu.<br />

Assumiram ainda os seguintes funcionários<br />

governamentais seniores: Porta-voz<br />

<strong>do</strong> Knesset: Deputa<strong>do</strong> Reuven Rivlin; Presi<strong>de</strong>nte<br />

da Suprema Corte: Dorit Beinisch;<br />

Controla<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e Ombudsman:<br />

Micha Lin<strong>de</strong>nstrauss; Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Banco<br />

<strong>de</strong> Israel: Stanley Fischer; Chefe das Forças<br />

Armadas: Tenente-General Gaby Ashkenazi;<br />

Procura<strong>do</strong>r Geral: Menachem Mazuz;<br />

Rabino Chefe Sefaradi: Shlomo Amar; e<br />

Rabino Chefe Ashkenazi: Yona Metzger.<br />

Olmert<br />

Olmert<br />

Em seu discurso <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida, Ehud<br />

Olmert, afirmou que o Exército israelense<br />

é o que tem mais <strong>ética</strong> no mun<strong>do</strong> e que a<br />

recente ofensiva lançada na Faixa <strong>de</strong> Gaza<br />

tornou isso evi<strong>de</strong>nte. Ele se referia a <strong>de</strong>cisão<br />

da Justiça Militar israelense <strong>de</strong> arquivar<br />

<strong>de</strong>finitivamente o inquérito sobre supostos<br />

abusos cometi<strong>do</strong>s por solda<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

Israel contra civis palestinos durante as<br />

três semanas <strong>de</strong> ofensiva na Faixa <strong>de</strong><br />

Gaza. A justificativa, segun<strong>do</strong> o chefe <strong>do</strong><br />

Judiciário <strong>do</strong> Exército, o general Avichai<br />

Men<strong>de</strong>lblit, é que as <strong>de</strong>núncias "têm por<br />

base rumores e carecem <strong>de</strong> respal<strong>do</strong>".<br />

O presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Israel, Shimon Peres,<br />

disse a Netanyahu que o mun<strong>do</strong> apoia a criação<br />

<strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong> palestino. "O governo que<br />

sai a<strong>do</strong>tou a visão <strong>de</strong> <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s para <strong>do</strong>is<br />

povos, promovida pela administração <strong>do</strong>s<br />

EUA e aceita pela maioria <strong>do</strong>s países <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>. Não conheço melhor alternativa que<br />

a paz para a região inteira, especialmente<br />

porque a necessida<strong>de</strong> árabe <strong>de</strong> paz está conjuminada<br />

com a ameaça iraniana <strong>de</strong> assumir<br />

a parte árabe da nossa região".


12<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769


utorida<strong>de</strong>s palestinas<br />

dissolveram uma orquestra<br />

juvenil da<br />

Cisjordânia que havia<br />

toca<strong>do</strong> para um grupo <strong>de</strong><br />

sobreviventes <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong><br />

em Israel. São crianças e jovens<br />

que formam um grupo <strong>de</strong> músicos<br />

<strong>do</strong>s 12 aos 17 anos palestinos <strong>do</strong><br />

Campo <strong>de</strong> Jenin, no passa<strong>do</strong> um notório<br />

foco <strong>de</strong> militância e violência, e<br />

que tinham viaja<strong>do</strong> para Israel a fim<br />

<strong>de</strong> tocar para sobreviventes <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong><br />

no centro Amcha <strong>de</strong> Holon,<br />

num encontro que foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

extraordinário.<br />

Os jovens tocaram e os sobreviventes<br />

<strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> tentavam<br />

acompanhar com palmas o ritmo sempre<br />

mutável <strong>do</strong>s tambores darbouka.<br />

"Fomos lá para tocar", disse Wafa<br />

Younis, 51 anos, a diretora da orquestra<br />

jovem, israelense <strong>de</strong> ascendência<br />

árabe. "Não acredito em política; apenas<br />

em músicos e nessas crianças".<br />

Qualquer estranheza terminou diluída<br />

pela barreira <strong>do</strong> idioma. Excetua<strong>do</strong><br />

Younis, os palestinos só falam árabe;<br />

os sobreviventes <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> só<br />

falam hebraico e seus idiomas europeus<br />

<strong>de</strong> origem. Zehava Zelevski, 73 anos,<br />

nasceu na Polônia e chegou a Israel<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passar por campos <strong>de</strong> refugia<strong>do</strong>s<br />

na Alemanha, em 1948. Seus três<br />

irmãos foram mortos durante a Segunda<br />

Guerra Mundial. Zelevski disse que<br />

sabia sobre o campo <strong>de</strong>o Jenin pela te-<br />

levisão e jornais, acrescentan<strong>do</strong> que "o<br />

terrorismo to<strong>do</strong> vinha <strong>de</strong> lá".<br />

O evento foi organiza<strong>do</strong> como<br />

parte <strong>do</strong> Dia das Boas Ações, em Israel,<br />

uma iniciativa <strong>de</strong> Shari Arison,<br />

conhecida empresária israelense,<br />

hoje cidadã <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />

Arison <strong>de</strong>clarou em entrevista<br />

antes da apresentação que concebeu<br />

a idéia para o dia das boas ações enquanto<br />

caminhava, alguns anos atrás.<br />

Qualquer pessoa, rica ou pobre, po<strong>de</strong><br />

ajudar um cego a atravessar a rua,<br />

animar alguém com um sorriso ou ajudar<br />

a carregar as compras, ela disse.<br />

Dissolução<br />

Dissolução<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

Palestinos <strong>de</strong>smantelam orquestra<br />

juvenil que tocou para sobreviventes<br />

Antônio Carlos Coelho *<br />

O que se po<strong>de</strong> esperar das críticas feitas<br />

a Israel no que se refere às relações<br />

com os palestinos? Quan<strong>do</strong> elas vêm, já<br />

ficamos com um pé atrás. Não são favoráveis.<br />

São, na maioria das vezes, mal<strong>do</strong>sas<br />

e carregadas <strong>de</strong> interesses i<strong>de</strong>ológicos.<br />

Nos últimos meses, quan<strong>do</strong> Israel respon<strong>de</strong>u<br />

duramente aos ataques nas cida<strong>de</strong>s<br />

próximas a Gaza, tivemos da parte da mídia,<br />

uma análise da situação mais fiel aos<br />

fatos e razões da posição tomada pelo<br />

Esta<strong>do</strong> judaico; mas também tivemos as<br />

mais revoltantes formas <strong>de</strong> noticiar e as<br />

críticas mais virulentas.<br />

O mote das notícias era a <strong>de</strong>sproporcionalida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> ataque ao "povo palestino",<br />

como se, em guerra, fosse possível<br />

estabelecer medidas <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong>.<br />

E ainda, segun<strong>do</strong> parte da mídia, Israel<br />

mais uma vez, entre tantas, agia com<br />

extremada violência sobre o pobre povo<br />

sofre<strong>do</strong>r que, injustamente, vive confina-<br />

Adnan al-Hinda, diretor <strong>do</strong> Comitê<br />

Popular <strong>de</strong> Serviços <strong>do</strong> campo <strong>de</strong><br />

Jenin liga<strong>do</strong> à Autorida<strong>de</strong> Palestina,<br />

chamou a apresentação aos sobreviventes<br />

<strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> <strong>de</strong> uma "questão<br />

política" e acusou a maestra Wafa<br />

Younis <strong>de</strong> ter inconscientemente "arrasta<strong>do</strong><br />

as crianças para uma disputa<br />

política", por isso a orquestra juvenil<br />

foi dissolvida.<br />

Ele acrescentou que Younis também<br />

foi impedida <strong>de</strong> entrar em seu<br />

apartamento no campo, on<strong>de</strong> ela ensinava<br />

os jovens músicos.<br />

O evento atraiu uma forte con<strong>de</strong>nação<br />

<strong>do</strong>s dirigentes <strong>do</strong> campo <strong>de</strong> refugia<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> Jenin e ativistas políticos,<br />

que acusaram os organiza<strong>do</strong>res <strong>de</strong> explorar<br />

as crianças para "fins políticos".<br />

Hinda disse que a participação das<br />

crianças no concerto era uma "questão<br />

perigosa", porque foi dirigida contra<br />

a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural e nacional <strong>do</strong>s<br />

palestinos. Ele acusou "elementos suspeitos"<br />

<strong>de</strong> estarem por trás <strong>do</strong> evento<br />

<strong>de</strong> Holon, dizen<strong>do</strong> que eles estavam<br />

procuran<strong>do</strong> "impacto" e que isso "estava<br />

afetan<strong>do</strong> a cultura nacional da<br />

geração jovem e colocan<strong>do</strong> dúvidas<br />

sobre o heroísmo e a resistência <strong>do</strong>s<br />

mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> campo durante a invasão<br />

israelense, em abril <strong>de</strong> 2002".<br />

Ele ainda alegou que os organiza<strong>do</strong>res<br />

"enganaram" as crianças<br />

com uma viagem gratuita a Israel e<br />

ensinar-lhes música.<br />

Ramzi Fayad, um porta-voz <strong>de</strong> várias<br />

facções políticas no campo <strong>de</strong><br />

Jenin, também con<strong>de</strong>nou a participação<br />

<strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes no evento <strong>do</strong><br />

<strong>Holocausto</strong>, dizen<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s os grupos<br />

se opõem fortemente a qualquer<br />

forma <strong>de</strong> normalização com Israel.<br />

"Não po<strong>de</strong> haver paz enquanto<br />

Israel continua a perpetrar massacres<br />

contra nosso povo", disse ele.<br />

Folhetos distribuí<strong>do</strong>s na área Jenin<br />

igualmente atacaram o evento e os organiza<strong>do</strong>res<br />

acusan<strong>do</strong>-os <strong>de</strong> explorar as<br />

crianças. Os folhetos também advertiram<br />

os palestinos contra participações<br />

em eventos semelhantes no futuro.<br />

Fontes <strong>do</strong> campo disseram que a<br />

facções políticas em Jenin, também<br />

<strong>de</strong>cidiu proibir a que a mulher (Wafa<br />

Israel tem o pescoço duro<br />

<strong>do</strong> em campos <strong>de</strong> refugia<strong>do</strong>s.<br />

Passa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is meses, veio-nos a notícia<br />

<strong>de</strong> que alguns solda<strong>do</strong>s israelenses tinham<br />

cometi<strong>do</strong> um assassinato. Desta vez<br />

tinha si<strong>do</strong> contra mulheres que, seguin<strong>do</strong><br />

or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> um solda<strong>do</strong>, saíram da casa em<br />

que se abrigavam e foram covar<strong>de</strong>mente<br />

mortas por um atira<strong>do</strong>r. E assim as notícias<br />

nos chegam, e chegam também a<br />

quem não estabelece nenhum filtro para<br />

separar o que possivelmente é realida<strong>de</strong><br />

daquilo que é um exagero.<br />

Além <strong>de</strong> não dar o direito a Israel se<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ataques inimigos, o que já é<br />

corriqueiro nos textos <strong>de</strong> mídia, se <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra,<br />

subliminarmente, que Israel é um<br />

Esta<strong>do</strong> e, que como Esta<strong>do</strong>, tem o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong><br />

proporcionar segurança, integrida<strong>de</strong> física,<br />

além <strong>de</strong> outros diretos e garantias aos seus<br />

cidadãos. Talvez muitos jornalistas e <strong>do</strong>nos<br />

<strong>de</strong> veículos <strong>de</strong> notícias estejam mais acostuma<strong>do</strong>s<br />

com esta<strong>do</strong>s que não garantem a<br />

segurança <strong>de</strong> seu povo, a estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

investimentos <strong>de</strong> empresas nacionais em<br />

países estrangeiros, a saú<strong>de</strong>, e que fazem<br />

o possível para <strong>de</strong>sacreditar as instituições<br />

<strong>de</strong>mocráticas e aquelas fundamentais<br />

para a estabilida<strong>de</strong> social.<br />

Parece ser essa a regra <strong>do</strong>s nossos<br />

tempos: <strong>de</strong>struir o que há <strong>de</strong> exemplar,<br />

<strong>de</strong>sacreditar instituições que garantem a<br />

<strong>de</strong>mocracia, reverter os conceitos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />

e direitos civis. Criminosos e traficantes<br />

têm força <strong>de</strong> policial, palavra <strong>de</strong><br />

contraventor vale tanto quanto <strong>de</strong> um juiz,<br />

terrorista é símbolo <strong>de</strong> justiceiro e age em<br />

favor <strong>do</strong> oprimi<strong>do</strong>.<br />

As tentativas <strong>de</strong> levar a opinião pública<br />

a acreditar que Israel age como um Esta<strong>do</strong><br />

criminoso é orienta<strong>do</strong> pela mesma lógica<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> valores <strong>de</strong>mocráticos<br />

e <strong>de</strong> direitos e responsabilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>. É uma lógica que <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra a<br />

História, que distorce informações, levan<strong>do</strong>,<br />

mesmo aqueles mais ilustra<strong>do</strong>s, à confusão<br />

e se julgarem incapazes <strong>de</strong> omitir<br />

opiniões ou, o que é pior, assumirem parâmetros<br />

<strong>de</strong> julgamento influencia<strong>do</strong>s por<br />

Younis) árabe israelense, que aju<strong>do</strong>u<br />

a organizar o evento entre na cida<strong>de</strong>.<br />

Ativistas <strong>do</strong> Fatah apresentaram<br />

uma <strong>de</strong>núncia à Polícia palestina contra<br />

Younis sob o pretexto <strong>de</strong> que tinha<br />

engana<strong>do</strong> as crianças, levan<strong>do</strong>os<br />

para o evento <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong>, além<br />

<strong>de</strong> bloquear sua entrada no apartamento<br />

que havia si<strong>do</strong> aluga<strong>do</strong> por ela.<br />

Durante o evento cerca <strong>de</strong> 30 i<strong>do</strong>sos<br />

sobreviventes estiveram no centro<br />

ouvin<strong>do</strong> os meninos e as meninas<br />

tocarem. O encontro começou com<br />

uma música árabe, "Nós cantamos<br />

para a paz", e foi segui<strong>do</strong> por duas<br />

peças musicais com violinos e tambores<br />

árabes, bem como uma música<br />

improvisada em hebraico pelos <strong>do</strong>is<br />

grupos. Younis também <strong>de</strong>dicou uma<br />

canção da orquestra ao solda<strong>do</strong> seqüestra<strong>do</strong><br />

Gilad Schalit.<br />

13<br />

Menina da orquerstra palestina toca para sobreviventes <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong><br />

Foto: Rina Castelnuovo<br />

* Antônio Carlos Coelho é professor universitário, escritor, diretor <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Ciência e Fé e colabora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

parte da mídia. Vale a regra <strong>de</strong> Goebbels:<br />

minta, minta, até que a mentira se torne<br />

uma verda<strong>de</strong>.<br />

Mas para a nossa satisfação "os ju<strong>de</strong>us<br />

têm pescoço duro" e não se <strong>do</strong>bram para<br />

opiniões ou pressões que venham cercear<br />

as ações <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Israel. E, muito<br />

menos, <strong>de</strong>ixaram suas instituições se corromperem<br />

com acenos e ameaças <strong>de</strong> qual<br />

po<strong>de</strong>r seja. Seus valores éticos serão preserva<strong>do</strong>s,<br />

seja para a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seu povo,<br />

conduzin<strong>do</strong> as ações militares até as últimas<br />

consequências, ou seja, para quan<strong>do</strong><br />

a suposição <strong>de</strong> erros ou abusos, avaliar<br />

ações da força <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, mesmo que isso<br />

possa custar perdas políticas e divisão <strong>de</strong><br />

opiniões internas. Tal apego aos valores<br />

históricos, que vêm <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a formação <strong>do</strong><br />

Novo Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Israel, aos valores <strong>de</strong> uma<br />

<strong>ética</strong> milenar e exemplar ao mun<strong>do</strong>, ao<br />

respeito pelos seus cidadãos, colabora<br />

para que Israel seja um país <strong>de</strong>mocrático<br />

que, em muitas vezes, é, para meu gosto,<br />

excessivamente <strong>de</strong>mocrático.


14<br />

Henrietta Szold<br />

* Jane<br />

Bichmacher <strong>de</strong><br />

Glasman é<br />

escritora, <strong>do</strong>utora<br />

em Língua<br />

Hebraica,<br />

Literaturas e<br />

Cultura <strong>Judaica</strong>,<br />

Professora<br />

Adjunta,<br />

Funda<strong>do</strong>ra e ex-<br />

Diretora <strong>do</strong><br />

Programa <strong>de</strong><br />

Estu<strong>do</strong>s Judaicos<br />

- UERJ.<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

Dia da Família e das Mães em Israel<br />

- Sobre mães e matriarcas<br />

Jane Bichmacher <strong>de</strong> Glasman *<br />

os diferentes países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

a comemoração <strong>do</strong> Dia<br />

das Mães é feita em dias diferentes.<br />

Na Noruega é no<br />

segun<strong>do</strong> <strong>do</strong>mingo <strong>de</strong> fevereiro;<br />

na África <strong>do</strong> Sul e em Portugal,<br />

no primeiro <strong>do</strong>mingo <strong>de</strong> maio;<br />

na Suécia, no quarto <strong>do</strong>mingo <strong>de</strong><br />

maio; no México é uma data fixa,<br />

dia 10 <strong>de</strong> maio. Na Tailândia, no<br />

dia 12 <strong>de</strong> agosto, em comemoração<br />

ao aniversário da rainha. No<br />

Brasil, assim como nos Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s, Japão, Turquia e Itália, a<br />

data é comemorada no segun<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>mingo <strong>de</strong> maio. Aqui a data foi<br />

instituída pela ACM em maio <strong>de</strong><br />

1918 e oficializada por Getúlio<br />

Vargas em 1932.<br />

Em Israel não existe um dia<br />

próprio para as mães, mas sim um<br />

para a família. É celebra<strong>do</strong> no aniversário<br />

<strong>de</strong> Henrietta Szold, pelo calendário<br />

hebraico no 30º dia <strong>do</strong> mês<br />

<strong>de</strong> Shevat.<br />

Henrietta Szold (1860-1945) foi a<br />

primeira presi<strong>de</strong>nte da organização<br />

Hadassa <strong>de</strong> mulheres judias. Embora<br />

tenha nasci<strong>do</strong> em Baltimore, Maryland,<br />

passou os últimos 25 anos <strong>de</strong> sua vida<br />

viven<strong>do</strong> e trabalhan<strong>do</strong> na Palestina.<br />

Foi a primeira diretora da Agência <strong>de</strong><br />

Aliá para a Juventu<strong>de</strong> na década <strong>de</strong> 30<br />

e responsável por trazer 30.000 crianças<br />

judias da Europa nazista para Israel.<br />

Ela as via como "os seus filhos"<br />

e esta é uma das razões principais para<br />

o Dia da Família ser celebra<strong>do</strong> em Israel<br />

no seu aniversário.<br />

Embora possa ser politicamente<br />

correto chamar este dia como da Família,<br />

presentes só são da<strong>do</strong>s à mãe.<br />

A lista preparada<br />

pelo<br />

industrial alemão<br />

Oskar<br />

Schindler, que<br />

aju<strong>do</strong>u a salvar<br />

mais <strong>de</strong> mil ju<strong>de</strong>us <strong>do</strong>s campos<br />

<strong>de</strong> concentração na II Guerra Mundial,<br />

foi encontrada em uma biblioteca <strong>de</strong><br />

Sydney (Austrália), que não sabia que<br />

estava <strong>de</strong> posse <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento. A lista<br />

foi encontrada em meio a notas <strong>de</strong><br />

pesquisa e recortes <strong>de</strong> jornais alemães<br />

usa<strong>do</strong>s pelo escritor australiano<br />

Thomas Keneally, autor <strong>do</strong> livro "A<br />

Oskar Schindler<br />

Em espírito é ainda o Dia das Mães.<br />

Nele, em Israel, pais e filhos dão a<br />

elas flores e presentes e as liberam<br />

<strong>do</strong> serviço <strong>do</strong>méstico. Escolas judaicas<br />

<strong>de</strong>senvolvem programas que glorificam<br />

o papel da mãe em Israel e no<br />

Judaísmo. Há quem use no dia um<br />

pequeno cravo branco, símbolo da<br />

pureza <strong>do</strong> amor maternal.<br />

Em tempos bíblicos, a mãe ocupava<br />

um lugar <strong>de</strong> honra e autorida<strong>de</strong><br />

na família. O interesse no bem-estar<br />

da mãe era julga<strong>do</strong> pelos lí<strong>de</strong>res<br />

como uma medida <strong>de</strong> bom governo e<br />

<strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> saudável. A<br />

influência <strong>de</strong> mães famosas na tradição<br />

bíblica é significativa.<br />

Olhan<strong>do</strong>, por exemplo, para a vida<br />

da primeira mulher judia, Sara, na<br />

Parashá que tem o seu nome, lê-se<br />

que D-us disse a Abraão: "Tu<strong>do</strong> o que<br />

Sara lhe disser, escute a voz <strong>de</strong>la" (Gn<br />

21:12), geran<strong>do</strong> uma concepção extraordinariamente<br />

diferente sobre a<br />

mulher: não a da i<strong>de</strong>alização romântica,<br />

mas a da reciprocida<strong>de</strong>.<br />

As mulheres que chamamos nossas<br />

Matriarcas não são meramente<br />

mães, assim como os Patriarcas não<br />

são apenas pais. Costumamos pensar<br />

em mães como pessoas absorvidas<br />

com os problemas da criação <strong>do</strong>s<br />

filhos. Contu<strong>do</strong>, três <strong>de</strong>las experimentaram<br />

longos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> esterilida<strong>de</strong>,<br />

e apenas uma, Léa, teve mais<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>is filhos.<br />

A idéia <strong>de</strong> maternida<strong>de</strong> no judaísmo<br />

é a essência da feminilida<strong>de</strong>, o<br />

la<strong>do</strong> feminino <strong>do</strong> nosso ser. Não implica,<br />

apenas, o fato físico <strong>de</strong> tornarse<br />

mãe e criar uma criança, embora,<br />

para a maioria das mulheres, esta experiência<br />

seja uma significativa abertura<br />

espiritual. A maternida<strong>de</strong> repre-<br />

senta uma intensa e profunda conexão<br />

com o futuro, com os atos e circunstâncias<br />

<strong>do</strong> momento e seus efeitos<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento das futuras<br />

gerações. Assim como a mãe é ligada<br />

a seus filhos, física e emocionalmente,<br />

na tradição judaica, a mãe é<br />

uma pessoa profundamente envolvida,<br />

no seu íntimo, com aqueles que<br />

virão <strong>de</strong>pois.<br />

A profecia é ligada à preocupação<br />

da mulher em relação ao futuro: ela<br />

precisa ser capaz <strong>de</strong> enxergar hoje o<br />

que acontecerá amanhã. Não meramente<br />

numa relação <strong>de</strong> causa e efeito,<br />

como ditaria a lógica masculina,<br />

mas como uma Gestalt, compreendida<br />

ou sentida. Isto se relaciona ao que<br />

chamamos "intuição feminina", um<br />

conhecimento interior ou habilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ver e enten<strong>de</strong>r uma situação, e chegar<br />

ao seu reconhecimento integral.<br />

Esses <strong>do</strong>is aspectos das Matriarcas<br />

estão liga<strong>do</strong>s a um terceiro: seu<br />

ativo exercício <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r na família.<br />

Elas usaram sua influência e po<strong>de</strong>r<br />

para dirigir internamente a vida familiar<br />

segun<strong>do</strong> a sua melhor visão prof<strong>ética</strong>.<br />

Tomaram <strong>de</strong>cisões agudas e<br />

difíceis, mesmo quan<strong>do</strong> significavam<br />

enfrentar um conflito ou uma separação<br />

<strong>do</strong> mari<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> filho.<br />

Enquanto as histórias sobre Sara<br />

e Rebeca relatam os eventos significativos<br />

e as <strong>de</strong>cisões que focalizam<br />

suas preocupações pelo <strong>de</strong>stino <strong>de</strong><br />

suas famílias, Raquel e Léa são <strong>de</strong>scritas<br />

como rivais em seu relacionamento<br />

com o mari<strong>do</strong> - a mãe enfrentan<strong>do</strong><br />

as questões que surgem por ser<br />

esposa e mulher. Raquel e Léa representam<br />

a duplicida<strong>de</strong> que existe em<br />

to<strong>do</strong>s nós e, em sua rivalida<strong>de</strong>, apontam<br />

para o conflito que surge nas di-<br />

Lista <strong>de</strong> Schindler é<br />

encontrada na Austrália<br />

arca <strong>de</strong> Schindler', em que se baseou<br />

o filme "A lista <strong>de</strong> Schindler", <strong>de</strong> Steven<br />

Spielberg.<br />

A biblioteca obteve a lista quan<strong>do</strong><br />

comprou o material <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong><br />

Keneally em 1996. A lista contém 13<br />

páginas amareladas, on<strong>de</strong> estão escritos<br />

os nomes e nacionalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

801 ju<strong>de</strong>us. "Ela salvou 801 vidas das<br />

câmaras <strong>de</strong> gás... é uma peça histórica<br />

incrivelmente tocante", disse a cura<strong>do</strong>ra<br />

da biblioteca, Olwen Pryke. A<br />

lista foi datilografada apressadamente<br />

em 18 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1945, ao fim da<br />

Segunda Guerra Mundial, e compila-<br />

da por Oskar Schindler, mas <strong>falta</strong>m<br />

mais 200 nomes, pois ele salvou cerca<br />

<strong>de</strong> mil ju<strong>de</strong>us.<br />

Horroriza<strong>do</strong> com a conduta <strong>do</strong>s<br />

nazistas, ele conseguiu convencer oficiais<br />

<strong>de</strong> que seus funcionários eram<br />

essenciais para os esforços <strong>de</strong> guerra<br />

e não <strong>de</strong>viam ser envia<strong>do</strong>s a campos<br />

<strong>de</strong> concentração. A lista foi entregue<br />

ao escritor australiano Thomas<br />

Keneally em uma loja <strong>de</strong> Los Angeles,<br />

há quase 30 anos, por uma das pessoas<br />

que Schindler aju<strong>do</strong>u a escapar,<br />

Leopold Pfefferberg - que queria que<br />

o escritor contasse a história da lista.<br />

ferentes opções mundanas e da dimensão<br />

eterna da nossa alma. Assim,<br />

as Matriarcas indicam aspectos da<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> bem distantes <strong>do</strong> que<br />

normalmente imaginamos quan<strong>do</strong><br />

usamos a palavra mãe. O seu papel<br />

não foi apenas o <strong>de</strong> dar à luz. Igualmente<br />

significativa é a maneira pela<br />

qual simbolizam várias etapas em<br />

nossas vidas. Elas representam o po<strong>de</strong>r<br />

da nossa criativida<strong>de</strong> que olha em<br />

direção ao futuro. Elas não apenas<br />

amavam e se preocupavam com o que<br />

provinha <strong>de</strong>las próprias, eram também<br />

sensíveis às sutis nuances da vida,<br />

que fazem a diferença entre uma verda<strong>de</strong>ira<br />

evolução espiritual.<br />

Sara trouxe a risada para a nossa<br />

vida religiosa na simultânea e universal<br />

afirmação <strong>de</strong> fé, surpresa e alegria.<br />

Rebeca nos mostra uma assombrosa<br />

força e convicção e, como Sara, uma<br />

voz <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>. Léa traz conforto. A<br />

partir <strong>de</strong>la, apren<strong>de</strong>mos a transcen<strong>de</strong>r<br />

a vida e conquistar a eternida<strong>de</strong>, ao<br />

agra<strong>de</strong>cermos e louvarmos a D-us que<br />

provê todas as nossas necessida<strong>de</strong>s.<br />

Raquel, com sua morte ao dar à luz,<br />

preserva em nós a imortal fé <strong>de</strong> que<br />

nossos anseios mais profun<strong>do</strong>s neste<br />

mun<strong>do</strong> serão realiza<strong>do</strong>s. Com ela<br />

apren<strong>de</strong>mos que to<strong>do</strong> o nosso pranto<br />

pelos nossos filhos, pelos nossos queri<strong>do</strong>s,<br />

pela vida em si, não será em vão:<br />

ainda voltaremos para casa, ainda haverá<br />

paz. De todas as nossas Matriarcas<br />

recebemos a dádiva <strong>de</strong> uma dimensão<br />

feminina profundamente vivida<br />

com força e paixão. Recebemos as<br />

bases <strong>do</strong> nosso passa<strong>do</strong> e também<br />

uma orientação para o futuro.<br />

NOTA:<br />

1 - Trechos sobre as Matriarcas adapta<strong>do</strong>s da<br />

tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> da autora: De Rachel a<br />

Rachel - Mulher, Amor e Morte.<br />

Escritor Thomas Keneally com a"lista <strong>de</strong> Schindler", que<br />

contém nomes <strong>de</strong> 801 ju<strong>de</strong>us salvos <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> pelo<br />

industrial alemão Oskar Schindler


solução <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s<br />

não <strong>de</strong>ve ser encarada<br />

com uma i<strong>de</strong>ologia<br />

ou um mantra, mas<br />

como uma fórmula que<br />

<strong>de</strong>ve ser julgada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com a sua aplicabilida<strong>de</strong> prática.<br />

Zalman Shoval, chairman <strong>do</strong> Instituto<br />

<strong>de</strong> Política e Estratégia, Presi<strong>de</strong>nte<br />

da Câmara <strong>de</strong> Comércio Israel-<br />

EUA, ex-Embaixa<strong>do</strong>r nos EUA.<br />

Uma semana antes da instalação<br />

da Conferência <strong>de</strong> Paz <strong>de</strong> Annapolis,<br />

on<strong>de</strong> se consoli<strong>do</strong>u a idéia <strong>de</strong> <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s,<br />

The Economist assim se referia<br />

às expectativas em torno <strong>de</strong>la: "O que<br />

muitos pensavam que seria uma carruagem<br />

<strong>do</strong>urada carregan<strong>do</strong> os lí<strong>de</strong>res<br />

israelenses e palestinos para um gran<strong>de</strong><br />

baile <strong>de</strong> paz, revelou ser apenas uma<br />

abóbora" (www.economist.com/world/<br />

mi<strong>de</strong>ast-africa/displaystory.cfm?<br />

story_id=10177066). E acrescentava<br />

que o fosso entre os <strong>do</strong>is países é,<br />

na verda<strong>de</strong>, muito mais largo <strong>do</strong><br />

que se imaginava.<br />

Em minha opinião é intransponível,<br />

pois os objetivos <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s divergem<br />

radicalmente: enquanto Israel <strong>de</strong>seja<br />

um acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> paz razoável, os lí-<br />

Dois esta<strong>do</strong>s é uma solução?<br />

Ou uma quimera?<br />

Heitor <strong>de</strong> Paola *<br />

Uzi Mahnaimi *<br />

srael usou aviões não tripula<strong>do</strong>s<br />

para atacar escoltas<br />

iranianas secretas no Sudão,<br />

que estavam tentan<strong>do</strong> contraban<strong>de</strong>ar<br />

foguetes para Gaza. Os projéteis<br />

teriam potência para atingir Tel Aviv e a<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dimona, on<strong>de</strong> estaria o reator<br />

nuclear <strong>de</strong> Israel, afirmaram fontes<br />

da área da <strong>de</strong>fesa.<br />

Os veículos aéreos não tripula<strong>do</strong>s<br />

(UAVs) atacaram <strong>do</strong>is comboios escolta<strong>do</strong>s,<br />

matan<strong>do</strong> pelo menos 50 contrabandistas<br />

e iranianos membros das suas<br />

escoltas. Foram <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os caminhões<br />

que transportavam os foguetes<br />

<strong>de</strong> longo alcance. Os foguetes seriam<br />

entregues ao Hamas, o grupo islâmico<br />

militante que controla a Faixa <strong>de</strong> Gaza,<br />

e que teria eleva<strong>do</strong> dramaticamente o<br />

nível conflito, permitin<strong>do</strong> aos palestinos<br />

esten<strong>de</strong>r o terror a Tel Aviv.<br />

De acor<strong>do</strong> com diplomatas oci<strong>de</strong>ntais,<br />

Israel atacou os comboios iranianos<br />

no final <strong>de</strong> janeiro e na primeira se-<br />

<strong>de</strong>res palestinos continuam almejan<strong>do</strong><br />

uma hudna (www.heitor<strong>de</strong>paola.com/<br />

publicacoes_materia.asp?id_artigo=593)<br />

que lhes permita sucessivos rearmamentos<br />

para a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> Israel. O<br />

Pacto <strong>do</strong> Hamas diz que "iniciativas, propostas<br />

e conferências internacionais são<br />

perda <strong>de</strong> tempo e esforços vãos". O velho<br />

dita<strong>do</strong> <strong>de</strong> que quan<strong>do</strong> um não quer<br />

<strong>do</strong>is não brigam não se aplica ao confronto<br />

entre nações, on<strong>de</strong> a regra é exatamente<br />

o oposto: quan<strong>do</strong> um não quer,<br />

o outro o ataca com mais força ainda.<br />

Não acredito que mesmo Bush, ao<br />

convocar Annapolis <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sete<br />

anos embroman<strong>do</strong>, estivesse queren<strong>do</strong><br />

uma solução. Annapolis foi a embromação<br />

final. A situação naquela<br />

área é tão tensa, e os fatores diplomáticos<br />

tão intrinca<strong>do</strong>s, que o que<br />

to<strong>do</strong>s queriam era passar a batata<br />

quente para a próxima administração.<br />

Nos altos escalões internacionais ninguém<br />

acredita em quimeras - utopias<br />

não passam <strong>de</strong> fórmulas para arregimentar<br />

pessoas para causas inatingíveis,<br />

buscan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s imediatos<br />

para seus inventores.<br />

Aos palestinos a embromação interessa,<br />

pois seus lí<strong>de</strong>res se tornam<br />

cada vez mais ricos e ainda arrumam<br />

tempo para esperar um ataque <strong>do</strong> Irã.<br />

Se a situação sempre foi tensa, piorou<br />

após a posse <strong>de</strong> Ahmadinejad e a<br />

ameaça <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição nuclear <strong>de</strong> Israel<br />

passar <strong>do</strong> nível retórico para o<br />

das possibilida<strong>de</strong>s práticas imediatas.<br />

Se Bush era embroma<strong>do</strong>r, Obama<br />

não o é. Apesar das juras <strong>de</strong> amor <strong>de</strong><br />

Hillary a Israel, todas as iniciativas<br />

diplomáticas <strong>do</strong> novo governo mostram<br />

que já está em curso uma mudança<br />

radical <strong>de</strong> rumo. Obama tem a<br />

intenção <strong>de</strong> ressuscitar Annapolis e<br />

a idéia <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s como um projeto<br />

sério. Suas últimas <strong>de</strong>clarações<br />

têm si<strong>do</strong> neste senti<strong>do</strong>. Já Lieberman<br />

<strong>de</strong>ixou claro em seu discurso <strong>de</strong> posse<br />

que Annapolis está morta - "quem<br />

pensa que concessões conseguirão<br />

alguma coisa, está erra<strong>do</strong> (...) trará<br />

pressões e mais guerras". Lieberman<br />

está corretíssimo.<br />

Obama, no entanto, mostra uma<br />

clara intenção <strong>de</strong> aceitar o Irã como<br />

potência nuclear. Seu vice, Joe Bi<strong>de</strong>n,<br />

advertiu Israel a não atacar o Irã preventivamente,<br />

<strong>de</strong>safian<strong>do</strong> uma das estratégias<br />

<strong>do</strong> novo governo israelense:<br />

colocar na mesa a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

ataque preventivo ao Irã antes que se<br />

torne potência nuclear. Netanyahu<br />

sempre disse que um Irã com armas<br />

nucleares não é tolerável. Muitos ana-<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

Israel <strong>de</strong>strói no Sudão comboio<br />

<strong>de</strong> foguetes contraban<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s<br />

mana <strong>de</strong> fevereiro no remoto <strong>de</strong>serto<br />

<strong>do</strong> Sudão, já fora <strong>de</strong> Port Sudan. As escoltas<br />

haviam si<strong>do</strong> localizadas por agentes<br />

<strong>do</strong> Mossad, a agência <strong>de</strong> inteligência<br />

israelense.<br />

As incursões foram realizadas por<br />

aviões (drones) Hermes 450. Uma fonte<br />

<strong>de</strong>clarou que eles foram acompanha<strong>do</strong>s<br />

por gigantescos UAVs Eitan que têm 110<br />

pés <strong>de</strong> envergadura, semelhantes nisso<br />

a um Boeing 737. Os drones, controla<strong>do</strong>s<br />

por satélite, po<strong>de</strong>m pairar sobre um<br />

objetivo durante 24 horas. O esquadrão<br />

<strong>do</strong>s Hermes 450 está situa<strong>do</strong> na base<br />

aérea <strong>de</strong> Palmahim, sul <strong>de</strong> Tel Aviv, mas<br />

não ficou claro <strong>de</strong> qual aeródromo os<br />

aviões não-tripula<strong>do</strong>s <strong>de</strong>colaram.<br />

Numa <strong>de</strong>claração que to<strong>do</strong> israelense<br />

reconhece como sen<strong>do</strong> uma reivindicação<br />

<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> pela incursão,<br />

o ex-primeiro ministro <strong>de</strong> Israel,<br />

Ehud Olmert, disse: "Nós operamos em<br />

qualquer lugar on<strong>de</strong> as infra-estruturas<br />

terroristas possam ser golpeadas". E<br />

acrescentou: "Estamos operan<strong>do</strong> em locais<br />

próximos ou distantes, e os ataques<br />

nos fortalecem e aumentam a dissuasão.<br />

Não há nenhum ponto em elaboração.<br />

To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> po<strong>de</strong> usar sua imaginação.<br />

Quem precisa saber, sabe".<br />

Khartoum inicialmente acusou os Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estar atrás <strong>do</strong>s ataques.<br />

"Contatamos os americanos e eles negaram<br />

categoricamente que estavam envolvi<strong>do</strong>s",<br />

disse o porta-voz <strong>do</strong> Ministério<br />

<strong>do</strong> Exterior <strong>do</strong> Sudão, Ali al-Sadig.<br />

Seus comentários foram o primeiro<br />

reconhecimento oficial <strong>do</strong> ataque aéreo,<br />

que primeiro informou semanas atrás o<br />

jornal egípcio El Shorouk. "Nós não soubemos<br />

<strong>do</strong> primeiro ataque até <strong>de</strong>pois <strong>do</strong><br />

segun<strong>do</strong>. Eles estavam numa área perto<br />

da fronteira com o Egito, numa área remota<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>serto, sem cida<strong>de</strong>s ou pessoas",<br />

disse Sadig.<br />

Fontes da área da <strong>de</strong>fesa disseram<br />

que a razão principal pela escolha <strong>do</strong>s<br />

aviões não tripula<strong>do</strong>s foi o fato <strong>de</strong> que<br />

uma escolta forma um objetivo "esquivo".<br />

"Quan<strong>do</strong> você ataca um alvo fixo,<br />

especialmente um gran<strong>de</strong>, o melhor a<br />

fazer é usar jatos. Mas com um objetivo<br />

listas, como o general Petraeus, acreditam<br />

que se Israel se sentir <strong>de</strong>veras<br />

ameaçada po<strong>de</strong>rá atacar antes.<br />

Para acentuar sua política próislã,<br />

aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> até mesmo o termo<br />

terrorista, Obama anunciou uma<br />

consi<strong>de</strong>rável redução <strong>do</strong> orçamento<br />

militar e anunciou a iniciativa <strong>de</strong> reduzir<br />

o arsenal nuclear americano,<br />

com isto <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> o caminho aberto<br />

para ataques ao seu próprio território<br />

e ainda fez o gesto abjeto e humilhante<br />

<strong>de</strong> curvar-se perante o Rei<br />

Abdullah! Com isto abdicou <strong>de</strong> uma das<br />

mais caras tradições americanas: a<br />

rejeição <strong>de</strong> to<strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> castas. Por<br />

que não escolheu uma monarquia milenar<br />

quan<strong>do</strong> esteve em Londres e sim<br />

uma <strong>de</strong> beduínos analfabetos, inventada<br />

por uma conspiração anglo-americana<br />

(www.heitor<strong>de</strong>paola.com/<br />

publicacoes_materia.asp?id_artigo=109)?<br />

Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>duzir que ele continua, secretamente,<br />

muçulmano, o que <strong>de</strong>ixa<br />

Israel em maus lençóis. Enquanto isto,<br />

na ONU o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Israel é<br />

drasticamente corta<strong>do</strong> (ví<strong>de</strong>o em<br />

www.heitor<strong>de</strong>paola.com/publicacoes_<br />

materia.asp?id_artigo=795) e o terrorismo<br />

islâmico estimula<strong>do</strong>.<br />

A idéia <strong>de</strong> <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s seria um<br />

tiro no próprio pé que, felizmente,<br />

não passa <strong>de</strong> uma quimera.<br />

15<br />

* Heitor De Paola<br />

é escritor e<br />

comentarista<br />

político, membro<br />

da International<br />

Psychoanalytical<br />

Association e<br />

Clinical<br />

Consultant, Boyer<br />

House<br />

Foundation,<br />

Berkeley,<br />

Califórnia, e<br />

Membro <strong>do</strong> Board<br />

of Directors da<br />

Drug Watch<br />

International.<br />

Possui trabalhos<br />

publica<strong>do</strong>s no<br />

Brasil e exterior. E<br />

é ex-militante da<br />

organização<br />

comunista<br />

clan<strong>de</strong>stina, Ação<br />

Popular (AP).<br />

móvel sem tempo <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> para o movimento<br />

os UAVs são melhores, já que eles<br />

po<strong>de</strong>m pairar extremamente altos e po<strong>de</strong>m<br />

permanecer sem serem vistos até<br />

que o objetivo esteja em movimento".<br />

De acor<strong>do</strong> com as fontes, os comboios<br />

estavam levan<strong>do</strong> foguetes Fajr3<br />

que têm um alcance superior a 64 km e<br />

estavam dividi<strong>do</strong>s em seções para que<br />

assim pu<strong>de</strong>ssem ser contraban<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s<br />

através <strong>do</strong>s túneis para Gaza a partir <strong>do</strong><br />

Egito. "Eles construíram o Fajr em partes,<br />

e <strong>de</strong>ssa forma seria fácil contraban<strong>de</strong>á-los<br />

para Gaza, on<strong>de</strong> seriam remonta<strong>do</strong>s<br />

com auxílio <strong>de</strong> peritos <strong>do</strong> Hamas<br />

que foram instruí<strong>do</strong>s na Síria e no Irã",<br />

<strong>de</strong>clarou a fonte.<br />

A Guarda Revolucionária <strong>do</strong> Irã planejou<br />

cuida<strong>do</strong>samente a operação <strong>de</strong><br />

contraban<strong>do</strong>. "Os iranianos chegaram<br />

a Port Sudan e estabeleceram ligações<br />

com contrabandistas locais", disse a<br />

fonte. O comboio estava seguin<strong>do</strong><br />

rumo à fronteira egípcia on<strong>de</strong>, por uma<br />

polpuda taxa, assumiriam os contrabandistas<br />

locais.<br />

* Uzi Mahnaimi é jornalista <strong>do</strong> The Sunday Times (Inglaterra). Reportagem publicada na edição <strong>de</strong> 29/3/2009. O texto original encontra-se em www.timesonline.co.uk/tol/news/world/africa/article5993093.ece


16<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

A <strong>de</strong>sumanização <strong>de</strong><br />

Israel por Oliphant e<br />

pelo Haaretz<br />

Lembra-se da recente caricatura<br />

ultrajante para os ju<strong>de</strong>us, <strong>de</strong> Oliphant<br />

1 , que apareceu nos jornais<br />

The New York Times e Washington<br />

Post semana atrás? Barry Rubin disse<br />

que era "caricatura da reminiscência<br />

da propaganda árabe" pelo<br />

mo<strong>do</strong> com que retratou Israel, como<br />

<strong>de</strong> natureza má e um mal irremediável,<br />

que não merecia existir.<br />

Bem, adivinhe só — o Hezbolá<br />

também pensa assim, e observa<br />

Rubin que a charge foi colocada em<br />

um lugar <strong>de</strong> honra no website da<br />

televisão <strong>do</strong> Hezbolá, com a legenda<br />

"sionismo nazista".<br />

A fúria popular que está sen<strong>do</strong><br />

lançada contra Israel, seu exército<br />

e seus lí<strong>de</strong>res nos últimos meses é<br />

um fenômeno da psicologia <strong>de</strong> massa<br />

que ainda será estuda<strong>do</strong> por futuros<br />

cientistas sociais. Embora tenha<br />

havi<strong>do</strong> campanhas semelhantes<br />

ao longo <strong>do</strong>s séculos (Carthago<br />

<strong>de</strong>lenda est!, "Lembre-se <strong>do</strong> Maine!",<br />

etc.), o po<strong>de</strong>r da mídia em induzir<br />

histéricos <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> sangue<br />

nestes dias <strong>de</strong> Internet e canais <strong>de</strong><br />

TV mundiais via satélite, cresceu<br />

sob as or<strong>de</strong>ns da magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Catão, o ora<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s anciões e os<br />

jornais <strong>de</strong> Hearst.<br />

Esta po<strong>de</strong> ser a primeira vez,<br />

entretanto, que a gran<strong>de</strong> mídia pertencente<br />

à vítima <strong>de</strong> uma campanha<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sumanização fez o melhor<br />

<strong>de</strong> si para prover <strong>de</strong> munição os<br />

seus inimigos. É como se os mais<br />

importantes jornais da Alemanha<br />

em 1914 publicassem artigos com<br />

manchetes como "O huno violenta<br />

a Bélgica" (referin<strong>do</strong>-se ao episódio<br />

da Primeira Guerra Mundial em<br />

que o império germânico cometeu<br />

uma série <strong>de</strong> atrocida<strong>de</strong>s na Bélgica<br />

que se <strong>de</strong>clarara neutra).<br />

Estamos falan<strong>do</strong>, é claro, sobre<br />

o jornal israelense Haaretz, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

até então um jornal <strong>de</strong> alto<br />

padrão <strong>de</strong> jornalismo em Israel e às<br />

vezes compara<strong>do</strong> ao New York Times,<br />

que repetiu acusações infun-<br />

dadas <strong>de</strong> assassinato e <strong>de</strong> outras<br />

condutas impróprias pelos solda<strong>do</strong>s<br />

da FDI em Gaza, em seu website em<br />

inglês que - como a caricatura <strong>de</strong><br />

Oliphant - foram então disseminadas<br />

no mun<strong>do</strong> inteiro, como sen<strong>do</strong><br />

um fato, através <strong>de</strong> mídias hostis.<br />

Mesmo <strong>de</strong>pois que as FDI investigaram<br />

e mostraram que as acusações<br />

eram boatos sobre eventos<br />

que não aconteceram, o Haaretz<br />

continuou no ataque. No dia 31 <strong>de</strong><br />

março, o repórter Amos Harel escreveu<br />

o seguinte:<br />

"Não há nenhuma razão para<br />

lançar dúvidas sobre a sincerida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>fensor militar geral, ou sobre<br />

a eficácia <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>res da<br />

polícia militar. No entanto, está obscuro<br />

como eles po<strong>de</strong>m ter tanta<br />

certeza <strong>de</strong> que os 'testemunhos <strong>do</strong>s<br />

solda<strong>do</strong>s em combate' eram só uma<br />

série <strong>de</strong> rumores e invenções enquanto<br />

os solda<strong>do</strong>s eram verda<strong>de</strong>iros<br />

durante as investigações conduzidas<br />

pela polícia militar e o coman<strong>do</strong><br />

da Brigada Givati".<br />

Quanto à charge <strong>de</strong> Oliphant, a<br />

figura gran<strong>de</strong> não tem cabeça, e<br />

conseqüentemente não é um ser<br />

humano. Ou seja, israelenses não<br />

são humanos. Além disso, a figura<br />

acéfala é irracional. Somos então<br />

leva<strong>do</strong>s a acreditar que Israel atacou<br />

Gaza sem nenhuma razão. Esqueça<br />

<strong>do</strong>s milhares <strong>de</strong> foguetes,<br />

mísseis e morteiros, e contagens<br />

<strong>de</strong> ataques através da fronteira. A<br />

figura minúscula à direita não é<br />

ameaça<strong>do</strong>ra. Assim não existe nenhuma<br />

razão para atacá-la. Quer<br />

dizer: Atacá-la é imoral e irracional.<br />

O mesmo po<strong>de</strong>ria ser dito sobre a<br />

Al-Qaeda, o Hezbolá, e os terroristas<br />

paquistaneses que atacaram a<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mumbai, etc.<br />

Desumanização: A figura à esquerda<br />

é um monstro, um robô.<br />

Monstros e robôs não merecem<br />

nenhuma compaixão; eles têm nenhum<br />

direito à auto<strong>de</strong>fesa. Se amanhã<br />

uma criança israelense ou um<br />

civil forem mortos em<br />

um ataque terrorista,<br />

como alguém po<strong>de</strong>ria<br />

ter simpatias por esta<br />

gente, uma vez que não<br />

pessoas?<br />

(Este artigo é tradução <strong>do</strong><br />

material publica<strong>do</strong> em<br />

inglês em http://<br />

fresnozionism.org/<br />

archives/1198).<br />

NOTA:<br />

1. Pat Oliphant, cartunista<br />

australiano, nos EUA<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

OLHAR<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

HIGH-TECH<br />

○<br />

DVD armazenará até 1 terabyte<br />

A empresa israelense Mempile anunciou que<br />

até 2011 lançará DVDs com 1 terabyte (TB)<br />

<strong>de</strong> armazenamento, equivalente a 1.000<br />

Gbytes. Um disco <strong>de</strong> 1TB será capaz <strong>de</strong> guardar<br />

até 250 mil fotos em alta resolução ou<br />

arquivos MP3, e cerca <strong>de</strong> 40 filmes em alta<br />

<strong>de</strong>finição ou 115 filmes em qualida<strong>de</strong> DVD. A<br />

tecnologia para armazenamento é <strong>de</strong>senvolvida<br />

a partir da transparência completa <strong>do</strong><br />

disco, tanto antes quanto <strong>de</strong>pois da gravação.<br />

Isso permite que o laser se mantenha em foco,<br />

mesmo quan<strong>do</strong> há leituras através <strong>de</strong> camadas<br />

previamente gravadas. Assim, um único<br />

TeraDisc po<strong>de</strong> ler e gravar 200 camadas virtuais,<br />

cada uma com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5 Gbytes<br />

<strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, que po<strong>de</strong>m ser<br />

acessa<strong>do</strong>s aleatoriamente. O TeraDisc é composto<br />

<strong>de</strong> plástico monolítico simples, resistente<br />

e barato - o que significa que consumi<strong>do</strong>res<br />

terão alta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento<br />

a baixo custo, com mais <strong>de</strong> 50 anos <strong>de</strong> tempo<br />

<strong>de</strong> vida útil. (Jornal Alef).<br />

Robô ajuda a combater câncer<br />

Dois jovens cientistas <strong>de</strong> Haifa inventaram um<br />

robô, com aparência <strong>de</strong> inseto, capaz <strong>de</strong> se<br />

agarrar às pare<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s vasos sanguíneos<br />

mesmo contra a corrente. Com um milímetro<br />

<strong>de</strong> diâmetro e quatro <strong>de</strong> comprimento, a novida<strong>de</strong>,<br />

já testada em tubos plásticos e artérias<br />

<strong>de</strong> animais, é movida por um campo magnético,<br />

que controla o movimento e a velocida<strong>de</strong>,<br />

sem a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> cabo ou<br />

bateria. Ele po<strong>de</strong>, por exemplo, levar uma<br />

partícula radioativa a um lugar específico, no<br />

tratamento <strong>de</strong> câncer, ao invés da quimioterapia<br />

que afeta o corpo to<strong>do</strong>. O próximo passo,<br />

em <strong>do</strong>is ou três anos, serão os testes clínicos<br />

com seres humanos (Cambici).<br />

Braço artificial "escuta" cérebro<br />

Amanda Kitts per<strong>de</strong>u o braço esquer<strong>do</strong> em um<br />

aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> automóvel aconteci<strong>do</strong> há três<br />

anos, mas hoje, inclusive, joga futebol americano<br />

com seu filho <strong>de</strong> 12 anos. Ela faz tu<strong>do</strong><br />

isso com a ajuda <strong>de</strong> um novo tipo <strong>de</strong> braço<br />

artificial que ela controla utilizan<strong>do</strong> apenas<br />

seus pensamentos. A técnica, <strong>de</strong>senvolvida<br />

por cientistas israelenses, é conhecida como<br />

"renervação<br />

muscular dirigida".<br />

O méto<strong>do</strong><br />

foi emprega<strong>do</strong><br />

em<br />

cerca <strong>de</strong> 30<br />

pacientes nos<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />

Canadá e<br />

Europa, entre<br />

os quais oito<br />

solda<strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s<br />

no Iraque<br />

e no Afeganistão.<br />

(Jornal Alef).<br />

Braço artificial<br />

Relatório positivo no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> diabetes<br />

A Andromeda Biotech Ltd., uma empresa <strong>do</strong><br />

grupo israelense Clal Biotechnology Industries<br />

Ltd., obteve resulta<strong>do</strong>s positivos na Fase III<br />

<strong>do</strong> teste clínico <strong>do</strong> medicamento "Diapep277"<br />

para tratamento da diabetes juvenil (Tipo 1).<br />

Um comitê <strong>de</strong> especialistas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

qualificou o "Diapep277" como seguro para<br />

uso, haven<strong>do</strong> melhora<strong>do</strong> as condições <strong>do</strong>s<br />

pacientes trata<strong>do</strong>s, e recomen<strong>do</strong>u a continuação<br />

<strong>do</strong>s testes para que sejam apresenta<strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s estatisticamente significativos. Se<br />

o "Diapep277" for aprova<strong>do</strong> nos testes clínicos<br />

e para a comercialização, ele será um<br />

medicamento pioneiro no tratamento <strong>do</strong> diabetes<br />

Tipo 1, o que representa um merca<strong>do</strong><br />

muito gran<strong>de</strong>. O medicamento apresenta vantagens<br />

sobre os tratamentos da concorrência.<br />

"Ele age sobre o sistema imunológico <strong>de</strong> forma<br />

mais direcionada, que é a razão pela qual<br />

ele apresenta poucos efeitos colaterais, conforme<br />

ficou <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> nos testes. A aplicação<br />

também é mais fácil: uma injeção subcutânea<br />

a cada três meses, ao invés <strong>de</strong> aplicação<br />

intravenosa" (Cambici).<br />

Diagnóstico <strong>do</strong> câncer revolucionário<br />

Uma empresa israelense <strong>de</strong>senvolveu um sistema<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> avanço na ajuda da<br />

<strong>de</strong>tecção precoce <strong>do</strong> câncer <strong>de</strong> pele. O dispositivo,<br />

da Skin Cancer Scanning, está atualmente<br />

submeti<strong>do</strong> a ensaios clínicos no Hospital<br />

Beilinson, <strong>de</strong> Petach Tikva e oferece<br />

muito mais precisão que a simples vista <strong>do</strong><br />

médico, mediante o uso <strong>de</strong> fibra ótica para<br />

buscar manchas potencialmente malignas.<br />

Descobriu-se que é 92% eficaz na i<strong>de</strong>ntificação<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> pele,<br />

muito mais que qualquer equipamento disponível<br />

hoje em dia. O câncer <strong>de</strong> pele é uma<br />

das formas mais comuns <strong>de</strong> câncer, e sua taxa<br />

<strong>de</strong> incidência cresce anualmente. Hoje, a <strong>do</strong>ença<br />

é i<strong>de</strong>ntificada através <strong>de</strong> um diagnóstico<br />

em duas fases e em primeiro lugar, as manchas<br />

suspeitas são examinadas por um médico.<br />

Se o médico crê que o paciente está em<br />

situação <strong>de</strong> risco, o paciente se submete a<br />

uma biopsia. (Aurora).<br />

Diagnóstico <strong>do</strong> câncer 2<br />

No entanto, o exame médico não é preciso, e<br />

muitos pacientes são envia<strong>do</strong>s a biopsias <strong>de</strong>snecessárias.<br />

Yossi Bi<strong>de</strong>rman, diretor da empresa,<br />

informou que "centenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong><br />

dólares são investi<strong>do</strong>s para que se crie um<br />

méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> diagnóstico preciso, mas até agora<br />

nenhum instrumento foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

forma confiável. Nenhum <strong>do</strong>s atuais dispositivos<br />

po<strong>de</strong> substituir o médico". A nova tecnologia<br />

funciona sobre a base <strong>do</strong> princípio<br />

que as células cancerosas proliferam mais<br />

rapidamente que as células sãs, aceleram sua<br />

ativida<strong>de</strong> metabólica e liberam energia numa<br />

frequência mais elevada. O dispositivo busca<br />

esta ativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacou Bi<strong>de</strong>rman, que espera<br />

chegar a um nível <strong>de</strong> precisão <strong>de</strong> 95 por<br />

cento. (Aurora).


Petra Marquardt-Bigman *<br />

oi só alguns dias antes<br />

da Operação Chumbo<br />

Derreti<strong>do</strong> que o Hamas<br />

zombara <strong>de</strong> Israel por<br />

não conseguir respon<strong>de</strong>r<br />

à barragem <strong>de</strong> foguetes<br />

disparada contra cida<strong>de</strong>s próximas<br />

à fronteira com a Gaza. Um folheto<br />

distribuí<strong>do</strong> então pela ala armada <strong>do</strong><br />

Hamas, o Izzadin Kassam, mofava <strong>de</strong><br />

Israel afirman<strong>do</strong> que estava "sem esperança<br />

e <strong>de</strong>sespera<strong>do</strong>" em face <strong>do</strong>s<br />

inexoráveis ataques: "O inimigo<br />

está em um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> confusão e<br />

não sabe o que fazer... seu gabinete<br />

frágil se encontra numa tentativa<br />

<strong>de</strong>sesperada para <strong>de</strong>ter os foguetes,<br />

enquanto milhares <strong>de</strong> colonos<br />

acharam refúgio em abrigos que,<br />

queira D-us, se tornarão suas casas<br />

permanentes".<br />

Essa era a meta abertamente<br />

<strong>de</strong>clarada pelo Hamas: forçar to<strong>do</strong>s<br />

os israelenses, com a expansão <strong>do</strong><br />

alcance <strong>do</strong>s foguetes <strong>do</strong> seu arsenal<br />

a viverem em me<strong>do</strong> permanente<br />

por suas vidas.<br />

Previsivelmente, a noção <strong>de</strong> que<br />

Israel tem o direito <strong>de</strong> se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e<br />

proteger os seus cidadãos <strong>de</strong> tal<br />

ameaça não é aceita em to<strong>do</strong>s os lugares.<br />

Um lugar on<strong>de</strong> isso não é aceito<br />

está no mun<strong>do</strong> bagunça<strong>do</strong> e <strong>de</strong><br />

"pernas para o ar" <strong>de</strong> alguns comentaristas<br />

britânicos: Poucas horas <strong>de</strong>pois<br />

que Israel lançou seu ataque contra<br />

instalações <strong>do</strong> Hamas na Faixa <strong>de</strong><br />

Gaza, Sean Rayment, um correspon-<br />

O ciclo da estupi<strong>de</strong>z<br />

<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> segurança e <strong>de</strong>fesa, anunciou<br />

em seu blog <strong>do</strong> Telegraph que<br />

"Israel é vicia<strong>do</strong> em violência":<br />

Para se garantir, Rayment louvou<br />

da boca para fora o direito <strong>de</strong> Israel<br />

<strong>de</strong> se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r "contra o terrorismo e<br />

a agressão intencional", mas enquanto<br />

jornais respeitáveis publicaram<br />

uma reportagem da Reuters <strong>de</strong>claran<strong>do</strong><br />

que o "Hamas calculou que foram<br />

mortos, pelo menos, 100 integrantes<br />

<strong>de</strong> suas forças <strong>de</strong> segurança", Rayment<br />

afirmou que as 155 vítimas, informadas<br />

na hora em que escreveu<br />

seu texto, eram civis, que incluíam<br />

muitas mulheres e crianças. Desnecessário<br />

dizer, que ele con<strong>de</strong>nou os<br />

ataques israelenses contra o Hamas<br />

como "<strong>de</strong>sproporcionais".<br />

Já no website <strong>do</strong> jornal The Guardian,<br />

aos leitores foi da<strong>do</strong> a enten<strong>de</strong>r<br />

que o movimento <strong>do</strong> exército <strong>de</strong> Israel<br />

contra o Hamas só po<strong>de</strong>ria aumentar<br />

a popularida<strong>de</strong> <strong>do</strong> grupo na<br />

Faixa <strong>de</strong> Gaza - isso também era previsível,<br />

assim como também o que a<br />

política palestina Hanan Ashrawi sugeriu<br />

numa entrevista à BBC. Foi enfatiza<strong>do</strong><br />

que Ashrawi não era "nenhuma<br />

amiga <strong>do</strong>s islâmicos"; contu<strong>do</strong>, falan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> sua casa em Ramallah, ela<br />

con<strong>de</strong>nou os ataques israelenses<br />

como "nada menos que um massacre,<br />

uma afronta", e ela <strong>de</strong>ixa a pequena<br />

dúvida <strong>de</strong> que tu<strong>do</strong> que tinha aconteci<strong>do</strong><br />

e aconteceria era culpa <strong>de</strong> Israel:<br />

"O ciclo da violência é gera<strong>do</strong> pela<br />

ocupação e pelo esta<strong>do</strong> contínuo <strong>de</strong><br />

assédio na intenção <strong>de</strong> castigar cole-<br />

tivamente um povo inteiro. Isso fortalecerá<br />

a posição <strong>do</strong> Hamas. As pessoas<br />

estão simpatizan<strong>do</strong> com o Hamas,<br />

assim como as pessoas que estão<br />

sen<strong>do</strong> brutalmente visadas por<br />

Israel. Elas são vistas como vítimas<br />

da agressão contínua israelense".<br />

Claro que, culpan<strong>do</strong> Israel por<br />

quaisquer escolhas que os palestinos<br />

façam isso se tornou a marca registrada<br />

<strong>de</strong> Ashrawi no curso <strong>de</strong> sua longa<br />

e distinta carreira como bem sucedida<br />

porta-voz da causa palestina. Ela,<br />

na verda<strong>de</strong>, era amplamente admirada<br />

entre a esquerda israelense até que<br />

não se conseguiu que ela con<strong>de</strong>nasse<br />

o linchamento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is solda<strong>do</strong>s israelenses<br />

por uma turba em Ramallah,<br />

em outubro <strong>de</strong> 2000. Como este horrível<br />

assassinato ilustrou tu<strong>do</strong> muito<br />

bem, não importa o que aconteça,<br />

Ashrawi sempre irá <strong>de</strong>plorar o "ciclo<br />

<strong>de</strong> violência" para qual na sua visão<br />

só Israel carrega a responsabilida<strong>de</strong><br />

fundamental.<br />

Mas realmente está na hora <strong>de</strong><br />

começar a falar sobre o ciclo da estupi<strong>de</strong>z:<br />

Se o Hamas po<strong>de</strong> anunciar<br />

orgulhosamente que não está interessa<strong>do</strong><br />

em um cessar-fogo e ostenta<br />

que sua ambição é forçar centenas<br />

<strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> israelenses a viverem<br />

em me<strong>do</strong> permanente por suas<br />

vidas, é muito óbvio que Israel tem<br />

que agir contra o grupo. As operações<br />

militares resultantes afetaram<br />

inevitavelmente to<strong>do</strong>s os mora<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> Gaza, não importa o quão difícil<br />

para Israel é tenta evitar vítimas ci-<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

vis e danos colaterais. Se os palestinos<br />

e o extenso mun<strong>do</strong> árabe concluírem<br />

então que eles <strong>de</strong>vem reagir<br />

aclaman<strong>do</strong> o Hamas, eles só conseguirão<br />

a mesma coisa que o Hamas<br />

- e se as pessoas gostam que<br />

Hanan Ashrawi continue justifican<strong>do</strong><br />

esta conduta auto<strong>de</strong>strutora invocan<strong>do</strong><br />

o surra<strong>do</strong> slogan <strong>do</strong> "ciclo<br />

<strong>de</strong> violência" no qual os palestinos<br />

infalivelmente aparecem como as<br />

"vítimas da contínua agressão israelense",<br />

alguém po<strong>de</strong>rá concluir que<br />

os palestinos gostariam <strong>de</strong> ser vistos<br />

como incapazes assumir qualquer<br />

responsabilida<strong>de</strong> por sua conduta.<br />

Infelizmente, isto não é só um<br />

problema palestino: como uma pesquisa<br />

revelou no princípio <strong>de</strong>ste ano,<br />

não importa muito no mun<strong>do</strong> árabe<br />

como um lí<strong>de</strong>r político governa e o<br />

que ele realiza para o bem-estar <strong>de</strong><br />

seu povo - a única coisa que é importante<br />

é como ele é percebi<strong>do</strong> se<br />

"levantan<strong>do</strong>" contra o Oci<strong>de</strong>nte ou<br />

Israel: isso é assim por que as três<br />

figuras políticas mais populares no<br />

mun<strong>do</strong> árabe são, o chefe <strong>do</strong> Hezbolá<br />

Hassan Nasrallah, o presi<strong>de</strong>nte<br />

sírio Bashar al-Assad, e o presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>do</strong> Irã, Mahmoud Ahmadinejad.<br />

Sem dúvida este trio popular não irá<br />

agora per<strong>de</strong>r a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aplaudir o Hamas, com eco da avaliação<br />

<strong>de</strong> Hanan Ashrawi - e é claro<br />

que, estes três não estarão em nenhum<br />

<strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com o veredito <strong>de</strong><br />

Sean Rayment, <strong>do</strong> Telegrah, <strong>de</strong> que<br />

"Israel é vicia<strong>do</strong> em violência".<br />

17<br />

* Petra<br />

Marquardt-<br />

Bigman é<br />

pesquisa<strong>do</strong>ra,<br />

escritora freelancer<br />

<strong>de</strong><br />

cidadania alemã e<br />

israelense. Possui<br />

PhD em História<br />

Contemporânea<br />

com foco na<br />

opinião pública<br />

européia em<br />

relação ao Oriente<br />

Médio, terrorismo<br />

islâmico, os EUA<br />

e Israel. Vive em<br />

Israel, e seu atual<br />

trabalho enfoca o<br />

conflito <strong>do</strong> Oriente<br />

Médio. Ela<br />

mantém um blog,<br />

"O Espelho<br />

Distorci<strong>do</strong>", no<br />

website <strong>do</strong> jornal<br />

The Jerusalem<br />

Post, e também<br />

contribui<br />

ocasionalmente<br />

para o The<br />

Guardian e outras<br />

publicações.<br />

Ahmadinejad vem aí Kassams e cuida<strong>do</strong>s psiquiátricos<br />

O blog <strong>do</strong> jornalista Reinal<strong>do</strong><br />

Azeve<strong>do</strong>, da revista Veja, publicou<br />

matéria <strong>do</strong> jornalista Samy Adghimi,<br />

na Folha sob o título: "Um <strong>do</strong>s financia<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> terror islâmico vem bater<br />

um papo com Lula".<br />

O texto informa o seguinte: O<br />

presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Irã, Mahmoud Ahmadinejad,<br />

visitará Brasília na primeira<br />

semana <strong>de</strong> maio, segun<strong>do</strong> a Folha<br />

apurou.<br />

A data da visita, inscrita na agenda<br />

<strong>do</strong> Itamaraty nos dias 5 e 6 <strong>de</strong><br />

maio, ainda está sujeita a ajustes.<br />

Mas os governos brasileiro e iraniano<br />

já estudam em conjunto <strong>de</strong>talhes<br />

<strong>de</strong> programação e logística.<br />

Na <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> Ahmadinejad,<br />

composta por pelo menos cem pessoas,<br />

estarão representantes <strong>de</strong> vários<br />

setores <strong>do</strong> governo iraniano e<br />

empresários. Serão assina<strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> cooperação econômica, técnica<br />

e cultural.<br />

Segun<strong>do</strong> diplomatas brasileiros,<br />

a hesitação inicial <strong>do</strong> Itamaraty<br />

quanto a receber o controverso<br />

presi<strong>de</strong>nte - que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> varrer Israel<br />

<strong>do</strong> mapa, questiona o <strong>Holocausto</strong><br />

e recusa pressões para suspen<strong>de</strong>r<br />

o programa nuclear iraniano<br />

- foi dissipada pelos recentes<br />

acenos <strong>do</strong>s EUA a Teerã.<br />

A distensão ensaiada pelo governo<br />

<strong>de</strong> Barack Obama rompe com o isolamento<br />

ao Irã imposto pelo antecessor<br />

George W. Bush, que consi<strong>de</strong>rava o país<br />

parte <strong>do</strong> "eixo <strong>do</strong> mal".<br />

O governo <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte Luiz Inácio<br />

Lula da Silva calcula que receber<br />

Ahmadinejad hoje não traria tanto risco<br />

político às ambições <strong>de</strong> colocar o<br />

Brasil entre os protagonistas <strong>do</strong> cenário<br />

diplomático global.<br />

A visita visa coroar uma relação<br />

que vem se intensifican<strong>do</strong>, impulsionada<br />

por um comércio bilateral <strong>de</strong> US$<br />

2 bilhões e pela presença da Petrobras<br />

no Irã - a estatal estuda ampliar a<br />

atuação iniciada em 2004.<br />

Em janeiro <strong>de</strong> 2007, o próprio Lula<br />

convi<strong>do</strong>u Ahmadinejad a Brasília,<br />

quan<strong>do</strong> se encontraram em Quito para<br />

a posse <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte Rafael Correa.<br />

Terroristas <strong>do</strong> Hamas continuam<br />

atacan<strong>do</strong> a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> S<strong>de</strong>rot.<br />

Às vezes, esses ataques<br />

ocorrem <strong>do</strong>mingo à noite, como<br />

o foguete Kassam que atingiu a<br />

varanda e o quintal <strong>de</strong> uma casa.<br />

A mídia informou que "não houve<br />

nenhum ferimento" a pessoas<br />

<strong>de</strong>ntro da casa, mas oito<br />

anos <strong>de</strong> ataques contínuos puseram<br />

20 por cento da população<br />

da cida<strong>de</strong> sob cuida<strong>do</strong>s mentais.<br />

Cinco outros foguetes também<br />

explodiram na cida<strong>de</strong> e nas<br />

regiões <strong>de</strong> S<strong>do</strong>t Negev e <strong>de</strong> Eshkol.<br />

Nenhum dano foi reporta<strong>do</strong>.<br />

"Quatro mil pessoas em<br />

S<strong>de</strong>rot estão atualmente sob alguma<br />

forma <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s<br />

psiquiátricos", <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />

David Be<strong>de</strong>in, um jornalista pesquisa<strong>do</strong>r<br />

que também possui<br />

grau <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> em assistência<br />

social e trabalhos <strong>de</strong> campo.<br />

Mais <strong>de</strong> 100 foguetes e morteiros<br />

explodiram em S<strong>de</strong>rot e<br />

na área adjacente <strong>de</strong> Sha'ar Ha-<br />

Negev, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fim da Opera-<br />

ção Chumbo Derreti<strong>do</strong>, que a<br />

administração Olmert <strong>de</strong>clarou<br />

que traria paz e <strong>de</strong>volveria a calma<br />

à região Sul <strong>de</strong> Israel. Mais<br />

<strong>de</strong> trinta outros mísseis explodiram<br />

em outras áreas, incluin<strong>do</strong><br />

a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ashkelon.<br />

"As pessoas estão sofren<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ansieda<strong>de</strong>" com os ataques, disse<br />

Be<strong>de</strong>in. Notan<strong>do</strong> que a mídia subestima<br />

os ataques <strong>de</strong> foguete que<br />

não "causam nenhum dano ou<br />

<strong>de</strong>struição", Be<strong>de</strong>in explicou: "é<br />

difícil informar milagres".<br />

Ele notou que ao cobrir a<br />

Guerra <strong>do</strong> Golfo, em 1991, para<br />

rádio CNN, seus superiores rejeitaram<br />

uma reportagem <strong>de</strong><br />

manchete sobre um foguete<br />

Scud que <strong>de</strong>struiu uma rua e<br />

atingiu diversas casas.<br />

"A CNN perguntou quantas<br />

pessoas tinham si<strong>do</strong> mortas, e<br />

eles não mostraram interesse<br />

quan<strong>do</strong> eu disse que não houve<br />

nenhuma fatalida<strong>de</strong>", contou<br />

Be<strong>de</strong>in para o Israel National<br />

News (INN).<br />

Os estudantes em Ashkelon<br />

consi<strong>de</strong>ram ataque na manhã <strong>do</strong><br />

Shabat (sába<strong>do</strong>) em sua escola<br />

como um milagre e recitaram os salmos<br />

na manhã <strong>de</strong> <strong>do</strong>mingo por isso.<br />

"Eu não quero nem pensar<br />

no que teria aconteci<strong>do</strong> se o foguete<br />

atingisse a escola no meio<br />

da semana, quan<strong>do</strong> os alunos<br />

estavam em aula", disse Yitzchak<br />

Abrijel, principal educa<strong>do</strong>r<br />

da Escola Amit. "Foi um milagre<br />

que aconteceu no Shabat,<br />

quan<strong>do</strong> a escola está fechada".<br />

Os estudantes chegaram<br />

<strong>do</strong>mingo <strong>de</strong> manhã à escola pesadamente<br />

danificada, após<br />

uma viagem ao campo, recitaram<br />

Salmos e completaram seu<br />

dia na al<strong>de</strong>ia jovem da Amit em<br />

Petach Tikva.<br />

O foguete que caiu na escola<br />

da cida<strong>de</strong> no Shabat era <strong>de</strong><br />

um mo<strong>de</strong>lo mais po<strong>de</strong>roso que<br />

os prévios e atravessou a estrutura<br />

reforçada que foi projetada<br />

para proteger os estudantes<br />

e professores <strong>do</strong>s danos.


18<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

A Na'amat Pioneiras <strong>de</strong> Curitiba em parceira com a Kehilá,<br />

promovem a palestra com Vera Marise Wilner, pedagoga<br />

somática <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> Fel<strong>de</strong>nkrais, que na ocasião<br />

irá apresentar este sistema revolucionário e mo<strong>de</strong>rno<br />

que utiliza o movimento como meio <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> para<br />

encontrar novas maneiras <strong>de</strong> agir e estar disponível para<br />

a vida. Dr. Moshe Fel<strong>de</strong>nkrais, ju<strong>de</strong>u israelense foi quem<br />

<strong>de</strong>senvolveu este méto<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> pioneiro na área da<br />

educação somática e na pesquisa <strong>de</strong> diversos campos da<br />

neurologia. Dia: 26/4, Local: CIP, Horário: 16h.<br />

No dia 16 <strong>de</strong> maio às 20 h, a Na'amat Pioneiras convida a<br />

to<strong>do</strong>s para comemorar o Dia das Mães, com um jantar<br />

no Hotel Radisson. Na ocasião se apresentará o cantor,<br />

pianista e compositor Cláudio Goldman, que volta a Curitiba<br />

para nos brindar com a sua voz e talento. Cláudio<br />

Goldman é também chazan <strong>do</strong> Teatro Arthur Rubinstein<br />

da Hebraica <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001, li<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as<br />

orações <strong>de</strong> Rosh Hashaná e Iom Kipur. Seu repertório<br />

inclui músicas em iídiche, hebraico, óperas e músicas brasileiras.<br />

A<strong>de</strong>sões com Marina pelo fone: 9973-9119.<br />

Dia 22/3 na Escola<br />

Israelita Brasileira<br />

"Salomão Guelmann"<br />

foi entregue à<br />

comunida<strong>de</strong> o segun<strong>do</strong><br />

Sefer Torá totalmente<br />

restaura<strong>do</strong>. Após,<br />

Saul Zugman na entrega da houve um kidush. Faz<br />

segunda Torá restaurada<br />

parte <strong>do</strong>s cinco sefarim<br />

da Sinagoga que estão sen<strong>do</strong> recupera<strong>do</strong>s pelos<br />

familiares da senhora Sara Zugman Z"L pela elevação<br />

<strong>de</strong> sua alma. To<strong>do</strong>s tiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever<br />

uma letra com o sofer Tzvi Beker, uma rara mitzvá a ser<br />

cumprida. Os sábios dizem que quem escreve uma letra<br />

é como se tivesse escrito a Torá inteira.<br />

O chazan Shmuel Rosmarin está atuan<strong>do</strong> na Sinagoga<br />

<strong>do</strong> CIP em Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong>ste ano, e <strong>de</strong>ve<br />

permanecer até a chegada <strong>do</strong> novo rabino Pablo Berman,<br />

que vem <strong>de</strong> El Salva<strong>do</strong>r, em junho ou julho. Rosmarin,<br />

que também é Baal Koré, nasceu em Buenos Aires,<br />

Argentina, on<strong>de</strong>. realizou seus estu<strong>do</strong>s com o famoso<br />

chazan Leibele Schwartz Z"L, no Templo Libertad, em<br />

1987. Viajou a Israel para aperfeiçoar-se no Institute Of<br />

Sacred Music H. Shlomo, <strong>de</strong> Jerusalém.<br />

Nesse instituto Rosmarin teve masterclass com renoma<strong>do</strong>s<br />

chazanim como Moshe Stern, Naftali Herztik, o<br />

regente Eli Iaffe e outros. Em 1988 chegou ao Brasil<br />

para atuar em Porto Alegre, on<strong>de</strong> foi o chazan da União<br />

Israelita durante sete anos, <strong>de</strong>pois trabalhou na AIB <strong>de</strong><br />

Belo Horizonte, e mais tar<strong>de</strong> em São Paulo. Ele já atuou<br />

também na Argentina, em Israel, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e<br />

na Bolívia.<br />

Eli Shaarabani, Baruch Gur, Herman Richter, embaixa<strong>do</strong>r<br />

Pedro Motta Pinto Coelho, Katia Pines e Henrique Kushnir<br />

Acaba <strong>de</strong> ser lança<strong>do</strong><br />

o CD "Fortuna 15<br />

anos", que compila<br />

as mais belas canções<br />

da carreira da<br />

cantora Fortuna,<br />

uma das principais<br />

representantes da<br />

cultura judaica no<br />

Brasil.<br />

Após longo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> contatos, foi assina<strong>do</strong> um acor<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> intercâmbio entre a PUC-RJ e Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Tel Aviv, intermedia<strong>do</strong> por Ruti Appelbaum, <strong>do</strong>utoranda<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tel-Aviv. Alunos da universida<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>rão cursar <strong>de</strong> um semestre a um ano na Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Tel Aviv e vice-versa. Os cursos <strong>de</strong> intercâmbio<br />

serão em inglês nas duas universida<strong>de</strong>s. Além <strong>de</strong>ste<br />

programa, a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tel-Aviv oferece cursos<br />

em inglês para estudantes estrangeiros. O novo acor<strong>do</strong><br />

inclui reconhecimento <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong>stes cursos<br />

para alunos da PUC. O projeto MASA, <strong>do</strong> Governo <strong>de</strong><br />

Israel em conjunto com Agência <strong>Judaica</strong>, oferece número<br />

limita<strong>do</strong> <strong>de</strong> bolsas para estudantes interessa<strong>do</strong>s<br />

neste programa.<br />

O presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> PT e ex-ministro Ricar<strong>do</strong> Berzoini, radical<br />

<strong>de</strong> esquerda, mais uma vez "pôs as manguinhas <strong>de</strong><br />

fora" ao tomar conhecimento <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> entre a PUC-RJ<br />

e a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tel Aviv, criticou a PUC pedin<strong>do</strong> o<br />

boicote <strong>do</strong> acor<strong>do</strong>, e afirman<strong>do</strong> que não é o "momento<br />

para tal". Anti-israelense <strong>de</strong> carteirinha - foi ele quem<br />

conduziu o acor<strong>do</strong> assina<strong>do</strong> entre o PT e o Parti<strong>do</strong> sírio<br />

Baath, <strong>de</strong> inspiração fascista e há pouco tempo assinou<br />

violenta nota contra Israel, taxan<strong>do</strong>-o <strong>de</strong> nazista, por<br />

causa da operação militar em Gaza - Berzoini fechou os<br />

olhos para o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa após oito anos <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>io<br />

ininterrupto sofri<strong>do</strong> por Israel, com ataques diuturnos<br />

através <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> mísseis lança<strong>do</strong>s a partir<br />

<strong>de</strong> Gaza pelos terroristas <strong>do</strong> Hamas.<br />

O jornalista Jaime Spitzcovsky acaba <strong>de</strong> assumir<br />

o recém-cria<strong>do</strong> cargo <strong>de</strong> diretor <strong>de</strong> Relações Institucionais<br />

da Confe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong> Brasil (Conib),<br />

em mais um passo da atual gestão rumo à<br />

profissionalização <strong>de</strong> suas várias estruturas. De<br />

acor<strong>do</strong> com o presi<strong>de</strong>nte da entida<strong>de</strong>, Cláudio<br />

Lottenberg, "o convite também evi<strong>de</strong>ncia uma<br />

<strong>de</strong> nossas priorida<strong>de</strong>s, a área <strong>de</strong> política e <strong>de</strong> comunicação.<br />

Com a criação da nova estrutura, a<br />

Conib vai canalizar mais esforços para solidificar<br />

a ampliação <strong>do</strong> diálogo <strong>de</strong> nossa comunida<strong>de</strong> com<br />

li<strong>de</strong>ranças políticas, meios <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong>mais<br />

setores da socieda<strong>de</strong> civil".<br />

O embaixa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil em Israel, Pedro Motta Pinto Coelho<br />

visitou a Open University of Israel, a convite <strong>de</strong> sua presi<strong>de</strong>nte,<br />

professora Haguit Messer Yaron. Estavam presentes<br />

também Henrique Kushnir, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Conselho <strong>de</strong><br />

Cidadãos Brasileiros em Israel e diretor da Câmara <strong>de</strong> Comércio<br />

Israel-Brasil; Katia Pines, assessora para assuntos<br />

culturais da Embaixada Brasileira em Israel; Eli Shaarabani;<br />

diretor <strong>de</strong> Relações Públicas e Internacionais da Open; Baruch<br />

Gur e Herman Richter, assessor para a América Latina.<br />

A comunida<strong>de</strong> israelita <strong>de</strong> Curitiba terá seu próprio<br />

Luach (calendário judaico) antes <strong>do</strong> início <strong>de</strong><br />

5770, que já está sen<strong>do</strong> organiza<strong>do</strong> por uma equipe<br />

<strong>de</strong> pessoas aptas para tal. Para tanto, está sen<strong>do</strong><br />

disponibiliza<strong>do</strong> espaço para propaganda <strong>de</strong><br />

empresas industriais, comerciais, <strong>de</strong> serviços, profissionais<br />

liberais, e etc. As famílias curitibanas que<br />

<strong>de</strong>sejarem publicar mensagens "in memoriam"<br />

<strong>do</strong>s seus entes queri<strong>do</strong>s faleci<strong>do</strong>s, também po<strong>de</strong>rão<br />

fazê-las em espaço <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> a este fim.<br />

Participe! Você estará colaboran<strong>do</strong> para o sucesso<br />

<strong>de</strong> mais esta iniciativa comunitária. Contatos:<br />

Anais Malamut. e-mail: amalamut@terra.com.br<br />

celular: (41) 9971-2084.<br />

Jantar <strong>do</strong> Minián da Sinagoga: Jaminho 'Benga' Grimberg,<br />

Célia Galbinsky, Sara Schulman, Clara Maria Grimberg e o<br />

rabino Pablo Berrman<br />

Por falar em Anais Malamut, ele fez uma peixada,<br />

com temperos baianos para o último Jantar <strong>do</strong><br />

Mininán da Sinagoga no CIP, dia 17/3. Um <strong>do</strong>s poucos<br />

em que os participantes compareceram com<br />

as esposas.<br />

No dia 11/4 foi realiza<strong>do</strong> na Al<strong>de</strong>ia da Esperança, em<br />

São Paulo, um almoço <strong>de</strong> Pêssach para os resi<strong>de</strong>ntes e<br />

seus familiares, com a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Sonia Schnai<strong>de</strong>r,<br />

mãe <strong>de</strong> Joyce e Sergio (mora<strong>do</strong>res da Al<strong>de</strong>ia), e<br />

que teve a participação especial <strong>de</strong> Luis "Vavá" Prist e<br />

Celso Zilbovicius. Na mesa <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> salão, foi colocada<br />

a keará com os símbolos pertinentes à data. As<br />

explanações foram entremeadas com músicas <strong>de</strong> Pêssach,<br />

cantadas por Vavá e os resi<strong>de</strong>ntes. Ao final, foi<br />

servi<strong>do</strong> um almoço com pratos típicos, no qual se incluem<br />

guefilte fish, sopa com kneidlach, preparada por<br />

uma das resi<strong>de</strong>ntes, e outras iguarias.<br />

A Al<strong>de</strong>ia da Esperança faz parte <strong>do</strong> Centro Israelita <strong>de</strong><br />

Apoio Multidisciplinar (CIAM), e é a única entida<strong>de</strong> no<br />

Brasil que <strong>de</strong>senvolve o conceito, também, inédito <strong>de</strong><br />

moradia assistida vitalícia, buscan<strong>do</strong> dar as pessoas<br />

com limitação da autonomia, a melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida possível, objetivan<strong>do</strong> sua integração como cidadão<br />

e respeitan<strong>do</strong> suas potencialida<strong>de</strong>s. Possui hoje<br />

57 resi<strong>de</strong>ntes viven<strong>do</strong> em uma área <strong>de</strong> 415 mil m2, cada<br />

um, moran<strong>do</strong> em sua própria casa, e no seu dia-a-dia,<br />

eles executam tarefas nas mais diferentes áreas <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s, na própria Al<strong>de</strong>ia e também, no programa<br />

<strong>de</strong> vivência e inclusão profissional, trabalhan<strong>do</strong> na<br />

região próxima, em supermerca<strong>do</strong>, lavan<strong>de</strong>ria e empresas.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma experiência <strong>de</strong> Israel bem sucedida<br />

que foi reproduzida aqui.<br />

O objetivo da visita foi conhecer uma das mais importantes<br />

instituições acadêmicas <strong>de</strong> ensino a distância <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

e estreitar os laços entre a Open University e a comunida<strong>de</strong><br />

brasileira em Israel. O Embaixa<strong>do</strong>r brasileiro salientou<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> cooperação<br />

entre universida<strong>de</strong>s israelenses e brasileiras, à<br />

luz <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cooperação entre o Brasil e Israel na<br />

área <strong>de</strong> educação firma<strong>do</strong> recentemente entre representantes<br />

<strong>de</strong> ambos os governos.<br />

Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br


Pilar Rahola *<br />

os tribunais <strong>do</strong> Irã,<br />

uma mulher vale a<br />

meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> um homem.<br />

Ela só po<strong>de</strong><br />

pedir para cegá-lo <strong>de</strong><br />

um olho. Mas se pagar<br />

20.000 euros, po<strong>de</strong> executar a sentença<br />

por completo. "Muitos querem<br />

pagar", diz Ameneh.<br />

"Olho por olho e o mun<strong>do</strong> ficará<br />

cego", digo-lhe, recordan<strong>do</strong> a mítica<br />

frase <strong>de</strong> Gandhi. E ela me respon<strong>de</strong><br />

calmamente, olhan<strong>do</strong>-me <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a opacida<strong>de</strong> das lentes <strong>de</strong> seus óculos<br />

inúteis: "De acor<strong>do</strong>, os <strong>do</strong>is cegos".<br />

Tenho-a diante, sua jovem vida<br />

<strong>de</strong>stroçada para sempre, sua beleza<br />

<strong>de</strong> antigamente, arrancada com<br />

áci<strong>do</strong>, suas esperanças <strong>de</strong> universitária<br />

brilhante, quebradas na obsessão<br />

<strong>de</strong> um enamora<strong>do</strong> enlouqueci<strong>do</strong>.<br />

Olha-me e, sem me ver, vê minha<br />

incompreensão, minha distância<br />

apesar <strong>de</strong> minha solidarieda<strong>de</strong>, minha<br />

incredulida<strong>de</strong>. E então me espeta,<br />

tiran<strong>do</strong> os óculos que escon<strong>de</strong>m<br />

o vazio imenso <strong>de</strong> sua cegueira: "Se<br />

isto é o que ele me fez, po<strong>de</strong>ria ter<br />

feito à sua filha e, nesse caso não<br />

teria vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrancar-lhe os<br />

olhos? Retirar seus olhos", diz ela<br />

num incipiente castelhano que fala.<br />

E então continua asseguran<strong>do</strong><br />

que não quer vingança, que as cinco<br />

gotas <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> em cada olho, seriam<br />

como um castigo contra o<br />

A cegueira da vingança<br />

agressor, para que nunca volte a fazer<br />

o mesmo a outra jovem, uma vez<br />

que no Irã os agressores <strong>de</strong> mulheres<br />

estão muito poucos na prisão,<br />

que a única sentença <strong>de</strong>finitiva é a<br />

que pediu. "Não vingança", repete,<br />

e ensina: as queimaduras <strong>do</strong> corpo,<br />

o único olho <strong>de</strong> cristal, a outra órbita<br />

<strong>de</strong>saparecida, no buraco negro <strong>de</strong><br />

sua <strong>do</strong>r. No tabla<strong>do</strong> da TV3, on<strong>de</strong> fazemos<br />

a entrevista, reina um pesa<strong>do</strong><br />

silêncio. O que <strong>de</strong>vem pensar<br />

meus companheiros? Porque nessa<br />

sala, escutan<strong>do</strong> a serenida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Ameneh Bahrami enquanto relata<br />

sua petição, tu<strong>do</strong> parece ter senti<strong>do</strong>.<br />

Se a lei <strong>do</strong> talião serve para evitar<br />

um mal maior, por que não <strong>de</strong>ixá-lo<br />

cego? E então conhecemos<br />

mais <strong>de</strong>talhes, os quais mais brutais.<br />

Nos tribunais <strong>do</strong> Irã, uma mulher vale<br />

a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> um homem. Ela só po<strong>de</strong><br />

pedir para cegá-lo <strong>de</strong> um olho. Mas<br />

se pagar 20.000 euros, po<strong>de</strong> executar<br />

a sentença por completo. "Muitos<br />

querem pagar", diz Ameneh, mas<br />

não fará <strong>falta</strong>, porque finalmente o<br />

juiz foi muito compreensivo com sua<br />

petição e permitirá a execução completa.<br />

Se não permitem a ela jogar o<br />

áci<strong>do</strong> ("eu posso, tapan<strong>do</strong> seus<br />

olhos, posso"), o fará qualquer voluntário<br />

<strong>do</strong>s muitos que se apresentaram.<br />

A família <strong>de</strong> Majad Moyahedi<br />

ofereceu dinheiro a Ameneh para<br />

salvar, no mínimo, um olho <strong>do</strong> agressor,<br />

mas ela se mantém inflexível.<br />

"Dinheiro não. Retirar os <strong>do</strong>is olhos".<br />

E assim, se nada impedir, em breve<br />

será executada a sentença que em<br />

26 <strong>de</strong> novembro passa<strong>do</strong> <strong>de</strong>terminou<br />

o juiz Aziz Mohamandi, na seção<br />

71 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Penal <strong>de</strong> Teerã.<br />

Antes <strong>de</strong> receber as gotas <strong>de</strong> áci<strong>do</strong><br />

em cada olho, o homem será anestesia<strong>do</strong>.<br />

"Eu não tive essa sorte",<br />

acrescenta Ameneh.<br />

Se a palavra tivesse capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> mostrar os silêncios, este seria<br />

um <strong>de</strong>les. Respiro e calo. E lentamente<br />

vai fluin<strong>do</strong> uma tentativa<br />

<strong>de</strong> reflexão. A lei <strong>do</strong> talião bíblico,<br />

que inspira a sentença validada<br />

pelo tribunal iraniano, não nasceu<br />

com este objetivo. Muito pelo contrário,<br />

apesar <strong>de</strong> sua má fama, o<br />

olho por olho implicava um prematuro<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong>,<br />

uma vonta<strong>de</strong> inequívoca <strong>de</strong> acabar<br />

com a lei da selva. Se roubou, não<br />

o mates, se te tirou um olho, não<br />

lhe tire os <strong>do</strong>is, e assim, por diante,<br />

até a lei mo<strong>de</strong>rna. Aplica<strong>do</strong> há<br />

mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is mil anos, sua finalida<strong>de</strong><br />

era a justiça. Aplica<strong>do</strong> em pleno<br />

século XXI, sua única finalida<strong>de</strong><br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

é a vingança. Ou seja, a lei <strong>do</strong> talião<br />

bíblico era civilizada. A que atualmente<br />

é aplicada em alguns países<br />

islâmicos é bárbara.<br />

Mais além da necessária compreensão<br />

com a <strong>do</strong>r <strong>de</strong> Ameneh, a<br />

chave está em sua <strong>do</strong>r <strong>de</strong>cida o castigo.<br />

Quer dizer, que a vítima seja<br />

quem exerça a justiça porque então<br />

se acaba o império da lei. O problema,<br />

é claro, não está no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

Ameneh Bahrami <strong>de</strong> cegar o agressor,<br />

mas numa socieda<strong>de</strong> enferma<br />

que cria as condições para chegar,<br />

finalmente, a este brutal resulta<strong>do</strong>:<br />

discrimina a mulher, até reduzi-la à<br />

meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> valor <strong>de</strong> um homem; cria<br />

milhares <strong>de</strong> leis que a escravizam;<br />

inspira no homem uma convicção<br />

inequívoca <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e prepotência,<br />

e quan<strong>do</strong> finalmente se produz uma<br />

agressão, permite, sem <strong>de</strong>puração,<br />

a aplicação <strong>de</strong> um princípio arcaico.<br />

O ódio contra o ódio, o áci<strong>do</strong> contra<br />

o áci<strong>do</strong>, e pelo caminho da vingança,<br />

a negação <strong>de</strong>finitiva da civilização.<br />

Ameneh não tem olhos. Mas é<br />

o Irã que está cego.<br />

19<br />

* Pilar Rahola é<br />

conhecida jornalista,<br />

escritora e tem<br />

programa na televisão<br />

espanhola. Foi viceprefeita<br />

<strong>de</strong> Barcelona,<br />

<strong>de</strong>putada no<br />

Parlamento Europeu e<br />

<strong>de</strong>putada no<br />

Parlamento espanhol.<br />

Publica<strong>do</strong> no jornal La<br />

Vanguardia<br />

(Barcelona), dia 8/3/<br />

2009. Tradução: Szyja<br />

Lorber.<br />

Família <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us iemenitas chega a<br />

Israel após salvamento secreto<br />

Yossi Melman *<br />

Um pequeno grupo <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us<br />

iemenitas chegou a Israel<br />

há poucas semanas em uma<br />

operação secreta levada a<br />

efeito pela Agência <strong>Judaica</strong>.<br />

O Porta-voz da Agência,<br />

Michael Jankelowitz, recusouse<br />

a dizer como as 10 pessoas<br />

foram salvas, citan<strong>do</strong> questões<br />

<strong>de</strong> segurança, mas disse<br />

elas tinham si<strong>do</strong> ameaçadas<br />

pela Al-Qaeda.<br />

A família Ben Yisrael foi retirada<br />

da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Raida <strong>de</strong>pois<br />

que ela sofreu ataques<br />

antissemitas e repetidas<br />

ameaças <strong>de</strong> morte.<br />

Alguns semanas antes,<br />

uma granada foi lançada no<br />

pátio da casa da família em<br />

Raida, possivelmente por extremistas<br />

filia<strong>do</strong>s à Al-Qaeda.<br />

Said Ben Yisrael, que li<strong>de</strong>ra<br />

a comunida<strong>de</strong> judaica <strong>de</strong><br />

Raida e sua família <strong>de</strong>vem receber<br />

a cidadania israelense<br />

logo após sua chegada. Eles<br />

foram leva<strong>do</strong>s a Beit Shemesh,<br />

acompanha<strong>do</strong>s por uma equipe<br />

da Agência <strong>Judaica</strong>.<br />

Há ainda<br />

aproximadamente<br />

280<br />

ju<strong>de</strong>us atualmente<br />

no Iêmen,<br />

230 <strong>do</strong>s<br />

quais viven<strong>do</strong><br />

em Raida<br />

na província<br />

<strong>de</strong> Omran, e<br />

outros 50 ju<strong>de</strong>us<br />

moram<br />

na capital, a<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sana'a.<br />

Os ju<strong>de</strong>us iemenitas têm a<br />

proteção especial <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>do</strong> Iêmen, Ali Abdallah Salah.<br />

Porém, em anos recentes<br />

anos, ataques antissemitas<br />

contra ju<strong>de</strong>us têm cresci<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>scontroladamente.<br />

A tensão alcançou o ponto<br />

<strong>de</strong> ebulição em <strong>de</strong>zembro passa<strong>do</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> Moshe Yaish<br />

Nahari, pai <strong>de</strong> 9 filhos, foi assassina<strong>do</strong><br />

por um extremista<br />

muçulmano.<br />

A escalada <strong>de</strong> ameaças<br />

contra ju<strong>de</strong>us no Iêmen aumentou<br />

com a recente ofensiva<br />

<strong>de</strong> três semanas <strong>de</strong> Israel<br />

contra Gaza.<br />

Família iemenita judia retirada às pressas por causa <strong>do</strong><br />

antissemitismo<br />

O diretor geral da Agência <strong>Judaica</strong>,<br />

Moshe Vig<strong>do</strong>r, disse que<br />

sua instituição está acompanhan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> perto a situação da comunida<strong>de</strong><br />

no Iêmen e promete ajudar<br />

<strong>de</strong> qualquer forma possível.<br />

Já o diretor-geral <strong>de</strong> Aliá<br />

da Agência <strong>Judaica</strong> e <strong>do</strong> Departamento<br />

<strong>de</strong> Absorção, Eli<br />

Cohen, disse que a Agência se<br />

esforça para garantir a segurança<br />

<strong>do</strong>s membros da comunida<strong>de</strong><br />

e que está trabalhan<strong>do</strong><br />

para trazer rapidamente a<br />

Israel a maioria <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us <strong>do</strong><br />

Iêmen que <strong>de</strong>sejam imigrar.<br />

Os novos imigrantes receberão<br />

ajuda especial da Agência,<br />

inclusive uma concessão <strong>de</strong> 40<br />

mil shekels por família.<br />

* Yossi Melman é repórter <strong>do</strong> jornal israelense Haaretz e correspon<strong>de</strong>nte da Associated Press (AP). Matéria<br />

publicada em 20/2/2009 que po<strong>de</strong> ser encontrada em inglês em www.haaretz.com/hasen/spages/1065526.html


20 (com<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

VISÃO<br />

Quem é simpático a Israel?<br />

Uma pesquisa foi realizada em 13 paises:<br />

"Qual a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> simpatia por<br />

Israel?". Patrocina<strong>do</strong> pelo Ministério <strong>do</strong><br />

Exterior israelense, o levantamento realiza<strong>do</strong><br />

numa população <strong>de</strong> 5.212 pessoas<br />

nos 13 mais importantes paises <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

apurou que a nação que mostra mais<br />

simpatia ao Esta<strong>do</strong> ju<strong>de</strong>u é a Índia, com<br />

58% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, seguida <strong>do</strong>s EUA<br />

com 56%, <strong>de</strong>pois a Rússia (52%), México<br />

(52%), China (50%), No final <strong>do</strong> rol, surgem<br />

a Grã-Bretanha (34%), França (27%),<br />

e Espanha (23%). A surpresa <strong>de</strong>corre <strong>de</strong><br />

ter si<strong>do</strong> recentemente estas nações abaladas<br />

com atenta<strong>do</strong>s terroristas em Londres<br />

e Madrid perpetra<strong>do</strong>s pelo Islã radical<br />

assassinan<strong>do</strong> 50 civis inocentes e<br />

200 pessoas inocentes, respectivamente,<br />

e Paris assaltada por turbas muçulmanas<br />

violentas pratican<strong>do</strong> atos <strong>de</strong> vandalismo,<br />

o que <strong>de</strong>veria ter provoca<strong>do</strong> uma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vitimas com Israel, pais<br />

também alvo da truculência terrorista.<br />

(Yedioth Acharonot).<br />

Assassinato a sangue frio<br />

Um palestino arma<strong>do</strong> com um macha<strong>do</strong><br />

e uma faca invadiu um assentamento judaico<br />

na Cisjordânia, matan<strong>do</strong> um menino<br />

israelense <strong>de</strong> 13 anos e ferin<strong>do</strong> gravemente<br />

outro, <strong>de</strong> 7. De acor<strong>do</strong> com o<br />

jornal israelense Haaretz, o ataque aconteceu<br />

em Bat Ayin, ao sul <strong>de</strong> Belém, on<strong>de</strong><br />

vivem milhares <strong>de</strong> colonos ju<strong>de</strong>us. Ayin<br />

fica perto das cida<strong>de</strong>s palestinas <strong>de</strong> Belém<br />

e Hebron. Segun<strong>do</strong> testemunhas, o<br />

responsável pelo ataque teria si<strong>do</strong> feri<strong>do</strong><br />

a tiros pelos seguranças <strong>do</strong> assentamento,<br />

mas conseguiu fugir. O agressor<br />

é palestino. A polícia está à procura <strong>de</strong>le.<br />

As forças <strong>de</strong> segurança organizaram bloqueios<br />

nas estradas e buscas nas áreas<br />

em volta <strong>do</strong> assentamento para tentar<br />

encontrar o responsável pelo ataque. As<br />

Brigadas Mártires <strong>de</strong> Al-Aqsa - grupo extremista<br />

liga<strong>do</strong> ao movimento Fatah, <strong>do</strong><br />

presi<strong>de</strong>nte palestino, Mahmoud Abbas -<br />

reivindicaram o atenta<strong>do</strong>. (O Globo).<br />

Assassinato a sangue frio II<br />

"Pai da vítima já tentou explodir escola<br />

palestina". Assim noticiou o jornal O<br />

Globo, na tentativa <strong>de</strong>scarada <strong>de</strong> minimizar<br />

o assassinato <strong>do</strong> menino <strong>de</strong> 13<br />

anos. Foi o primeiro inci<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> tipo no<br />

governo <strong>do</strong> recém-empossa<strong>do</strong> primeiroministro<br />

Benjamin Netanyahu. O jornal<br />

se referia ao pai da vítima mais jovem,<br />

<strong>de</strong> apenas 7 anos, que teve fratura na<br />

caixa craniana, é um colono ju<strong>de</strong>u que<br />

cumpre pena <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> prisão em<br />

informações das agências AP, Reuters,<br />

AFP, EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem<br />

Post, Haaretz e IG)<br />

panorâmica<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

• Yossi Groisseoign •<br />

Israel por tentar, em 2002, explodir uma<br />

bomba num colégio <strong>de</strong> meninas palestinas<br />

em Jerusalém. (O Globo).<br />

Árabe-israelense indica<strong>do</strong> ao Prêmio Nobel<br />

O médico árabe-israelense<br />

Izzeldin Abuelaish<br />

(foto) foi indica<strong>do</strong><br />

ao Prêmio Nobel da<br />

Paz. Entrevista<strong>do</strong> pela<br />

rádio <strong>do</strong> exército<br />

israelense, ele citou o<br />

funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sionismo<br />

mo<strong>de</strong>rno, Theo<strong>do</strong>r Herzl, ao comentar a<br />

sua nomeação: "Se você <strong>de</strong>sejar, não<br />

será um sonho". E complementou: "Esta<br />

indicação é uma ajuda para to<strong>do</strong>s nós,<br />

prova <strong>de</strong> que qualquer pessoa po<strong>de</strong> ser<br />

agraciada". Abuelaish está em viagem<br />

pela Europa, on<strong>de</strong> se encontrou com o<br />

presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Parlamento Europeu,<br />

Hans-Gert Pöttering, e recebeu o título<br />

<strong>de</strong> "Cidadão Honorário <strong>do</strong> Reino da Bélgica".<br />

Ele já era bastante conheci<strong>do</strong> em<br />

Israel como um médico que trabalha no<br />

Hospital Tel Hashomer, em Tel-Aviv, e<br />

sempre teve posições mo<strong>de</strong>radas e pacíficas<br />

sobre a convivência entre palestinos<br />

e israelenses. O resulta<strong>do</strong> da premiação<br />

sairá em outubro. (Jornal Alef).<br />

Obama visita Israel e territórios<br />

palestinos em junho<br />

Fontes diplomáticas revelaram que as<br />

embaixadas americanas da região foram<br />

informadas sobre nova visita <strong>de</strong> Obama.<br />

O jornal israelense Haaretz informou que<br />

o presi<strong>de</strong>nte americano Barack Hussein<br />

Obama, <strong>de</strong>ve visitar Israel e os territórios<br />

da Autorida<strong>de</strong> Palestina em junho.<br />

Em visita à Turquia, Obama disse que o<br />

processo <strong>de</strong> paz inicia<strong>do</strong> em novembro<br />

segue vivo e que os EUA vão manter a<br />

postura <strong>do</strong> governo Bush diante <strong>do</strong> conflito:<br />

<strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e separa<strong>do</strong>s<br />

para ju<strong>de</strong>us e palestinos. Segun<strong>do</strong><br />

o jornal, a visita <strong>de</strong> Obama será seguida<br />

por uma reunião em Washington<br />

com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu,<br />

e terá como objetivo "enfatizar"<br />

seu compromisso com a solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />

Esta<strong>do</strong>s. (Artision Notícias Online - ANO).<br />

Teste com sistema <strong>de</strong> mísseis<br />

intercepta<strong>do</strong>res<br />

O Exército <strong>de</strong> Israel realizou novo teste<br />

nom o sistema <strong>de</strong> mísseis intercepta<strong>do</strong>res<br />

"Arrow". Ele foi lança<strong>do</strong> da base aérea<br />

<strong>de</strong> Palmachim, no litoral mediterrâneo<br />

<strong>do</strong> país, e interceptou com sucesso<br />

um foguete dispara<strong>do</strong> <strong>de</strong> um avião a <strong>de</strong>-<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

zenas <strong>de</strong> quilômetros <strong>de</strong> distância. Na<br />

simulação, houve a participação <strong>de</strong> um<br />

radar norte-americano que alimentou o<br />

sistema com da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um suposto ataque<br />

com mísseis balísticos. Este sistema<br />

melhora substancialmente a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Israel <strong>de</strong> perceber ataques<br />

inimigos a longa distância, o que, na<br />

prática, permitirá uma maior margem <strong>de</strong><br />

tempo para alertar a população civil e<br />

salvar vidas. (Jerusalem Post).<br />

A "Bênção <strong>do</strong> sol"<br />

No dia 8 <strong>de</strong> abril pelo menos 30 mil pessoas<br />

visitaram o Muro das Lamentações<br />

em Jerusalém para a "Bênção <strong>do</strong> sol":<br />

to<strong>do</strong> ano o sol percorre o ciclo completo,<br />

retornan<strong>do</strong> ao seu ponto <strong>de</strong> órbita<br />

original. Porém, a cada 28 anos, o sol<br />

retorna à posição exata on<strong>de</strong> estava na<br />

hora <strong>de</strong> sua criação - no início <strong>do</strong> quarto<br />

dia da Criação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> - na hora<br />

exata <strong>do</strong> dia e no mesmo dia da semana.<br />

Em Curitiba, o Beit Chabad, realizou<br />

uma cerimônia <strong>de</strong> Bircat Hachamá, na<br />

manhã daquele dia com a comunida<strong>de</strong><br />

local. (Beit Chabad Curitiba).<br />

Rússia compra aviões israelenses<br />

Pela primeira vez na história, a Rússia<br />

anunciou que comprará material militar<br />

fabrica<strong>do</strong> em Israel: serão adquiridas aeronaves<br />

não-tripuladas, utilizadas em observação<br />

<strong>de</strong> territórios inimigos. De acor<strong>do</strong><br />

com o vice-ministro da Defesa russo,<br />

Vladimir Popovkin, a Rússia não preten<strong>de</strong><br />

utilizar os novos aparelhos para utilização<br />

em guerra, mas sim para testar sua tecnologia<br />

e melhorar seus próprios aviões espiões.<br />

No conflito com a Geórgia pelo controle<br />

das regiões separatistas da Abkházia<br />

e da Ossétia <strong>do</strong> Sul, em agosto <strong>de</strong> 2008, os<br />

aviões espiões russos tiveram <strong>de</strong>sempenho<br />

ruim. O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Israel foi pioneiro<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento e na utilização <strong>de</strong>sta<br />

tecnologia, largamente utilizada pelo exército<br />

norte-americano nas suas missões no<br />

Oriente Médio. A Rússia e Israel quase<br />

sempre estiveram em campos opostos. Durante<br />

a era sovi<strong>ética</strong>, o governo <strong>de</strong> Moscou<br />

foi o principal fornece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> armas e<br />

recursos aos inimigos árabes <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Ju<strong>de</strong>u.<br />

(Jornal Alef).<br />

ONU foi parcial sobre Israel<br />

Os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s acusaram o especialista<br />

da ONU, Richard Falk, <strong>de</strong> parcialida<strong>de</strong><br />

após seu pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong><br />

uma investigação sobre a ofensiva israelense<br />

na Faixa <strong>de</strong> Gaza contra o Hamas,<br />

sugerin<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que<br />

crimes <strong>de</strong> guerra teriam ocorri<strong>do</strong>. "Já<br />

expressamos em várias ocasiões nossas<br />

preocupações a respeito das opiniões<br />

<strong>do</strong> relator especial (Falk) sobre este<br />

tema", <strong>de</strong>clarou um porta-voz <strong>do</strong> <strong>de</strong>partamento<br />

<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, Robert Wood. "Concluímos<br />

que as opiniões <strong>do</strong> relator são<br />

qualquer coisa, menos imparciais",<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

acrescentou. Num relatório apresenta<strong>do</strong><br />

no Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos da<br />

ONU, Richard Falk, pediu uma "investigação<br />

<strong>de</strong> especialistas" para <strong>de</strong>terminar<br />

se, dada o contexto, os israelenses<br />

eram capazes <strong>de</strong> distiguir entre alvos<br />

militares e a população civil. "Se isso<br />

não era possível, então a ofensiva foi<br />

ilegal por natureza e constitui um crime<br />

<strong>de</strong> guerra da maior amplitu<strong>de</strong>", escreveu<br />

no <strong>do</strong>cumento. (Terra).<br />

Ratificação <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> Mercosul-Israel<br />

Membros da Confe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong><br />

Brasil se reuniram recentemente com o<br />

sena<strong>do</strong>r José Sarney (PMDB-AP) para pedir<br />

que o Congresso aprove o acor<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

livre comércio Mercosul-Israel, assina<strong>do</strong><br />

em 2007. Sarney, que presi<strong>de</strong> o Sena<strong>do</strong>,<br />

assegurou que vai atuar para acelerar o<br />

processo <strong>de</strong> ratificação <strong>do</strong> trata<strong>do</strong>, que<br />

visa aumentar o fluxo comercial entre as<br />

partes que, em 2006, atingiu cerca <strong>de</strong><br />

US$ 1 bilhão. A implementação <strong>do</strong> acor<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> livre comércio entre Israel e Mercosul<br />

vai significar uma aproximação que<br />

transcen<strong>de</strong> as fronteiras da economia.<br />

Laços comerciais entre o la<strong>do</strong> israelense<br />

e Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai<br />

vão acabar propician<strong>do</strong> o aprofundamento<br />

<strong>de</strong> contatos entre as partes, o<br />

que vai significar no final maior aproximação<br />

em áreas como a diplomacia e a<br />

cultura. Vale lembrar que tratar-se <strong>do</strong><br />

primeiro acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> livre comércio a ser<br />

firma<strong>do</strong> com outro país, pelo Mercosul.<br />

(Câmara Brasil-Israel <strong>de</strong> Comércio e Indústria<br />

- Cambici).<br />

Missão brasileira na 17ª Agritech<br />

De 5 a 7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009, acontece em<br />

Tel Aviv, em Israel, a 17ª Agritech, Feira e<br />

Conferência Internacional <strong>de</strong> Agrotecnologia,<br />

Reunin<strong>do</strong> as principais empresas<br />

lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> setor no mun<strong>do</strong>, apresentará<br />

as mais recentes inovações e soluções<br />

nos segmentos <strong>de</strong> agroecologia, biotecnologia,<br />

biocombustíveis, gerenciamento<br />

<strong>de</strong> água e irrigação, estufas, laticínios,<br />

avicultura, aqüicultura, agricultura <strong>de</strong> precisão,<br />

sementes, mecanização, fertilizantes<br />

e pesticidas, além <strong>de</strong> projetos, consultoria<br />

e know-how. A Câmara Brasil-Israel<br />

<strong>de</strong> Comércio e Indústria e a Missão<br />

Econômica <strong>de</strong> Israel no Brasil uniram esforços<br />

para que li<strong>de</strong>ranças e empresários<br />

<strong>do</strong> setor <strong>de</strong> agribusiness <strong>do</strong> Brasil participem<br />

<strong>do</strong> evento. Já estão confirmadas diversas<br />

autorida<strong>de</strong>s: João <strong>de</strong> Almeida Sampaio<br />

Filho, secretário <strong>de</strong> Agricultura <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, Camilo Sobreira <strong>de</strong><br />

Santana, secretário <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Agrário <strong>do</strong> Ceará, que viajará com uma<br />

<strong>de</strong>legação <strong>de</strong> 15 pessoas, entre as quais,<br />

o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste. Também<br />

participam <strong>do</strong> evento, Ági<strong>de</strong> Meneguette,<br />

presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração da Agricultura<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná e Ywao Miyamoto,<br />

presi<strong>de</strong>nte da Associação Brasileira<br />

<strong>de</strong> Sementes e Mudas. (Agritech).


Para escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />

basta passar um fax pelo telefone: 0**41 3018-8018 ou e-mail para<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

O LEITOR ESCREVE Brilhante <strong>de</strong>but<br />

Aniversário <strong>do</strong> VJ<br />

Preza<strong>do</strong>s amigos:<br />

Acabo <strong>de</strong> receber a edição <strong>de</strong> Pêssach<br />

<strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, que também assinala<br />

os 7 anos da publicação da revista.<br />

É esta uma ocasião então <strong>de</strong> acrescentar<br />

aos <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> Chag Sameach um voto<br />

<strong>de</strong> louvor pelo trabalho <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> e perseverante,<br />

seu e <strong>de</strong> colabora<strong>do</strong>res em prol<br />

da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> judaica, centralida<strong>de</strong> e fortalecimento<br />

<strong>de</strong> Israel, etc.<br />

Assim, merecidas congratulações a que<br />

faz jus na ocasião festiva <strong>do</strong>s 7 anos o VJ.<br />

Vittorio Corinaldi - Tel Aviv - Israel<br />

Aniversário <strong>do</strong> VJ 2<br />

Preza<strong>do</strong>s amigos:<br />

Parabéns à equipe <strong>do</strong> jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />

sempre rico em informações, em<br />

excelentes artigos durante os 7 anos <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong> <strong>jornalística</strong>, o que nos leva a<br />

cumprimentá-los to<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste excelente<br />

veículo <strong>de</strong> comunicação, agora numa<br />

apresentação primorosa. Continuem<br />

sempre assim.<br />

Sara Schulman<br />

Instituto Cultural Judaico Brasileiro Bernar<strong>do</strong><br />

Schulman - Curitiba - PR<br />

Aniversário <strong>do</strong> VJ 3<br />

Caros jornalistas:<br />

Aceitem os nossos cumprimentos por<br />

mais um aniversário <strong>do</strong> jornal, que vem<br />

cumprin<strong>do</strong> com seu papel <strong>de</strong> informar e valorizar<br />

ainda mais nossa cultura e feitos.<br />

Aarão e Silvia Perlov - São Paulo - SP<br />

Aniversário <strong>do</strong> VJ 4<br />

Senhores redatores:<br />

Parabéns pelos 7 anos <strong>de</strong> publicação<br />

<strong>do</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> e pela nova roupagem<br />

(papel superior ao papel jornal). Parabéns<br />

também pelo alto nível da publicação.<br />

Shalom e Chag Sameach<br />

Etel Sara Wengier - São Paulo - SP<br />

Aniversário <strong>do</strong> VJ 5<br />

Amigos:<br />

Eu me junto aos parabéns por ter si<strong>do</strong><br />

o <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> o primeiro jornal da coletivida<strong>de</strong><br />

judaica brasileira a publicar a<br />

notícia da reativação <strong>do</strong> Desk Brasileiro<br />

da OLEI, presidi<strong>do</strong> pelo (curitibano... foi<br />

por isso...) Marcos Guelmann e ten<strong>do</strong> a<br />

Gladis como secretária e responsável pela<br />

klitá <strong>do</strong>s olim brasileiros em Israel.<br />

Kol hakavod e behatslachá!<br />

Judite Orensztajn - Por e-mail - Israel<br />

Aniversário <strong>do</strong> VJ 6<br />

Preza<strong>do</strong>s jornalistas:<br />

Não há duvida que para o sucesso <strong>do</strong><br />

seu empreendimento, cujo objetivo<br />

transcen<strong>de</strong> qualquer aspecto materialista<br />

tem auxilio <strong>de</strong> sua brilhante equipe<br />

que <strong>de</strong>monstra estar em perfeita sintonia<br />

com a sua proposta.<br />

Deve ser <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> que os maiores beneficia<strong>do</strong>s<br />

são os seus leitores sejam<br />

quais forem eles. É venturoso ter conhecimento<br />

que a sua mensagem atinge<br />

diversos lugares <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s manifestan<strong>do</strong><br />

sua satisfação pelas informações<br />

recebidas. Assim como eu, tenho<br />

certeza que a gran<strong>de</strong> maioria ao receber<br />

a <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, apressam-se a lê-lo<br />

e a apren<strong>de</strong>r muito sobre nosso povo, sua<br />

história, sua religião e principalmente<br />

sobre o povo ju<strong>de</strong>u seja na Diáspora ou<br />

em Israel, seja askenazi ou sefaradi.<br />

Parabéns pelo sétimo ano (acompanha<strong>do</strong><br />

pela mística <strong>de</strong>stacada pelo Rabino<br />

Yossef Dubrawski) é muito pouco<br />

para o nível <strong>de</strong> seu mérito.<br />

Aniversário <strong>do</strong> VJ 7<br />

Leopol<strong>do</strong> Ehrlich - Curitiba - PR<br />

Queri<strong>do</strong>s amigos:<br />

Acabamos <strong>de</strong> receber a edição <strong>de</strong> Pêssach<br />

e comemorativa ao sétimo aniversário<br />

<strong>de</strong>ste maravilhoso jornal da coletivida<strong>de</strong><br />

Israelita <strong>do</strong> Paraná. Des<strong>de</strong> os primeiros<br />

números fomos admira<strong>do</strong>res e incentiva<strong>do</strong>res<br />

para o crescimento <strong>do</strong> mesmo.<br />

Desejamos <strong>de</strong> to<strong>do</strong> coração muito sucesso<br />

e muitas felicida<strong>de</strong>s aos componentes<br />

<strong>do</strong> grupo editorial e que sigam<br />

nesta trilha por muitas e muitas edições.<br />

Abraços e Mazal Tov<br />

Marcos e Clarinha Guelmann - He<strong>de</strong>ra - Israel<br />

Aniversário <strong>do</strong> VJ 8<br />

Amigos:<br />

Parabéns pelo jornal!<br />

Errata:<br />

Tila Dubrawsky - Curitiba - PR<br />

Um pequeno erro <strong>de</strong> informação ocorreu<br />

no artigo "Col Hasheviin Chavivin - To<strong>do</strong>s<br />

os sétimos são queri<strong>do</strong>s", <strong>do</strong> Rabino<br />

Yossef Dubrawski, publica<strong>do</strong> na página<br />

24, na edição n º 77 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2009.<br />

Pêssach e Sucot são comemora<strong>do</strong>s em<br />

Israel durante sete dias, não Shavuot,<br />

pois este último se comemora apenas<br />

um dia em Israel.<br />

<strong>de</strong> Avig<strong>do</strong>r Lieberman<br />

Daniel Pipes *<br />

Avig<strong>do</strong>r Lieberman se tornou ministro<br />

das Relações Exteriores <strong>de</strong> Israel. Ele celebrou<br />

sua posse com um discurso inaugural<br />

que as reportagens das agências <strong>de</strong> notícias<br />

indicam que <strong>de</strong>ixaram seus ouvintes fazen<strong>do</strong><br />

caretas, se contorcen<strong>do</strong> e perplexos. Por<br />

exemplo, a BBC nos informa que suas palavras<br />

motivaram "sua antecessora Tzipi Livni<br />

a interrompê-lo e diplomatas a se retorcerem<br />

inconfortavelmente".<br />

Lamentável, para eles - o discurso me<br />

<strong>de</strong>ixa exultante. Aqui vão alguns <strong>do</strong>s tópicos<br />

aborda<strong>do</strong>s por Lieberman no seu emocionante<br />

discurso <strong>de</strong> 1.100 palavras:<br />

A or<strong>de</strong>m mundial: A or<strong>de</strong>m westphaliana<br />

<strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s está morta, substituída por um<br />

sistema mo<strong>de</strong>rno que inclui esta<strong>do</strong>s, semiesta<strong>do</strong>s<br />

e participantes internacionais irracionais<br />

(por exemplo, Al-Qaeda, talvez o Irã).<br />

Priorida<strong>de</strong>s mundiais: Estas têm que<br />

mudar. O mun<strong>do</strong> livre tem que focar-se em<br />

<strong>de</strong>rrotar os países, as forças e as entida<strong>de</strong>s<br />

extremistas "que estão tentan<strong>do</strong> violá-las".<br />

Os problemas reais estão vin<strong>do</strong> da "direção<br />

<strong>do</strong> Paquistão, Afeganistão, Irã e Iraque" - e<br />

não <strong>do</strong> conflito israelense-palestino.<br />

Egito: Lieberman elogia Cairo como "um<br />

fator estabiliza<strong>do</strong>r no sistema regional e talvez<br />

até mesmo mais <strong>do</strong> que isso", mas <strong>de</strong>ixou<br />

avisa<strong>do</strong> ao governo <strong>de</strong> Mubarak que ele<br />

só irá lá se a sua contraparte vier a Jerusalém.<br />

Repetição da palavra "paz": Lieberman<br />

verteu com <strong>de</strong>sdém governos israelenses<br />

anteriores: "O fato <strong>de</strong> repetirmos a palavra<br />

"paz" vinte vezes por dia não a tornará<br />

mais próxima".<br />

O far<strong>do</strong> da paz: "Eu vi todas as propostas<br />

feitas tão generosamente por Ehud Olmert,<br />

mas não vi nenhum resulta<strong>do</strong>". Agora, as coisas<br />

mudaram: "o outro la<strong>do</strong> também tem responsabilida<strong>de</strong>"<br />

pela paz e terá que ce<strong>de</strong>r.<br />

O Mapa da Estrada: O bloco <strong>de</strong> novida<strong>de</strong>s<br />

mais surpreen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> discurso <strong>de</strong> Lieberman<br />

foi o foco e o en<strong>do</strong>sso <strong>do</strong> Mapa <strong>de</strong><br />

Estrada, uma iniciativa diplomática <strong>de</strong> 2003<br />

que ele votou contra na ocasião, mas que<br />

é, como ele coloca, "o único <strong>do</strong>cumento<br />

aprova<strong>do</strong> pelo gabinete e pelo Conselho <strong>de</strong><br />

Segurança". Ele o chama <strong>de</strong> "uma resolução<br />

compulsória" que o novo governo <strong>de</strong>ve<br />

implementar. Em contraste, ele especificamente<br />

observa que o governo não está<br />

compromissa<strong>do</strong> pelo acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> Annapolis<br />

<strong>de</strong> 2007 ("Nem o gabinete nem o Knesset<br />

jamais o ratificaram").<br />

Implementação <strong>do</strong> Mapa <strong>de</strong> Estrada: Lieberman<br />

preten<strong>de</strong> "agir exatamente" <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com as palavras <strong>do</strong> Mapa <strong>de</strong> Estrada, incluin<strong>do</strong><br />

seus Princípios e sub-<strong>do</strong>cumentos<br />

Zinni. Então vem uma das duas centrais <strong>de</strong>clarações<br />

<strong>do</strong> discurso:<br />

21<br />

Eu nunca aceitarei que renunciemos a todas<br />

as cláusulas - eu acredito que haja 48 - e ir<br />

diretamente à última cláusula, negociações<br />

para um acor<strong>do</strong> permanente. Não. Estas concessões<br />

não alcançam nada. Nós a<strong>de</strong>riremos<br />

palavra por palavra, exatamente como está<br />

escrito. Cláusulas um, <strong>do</strong>is, três, quatro - <strong>de</strong>smantelamento<br />

das organizações terroristas,<br />

estabelecimento <strong>de</strong> um governo eficaz, realização<br />

<strong>de</strong> uma mudança constitucional profunda<br />

na Autorida<strong>de</strong> Palestina. Nós continuaremos<br />

exatamente <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as cláusulas.<br />

Nós também somos obriga<strong>do</strong>s a implementar<br />

o que é requeri<strong>do</strong> da nossa parte em<br />

cada cláusula, mas da mesma maneira está o<br />

outro la<strong>do</strong>. Eles têm que implementar o <strong>do</strong>cumento<br />

por completo.<br />

O erro em fazer concessões: Ele observa<br />

os "passos dramáticos e as propostas <strong>de</strong> longo<br />

alcance feitas" pelos governos Sharon e Olmert<br />

e então conclui, "Mas eu não vejo que [elas]<br />

trouxeram a paz. Pelo contrário. … É precisamente<br />

quan<strong>do</strong> nós fizemos todas as concessões"<br />

que Israel se tornou mais isola<strong>do</strong>, como<br />

na Conferência <strong>de</strong> Durban em 2001. Em seguida<br />

segue sua outra <strong>de</strong>claração central:<br />

Nós também estamos per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> terreno<br />

diariamente junto à opinião pública. Será que<br />

alguém acha que concessões e dizer constantemente<br />

"eu estou prepara<strong>do</strong> para ce<strong>de</strong>r" e<br />

usar a palavra "paz" levará a alguma coisa? Não,<br />

isso só provocará pressão e mais e mais guerras.<br />

"Si vis pacem, para bellum" - se você quiser<br />

paz, prepara-te para a guerra, seja forte.<br />

A Força Israelense: Lieberman conclui<br />

com uma chamada <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong>ra para a fortitu<strong>de</strong>:<br />

"Quan<strong>do</strong> Israel estava no seu mais<br />

alto nível quanto à opinião pública ao re<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>? Depois da vitória na Guerra <strong>do</strong>s<br />

Seis Dias, não após todas as concessões nos<br />

Acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Oslo I, II, III e IV".<br />

Comentários:<br />

Comentários:<br />

(1) Eu tinha minhas reservas sobre Lieberman e<br />

ainda tenho, mas este discurso o coloca em um<br />

gran<strong>de</strong> começo. Posto da forma mais breve<br />

possível, ele anunciou que "Israel está <strong>de</strong> volta".<br />

(2) Da<strong>do</strong> que o nome formal <strong>do</strong> Mapa da Estrada é<br />

"Um Mapa da Estrada Basea<strong>do</strong> no Desempenho<br />

para uma Solução Permanente <strong>de</strong> Dois Esta<strong>do</strong>s<br />

para o Conflito Israelense-Palestino", eu confesso<br />

que estou confuso pelas reportagens das<br />

agências <strong>de</strong> notícias (como a manchete <strong>do</strong> Los<br />

Angeles Times, que diz "O ministro das relações<br />

exteriores <strong>de</strong> Israel diz não estar compromissa<strong>do</strong><br />

em continuar o caminho <strong>de</strong> <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s")<br />

<strong>de</strong>claran<strong>do</strong> que Lieberman pronunciou o fim da<br />

solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s.<br />

(3) Há muita ironia <strong>de</strong> Lieberman agora em <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

o Mapa da Estrada, uma iniciativa que ele e<br />

muitos outros com a mesma perspectiva <strong>de</strong>le<br />

con<strong>de</strong>naram naquela ocasião. Para uma<br />

discussão abalizada quan<strong>do</strong> das suas origens,<br />

falhas e implicações, veja a análise <strong>de</strong> Daniel<br />

Man<strong>de</strong>l, "Desarmonia em Quatro-Partes: O Mapa<br />

da Paz <strong>do</strong> Quarteto".<br />

* Daniel Pipes é uma das maiores autorida<strong>de</strong>s sobre o Oriente Médio e o Islã. É diretor <strong>do</strong> Middle<br />

East Forum, colunista premia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s jornais New York Sun e The Jerusalem Post, é autor <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze<br />

livros. Publica<strong>do</strong> em FrontPageMagazine.com, em 2 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2009 sob o título original em inglês<br />

Avig<strong>do</strong>r Lieberman's Brilliant Debut e se encontra no site http://pt.danielpipes.org/6267/a-brilhante<strong>de</strong>butacao-<strong>de</strong>-avig<strong>do</strong>r-lieberman.<br />

Tradução: Joseph Skilnik.


22<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

ministro das Relações<br />

Exteriores <strong>de</strong> Israel, Avig<strong>do</strong>r<br />

Lieberman fez uma<br />

entrada tempestuosa. O<br />

"extremista-nacionalista"<br />

(para a BBC e al-Jazeera);<br />

é "bruto e beligerante" (The New York<br />

Times); "agressivo" (Haaretz) e um "racista"<br />

(Yasser Abed Rabbo). Este governo<br />

novo não fará "nenhuma concessão<br />

para paz" (The Guardian) e rejeita o "processo<br />

<strong>de</strong> paz" (a CNN). Por que o alvoroço?<br />

Porque Lieberman anunciou: "O governo<br />

israelense nunca ratificou o acor<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Annapolis".<br />

Ahã! De fato, o gabinete en<strong>do</strong>ssou Annapolis<br />

no dia 2 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007.<br />

Ehud Olmert passou isto aos seus colegas<br />

com o argumento <strong>de</strong> que as negociações<br />

não seriam constrangidas por qualquer<br />

prazo final, e com a promessa <strong>de</strong><br />

que, se a um acor<strong>do</strong> fosse chega<strong>do</strong>, isso<br />

só seria implementa<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois que os<br />

palestinos parassem com toda a violência.<br />

Reservadamente, antes <strong>do</strong> en<strong>do</strong>sso<br />

<strong>do</strong> gabinete, Olmert fez o resumo <strong>de</strong> Lieberman;<br />

quem então se absteve <strong>de</strong> votar.<br />

Mas o fato é que Annapolis está morto<br />

- da mesma maneira que Lieberman tão<br />

anti-diplomaticamente o <strong>de</strong>clarou. E to<strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> sabe isto. Morreu quan<strong>do</strong> Mahmoud<br />

Abbas e Ahmed Qurei rejeitaram a<br />

oferta <strong>de</strong> Olmert e <strong>de</strong> Tzipi Livni, no ano<br />

passa<strong>do</strong>, <strong>de</strong> virtualmente a Margem Oci<strong>de</strong>ntal<br />

inteira (os palestinos já têm Gaza),<br />

mais áreas <strong>do</strong> Negev para compensar assentamentos<br />

estratégicos reti<strong>do</strong>s além<br />

da Linha Ver<strong>de</strong>.<br />

Olmert e Livni ofereceram até mesmo<br />

um gerenciamento internacional para<br />

os lugares santos, e estavam prepara<strong>do</strong>s<br />

para entregar Jerusalém Oriental. Um túnel<br />

ou ponte conectaria o leste e a "Palestina"<br />

oci<strong>de</strong>ntal, proven<strong>do</strong> proximida<strong>de</strong><br />

entre a Margem Oci<strong>de</strong>ntal e Gaza.<br />

CASO CASO ENCERRADO:<br />

ENCERRADO:<br />

Quem matou Annapolis?<br />

O governo <strong>do</strong> Kadima só evitou uma retirada<br />

total às Linhas <strong>do</strong> Armistício <strong>de</strong> 1949,<br />

e em conce<strong>de</strong>r a milhões <strong>de</strong> "refugia<strong>do</strong>s"<br />

palestinos o direito <strong>de</strong> "voltar" para um Israel<br />

mutila<strong>do</strong> - algo que iria <strong>de</strong>mograficamente<br />

sufocar a população judaica.<br />

Em outras palavras, se os palestinos<br />

tivessem aceita<strong>do</strong> o acor<strong>do</strong> incrivelmente<br />

magnânimo <strong>de</strong> Olmert e Livni, a Palestina<br />

teria se torna<strong>do</strong> o 22º Esta<strong>do</strong> árabe<br />

muçulmano <strong>do</strong> Oriente Médio.<br />

Ainda, o irascível caminho que Lieberman<br />

fez para o seu anúncio sobre Annapolis<br />

diminuí<strong>do</strong> da substância <strong>do</strong> que o<br />

argumento <strong>de</strong> Israel <strong>de</strong>veria ser. Se ele<br />

tivesse se controla<strong>do</strong>, ti<strong>do</strong> mais habilida<strong>de</strong>,<br />

as manchetes <strong>do</strong> dia seguinte po<strong>de</strong>riam<br />

ter si<strong>do</strong>: "Novo governo abraça<br />

'Mapa da Estrada'". Porque Lieberman se<br />

empenhou num compromisso que oficialmente<br />

é conheci<strong>do</strong> como "o <strong>de</strong>sempenho<br />

basea<strong>do</strong> no Mapa da Estrada para<br />

uma solução permanente <strong>de</strong> <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s<br />

para o conflito Israel-Palestina".<br />

O processo <strong>de</strong> Annapolis foi uma punhalada<br />

no salto para a frente sobre o<br />

'Mapa da Estrada' porque os palestinos<br />

não pu<strong>de</strong>ram - ou não quiseram - cumprir<br />

a sua obrigação <strong>de</strong> terminar com a violência.<br />

E a comunida<strong>de</strong> internacional preferiu<br />

a ilusão <strong>do</strong> impulso que Annapolis<br />

proveu. A alternativa teria si<strong>do</strong> conce<strong>de</strong>r<br />

isso até mesmo aos palestinos "mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s"<br />

que não estão prepara<strong>do</strong>s para levar<br />

a cabo o duro trabalho necessário alcançar<br />

uma solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s.<br />

Lieberman está convenci<strong>do</strong> <strong>de</strong> que<br />

toda a <strong>do</strong>ce conversa <strong>de</strong> Olmert e Livni<br />

não atingiu em Israel precisamente em<br />

parte alguma. Assim, significativamente,<br />

o governo <strong>de</strong> Netanyahu-Lieberman-Barak<br />

está comprometi<strong>do</strong> em alcançar um<br />

esta<strong>do</strong> palestino através <strong>do</strong> 'Mapa da Estrada'.<br />

O que precisa ser trabalha<strong>do</strong> agora<br />

é se os palestinos permanecem com-<br />

prometi<strong>do</strong>s, e se <strong>de</strong>vem ser da<strong>do</strong>s os passos<br />

para implementar o 'Mapa <strong>de</strong> Estrada'<br />

consecutivamente (a visão israelense),<br />

ou <strong>de</strong> algum outro mo<strong>do</strong> in<strong>de</strong>fini<strong>do</strong><br />

(a visão palestina).<br />

O 'Mapa da Estrada' estipula que, "uma<br />

solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s para o conflito israelense-palestino<br />

só será alcançada pelo<br />

fim da violência e <strong>do</strong> terrorismo, quan<strong>do</strong> o<br />

povo palestino tiver uma li<strong>de</strong>rança agin<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>cisivamente contra o terror, disposta e<br />

capaz <strong>de</strong> construir uma <strong>de</strong>mocracia baseada<br />

na tolerância e na liberda<strong>de</strong>, e pela<br />

prontidão <strong>de</strong> Israel em fazer o que for necessário<br />

para que um esta<strong>do</strong> palestino<br />

<strong>de</strong>mocrático seja estabeleci<strong>do</strong>…".<br />

Isso exigiria que Israel congelasse<br />

os assentamentos e <strong>de</strong>smantelasse os<br />

que foram estabeleci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fevereiro<br />

<strong>de</strong> 2001.<br />

Isso é o que Lieberman apóia. O que<br />

po<strong>de</strong>ria ser mais claro?<br />

A fala <strong>de</strong> Lieberman veio justo quan<strong>do</strong><br />

Israel enterra outra vítima <strong>do</strong> terror palestino,<br />

Shlomo Nativ, <strong>de</strong> 16 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

golpea<strong>do</strong> até a morte em Bat Ayin, um assentamento<br />

a su<strong>do</strong>este <strong>de</strong> Jerusalém. É<br />

este tipo <strong>de</strong> brutalida<strong>de</strong> palestina - combina<strong>do</strong><br />

com obstinada diplomacia - que mantém<br />

o 'Mapa da Estrada' fundamenta<strong>do</strong>.<br />

Falan<strong>do</strong> duro ao invés <strong>de</strong> falar elegantemente,<br />

Lieberman reivindicou que ganhou<br />

"respeito". Na realida<strong>de</strong>, ele <strong>de</strong>u um ganho<br />

<strong>de</strong>snecessário àqueles que <strong>de</strong>turpam a posição<br />

<strong>de</strong> Israel argumentan<strong>do</strong> que bloqueia<br />

a criação <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong> palestino.<br />

Esta foi uma ação inepta <strong>do</strong> nosso novato<br />

ministro <strong>do</strong> Exterior, sem questão.<br />

Não obstante, Annapolis se tornou há<br />

pouco outra nota <strong>de</strong> rodapé na história<br />

<strong>de</strong> 100 anos <strong>do</strong> rejeicionismo palestino.<br />

(Editorial publica<strong>do</strong> dia 2/4/2009 no jornal<br />

israelense The Jerusalem Post. Tradução:<br />

Szyja Lorber).<br />

VJ INDICA<br />

FILME<br />

O Preço<br />

da<br />

Coragem<br />

Título Original:<br />

A Mighty Heart<br />

Ficha Técnica<br />

Gênero: Drama<br />

País <strong>de</strong> origem: EUA<br />

Duração: 100 minutos<br />

Ano <strong>de</strong> Lançamento: 2007<br />

Estréia no Brasil: 2/11/2007<br />

DVD colori<strong>do</strong> e Blue-ray<br />

Estúdio/Distribuição: Paramount Pictures<br />

<strong>do</strong> Brasil<br />

Classificação etária: 12 anos<br />

Direção: Michael Winterbottom<br />

Elenco<br />

Dan Futterman (Daniel Pearl), Angelina<br />

Jolie (Mariane Pearl), Archie Panjabi<br />

(Asra Q. Nomani), Mohammed Afzal<br />

(Shabir), Mushtaq Khan (Motorista <strong>de</strong><br />

taxi <strong>de</strong> Danny), Daud Khan (Masud), Telal<br />

Saeed (Kaleem Yusuf), Arif Khan (Motorista<br />

<strong>de</strong> taxi <strong>de</strong> Mariane), Tipu Taheer<br />

(Diretor <strong>de</strong> Direitos Humanos), Amit<br />

Dhawan (Supervisor T[écnico), Saira<br />

Khan (Nasrin) e Aliya Khan (Kashva).<br />

Sinopse<br />

Mariane Pearl (Angelina Jolie) embarca<br />

numa jornada pelo Oriente Médio<br />

para <strong>de</strong>scobrir a verda<strong>de</strong> acerca da<br />

morte <strong>do</strong> mari<strong>do</strong>, o jornalista Daniel<br />

Pearl (Dan Futterman), <strong>de</strong>sapareci<strong>do</strong> no<br />

Paquistão quan<strong>do</strong> esteve no país a trabalho.<br />

Reconstituição da história <strong>do</strong> repórter<br />

<strong>do</strong> jornal norte-americano The<br />

Wall Street Journal, sequestra<strong>do</strong> e <strong>de</strong>capita<strong>do</strong><br />

em 2002 por terroristas no Paquistão,<br />

unicamente por ser ju<strong>de</strong>u.<br />

As supostas atitu<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Exército <strong>de</strong> Israel são <strong>de</strong>núncias infundadas<br />

A Procura<strong>do</strong>ria Militar encerrou a investigação<br />

<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> supostos casos<br />

<strong>de</strong> assassinato <strong>de</strong> palestinos por parte<br />

<strong>de</strong> solda<strong>do</strong>s israelenses durante a ofensiva<br />

que Israel levou a cabo em Gaza em<br />

<strong>de</strong>zembro e janeiro passa<strong>do</strong>s.<br />

O Exército informou que o procura<strong>do</strong>r<br />

militar, Avi Men<strong>de</strong>lblit, encerrou o caso ao<br />

concluir, após uma investigação da Polícia<br />

Militar, que não há provas <strong>de</strong>litivas nos<br />

relatos que foram <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s e que os<br />

solda<strong>do</strong>s que prestaram testemunhos não<br />

eram testemunhas diretas.<br />

Na ofensiva israelense teriam morri<strong>do</strong><br />

1.400 palestinos, em sua maioria terroristas,<br />

mas também civis, e menores. Em Israel<br />

o "escândalo" estourou há duas semanas<br />

quan<strong>do</strong> o Haaretz, um jornal esquerdista<br />

da imprensa israelense expôs os<br />

testemunhos <strong>de</strong> vários solda<strong>do</strong>s e oficiais<br />

durante uma conferência para ca<strong>de</strong>tes <strong>de</strong><br />

uma aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> preparação militar.<br />

Segun<strong>do</strong> esses testemunhos, um comandante<br />

<strong>de</strong> companhia "or<strong>de</strong>nou que se<br />

disparasse e matasse uma anciã palestina<br />

que caminhava por uma estrada a cem<br />

metros da casa que a companhia tinha toma<strong>do</strong>",<br />

o que foi qualifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> "assassinato<br />

a sangue frio".<br />

Outro solda<strong>do</strong> disse que, <strong>de</strong>pois um<br />

chefe <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> discutiu com seu comandante<br />

sobre a permissivida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

código <strong>de</strong> atuação e este fora muda<strong>do</strong>,<br />

outros militares <strong>do</strong> mesmo nível se queixaram<br />

e disseram que "<strong>de</strong>veríamos matar<br />

to<strong>do</strong>s aqui (no centro <strong>de</strong> Gaza). To<strong>do</strong>s<br />

aqui são terroristas".<br />

Men<strong>de</strong>lblitt assegura que a investigação<br />

aponta que estes e outros relatos foram recolhi<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> terceiros, e que nenhum <strong>do</strong>s que<br />

disseram forma testemunhas presenciais.<br />

"Aviv (nome <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s que<br />

falou <strong>do</strong>s fatos) esclareceu que ele não<br />

os tinha visto, mas que havia escuta<strong>do</strong><br />

sobre eles" <strong>de</strong> outras pessoas, escreveu o<br />

procura<strong>do</strong>r militar em seu informe aos altos<br />

man<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Exército.<br />

Segun<strong>do</strong> este, os testemunhos foram<br />

estuda<strong>do</strong>s até chegar à conclusão <strong>de</strong> que<br />

to<strong>do</strong>s falavam <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is mesmos casos: a<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> matar uma mulher palestina <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> adulta e o assassinato <strong>de</strong> uma mãe<br />

e seus <strong>do</strong>is filhos que iam pela rua.<br />

No primeiro caso os investiga<strong>do</strong>res<br />

concluíram que se tratava <strong>de</strong> um caso já<br />

investiga<strong>do</strong> com anteriorida<strong>de</strong>, e no qual<br />

solda<strong>do</strong>s dispararam contra uma mulher<br />

que se aproximou algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

metros das forças militares israelenses<br />

e quem tinham adverti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que não o<br />

fizesse por temor <strong>de</strong> que se tratasse <strong>de</strong><br />

uma terrorista suicida. A mulher não morreu<br />

e está viva.<br />

No segun<strong>do</strong> caso, sempre <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com os investiga<strong>do</strong>res militares, os solda<strong>do</strong>s<br />

abriram fogo contra <strong>do</strong>is homens que<br />

consi<strong>de</strong>raram suspeitos, num caso que o<br />

procura<strong>do</strong>r não consi<strong>de</strong>ra que se tenha<br />

cometi<strong>do</strong> <strong>de</strong>lito.<br />

"Temos que lamentar que nenhum <strong>do</strong>s<br />

que falaram tomaram as necessárias precauções<br />

ao expor os fatos e o que os solda<strong>do</strong>s<br />

escolheram apresentar situações<br />

tão graves apesar <strong>de</strong> não ter nenhum conhecimento<br />

direto <strong>do</strong> caso", assinala o<br />

relatório <strong>do</strong> procura<strong>do</strong>r militar israelense.


islã clássico aceita<br />

que há uma inspiração<br />

divina sobre a ligação<br />

entre os ju<strong>de</strong>us e a<br />

'Terra Santa', dizem alguns<br />

acadêmicos.<br />

De acor<strong>do</strong> com o estatuto <strong>do</strong> Hamas,<br />

a Palestina é um <strong>do</strong>m islâmico<br />

"para todas as gerações <strong>de</strong> muçulmanos<br />

até o Dia <strong>de</strong> Ressurreição" que<br />

ninguém po<strong>de</strong> renunciar. O conflito<br />

árabe-israelense não é visto só como<br />

uma disputa política, mas também<br />

implacavelmente religioso. Mas há<br />

acadêmicos muçulmanos que lhe dirão<br />

que esta reivindicação não tem<br />

base nenhuma no Alcorão: não só<br />

isso, mas o texto <strong>de</strong> fundação <strong>do</strong> islã,<br />

na realida<strong>de</strong>, reconhece a ligação<br />

especial entre os ju<strong>de</strong>us e a Terra <strong>de</strong><br />

Israel. "Você achará muito claramente",<br />

diz o xeque dr. Muhammad Al-<br />

Husseini, "que os comentaristas tradicionais<br />

<strong>do</strong> oitavo e nono séculos<br />

para a frente interpretaram o Alcorão<br />

uniformemente para dizer que Eretz<br />

Yisrael explicitamente foi <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />

por D-us para os ju<strong>de</strong>us como um<br />

pacto perpétuo. Não existe nenhuma<br />

contra-argumentação islâmica em<br />

qualquer lugar para a Terra no corpo<br />

tradicional <strong>do</strong> comentário".<br />

O dr. Al-Husseini é um imã britânico<br />

que leciona um curso <strong>de</strong> Alcorão como<br />

parte <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> inter fé na Faculda<strong>de</strong><br />

Leo Baeck, a faculda<strong>de</strong> rabínica<br />

progressista em Finchley, no norte <strong>de</strong><br />

Londres. Um <strong>do</strong>s textos que ele ensinou<br />

é o seguinte verso no Alcorão (5:21):<br />

"Ó meu povo! Entre na Terra Santa que<br />

D-us <strong>de</strong>cretou para você, e volte atrás<br />

em seus calcanhares, <strong>de</strong> outra forma<br />

será transforma<strong>do</strong> em per<strong>de</strong><strong>do</strong>r".<br />

Ele examina esta passagem pelos<br />

olhos <strong>de</strong> um comentarista clássico <strong>do</strong><br />

Alcorão, Muhammad ibn Jarir al-Tabari<br />

(838-923), que diz que a observação é<br />

"uma narrativa <strong>de</strong> D-us… relativa à <strong>de</strong>claração<br />

<strong>de</strong> Moisés… para sua comunida<strong>de</strong><br />

entre os filhos <strong>de</strong> Israel e sua<br />

or<strong>de</strong>m para que eles <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> D-us a ele, or<strong>de</strong>nan<strong>do</strong><br />

que eles entrassem na terra santa".<br />

Al-Tabari, diz o dr. Al-Husseni, é o<br />

"nosso Rashi", o funda<strong>do</strong>r da tafsir,<br />

"a ciência da exegese" - a palavra árabe<br />

é semelhante a pesher, em hebraico<br />

para a interpretação. "Uma das<br />

regras fundamentais da exegese islâmica<br />

pela qual a sabe<strong>do</strong>ria islâmica<br />

é ligada à autorida<strong>de</strong> para interpretar<br />

mentiras nas mãos <strong>do</strong> Profeta e <strong>do</strong>s<br />

Companheiros <strong>do</strong>s Profetas, só", ele<br />

diz. "Ninguém po<strong>de</strong> ir ao texto e livremente<br />

interpretá-lo aos seus próprios<br />

propósitos. Isto é realmente importante…<br />

porque se o Profeta, ou um <strong>do</strong>s Companheiros<br />

<strong>de</strong>le, <strong>de</strong>u uma interpretação,<br />

então nós estamos ata<strong>do</strong>s por isto".<br />

Da mesma maneira que você encontra<br />

no Talmu<strong>de</strong> que o rabino cita<br />

um provérbio em nome <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s<br />

seus professores, assim al-Tabari citará<br />

as interpretações anteriores, <strong>de</strong><br />

comentaristas orais, numa corrente<br />

in<strong>do</strong> trás <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s Companheiros <strong>do</strong><br />

Profeta Maomé, a última fonte <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong><br />

para aquela interpretação.<br />

Os comentaristas muçulmanos po<strong>de</strong>m<br />

discordar sobre exatamente on<strong>de</strong><br />

é a "Terra Santa" - um diz que é a área<br />

ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Monte Sinai, outro que é o<br />

Levante. Mas o que é importante, diz o<br />

dr. Al-Husseini, é que "eles estão apontan<strong>do</strong><br />

para a mesma área - não é o Egito,<br />

a Arábia Saudita ou o Iraque".<br />

"Terra Santa" em árabe é al-ard almuqaddasa,<br />

que está próximo <strong>do</strong> hebraico,<br />

eretz ko<strong>de</strong>sh e se refere a este<br />

pedaço <strong>de</strong> terra ao invés <strong>de</strong> outros locais<br />

sagra<strong>do</strong>s para os muçulmanos.<br />

"Durante a vida <strong>do</strong> Profeta, havia<br />

uma enorme ambição territorial em<br />

obter <strong>de</strong> volta Makka (Meca) <strong>do</strong>s<br />

Makkans", diz ele. Não havia nenhuma<br />

ambição territorial em reivindicar<br />

Jerusalém, Palestina.<br />

O que acontece durante a vida<br />

<strong>de</strong>le é que D-us quer aconteça para a<br />

comunida<strong>de</strong> muçulmana. Sua profecia<br />

e o seu objetivo eram a recupera-<br />

ção <strong>do</strong> local santo islâmico que é<br />

Makka. Se D-us tivesse <strong>de</strong>creta<strong>do</strong><br />

que o Seu Profeta <strong>de</strong>veria ter Jerusalém,<br />

então teria si<strong>do</strong> algo com que<br />

ele teria se preocupa<strong>do</strong> durante sua<br />

vida e ele conquistou toda a península<br />

arábica.<br />

"Nunca foi o caso durante o perío<strong>do</strong><br />

inicial <strong>do</strong> islã… que houvesse qualquer<br />

conexão sacer<strong>do</strong>tal em relação a<br />

Jerusalém como uma reivindicação territorial.<br />

Jerusalém é santa mas o Monte<br />

Sinai é mais santo. Sinai é menciona<strong>do</strong><br />

com muito mais frequência, e Jerusalém<br />

não é mencionada <strong>de</strong> fato através<br />

<strong>do</strong> nome." (Jerusalém é aludida na<br />

frase como "a mesquita distante").<br />

Um comentário <strong>de</strong> Al-Tabari também<br />

observa que a palavra "<strong>de</strong>cretou"<br />

- kataba em árabe, relacionada a katav,<br />

"escrito", em hebraico - tem as<br />

conotações <strong>de</strong> "or<strong>de</strong>nou": em outras<br />

palavras, colonizan<strong>do</strong> a terra foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

como uma mitzvá para os<br />

filhos <strong>de</strong> Israel. Al-Tabari também nota<br />

que o <strong>de</strong>creto é confirma<strong>do</strong> na al-lawh<br />

al-mahfuz, a tabela eternamente preservada"<br />

- uma referência para a idéia<br />

islâmica <strong>de</strong> que no céu existe uma<br />

cópia azul sagrada da qual as escrituras<br />

muçulmana, cristã e judaica emanam,<br />

consequentemente a aliança com<br />

o povo ju<strong>de</strong>u sobre Israel é perpétua.<br />

O dr. Al-Husseini - que dá ênfase<br />

e seu apoio a uma solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />

esta<strong>do</strong>s para o conflito israelensepalestino<br />

- aponta que há outros acadêmicos<br />

muçulmanos contemporâneos<br />

que chamam a atenção para<br />

esta tradição, como o professor Khaleel<br />

Mohammed, <strong>de</strong> San Diego e o<br />

xeque Abdul Hadi Palazzi, <strong>de</strong> Roma.<br />

Mas ele também observa que<br />

muitos muçulmanos não estão familiariza<strong>do</strong>s<br />

ou não conhecem o trabalho<br />

<strong>de</strong> al-Tabari porque em sua maior<br />

parte não foi traduzi<strong>do</strong> e é acessível<br />

somente para uma elite educada que<br />

enten<strong>de</strong> árabe. Contrastan<strong>do</strong>, os ensinamentos<br />

radicais <strong>do</strong> século 20 liga<strong>do</strong>s<br />

a grupos políticos como a Fra-<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

O que o Alcorão diz sobre a terra <strong>de</strong> Israel<br />

Escritura islâmica na verda<strong>de</strong> reconhece a ligação judaica com Israel, conta um imã britânico<br />

Simon Rocker *<br />

ternida<strong>de</strong> Muçulmana estão frequente<br />

e extensamente disponíveis em<br />

inglês. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que os militantes<br />

não po<strong>de</strong>m contradizer o prece<strong>de</strong>nte<br />

corânico da conexão judaica<br />

com a Terra <strong>de</strong> Israel, eles a<strong>do</strong>tam<br />

outra tática, diz o dr. Al-Husseini: eles<br />

argumentam que os ju<strong>de</strong>us são pessoas<br />

más que <strong>de</strong>vem "ser castigadas"<br />

- consequentemente se expan<strong>de</strong> o antissemitismo<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> muçulmano.<br />

"Mas nenhum fundamentalista,<br />

não importa quão duro ele tente<br />

ser", diz, po<strong>de</strong> "rejeitar a tradição<br />

existente para dizer que há, na realida<strong>de</strong>,<br />

uma contra-reclamação islâmica<br />

sobre Eretz Yisrael".<br />

Estudan<strong>do</strong> Estudan<strong>do</strong> o o islã islã numa<br />

numa<br />

colocação colocação judaica<br />

judaica<br />

A Faculda<strong>de</strong> Leo Baeck, a aca<strong>de</strong>mia<br />

progressista rabínica, esteve<br />

muito tempo na vanguarda <strong>do</strong> diálogo<br />

entre ju<strong>de</strong>us e membros <strong>de</strong> outras<br />

religiões. O diálogo entre as fés faz<br />

parte <strong>do</strong> treinamento rabínico.<br />

No outono passa<strong>do</strong> a faculda<strong>de</strong><br />

lançou um semanário, uma introdução<br />

<strong>de</strong> 10 partes para o estu<strong>do</strong> clássico<br />

<strong>do</strong> Alcorão, não só aberto para<br />

servir a rabinos e aprendizes, mas<br />

também para lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong><br />

ju<strong>de</strong>us. É ministra<strong>do</strong> pelo xeque dr.<br />

Muhammad Al-Husseini, um imã britânico<br />

treina<strong>do</strong> no Cairo, que cresceu<br />

em Hertfordshire com muitos colegas<br />

<strong>de</strong> escola ju<strong>de</strong>us - "eu estive mais em<br />

casamentos ju<strong>de</strong>us que muçulmanos!",<br />

disse ele.<br />

Comprometi<strong>do</strong> em <strong>de</strong>safiar o antissemitismo<br />

<strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong><br />

muçulmana, ele é entusiasma<strong>do</strong> em<br />

<strong>de</strong>monstrar "o DNA comum que existe<br />

entre o Judaísmo e o Islã".<br />

Seu curso faz parte <strong>de</strong> um projeto<br />

maior da Leo Baeck, Escrituras em<br />

Diálogo, para encorajar o estu<strong>do</strong> acadêmico<br />

compara<strong>do</strong> <strong>do</strong>s textos ju<strong>de</strong>us,<br />

muçulmanos e cristãos. Po<strong>de</strong>-se fazer<br />

o <strong>do</strong>wnload das aulas e conferências<br />

<strong>de</strong>le, além <strong>de</strong> outros recursos em<br />

www.scripturesindialogue.org<br />

Atenta<strong>do</strong> contra Embaixada <strong>de</strong> Israel completa 17 anos<br />

O governo argentino manifestou seu compromisso<br />

com a investigação <strong>do</strong> atenta<strong>do</strong> terrorista<br />

que há 17 anos <strong>de</strong>struiu a Embaixada <strong>de</strong> Israel<br />

em Buenos Aires, <strong>de</strong>pois que sobreviventes<br />

<strong>do</strong> ataque acusaram o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> "cumplicida<strong>de</strong>".<br />

Em um ato na praça on<strong>de</strong> se encontrava a<br />

se<strong>de</strong> diplomática <strong>de</strong>struída, o chanceler argentino,<br />

Jorge Taiana, disse que a busca <strong>de</strong><br />

justiça é "irrenunciável" para o governo e assegurou<br />

que trabalhará "intensamente" para<br />

prevenir o terrorismo.<br />

Ante a ausência da presi<strong>de</strong>nte argentina, Cristina<br />

Fernán<strong>de</strong>z, o chanceler foi a mais alta autorida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> governo presente ao ato em que, como<br />

to<strong>do</strong>s os anos, se fez uma homenagem aos 29<br />

mortos e 350 feri<strong>do</strong>s que o atenta<strong>do</strong> causou.<br />

"Nenhum motivo político, i<strong>de</strong>ológico<br />

ou religioso po<strong>de</strong>rá justificar jamais ataques<br />

terroristas <strong>de</strong>sta natureza, que são<br />

produto <strong>do</strong> ódio, da intolerância e da irracionalida<strong>de</strong>",<br />

<strong>de</strong>stacou o ministro das Relações<br />

Exteriores.<br />

Ele reiterou que o ataque foi "contra to<strong>do</strong><br />

o povo argentino" e enfatizou que o Governo<br />

não renunciará ao seu empenho em "castigar<br />

com toda a força da lei àqueles que planejaram,<br />

instigaram e executaram" o atenta<strong>do</strong>,<br />

ocorri<strong>do</strong> em 17 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1992.<br />

Taiana sustentou que o governo compartilha<br />

"da <strong>do</strong>r e da frustração" pela <strong>falta</strong> <strong>de</strong> esclarecimento<br />

<strong>do</strong> caso e expressou o compromisso<br />

<strong>do</strong> Executivo <strong>de</strong> "fazer tu<strong>do</strong> o que es-<br />

teja ao seu alcance para que a impunida<strong>de</strong> e<br />

o encobrimento não prevaleçam".<br />

Representan<strong>do</strong> os familiares das vítimas e<br />

<strong>do</strong>s sobreviventes, Nelly Durán pediu castigo<br />

para os culpa<strong>do</strong>s e a reativação <strong>de</strong> uma investigação<br />

que, lembrou, está em "ponto morto".<br />

"Com seu silêncio, o Esta<strong>do</strong> é cúmplice<br />

<strong>do</strong> assassinato e da barbárie. É hora <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

se fazer responsável por não ter garanti<strong>do</strong> a<br />

segurança para que não ocorresse o atenta<strong>do</strong>",<br />

<strong>de</strong>clarou a mulher.<br />

"Que interesses obscuros calaram a investigação?<br />

Que tipo <strong>de</strong> governo é o que põe seus<br />

interesses sobre o sangue <strong>do</strong> povo? Hoje se<br />

completam 17 anos <strong>do</strong> atenta<strong>do</strong> e nada mu<strong>do</strong>u.<br />

Estamos vazios, sós, <strong>de</strong>sampara<strong>do</strong>s e<br />

23<br />

* Simon Rocker é<br />

jornalista <strong>do</strong> The<br />

Jewish Chronicle,<br />

mas também<br />

colabora com os<br />

jornais The<br />

Guardian e The<br />

Times, <strong>de</strong><br />

Londres.<br />

Publica<strong>do</strong> em The<br />

Jewish Chronicle,<br />

dia 19 <strong>de</strong> março<br />

<strong>de</strong> 2009. O texto<br />

original encontrase<br />

em http://<br />

www.thejc.com/<br />

articles/whatkoran-saysabout-land-israel<br />

aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s pela socieda<strong>de</strong> e os Esta<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s",<br />

observou.<br />

A investigação <strong>do</strong> ataque contra a Embaixada<br />

<strong>de</strong> Israel foi levada a cabo pela Suprema<br />

Corte <strong>de</strong> Justiça, que não conseguiu avançar<br />

nem produzir maiores resulta<strong>do</strong>s.<br />

O atenta<strong>do</strong> à se<strong>de</strong> diplomática foi o primeiro<br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is contra alvos ju<strong>de</strong>us em Buenos<br />

Aires, on<strong>de</strong> em 18 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1994 um<br />

carro-bomba explodiu a Associação Mutual<br />

Israelita da Argentina (AMIA), com um sal<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> 85 mortos e 200 feri<strong>do</strong>s.<br />

A comunida<strong>de</strong> judaica da Argentina atribui<br />

ao Irã e ao grupo terrorista islâmico Hezbolá<br />

o planejamento e execução <strong>de</strong> ambos<br />

os atenta<strong>do</strong>s.


24<br />

Aristi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sousa<br />

Men<strong>de</strong>s<br />

Selo postal <strong>de</strong> Israel<br />

homenagean<strong>do</strong> Sousa<br />

Men<strong>de</strong>s<br />

VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />

Fundação Internacional Raoul Wallenberg<br />

Ren<strong>de</strong> tributo a Aristi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sousa Men<strong>de</strong>s<br />

Ele foi o cônsul português que aju<strong>do</strong>u a salvar 30 mil pessoas <strong>do</strong> nazismo<br />

ão só papéis. Vistos<br />

assina<strong>do</strong>s em setembro<br />

<strong>de</strong> 1940 por Aristi<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Sousa Men<strong>de</strong>s,<br />

cônsul <strong>de</strong> Portugal em<br />

Bor<strong>de</strong>aux, França, que permitiram<br />

salvar 30 mil pessoas. Fotos<br />

<strong>de</strong> refugia<strong>do</strong>s em Lisboa, com os<br />

olhos perdi<strong>do</strong>s. A or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dita<strong>do</strong>r<br />

Antonio <strong>de</strong> Oliveira Salazar, que o expulsou<br />

<strong>do</strong> serviço diplomático<br />

por <strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cêlo,<br />

e a con<strong>de</strong>nação a morrer<br />

na miséria. Papéis<br />

que testemunham <strong>do</strong>res<br />

e esperanças.<br />

Com a mostra <strong>do</strong>cumental<br />

"Vidas Salvas", a<br />

Embaixada <strong>de</strong> Portugal e<br />

a Fundação Internacional<br />

Raoul Wallenberg ren<strong>de</strong>m<br />

homenagem a um<br />

<strong>do</strong>s muitos homens que,<br />

ilumina<strong>do</strong>s pela coragem,<br />

resgataram milhares<br />

<strong>de</strong> pessoas durante a<br />

Segunda Guerra Mundial.<br />

A exposição po<strong>de</strong><br />

ser visitada <strong>de</strong> segunda<br />

a sexta-feira até 10 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong>ste ano na Rua<br />

Maipú 942, 17º, em Buenos<br />

Aires, Argentina, das<br />

9h30 às 12h30 e das<br />

14h30 às 17h.<br />

Os fac-símiles expostos<br />

não conseguem<br />

contar toda a façanha <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Sousa Men<strong>de</strong>s, nasci<strong>do</strong> em 1885<br />

no povoa<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cabanas <strong>de</strong> Viriato,<br />

no norte <strong>de</strong> Portugal. Mas explicam<br />

por que um aristocrata católico, conserva<strong>do</strong>r,<br />

anti-republicano e monarquista,<br />

<strong>de</strong>cidiu rebelar-se e enfrentar<br />

as consequências. Cursou diplo-<br />

macia na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra.<br />

Na ex-Guiana Britânica, Zanzíbar,<br />

Brasil, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Espanha e<br />

Bélgica foram nascen<strong>do</strong> os 14 filhos<br />

que teve com sua esposa Angelina.<br />

A A guerra guerra<br />

guerra<br />

Estava distante <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar o obscuro<br />

<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> cônsul geral em Bor<strong>de</strong>aux,<br />

para on<strong>de</strong> o enviou Salazar em<br />

1938. Em setembro <strong>de</strong> 1939, esse porto<br />

<strong>do</strong> sul da França se tornou um lugar<br />

perigoso. A guerra tinha começa<strong>do</strong>,<br />

e Sousa Men<strong>de</strong>s enviou seus filhos<br />

a Portugal; com ele e sua esposa<br />

só ficaram Pedro Nuno e José, os<br />

maiores. A seu escritório começaram<br />

a se aproximar os primeiros refugia<strong>do</strong>s.<br />

A or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Salazar era estrita:<br />

em nome da neutralida<strong>de</strong> e alinha<strong>do</strong><br />

com seu vizinho, o generalíssimo<br />

Franco, não <strong>de</strong>viam ser emiti<strong>do</strong>s vistos<br />

a ju<strong>de</strong>us nem a outras pessoas que<br />

não pu<strong>de</strong>ssem voltar à sua pátria.<br />

Para os que não podiam custear<br />

uma passagem <strong>de</strong> navio <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>aux,<br />

a alternativa era Portugal, já<br />

que os guardas espanhóis permitiam<br />

a passagem com visto <strong>de</strong>sse país. Sousa<br />

Men<strong>de</strong>s permitiu-se a algumas <strong>de</strong>sobediências,<br />

que foram observadas<br />

pela polícia portuguesa <strong>de</strong> fronteiras.<br />

Em maio, ante o avanço <strong>do</strong>s alemães,<br />

o consula<strong>do</strong> se viu cerca<strong>do</strong><br />

por milhares <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespera<strong>do</strong>s. Oficiais<br />

austríacos, poloneses e tchecos.<br />

Franceses, belgas e luxemburgueses<br />

antinazistas. Intelectuais,<br />

artistas e jornalistas que tinham <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong><br />

o fascismo. Milhares <strong>de</strong><br />

ju<strong>de</strong>us que, se fossem pegos, seriam<br />

envia<strong>do</strong>s aos campos <strong>de</strong> extermínio.<br />

Entre eles estava o rabino Chaim Kruger<br />

com sua família, que o cônsul<br />

levou para viverem sua casa.<br />

Enviou centenas <strong>de</strong> telegramas<br />

pedin<strong>do</strong> autorização para emitir vistos.<br />

Em junho, na iminência <strong>do</strong> armistício<br />

franco-alemão, os solda<strong>do</strong>s<br />

ro<strong>de</strong>aram o consula<strong>do</strong>. O diplomata<br />

abriu as portas aos refugia<strong>do</strong>s. A<br />

resposta <strong>de</strong> Lisboa foi taxativa:<br />

nada <strong>de</strong> vistos.<br />

I<strong>do</strong>sos.Mulheres grávidas. Crianças<br />

cujos pais haviam morri<strong>do</strong> nas<br />

rotas <strong>de</strong> fuga sob as bombas alemãs.<br />

Milhares <strong>de</strong> pessoas famintas <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong><br />

no chão e nas escadas. Sousa<br />

Men<strong>de</strong>s ficou <strong>do</strong>ente. Ficou acama<strong>do</strong><br />

por três dias.<br />

Milhares Milhares <strong>de</strong> <strong>de</strong> vistos vistos<br />

vistos<br />

No quarto dia, em 16 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

1940, levantou-se e encarou a multidão:<br />

"Não posso permitir que morram.<br />

Muitos <strong>de</strong> vocês são ju<strong>de</strong>us, e nossa<br />

Constituição estabelece que nem a religião<br />

nem as crenças políticas po<strong>de</strong>m<br />

ser usadas como pretexto para recusar-lhes<br />

a permanência em Portugal".<br />

O cônsul armou uma "equipe"<br />

com seus filhos, seu secretário e o<br />

rabino. A maratona <strong>de</strong> vistos gratuitos<br />

durou três dias e incluiu a família<br />

imperial austríaca, os Habsburgo.<br />

Em 19 <strong>de</strong> junho, a Alemanha bombar<strong>de</strong>ou<br />

Bor<strong>de</strong>aux.<br />

Junto com a multidão aterrada que<br />

fugia para o Sul viajou Sousa Men<strong>de</strong>s.<br />

Em Toulouse autorizou o vice-cônsul a<br />

selar os passaportes. Em Bayona assinou<br />

mais vistos. Enquanto Salazar enviava<br />

funcionários para <strong>de</strong>tê-lo, o cônsul<br />

continuou assinan<strong>do</strong> seu nome em<br />

Biarritz e em Hendaya, já na fronteira e<br />

até sobre a ponte. Colocava a garantia<br />

mágica em qualquer <strong>do</strong>cumento e inclusive<br />

em pedaços <strong>de</strong> papel jornal. Em<br />

23 <strong>de</strong> junho o pren<strong>de</strong>ram.<br />

O dita<strong>do</strong>r recolheu a gratidão <strong>do</strong>s<br />

refugia<strong>do</strong>s, manteve as fronteiras<br />

abertas - pela rota traçada por Sousa<br />

Men<strong>de</strong>s escapou um milhão <strong>de</strong> pessoas,<br />

- mas or<strong>de</strong>nou que ele fosse julga<strong>do</strong>.<br />

Às convicções católicas <strong>do</strong> cônsul,<br />

o conselho disciplinar opôs as violações<br />

das normas. Sousa Men<strong>de</strong>s foi<br />

<strong>de</strong>stituí<strong>do</strong>. Seu nome, proibi<strong>do</strong> durante<br />

décadas.<br />

Não houve trabalho para os filhos.<br />

A família começou a comer com os<br />

refugia<strong>do</strong>s na Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ajuda ao<br />

Imigrante Hebreu (HIAS). Retira<strong>do</strong> em<br />

Cabanas <strong>de</strong> Viriato, Sousa Men<strong>de</strong>s<br />

sofreu uma hemiplegia (paralisação<br />

parcial). Em 1948 morreu Angelina. A<br />

HIAS retirou <strong>do</strong> país um <strong>de</strong> seus filhos.<br />

Após a morte <strong>do</strong> diplomata, o<br />

casarão da família foi leiloa<strong>do</strong>. To<strong>do</strong>s<br />

os móveis tinham si<strong>do</strong> vendi<strong>do</strong>s; as<br />

portas, convertidas em lenha.<br />

Em 1987, o presi<strong>de</strong>nte Mario<br />

Soares pediu publicamente perdão<br />

aos seus familiares. Os 10 mil ju<strong>de</strong>us<br />

que lhe <strong>de</strong>viam a vida não tinham<br />

se esqueci<strong>do</strong>. O monumento<br />

ergui<strong>do</strong> em frente à sua casa resume<br />

seu espírito: "Prefiro estar com<br />

D-us e contra os homens, que com<br />

os homens e contra D-us".<br />

A Fundação Internacional Raoul<br />

Wallenberg celebrou o 120º aniversário<br />

<strong>de</strong> nascimento <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Sousa Men<strong>de</strong>s, promoven<strong>do</strong> um evento<br />

para comemorar as ações heróicas<br />

<strong>do</strong> diplomata. A senhora Sheila Fleischhacker<br />

Abranches, neta <strong>de</strong> Sousa<br />

Men<strong>de</strong>s, representou a família Sousa<br />

Men<strong>de</strong>s no evento. O Museu da Herança<br />

<strong>Judaica</strong> foi o lugar escolhi<strong>do</strong><br />

para a comemoração. Lá foram exibi<strong>do</strong>s<br />

o livro <strong>de</strong> registro utiliza<strong>do</strong> por<br />

Sousa Men<strong>de</strong>s para os milhares <strong>de</strong><br />

vistos expedi<strong>do</strong>s e a caneta que usou<br />

para inscrever aqueles nomes.

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