Negação do Holocausto e falta de ética jornalística - Visão Judaica
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2<br />
editorial<br />
VISÃO JUDAICA • abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
Publicação mensal in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />
EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />
JUDAICA LTDA.<br />
Redação, Administração e Publicida<strong>de</strong><br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
Curitiba • PR • Brasil<br />
Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />
Dir. <strong>de</strong> Operações e Marketing<br />
SHEILLA FIGLARZ<br />
Dir. Administrativa e Financeira<br />
HANA KLEINER<br />
Diretor <strong>de</strong> Redação<br />
SZYJA B. LORBER<br />
Publicida<strong>de</strong><br />
DEBORAH FIGLARZ<br />
Arte e Diagramação<br />
SONIA OLESKOVICZ<br />
Webmaster<br />
RAFFAEL FIGLARZ<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Antônio Carlos Coelho, Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi,<br />
Breno Lerner, Daniel Pipes, David Horovitz,<br />
Heitor <strong>de</strong> Paola, Jane Bichmacher <strong>de</strong> Glasman,<br />
Martha Wolff, Petra Marquardt-Bigman, Pilar<br />
Rahola, Sérgio Feldman, Simon Rocker, Uzi<br />
Mahnaimi, Yossi Groisseoign e Yossi Melman.<br />
<strong>Negação</strong> <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> e <strong>falta</strong> <strong>de</strong> <strong>ética</strong> <strong>jornalística</strong><br />
rimeiro foi o bispo inglês Richard<br />
Williamson, um excomunga<strong>do</strong><br />
que recebera o perdão<br />
<strong>do</strong> Papa Bento XVI. Semanas<br />
antes, em entrevista a um<br />
canal <strong>de</strong> TV da Suécia, sua reverendíssima<br />
com a maior "cara-<strong>de</strong>-pau"<br />
negou o <strong>Holocausto</strong> e a existência das<br />
câmaras <strong>de</strong> gás nos campos <strong>de</strong> morte<br />
nazistas. Causou um rebuliço internacional<br />
e, primeiro disse que não se<br />
retratava, mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> chama<strong>do</strong> às<br />
falas pelo Vaticano, que ameaçou<br />
cancelar o perdão, pediu <strong>de</strong>sculpas a<br />
quem se sentiu ofendi<strong>do</strong> por suas palavras,<br />
mas não voltou atrás. Disse<br />
que precisava pesquisar e que isso ia<br />
<strong>de</strong>morar. Como conseqüência, foi expulso<br />
da Argentina,<br />
on<strong>de</strong> dirigia<br />
um seminário<br />
teológico.<br />
Em seguida,<br />
foi a<br />
vez <strong>do</strong> ar-<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilida<strong>de</strong> sobre<br />
o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s artigos, notas, opiniões ou<br />
comentários publica<strong>do</strong>s, sejam <strong>de</strong> terceiros<br />
(mencionan<strong>do</strong> a fonte) ou próprios e assina<strong>do</strong>s<br />
pelos autores. O fato <strong>de</strong> publicá-los não indica<br />
que o VJ esteja <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com alguns<br />
<strong>do</strong>s conceitos ou <strong>do</strong>s temas.<br />
Contém termos sagra<strong>do</strong>s, por isso trate<br />
com respeito esta publicação.<br />
www.visaojudaica.com.br<br />
Este jornal é um veículo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
da Comunida<strong>de</strong> Israelita <strong>do</strong> Paraná<br />
cebispo<br />
brasileiro<br />
Nossa capa<br />
<strong>de</strong> Olinda e Recife, D. José Car<strong>do</strong>so<br />
Sobrinho. No meio <strong>de</strong> um rumoroso<br />
caso da menina <strong>de</strong> nove anos<br />
<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, estuprada pelo padrasto,<br />
que a engravi<strong>do</strong>u <strong>de</strong> gêmeos, e<br />
teve que passar por aborto, pois<br />
sua vida estava em perigo, causan<strong>do</strong><br />
assim a reação <strong>do</strong> prela<strong>do</strong> nor<strong>de</strong>stino.<br />
Ele excomungou os médicos<br />
e a mãe da menina, mas não o<br />
agressor! Não parou aí. Em entrevista<br />
à revista Veja, ele afirmou a<br />
certa altura: "Quero lembrar o que<br />
aconteceu na II Guerra Mundial.<br />
Hitler, aquele dita<strong>do</strong>r, queria eliminar<br />
o povo judaico e dizem que ele<br />
chegou a matar 6 milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us".<br />
Como assim, cara-pálida "dizem<br />
que chegou a matar?". Em outras<br />
palavras, esse arcebispo também<br />
não crê na morte <strong>de</strong> 6 milhões<br />
<strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us, já que utilizou a expressão<br />
"dizem que..."<br />
E para confrontar o Nor<strong>de</strong>ste, o Sul<br />
não po<strong>de</strong>ria ficar atrás. O arcebispo<br />
<strong>de</strong> Porto Alegre, Da<strong>de</strong>us Grings, que<br />
na década <strong>de</strong> 90 já criara caso ao afirmar<br />
que só morreram no <strong>Holocausto</strong><br />
A capa reproduz a obra <strong>de</strong> arte cujo título<br />
é: "Escriba", elaborada com a técnica<br />
óleo sobre tela e dimensões <strong>de</strong> 70<br />
x 50 cm (acervo <strong>do</strong> dr. Jaime Osna),<br />
criação <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi.<br />
O autor nasceu em Bucareste, Romênia,<br />
é arquiteto e artista plástico, e vive<br />
em Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978. Já <strong>de</strong>senvolveu<br />
trabalhos em várias técnicas, <strong>de</strong>ntre<br />
elas pintura, gravura e tapeçaria.<br />
Recebeu premiações por seus trabalhos<br />
no Brasil e nos EUA. Suas obras estão<br />
espalhadas por vários países e tem<br />
no judaísmo, uma das principais fontes<br />
<strong>de</strong> inspiração. É o autor das capas<br />
<strong>do</strong> jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. (Para conhecer<br />
mais sobre ele, visite o site<br />
www.bro<strong>de</strong>schi.com.br).<br />
ACENDIMENTO DAS VELAS<br />
EM CURITIBA<br />
abril /maio <strong>de</strong> 2009<br />
Shabat<br />
DATA HORA<br />
24 / 4<br />
1º / 5<br />
8 / 5<br />
15 / 5<br />
22 / 5<br />
17h34<br />
17h29<br />
17h24<br />
17h20<br />
17h17<br />
Datas importantes<br />
25 <strong>de</strong> abril<br />
28 <strong>de</strong> abril<br />
29 <strong>de</strong> abril<br />
2 <strong>de</strong> maio<br />
9 <strong>de</strong> maio<br />
12 <strong>de</strong> maio<br />
16 <strong>de</strong> maio<br />
22 <strong>de</strong> maio<br />
23 <strong>de</strong> maio<br />
um milhão <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us, e tornou a publicar<br />
isso em artigo em 2003, voltou<br />
à carga ao afirmar à revista Press &<br />
Advertising, que os católicos e ciganos<br />
foram mais sacrifica<strong>do</strong>s que os<br />
ju<strong>de</strong>us na II Guerra Mundial, "mas isso<br />
não aparece porque os ju<strong>de</strong>us têm a<br />
propaganda <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>". A Fe<strong>de</strong>ração<br />
Israelita <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul divulgou<br />
nota repudian<strong>do</strong> as <strong>de</strong>clarações.<br />
Depois, em entrevista ao jornal Zero<br />
Hora, Grings tentou mitigar e o caso<br />
acabou no Ministério Público, <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />
o arcebispo e a Fe<strong>de</strong>ração Israelita<br />
saíram reafirman<strong>do</strong> a importância e<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> diálogo interreligioso<br />
e da ampla liberda<strong>de</strong> e respeito<br />
entre to<strong>do</strong>s os grupos. Será mera<br />
coincidência to<strong>do</strong>s esses episódios <strong>de</strong><br />
negação <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> por religiosos<br />
da Igreja Católica? Ou há algo mais?<br />
Questão a observar.<br />
Mudan<strong>do</strong> <strong>de</strong> assunto, agora é oficial.<br />
As <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> que solda<strong>do</strong>s israelenses<br />
mataram civis sob as or<strong>de</strong>ns<br />
<strong>de</strong> oficiais foram comprovadas<br />
como inexistentes, mentirosas e fraudulentas.<br />
Não foi possível encontrar<br />
Humor Judaico<br />
ninguém que confirmasse. E no momento<br />
que acharam uma das civis "assassinadas"<br />
viva, e não foi levantada<br />
prova alguma <strong>do</strong> que foi publica<strong>do</strong><br />
num jornal israelense <strong>de</strong> esquerda, o<br />
Haaretz, e que virou, lamentavelmente<br />
"prato cheio" da imprensa internacional,<br />
especialmente a que costuma<br />
<strong>de</strong>tratar Israel, a investigação foi concluída<br />
e as <strong>de</strong>núncias consi<strong>de</strong>radas<br />
falsas. Mas isso, a mídia <strong>de</strong>nunciante<br />
não se preocupou em relatar.<br />
Não é a primeira vez que acontece.<br />
O correspon<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> canal France<br />
2 em Israel, Charles En<strong>de</strong>rlin, não<br />
foi para a ca<strong>de</strong>ia por ter en<strong>do</strong>ssa<strong>do</strong> a<br />
fabricação <strong>de</strong> um cinegrafista <strong>de</strong> Gaza<br />
(o "assassinato" <strong>de</strong> Mohammed Al-<br />
Dura por parte <strong>do</strong> exército israelense).<br />
En<strong>de</strong>rlin divulgou a informação<br />
falsa por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, com "indignação<br />
moral" e causou várias mortes.<br />
O mesmo acontece agora em relação<br />
a Danny Zamir e os jornalistas <strong>do</strong> Haaretz,<br />
que certamente também não<br />
irão para a ca<strong>de</strong>ia apesar <strong>de</strong> tamanha<br />
irresponsabilida<strong>de</strong> e <strong>falta</strong> <strong>de</strong> <strong>ética</strong><br />
<strong>jornalística</strong>.<br />
A Redação<br />
PRIMEIRO PRIMEIRO DIA DIA NA NA ESCOLA ESCOLA JUDAICA<br />
JUDAICA<br />
Uma jovem mãe judia levou seu filho ao ônibus<br />
escolar que o transportaria ao jardim <strong>de</strong><br />
infância, no seu primeiro dia.<br />
- "Se comporte bem, meu bubaleh" (expressão<br />
carinhosa em iídiche para queridinho) - disse<br />
ela.<br />
- "Tenha cuida<strong>do</strong> e pense na sua mamãe,"<br />
tateleh! (papaizinho)<br />
Ela continua...<br />
- "Venha direto para casa no ônibus, mein<br />
scheine kindaleh!" (minha linda criança)<br />
- Mamãe gosta muito <strong>de</strong> você, meu ketsaleh!"<br />
(gatinho)<br />
- "Até logo, meu ingaleh!" (meninho)<br />
No final <strong>do</strong> dia, chega o ônibus,<br />
ela corre para abraçá-lo.<br />
- "O que foi que o meu pupaleh<br />
(bonequinho) apren<strong>de</strong>u no seu primeiro<br />
dia <strong>de</strong> escola?", perguntou a mãe.<br />
Shabat / Tazria Metsorá<br />
A criança respon<strong>de</strong>u: "Aprendi que<br />
meu nome é David".<br />
Iom Hazikaron<br />
Iom Haatzmaut<br />
Shabat Acharê Ke<strong>do</strong>shim<br />
Pêssach Sheni / Shabat Emor<br />
Falecimento<br />
Lag Baomer<br />
Shabat Behar Bechucitai<br />
Marcos Salomão Axelrud, dia 22/<br />
3/2009 (26 <strong>de</strong> Adar <strong>de</strong> 5769), em<br />
Iom Ierushalaim<br />
Curitiba. Sepulta<strong>do</strong> no Cemitério Is-<br />
Shabat Bamidbar<br />
raelita <strong>de</strong> S. Cândida, dia 23/3/2009.
Sérgio Feldman *<br />
enta<strong>do</strong> na minha sala<br />
<strong>de</strong> trabalho eu vejo<br />
uma moldura modulada<br />
em mosaico e <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong>la estão duas fotos<br />
muito significativas:<br />
uma tirada em Jerusalém e outra em<br />
Tole<strong>do</strong>. Não é por acaso que se trata<br />
<strong>de</strong> duas das cida<strong>de</strong>s que mais amo e<br />
que têm significa<strong>do</strong> místico para<br />
mim. Casualida<strong>de</strong> ou não, eu moro<br />
em Vitória (ES) e meu prédio é o Edifício<br />
Tole<strong>do</strong>. Já escrevi um artigo nesta<br />
coluna em 2006 que se <strong>de</strong>nominava<br />
"Tole<strong>do</strong> e Cór<strong>do</strong>ba" e que exaltava<br />
as glórias e a especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sefarad<br />
(Espanha e <strong>de</strong> maneira específica<br />
Espanha medieval). Em março <strong>de</strong><br />
2008 <strong>de</strong>screvi num artigo uma caminhada<br />
que fiz pelas "calles <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong>"<br />
em 1981.<br />
Minha pesquisa acadêmica atual<br />
versa sobre Sefarad. Como <strong>de</strong>vem saber<br />
parte <strong>do</strong>s leitores eu sou ashkenazi,<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us da Europa<br />
Oriental (Rússia e Tchecoslováquia).<br />
Um puro exemplar <strong>de</strong> "poilish"<br />
(ju<strong>de</strong>u polonês), mesmo sem ter nenhum<br />
ancestral direto nasci<strong>do</strong> na Polônia,<br />
mas sen<strong>do</strong> completamente <strong>de</strong><br />
cultura judaica "idish" da região <strong>do</strong><br />
antigo reino polonês. Nasci ouvin<strong>do</strong><br />
idish e um pouco <strong>de</strong> hebraico. Comi<br />
comidas judaicas <strong>de</strong> estilo Europa<br />
Oriental e ouvi rezas em que se falava<br />
"Boruch Oto" (maneira <strong>de</strong> pronunciar<br />
o hebraico das orações à moda <strong>do</strong><br />
idish). Não tenho nada <strong>de</strong> Sefarad.<br />
A<strong>do</strong>ro Sefarad. No meu estu<strong>do</strong> tenho<br />
<strong>de</strong>scoberto muita coisa que relembra<br />
este amor <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us por Sefarad<br />
e muitas tristes lembranças.<br />
Uma <strong>de</strong>las é o que fazer em tempos<br />
<strong>de</strong> crise? Hoje, nos vivemos em tempo<br />
<strong>de</strong> crise, seja ela uma crise econômica<br />
e que ameaça nossa estabilida<strong>de</strong>.<br />
O que po<strong>de</strong>mos apreen<strong>de</strong>r e<br />
apren<strong>de</strong>r da história <strong>de</strong> Sefarad? Qual<br />
teria si<strong>do</strong> a crise ou quais teriam si<strong>do</strong><br />
as crises que os ju<strong>de</strong>us sefaradim<br />
passaram nos séculos XI a XV?<br />
Inicialmente os ju<strong>de</strong>us viviam<br />
sob o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s muçulmanos: eram<br />
bem trata<strong>do</strong>s e respeita<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
certos limites. Foi a época <strong>do</strong> Califa<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Cór<strong>do</strong>ba que se acabou em<br />
1031. Eram tolera<strong>do</strong>s e mantinham<br />
suas comunida<strong>de</strong>s sob um governo<br />
autônomo. Estávamos no século XI<br />
quan<strong>do</strong> Tole<strong>do</strong> foi tomada pelo rei<br />
cristão <strong>de</strong> Castela: isto foi em 1085.<br />
Estávamos na época das Cruzadas e<br />
a vida <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us não era confortável<br />
no resto da Europa Oci<strong>de</strong>ntal.<br />
Ocorriam massacres <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us na<br />
França e na Alemanha em 1096 e nos<br />
anos seguintes. O mesmo se daria<br />
um pouco <strong>de</strong>pois na Inglaterra. Muito<br />
rancor e ódio contra os ju<strong>de</strong>us<br />
grassavam na Europa cristã. Os ju-<br />
Tole<strong>do</strong> e Jerusalém<br />
<strong>de</strong>us recearam, quan<strong>do</strong> Tole<strong>do</strong> foi<br />
tomada, mas não houve problemas<br />
com eles. Os reis cristãos precisavam<br />
<strong>de</strong>les. Foram aproveita<strong>do</strong>s na<br />
administração e na cobrança <strong>de</strong> impostos.<br />
Mas <strong>do</strong> la<strong>do</strong> oposto da fronteira<br />
as coisas mudaram. Os muçulmanos<br />
começaram a não ser mais<br />
tolerantes e a situação se alterou no<br />
sul da Península Ibérica. Reinos cristãos<br />
protegiam os ju<strong>de</strong>us e os reinos<br />
muçulmanos <strong>de</strong>ixavam <strong>de</strong> tratar<br />
bem e passaram a discriminar. Tu<strong>do</strong><br />
que era sóli<strong>do</strong> estava se <strong>de</strong>smanchan<strong>do</strong><br />
no ar. Uma era se findava e<br />
os ju<strong>de</strong>us ficaram <strong>de</strong>sorienta<strong>do</strong>s.<br />
A primeira crise<br />
veio quan<strong>do</strong> os exércitos<br />
<strong>do</strong>s reinos cristãos<br />
avançaram sobre<br />
os reinos que suce<strong>de</strong>ram<br />
o Califa<strong>do</strong>, aquilo<br />
que se <strong>de</strong>nomina<br />
Andaluzia, e que hoje<br />
seria a parte sul da<br />
Espanha. Os conquista<strong>do</strong>res<br />
cristãos fizeram<br />
com que os muçulmanos<br />
que <strong>do</strong>minavam<br />
essa região da<br />
Andaluzia, se tornas-<br />
sem radicais. Os governantesmuçulmanos<br />
resolveram con-<br />
Maimôni<strong>de</strong>s<br />
verter a força os seus súditos ju<strong>de</strong>us<br />
e cristãos. Duas dinastias <strong>de</strong> origem<br />
marroquina surgem: os almorávidas<br />
e os almoa<strong>de</strong>s. Os não muçulmanos<br />
são intimida<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>vem optar entre<br />
a conversão ou a morte. Os que po<strong>de</strong>m<br />
optam por uma terceira escolha:<br />
migram para o norte cristão ou para<br />
outros locais sob o islã que fossem<br />
mais tolerantes. A solução encontrada<br />
foi imigrar, ou se tornar criptoju<strong>de</strong>us,<br />
o que significa seguir ju<strong>de</strong>us às<br />
escondidas. Ambas eram saídas<br />
apontadas pelo mais conheci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
refugia<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong>. O rabi Moisés<br />
(ou Moshé) ibn ou ben (filho)<br />
Maimon: o renoma<strong>do</strong> Maimôni<strong>de</strong>s.<br />
Ele admitiu que houvesse a<br />
opção <strong>de</strong> fingir se converter e<br />
tentar fugir <strong>de</strong>pois para um lugar<br />
seguro. A crise exigiu uma<br />
reflexão nova e a busca <strong>de</strong> uma<br />
saída. Muitos fugiram e se abrigaram<br />
nos reinos cristãos.<br />
A segunda crise veio nos reinos<br />
cristãos nos séculos XII e XIII.<br />
Os reis cristãos estavam dividi<strong>do</strong>s<br />
em vários reinos: Castela,<br />
Aragão e Portugal, entre outros.<br />
To<strong>do</strong>s os reis queriam os ju<strong>de</strong>us:<br />
eram excelentes administra<strong>do</strong>res<br />
e financistas. Ajudavam a estabelecer<br />
novas cida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>senvolviam<br />
o comércio e o artesanato.<br />
Seu papel na colonização<br />
<strong>de</strong> novas terras foi fundamental.<br />
Os reis os tinham como alia<strong>do</strong>s<br />
e auxiliares vitais. Ainda assim,<br />
não os viam como seres <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
direitos. A socieda<strong>de</strong> era muito<br />
influenciada pela discriminação:<br />
achavam os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>icidas, ou seja,<br />
assassinos <strong>de</strong> D-us, na figura <strong>de</strong> Jesus.<br />
E não admitiam que os ju<strong>de</strong>us circulassem<br />
na corte <strong>do</strong>s reis e tivessem<br />
tanta influência política e administrativa.<br />
Perguntavam-se: Como po<strong>de</strong>m<br />
infiéis que mataram Jesus ter tanto<br />
po<strong>de</strong>r? Consi<strong>de</strong>ravam um escândalo<br />
e uma profanação tal presença e tal<br />
influência. A pressão se acentuou entre<br />
os monges <strong>do</strong>minicanos e franciscanos.<br />
Estes <strong>do</strong>is grupos <strong>de</strong> religiosos<br />
cristãos começaram uma campanha<br />
<strong>de</strong> conversão <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us<br />
que se acentuou no<br />
século XIV. Leis restringiam<br />
a vida judaica e<br />
cercavam os ju<strong>de</strong>us em<br />
bairros separa<strong>do</strong>s num<br />
afã <strong>de</strong> convertê-los. O<br />
auge <strong>de</strong>ssa crise foi uma<br />
explosão iniciada em<br />
1391 na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sevilha.<br />
Um violento pogrom<br />
eclodiu e se espalhou<br />
por to<strong>do</strong>s os reinos peninsulares:<br />
Castela, Aragão,<br />
Navarra. Só o rei<br />
português conseguiu<br />
contê-lo e impedir as<br />
conversões em massa<br />
<strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us. Entre um e <strong>do</strong>is terços<br />
<strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us foi converti<strong>do</strong> em poucas<br />
semanas. Uma legião <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us se<br />
viu entre a espada e a cruz. Acharam<br />
que podiam seguir a sugestão <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s.<br />
Estavam surgin<strong>do</strong> os cristãos<br />
novos. A crise se revelava <strong>de</strong>sta<br />
vez cruel e sem saída: entre a conversão<br />
e a morte era preferível se tentar<br />
fazer uma conversão superficial e<br />
temporária. Erro crasso. Na Cristanda<strong>de</strong><br />
Medieval o sacramento não era<br />
passível <strong>de</strong> ser retroagi<strong>do</strong>, ou seja,<br />
quem se batiza mesmo contra a vonta<strong>de</strong><br />
não po<strong>de</strong> anular este sacramento.<br />
O Papa con<strong>de</strong>nou as conversões<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
forçadas e admitiu que eram contrárias<br />
às or<strong>de</strong>ns papais, mas não ousou<br />
<strong>de</strong>rrogá-las. Os batiza<strong>do</strong>s não tinham<br />
caminho <strong>de</strong> volta. Como agir diante<br />
<strong>de</strong>sta tragédia? Crise sem saída.<br />
A solução era complexa. Uns<br />
poucos optaram por fugir e esta proposta<br />
era difícil <strong>de</strong> ser executada.<br />
A maioria se conformou e assumiu<br />
a nova religião. Uma minoria pequena<br />
escolheu a resistência às escondidas.<br />
A realida<strong>de</strong> foi ainda mais trágica<br />
<strong>do</strong> que parecia.<br />
Os conversos que aceitaram a<br />
opção <strong>de</strong> se tornar cristãos, não tiveram<br />
vida fácil. Eram suspeitos <strong>de</strong><br />
ter uma vida dupla: ser cristãos na<br />
Igreja e na socieda<strong>de</strong> assumin<strong>do</strong> a<br />
conversão. Alguns ju<strong>de</strong>us ainda persistiam<br />
nos reinos cristãos entre<br />
1391 (a Gran<strong>de</strong> conversão) e o final<br />
da Reconquista cristã <strong>do</strong> último reino<br />
muçulmano. Os reis cristãos haviam<br />
unifica<strong>do</strong> <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s maiores reinos<br />
da península numa só Coroa<br />
Real: o Reino <strong>de</strong> Castela e o Reino<br />
<strong>de</strong> Aragão se tornavam o Reino da<br />
Espanha. Uni<strong>do</strong>s numa só Coroa concluíram<br />
a tomada <strong>do</strong> restante <strong>do</strong> território<br />
ainda ocupa<strong>do</strong>. A vitória cristã<br />
se <strong>de</strong>u com a tomada da última<br />
cida<strong>de</strong> sob o <strong>do</strong>mínio muçulmano:<br />
Granada. Era o ano <strong>de</strong> 1492. Neste<br />
mesmo ano os ju<strong>de</strong>us que ainda vivessem<br />
nos <strong>do</strong>is reinos unifica<strong>do</strong>s<br />
foram expulsos. Trágico final para<br />
uma marcante e criativa presença judaica<br />
<strong>de</strong> quase <strong>do</strong>is milênios. Só<br />
restaram os conversos e os seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
que foram terrivelmente<br />
persegui<strong>do</strong>s nas teias da tenebrosa Inquisição.<br />
Sefarad <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> existir na<br />
realida<strong>de</strong> para se tornar uma lembrança<br />
nostálgica e romântica <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> a tolerância se <strong>de</strong>ixou<br />
vencer pela discriminação, e o rico encontro<br />
entre ju<strong>de</strong>us, muçulmanos e<br />
cristãos foi substituí<strong>do</strong> pelo i<strong>de</strong>al cruzadista<br />
e pela intolerância religiosa.<br />
3<br />
* Sérgio Feldman é<br />
<strong>do</strong>utor em História pela<br />
UFPR e professor <strong>de</strong><br />
História Antiga e<br />
Medieval na<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>do</strong> Espírito Santo, em<br />
Vitória, e ex-professor<br />
adjunto <strong>de</strong> História<br />
Antiga <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong><br />
História da<br />
Universida<strong>de</strong> Tuiuti <strong>do</strong><br />
Paraná.
4<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
stava passean<strong>do</strong> por<br />
Katmandu, Nepal, uma<br />
sexta-feira ao anoitecer<br />
como parte <strong>de</strong> uma viagem<br />
<strong>de</strong> turismo que fiz<br />
também à Índia. Meu perambular<br />
me fazia parar nas apertadas lojas<br />
<strong>de</strong> bagatelas, tapetes <strong>de</strong> Cachemira,<br />
roupas <strong>de</strong> seda, telas bordadas,<br />
merca<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> metal e <strong>de</strong> couro,<br />
<strong>de</strong>uses <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e pedra, dragões,<br />
símbolos, postos <strong>de</strong> comidas típicas<br />
e restaurantes em suas sinuosas<br />
ruas. Deixei-me levar por essas ruas<br />
para observar seu movimento comercial<br />
e político refleti<strong>do</strong> em posters<br />
e em cartazes prega<strong>do</strong>s. A guerrilha<br />
convidava para uma greve geral<br />
para os próximos dias. Conflitos<br />
estudantis, prisão <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>les,<br />
e ameaça vermelha na região anunciavam<br />
um clima político hostil em<br />
meio da área comercial.<br />
Paço da<br />
Liberda<strong>de</strong> vira<br />
espaço cultural<br />
e contribui para<br />
revitalização <strong>de</strong><br />
Curitiba<br />
As armas da Torá e da Fé<br />
Martha Wolff *<br />
Caminhar por essas ruas era<br />
como estar ven<strong>do</strong> um filme sobre<br />
bairros chineses ilumina<strong>do</strong>s por<br />
lanternas <strong>de</strong> papel multicolori<strong>do</strong>. O<br />
costume <strong>de</strong> olhar para <strong>de</strong>scobrir as<br />
imediações, <strong>de</strong>ssa vez por algum<br />
raro anúncio, me fez olhar parta<br />
cima e ler um cartaz que dizia Chabad<br />
Lubavitch. Não podia acreditar,<br />
primeiro porque já começava o Shabat<br />
e segun<strong>do</strong> porque em meio a<br />
essa cida<strong>de</strong> não imaginei encontrar<br />
esse grupo religioso. Como estava<br />
com uma amiga que não era judia,<br />
pedi-lhe que me esperasse e entrei<br />
nesse edifício. Não havia luz, as<br />
pare<strong>de</strong>s estavam <strong>de</strong>scascadas, só<br />
havia uma escada e em cada frente<br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong>scanso tinha uma indicação<br />
que o Chabad estava no 3º andar.<br />
Tinha me<strong>do</strong> <strong>de</strong> seguir pela escuridão,<br />
mas minha curiosida<strong>de</strong> fez<br />
mais que o meu temor. Até que<br />
cheguei, a porta estava entreaber-<br />
ta e pela luz que filtrava pu<strong>de</strong> ver<br />
um orto<strong>do</strong>xo, com talit e kipá lavan<strong>do</strong><br />
as mãos. Bati à porta, e me<br />
convi<strong>do</strong>u a entrar, <strong>de</strong>sejamo-nos<br />
Shabat Shalom, expliquei-lhe <strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> era, que estava com uma amiga<br />
gentia, e disse-me que fosse buscá-la,<br />
que ambas estávamos convidadas<br />
a participar <strong>de</strong>ssa celebração.<br />
Esse Shabat em Katmandu foi<br />
lin<strong>do</strong> e também educativo para<br />
mim, porque me ensinou sobre o<br />
trabalho <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> que os<br />
Lubavitch fazem nos lugares mais<br />
insólitos, recônditos e perigosos <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>, para abrir a Casa <strong>do</strong>s Ju<strong>de</strong>us<br />
receben<strong>do</strong> estudantes, turistas,<br />
israelenses que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer<br />
a Tzavá, (o exercito) viajam pelo<br />
mun<strong>do</strong>. Uma espécie <strong>de</strong> lar ju<strong>de</strong>u<br />
na Diáspora.<br />
Oferecem-lhes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> teto a comida,<br />
ali tocam guitarra, cantam,<br />
<strong>de</strong>scansam e encontram um lar ju-<br />
daico para tu<strong>do</strong>. Convidaram-me<br />
para o dia seguinte para comer<br />
tscholent, mas tinha reservada uma<br />
excursão ao Himalaia.<br />
Este relato é para <strong>de</strong>monstrar o<br />
bom propósito com o que trabalham<br />
estes orto<strong>do</strong>xos nesses países<br />
e <strong>de</strong> portas abertas, até que<br />
ocorreu o episódio <strong>de</strong> Mumbai, lugar<br />
escolhi<strong>do</strong> pelos terroristas para<br />
atacar esse Beit Chabad chama<strong>do</strong><br />
Nariman House, on<strong>de</strong> as únicas armas<br />
que tinham eram a Torá e a Fé.<br />
Foram assassina<strong>do</strong>s um rabino<br />
e sua esposa junto com sete<br />
israelenses mais, e seu filho sobreviveu<br />
porque uma empregada<br />
<strong>do</strong>méstica hindu que cuidava <strong>de</strong>le<br />
o resgatou escapan<strong>do</strong> com ele.<br />
Assim, salvo <strong>do</strong> tsunami <strong>do</strong> terrorismo,<br />
talvez esse menino escolhi<strong>do</strong><br />
se torne no futuro um novo<br />
Moisés para salvar o mun<strong>do</strong> da<br />
escravidão <strong>do</strong> ódio racial.<br />
* Martha Wolff é jornalista escritora, conferencista internacional e dirigiu várias publicações culturais <strong>de</strong> intercâmbio argentino-israelenses. Escreve roteiros para televisão e teatro. Publicou 10<br />
livros, entre os quais "Inmigrantes judíos pioneros <strong>de</strong> la Argentina" e "Judíos Argentinos & judíos y argentinos". Há cinco anos tem um programa na Rádio Chai, <strong>de</strong> Buenos Aires, que se chama:<br />
"Mulheres em Ação". É colabora<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> site israelense <strong>de</strong> língua espanhola, Por Israel (www.porisrael.org), parceiro <strong>do</strong> jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
O prefeito Beto Richa entregou na<br />
noite <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> março, aniversário <strong>de</strong><br />
Curitiba, a reforma e restauro <strong>do</strong> prédio<br />
histórico <strong>do</strong> Paço Municipal, na<br />
praça Generoso Marques. O imóvel,<br />
restaura<strong>do</strong> em parceria da Prefeitura<br />
<strong>de</strong> Curitiba e a Fe<strong>de</strong>ração <strong>do</strong> Comércio<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná (Fecomércio),<br />
se tornou Centro Cultural SESC.<br />
Na recuperação <strong>do</strong> prédio foram<br />
investi<strong>do</strong>s R$ 7,6 milhões, que incluem<br />
restauração <strong>do</strong> imóvel e a recuperação<br />
<strong>do</strong> entorno das praças Generoso<br />
Marques e José Borges <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>. A<br />
Fecomércio contratou a empresa responsável<br />
pela recuperação <strong>do</strong> prédio.<br />
A Prefeitura recuperou calçadas<br />
e fontes, reformou as Arcadas <strong>do</strong> Pe-<br />
lourinho, implantou espelhos <strong>de</strong> água<br />
e iluminação cênica.<br />
O Paço Municipal terá café com<br />
piano, livraria <strong>de</strong> autores paranaenses,<br />
biblioteca <strong>de</strong> cultura, internet,<br />
sala <strong>de</strong> cinema, laboratório <strong>de</strong> arte<br />
eletrônica, estúdio <strong>de</strong> música, salão<br />
<strong>de</strong> atos e espetáculos e sala <strong>de</strong> exposições,<br />
sala <strong>de</strong> oficinas, entre outras<br />
atrações. Haverá atendimento em<br />
to<strong>do</strong>s os quatro pisos <strong>do</strong> prédio.<br />
Na entrada <strong>do</strong> prédio, ficarão bibliotecas,<br />
salas <strong>de</strong> leitura, recepção<br />
e setor <strong>de</strong> informação, on<strong>de</strong> haverá<br />
um café com piano. Os <strong>do</strong>is primeiros<br />
andares serão usa<strong>do</strong>s para salas <strong>de</strong><br />
cinema, atos e espetáculos, música,<br />
espaço <strong>de</strong> conferência e o museu <strong>do</strong><br />
Paço Municipal, com os móveis <strong>do</strong> gabinete<br />
<strong>do</strong> prefeito Cândi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Abreu.<br />
No último andar, ficará a sala <strong>de</strong> exposição.<br />
O centro funcionará <strong>de</strong> terça-feira<br />
a <strong>do</strong>mingo, das 9h às 22h.<br />
ARQUITETURA<br />
A reforma <strong>do</strong> Paço Municipal resgata<br />
a arquitetura <strong>do</strong> prédio. O Paço<br />
Municipal é um prédio <strong>de</strong> arquitetura<br />
ecl<strong>ética</strong>, com elementos "art-nouveau".<br />
Ocupan<strong>do</strong> uma área <strong>de</strong><br />
500m2, foi construí<strong>do</strong> sobre base <strong>de</strong><br />
concreto e blocos <strong>de</strong> cantaria, possuin<strong>do</strong><br />
planta retangular sobre cujos<br />
la<strong>do</strong>s menores se erguem duas fachadas.<br />
A principal, voltada para a pra-<br />
ça Generoso Marques e o jardim, <strong>de</strong>staca<br />
a torre quadrada, construída em<br />
alvenaria <strong>de</strong> tijolos em três pavimentos<br />
e cobertura em quatro águas.<br />
No campanário, em três faces da<br />
torre, há relógios movi<strong>do</strong>s eletricamente.<br />
Dois Hércules sustentam as colunas<br />
<strong>de</strong> granito Piraquara na porta<br />
<strong>de</strong> entrada <strong>do</strong> edifício e representam<br />
os po<strong>de</strong>res municipais - o Legislativo<br />
e o Executivo. O nicho existente logo<br />
acima sustenta uma figura feminina<br />
que representa a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba.<br />
Completam a ornamentação da torre,<br />
um escu<strong>do</strong> com as armas <strong>do</strong> município<br />
e a cabeça <strong>do</strong> leão, símbolos da<br />
força. No interior, escadas <strong>de</strong> peroba,<br />
portas e janelas <strong>de</strong> cedro seco.<br />
Em todas as fachadas, sacadas semicirculares<br />
representadas pelas<br />
marquises <strong>de</strong> ferro e vidro arama<strong>do</strong><br />
voltadas para a Praça Tira<strong>de</strong>ntes e<br />
pelo <strong>de</strong>senho das esquadrias <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />
e portas externas.<br />
Completan<strong>do</strong> o conjunto, a fonte<br />
<strong>de</strong> Maria Lata d'Água. O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque<br />
é a reprodução da escultura<br />
"Água pro Morro", datada <strong>de</strong> início<br />
<strong>do</strong>s anos 1940, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Erbo<br />
Stenzel, um <strong>do</strong>s mais importantes artistas<br />
plásticos <strong>do</strong> Paraná.<br />
HISTÓRIA<br />
O Paço Municipal foi projeta<strong>do</strong><br />
em 1912, durante a administração <strong>do</strong><br />
engenheiro civil Cândi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Abreu.<br />
O local escolhi<strong>do</strong> para a futura se<strong>de</strong><br />
da Prefeitura <strong>de</strong> Curitiba foi a atual<br />
praça Generoso Marques, on<strong>de</strong> existia<br />
o antigo merca<strong>do</strong> Municipal, que<br />
foi <strong>de</strong>moli<strong>do</strong>.<br />
Iniciada em 1914, a construção prosseguiu<br />
durante to<strong>do</strong> o ano <strong>de</strong> 1915. O<br />
prédio foi inaugura<strong>do</strong> em 24 <strong>de</strong> fevereiro<br />
<strong>de</strong> 1916. Oficialmente chama<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Paço da Liberda<strong>de</strong>, sediou a prefeitura<br />
<strong>de</strong> Curitiba até 1969, quan<strong>do</strong><br />
esta foi transferida para a nova e mo<strong>de</strong>rna<br />
se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Centro Cívico.<br />
Prefeitura entregou o Paço<br />
Municipal restaura<strong>do</strong><br />
Foto: Orlan<strong>do</strong> Kissner/SMCS
*Breno Lerner é<br />
editor e gourmand,<br />
especializa<strong>do</strong> em<br />
culinária judaica.<br />
Escreve para<br />
revistas, sites e<br />
jornais. Dá<br />
regularmente cursos<br />
e workshops. Tem<br />
três livros<br />
publica<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>is<br />
<strong>de</strong>les sobre culinária<br />
judaica.<br />
Pelo mun<strong>do</strong> afora<br />
* Breno Lerner<br />
Recentemente li a história <strong>do</strong> Vietnã e, em meio<br />
a mais <strong>de</strong> 600 páginas, três linhas falavam <strong>do</strong>s<br />
ju<strong>de</strong>us. Fiquei curioso e fui investigar a história e<br />
algumas receitas para os leitores <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
Os ju<strong>de</strong>us para lá foram juntamente com os<br />
franceses, no século XIX e a comunida<strong>de</strong> em toda<br />
In<strong>do</strong>china (Vietnã, Camboja e Laos) mal chegou a<br />
1.500 pessoas.<br />
Jules Rueff, um comerciante ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong> origem<br />
francesa teria si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s expoentes da<br />
comunida<strong>de</strong>, ten<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> ferrovias e<br />
companhias <strong>de</strong> navegação que muito facilitaram o<br />
comércio <strong>de</strong> produtos franceses na In<strong>do</strong>china e sua<br />
influência política local.<br />
Com as revoltas e a in<strong>de</strong>pendência em 1954, os<br />
franceses retiraram-se <strong>do</strong> país e aparentemente os<br />
1.500 ju<strong>de</strong>us também se foram. Uma curiosida<strong>de</strong><br />
sobre os ju<strong>de</strong>us <strong>do</strong> Vietnã é que, quan<strong>do</strong> da<br />
implantação <strong>do</strong> antissemita Estatuto <strong>do</strong>s Ju<strong>de</strong>us <strong>do</strong><br />
governo <strong>de</strong> Vichy, o mesmo não foi aceito pelas<br />
autorida<strong>de</strong>s vietnamitas e não vigorou no Vietnã,<br />
então uma quase colônia da França.<br />
Outra curiosida<strong>de</strong> tem a ver com a kashrut. Em<br />
1993 foi <strong>de</strong>scoberto um mamífero no Vietnã<br />
chama<strong>do</strong> Saola ou Touro <strong>de</strong> Vu Quang, um animal<br />
extremamente pareci<strong>do</strong> com o touro e, portanto,<br />
com todas as características para ser casher.<br />
Todavia, um parecer publica<strong>do</strong> no Journal of Halacha<br />
and Contemporary Society's, em 1999, dizia que por<br />
<strong>falta</strong> <strong>de</strong> mesorah, a tradição oral, uma condição<br />
importante para um animal ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pelos<br />
sábios, o Saola não seria consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> casher.<br />
VJ INDICA<br />
LIVRO<br />
Uma vonta<strong>de</strong><br />
louca <strong>de</strong> dançar<br />
Élie Wiesel - Bertrand Brasil<br />
Movi<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> saber e pela cura <strong>de</strong> feridas íntimas, Doriel - que seria<br />
uma espécie <strong>de</strong> alter-ego <strong>de</strong> Wiesel quan<strong>do</strong> jovem - vê em uma talentosa<br />
psicanalista a chance <strong>de</strong> expor seus sombrios sentimentos e <strong>de</strong> <strong>de</strong>svelar sua<br />
alma por inteiro.<br />
A jornada é feita <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> consultório <strong>de</strong> Thérèse Goldschmidt, uma "curan<strong>de</strong>ira<br />
da alma", como é apresentada aos leitores. Doriel retoma episódios da<br />
difícil infância e da traumática a<strong>do</strong>lescência.<br />
A partir <strong>de</strong> <strong>do</strong>lorosas recordações e <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> si mesmo que insistem<br />
em assombrá-lo, Doriel consegue voltar à superfície num comovente<br />
jogo <strong>de</strong> superação, uma busca <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> espírito, das idéias, da<br />
utopia. Uma verda<strong>de</strong>ira aula <strong>de</strong> autoconhecimento entremeada por uma<br />
sublime e pontual escrita.<br />
"Qual homem que se crê <strong>do</strong>ente que não precisa <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s?", autoquestiona-se.<br />
"Uma alma ferida po<strong>de</strong> estar mais aberta à verda<strong>de</strong> <strong>do</strong> que as outras.<br />
[...] o velho homem em mim foi toma<strong>do</strong> por uma vonta<strong>de</strong> louca <strong>de</strong> dançar",<br />
assim celebra a vida.<br />
SALAD SALADA SALAD SALADA<br />
A DE DE PAP PAPAIA PAP PAPAIA<br />
AIA VERDE<br />
VERDE<br />
GOI GOI DU DU DU<br />
DU<br />
2 papaias ver<strong>de</strong>s (realmente ver<strong>de</strong>s)<br />
250 g <strong>de</strong> brotos <strong>de</strong> feijão<br />
2 tomates maduros sem pele e sementes,<br />
corta<strong>do</strong>s em tiras finas<br />
4 bastões <strong>de</strong> kani-kama <strong>de</strong>sfia<strong>do</strong>s<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
150 g <strong>de</strong> vagens corda branqueadas (fervidas por<br />
2 minutos e <strong>de</strong>pois colocadas em água com gelo),<br />
cortadas em tiras<br />
100 g <strong>de</strong> amen<strong>do</strong>ins torra<strong>do</strong>s, sem casca<br />
Folhas <strong>de</strong> coentro para <strong>de</strong>corar<br />
Para o molho:<br />
1 colher sopa <strong>de</strong> açúcar<br />
mascavo<br />
2 <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> alho<br />
2 colheres sopa <strong>de</strong> molho <strong>de</strong> peixe (nam pla)<br />
2 pimentas <strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> moça sem sementes e<br />
nervuras, picadas<br />
1 tomate maduro sem cascas e sementes, pica<strong>do</strong><br />
Suco <strong>de</strong> 1 limão<br />
De véspera faça riscos com a ponta da faca nas<br />
papaias, para que escorra o "leite".<br />
No dia seguinte <strong>de</strong>scasque-as e rale no rala<strong>do</strong>r fino<br />
ou, melhor ainda, no rala<strong>do</strong>r <strong>de</strong> fios japonês. Misture<br />
com 1 colher sopa <strong>de</strong> sal e coloque em uma peneira<br />
por 30 minutos, para purgar. Esprema bem e reserve.<br />
Enquanto isto prepare o molho em 1 pilão. Vá pilan<strong>do</strong><br />
os ingredientes na or<strong>de</strong>m em que aparecem na receita<br />
até obter um molho não muito grosso.<br />
Em uma sala<strong>de</strong>ira faça um berço com os brotos <strong>de</strong> feijão.<br />
Misture a papaia, tomates e vagens com o molho e<br />
coloque por cima <strong>do</strong> berço. Salpique com os<br />
amen<strong>do</strong>ins torra<strong>do</strong>s e sirva. Se quiser, <strong>de</strong>core ainda<br />
com folhas <strong>de</strong> coentro<br />
BOLINHOS BOLINHOS DE DE PEIXE PEIXE<br />
PEIXE<br />
NEM NEM CA CA COM COM MOLHO MOLHO MOLHO NUOC NUOC NUOC CHAM<br />
CHAM<br />
Esta receita lembra muito o Gefilte Fish, inclusive na forma<br />
<strong>de</strong> acompanhá-la com um molho picante.<br />
2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> molho <strong>de</strong> peixe (nam pla)<br />
2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> açúcar<br />
2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> óleo<br />
500 g <strong>de</strong> peixe <strong>de</strong> rio (carpa, tilápia, traíra) sem pele<br />
e espinhas<br />
Pimenta <strong>do</strong> reino à gosto<br />
2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> <strong>de</strong> batata<br />
1 colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> fermento em pó<br />
Molho<br />
1 <strong>de</strong>nte <strong>de</strong> alho, pica<strong>do</strong><br />
1 pimenta <strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> moça sem<br />
nervuras e sementes, picada<br />
1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> açúcar<br />
mascavo<br />
½ limão sem casca<br />
2 colher sopa <strong>de</strong> molho <strong>de</strong><br />
peixe (nam pla)<br />
2 a 3 colheres sopa <strong>de</strong> água<br />
FRANGO FRANGO LAQUEADO<br />
LAQUEADO<br />
GA GA QUA QUAY QUA QUA Y MA MAT MA T ONG<br />
ONG<br />
5<br />
1 frango gran<strong>de</strong>, limpo e sem miú<strong>do</strong>s<br />
1 laranja <strong>de</strong>scascada<br />
Marinada 1<br />
1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> sal<br />
1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> pimenta <strong>do</strong> reino<br />
1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> açúcar mascavo<br />
2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong><br />
gergelim torra<strong>do</strong><br />
Marinada 2<br />
4 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> mel<br />
2 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> shoyu<br />
2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> limão<br />
1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> nozes<br />
Marinada 3<br />
1 colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> sal<br />
1 colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> pimenta <strong>do</strong> treino<br />
1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> gergelim<br />
torra<strong>do</strong><br />
½ xícara <strong>de</strong> água <strong>de</strong> coco<br />
Misture os ingredientes da marinada 1<br />
e esfregue o frango por <strong>de</strong>ntro e por<br />
fora. Recheie o frango com a laranja,<br />
feche-o e <strong>de</strong>ixe tomar gosto por 30 minutos<br />
Misture os ingredientes da marinada 2<br />
e besunte o frango por fora. Leve ao forno<br />
alto (375oC). Misture os ingredientes da marinada 3<br />
e pincele o frango a cada 10 minutos.<br />
Asse até ficar <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> e bem cozi<strong>do</strong>.<br />
Sirva com arroz.<br />
Prepare o molho:<br />
Pile o alho, a pimenta e o açúcar até<br />
obter uma pasta.<br />
Esprema o limão no pilão e <strong>de</strong>pois<br />
corte-o em cubinhos, colocan<strong>do</strong><br />
também os cubinhos. Adicione então o<br />
molho <strong>de</strong> peixe e a água. Reserve.<br />
Prepare então os bolinhos:<br />
Misture o molho <strong>de</strong> peixe com o<br />
açúcar, até dissolvê-lo. Adicione 1<br />
colher <strong>do</strong> óleo e a pimenta <strong>do</strong> reino,<br />
misture bem e reserve.<br />
Em um processa<strong>do</strong>r coloque o peixe, a<br />
mistura reservada e bata por 1<br />
minuto. Adicione o ami<strong>do</strong> e o<br />
fermento e bata por mais 2 minutos.<br />
Mol<strong>de</strong> bolinhas com as mãos e cozinheas<br />
em água fervente. Após subirem à<br />
superfície, cozinhe as bolinhas por mais<br />
1 minuto e escorra-as.<br />
Frite-as na colher <strong>de</strong> óleo restante até<br />
ficarem <strong>do</strong>uradas e sirva-as com o<br />
molho.
6<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
ag Baômer celebra a vida e<br />
os ensinamentos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />
<strong>do</strong>s mais notáveis sábios<br />
na história judaica, Rabi<br />
Akiva e Rabi Shimon bar Yochai.<br />
É também o dia festivo<br />
mais especialmente associa<strong>do</strong> à Cabalá,<br />
a "alma" ou dimensão mística<br />
<strong>do</strong> Judaísmo.<br />
As sete semanas entre Pêssach e<br />
Shavuot são uma época <strong>de</strong> antecipação<br />
e preparação, durante a qual os<br />
ju<strong>de</strong>us refazem os passos da jornada<br />
<strong>do</strong> Êxo<strong>do</strong> até o Monte Sinai há mais<br />
<strong>de</strong> 33 séculos.<br />
Porém as semanas <strong>de</strong> Ômer são<br />
também um tempo <strong>de</strong> tristeza. Não<br />
se realizam casamentos durante este<br />
perío<strong>do</strong>; não se corta o cabelo ou se<br />
aprecia música. Pois como o Talmud<br />
diz, foi neste perío<strong>do</strong> que milhares <strong>de</strong><br />
eruditos <strong>de</strong> Torá, discípulos <strong>do</strong> gran<strong>de</strong><br />
Rabi Akiva, morreram numa peste,<br />
porque "não se conduziram com<br />
respeito um pelo outro."<br />
Em Lag Baômer, o 33º dia da Contagem<br />
<strong>do</strong> Ômer, as leis proibin<strong>do</strong> o<br />
júbilo durante o perío<strong>do</strong> são suspensas.<br />
As crianças saem em <strong>de</strong>sfiles e<br />
passeios, brincam com arcos e flechas,<br />
e o dia é assinala<strong>do</strong> como uma<br />
ocasião festiva e cheia <strong>de</strong> alegria.<br />
Lag Baômer significa "33º <strong>do</strong><br />
Ômer," pois é o 33º dia da "Contagem<br />
<strong>do</strong> Ômer". No calendário judaico, este<br />
correspon<strong>de</strong> ao 18º dia <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> Iyar.<br />
Rabi Akiva viveu numa das épocas<br />
mais difíceis <strong>de</strong> nossa história: a geração<br />
seguinte à da <strong>de</strong>struição <strong>do</strong> Templo<br />
Sagra<strong>do</strong> (no ano 69 da Era Comum)<br />
e a impie<strong>do</strong>sa perseguição <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us<br />
pelos romanos. Eles proibiram o estu<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Torá e a prática <strong>do</strong> Judaísmo sob<br />
pena <strong>de</strong> morte. Rabi Akiva, que estudara<br />
com os maiores sábios da geração<br />
anterior, <strong>de</strong>safiou os romanos<br />
transmitin<strong>do</strong> o que havia recebi<strong>do</strong> a<br />
seus discípulos, garantin<strong>do</strong> assim a<br />
sobrevivência da Torá. De fato, to<strong>do</strong> o<br />
corpo da Lei da Torá (mais tar<strong>de</strong> registra<strong>do</strong><br />
na Mishná e no Talmud) po<strong>de</strong><br />
ser segui<strong>do</strong> até os ensinamentos <strong>de</strong><br />
Rabi Akiva e seus discípulos.<br />
Até a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 40 anos, Rabi Akiva<br />
foi um pastor analfabeto. Mas Ra-<br />
Comemoração <strong>de</strong> Lag Baômer em um bosque da Polônia<br />
Lag Baômer<br />
(18 <strong>de</strong> Iyar - 12 <strong>de</strong> maio)<br />
chel, a bela e pie<strong>do</strong>sa filha <strong>do</strong> abasta<strong>do</strong><br />
cidadão <strong>de</strong> Jerusalém cujos rebanhos<br />
Akiva pastoreava, reconheceu<br />
seu potencial, e prometeu <strong>de</strong>sposálo<br />
se ele <strong>de</strong>votasse a vida ao estu<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Torá. Ao pastorear as ovelhas <strong>de</strong><br />
seu amo certo dia, Akiva encontrou<br />
uma pedra na qual havia si<strong>do</strong> cava<strong>do</strong><br />
um profun<strong>do</strong> sulco por um fio <strong>de</strong> água.<br />
"Se gotas <strong>de</strong> água po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sgastar<br />
a rocha sólida", pensou, "certamente<br />
as palavras <strong>de</strong> Torá terminarão por<br />
penetrar na minha mente".<br />
Akiva e Rachel casaram-se, e ele<br />
cumpriu sua promessa, <strong>de</strong>dican<strong>do</strong>-se<br />
ao estu<strong>do</strong> da Torá. Deserda<strong>do</strong>s pelo<br />
pai <strong>de</strong> Rachel, os <strong>do</strong>is suportaram anos<br />
<strong>de</strong> pobreza e labuta; por fim, entretanto,<br />
o sacrifício foi recompensa<strong>do</strong>: Rabi<br />
Akiva tornou-se o mais notável mestre<br />
<strong>de</strong> Torá <strong>de</strong> seu tempo, com 24.000<br />
alunos. "Tu<strong>do</strong> aquilo que consegui, e<br />
tu<strong>do</strong> que vocês conseguiram," disse a<br />
eles, "é pelo mérito <strong>de</strong>la".<br />
Morte Morte entre entre os os discípulos<br />
discípulos<br />
Mas então uma tragédia ocorreu.<br />
A discórdia e os conflitos entre os discípulos<br />
<strong>de</strong> Rabi Akiva conduziram milhares<br />
à morte nas semanas entre Pêssach<br />
e Shavuot, dizima<strong>do</strong>s por uma<br />
peste. É por este motivo que neste perío<strong>do</strong><br />
não realizamos casamentos, cortes<br />
<strong>de</strong> cabelo, ou escutamos música.<br />
Em Lag Baômer, o 33º dia da Contagem<br />
<strong>do</strong> Ômer a tristeza e o luto são<br />
suspensos por <strong>do</strong>is motivos: nesta<br />
data cessou a morte <strong>do</strong>s discípulos<br />
<strong>de</strong> Rabi Akiva e marca o dia <strong>de</strong> falecimento<br />
<strong>de</strong> Rabi Shimon bar Yochai.<br />
Seus ensinamentos revelaram a dimensão<br />
mística da Torá: a Cabalá, a<br />
"alma" <strong>do</strong> Judaísmo. Rabi Akiva reconstruiu<br />
sua gran<strong>de</strong> Escola <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> Torá, reinician<strong>do</strong> com seus cinco<br />
discípulos sobreviventes: Rabi<br />
Meir, Rabi Yehudá, Rabi Yossi, Rabi<br />
Nechemia e Rabi Shimon bar Yochai.<br />
Como Rabi Akiva, seu mestre,<br />
Rabi Shimon bar Yochai sofreu perseguição<br />
por parte <strong>do</strong>s romanos, e<br />
sua cabeça foi colocada a prêmio.<br />
Rabi Shimon precisou escon<strong>de</strong>r-se<br />
com seu filho, Rabi Elazar.<br />
Foram até as colinas ao norte <strong>de</strong><br />
Israel, e ocultaram-se em uma caverna<br />
on<strong>de</strong> estudaram Torá dia e noite.<br />
D-us realizou muitos milagres para<br />
eles: uma alfarrobeira cresceu na entrada<br />
da caverna para alimentá-los, e<br />
a água foi fornecida por uma fonte <strong>de</strong><br />
água fresca. Eliyáhu, o profeta, apareceu<br />
a eles, ensinan<strong>do</strong>-lhes os mistérios<br />
e segre<strong>do</strong>s da Torá.<br />
Após <strong>do</strong>ze anos na gruta, Rabi<br />
Shimon soube que o impera<strong>do</strong>r romano<br />
que havia <strong>de</strong>creta<strong>do</strong> sua morte<br />
não vivia mais. O perigo havia passa<strong>do</strong>;<br />
Rabi Shimon e seu filho pu<strong>de</strong>ram<br />
então <strong>de</strong>ixar a caverna.<br />
Foi em Lag Baômer que Rabi Shimon<br />
e Elazar saíram da escuridão<br />
para a luz <strong>do</strong> sol. Era primavera, e os<br />
agricultores estavam atarefa<strong>do</strong>s nos<br />
campos, aran<strong>do</strong> e semean<strong>do</strong>. Porém<br />
para Rabi Shimon, esta não foi uma<br />
visão bonita. Para ele parecia uma<br />
gran<strong>de</strong> tolice, talvez um peca<strong>do</strong>. O<br />
tempo <strong>do</strong> ser humano neste mun<strong>do</strong> é<br />
precioso e breve - como podia <strong>de</strong>sperdiçá-lo<br />
trabalhan<strong>do</strong> a terra, quan<strong>do</strong><br />
po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>votar-se aos esplen<strong>do</strong>r<br />
da sagrada Torá <strong>de</strong> D-us?<br />
Rabi Shimon havia <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />
notáveis po<strong>de</strong>res durante os <strong>do</strong>ze<br />
anos na gruta, e agora, ao observar<br />
com ira esta visão in<strong>de</strong>sejada, os campos<br />
e árvores irromperam em chamas.<br />
Ouviu-se uma Voz Celestial, dizen<strong>do</strong>:<br />
"Você saiu para <strong>de</strong>struir Meu mun<strong>do</strong>?<br />
Volte para sua caverna!". Portanto,<br />
Rabi Shimon e Elazar retornaram à<br />
gruta por mais um ano, mergulhan<strong>do</strong><br />
ainda mais na sabe<strong>do</strong>ria Divina. Foi<br />
durante este décimo-terceiro ano na<br />
caverna que <strong>de</strong>scobriram o segre<strong>do</strong><br />
mais profun<strong>do</strong> da Torá: que o propósito<br />
da Criação é "Construir uma morada<br />
para D-us no mun<strong>do</strong> físico".<br />
Apren<strong>de</strong>ram que embora o trabalho<br />
mundano <strong>do</strong> homem pareça grosseiro<br />
e inferior, a maior santida<strong>de</strong><br />
está oculta <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste mun<strong>do</strong> físico.<br />
D-us <strong>de</strong>seja que transformemos o<br />
mun<strong>do</strong> material em uma morada para<br />
Ele. Uma vida totalmente <strong>de</strong>votada à<br />
Torá preenche esta finalida<strong>de</strong>, mas<br />
assim também o faz uma vida <strong>de</strong>votada<br />
a <strong>de</strong>senvolver o mun<strong>do</strong> material<br />
em conformida<strong>de</strong> com a vonta<strong>de</strong> Divina.<br />
Não são to<strong>do</strong>s que <strong>de</strong>vem passar<br />
o tempo inteiro no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Torá,<br />
como fizeram Rabi Shimon e seu filho.<br />
Quan<strong>do</strong> Rabi Shimon emergiu da<br />
caverna no Lag Baômer seguinte, não<br />
estava menos comprometi<strong>do</strong> com o<br />
estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Torá; <strong>de</strong> fato, isso permaneceria<br />
sua "única ocupação" pelo<br />
restante <strong>de</strong> sua vida. Mas ele havia<br />
também aprendi<strong>do</strong> a apreciar o valor<br />
<strong>do</strong>s caminhos na direção <strong>do</strong> cumprimento<br />
<strong>do</strong> propósito Divino, em vez <strong>do</strong><br />
seu. Agora, seu olhar sobre o mun<strong>do</strong><br />
curava, em vez <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir.<br />
Rabi Shimon Bar Yochai não apenas<br />
atingiu pessoalmente o mais<br />
eleva<strong>do</strong> entendimento <strong>do</strong>s segre<strong>do</strong>s<br />
da Torá, expresso em sua obra mística,<br />
o Zôhar, como tornou-se o mais<br />
ilustre mestre <strong>de</strong> Torá <strong>de</strong> sua geração.<br />
No último dia <strong>de</strong> sua vida, Rabi<br />
Shimon reuniu seus alunos e disselhes:<br />
"Até o dia <strong>de</strong> hoje, tenho manti<strong>do</strong><br />
os segre<strong>do</strong>s em meu coração.<br />
Mas agora, antes <strong>de</strong> morrer, <strong>de</strong>sejo<br />
revelar to<strong>do</strong>s eles."<br />
O O Zôhar Zôhar<br />
Zôhar<br />
O Zôhar, que significa "esplen<strong>do</strong>r" ou<br />
"brilho", tornou-se a base da espiritualida<strong>de</strong><br />
ímpar da Chassidut, fundada no<br />
século XVIII por Rabi Yisrael ben Eliezer,<br />
o "Báal Shem Tov", no Leste Europeu.<br />
O Zôhar <strong>de</strong>screve o dia da morte<br />
<strong>de</strong> Rabi Shimon como repleto <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> luz e júbilo sem fim, e a sabe<strong>do</strong>ria<br />
secreta que ele revelou naquele<br />
dia aos discípulos; tanto para<br />
o mestre como para os alunos, diz o<br />
Zôhar, foi como o dia em que o noivo<br />
e a noiva se rejubilam sob a canópia<br />
nupcial. Diz-se que o dia não chegou<br />
ao fim antes <strong>de</strong> Rabi Shimon revelar<br />
tu<strong>do</strong> que lhe fora permiti<strong>do</strong> revelar.<br />
Apenas então o sol recebeu permissão<br />
<strong>de</strong> se pôr; e quan<strong>do</strong> isso aconteceu,<br />
a alma <strong>de</strong> Rabi Shimon <strong>de</strong>ixou<br />
seu corpo, subin<strong>do</strong> aos céus.<br />
Rabi Abba, um aluno incumbi<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
trabalho <strong>de</strong> transcrever as palavras <strong>de</strong><br />
Rabi Shimon, conta: "Eu nem ao menos<br />
conseguia manter a cabeça levantada,<br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à luz intensa que emanava<br />
<strong>de</strong> Rabi Shimon. Durante to<strong>do</strong> o<br />
dia a casa esteve repleta <strong>de</strong> fogo, e<br />
ninguém podia chegar perto, por causa<br />
da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> chamas e luz. No fim<br />
<strong>do</strong> dia, o fogo finalmente arrefeceu,<br />
e pu<strong>de</strong> olhar a face <strong>de</strong> Rabi Shimon.<br />
O sol se punha e com ele a alma <strong>do</strong><br />
mestre se elevava. Estava morto, envolto<br />
em seu Talit, <strong>de</strong>ita<strong>do</strong> sobre o<br />
la<strong>do</strong> direito - e sorrin<strong>do</strong>".<br />
Rabi Shimon bar Yochai faleceu<br />
em Lag Baômer. Antes <strong>de</strong> morrer, instruiu<br />
os discípulos para observarem<br />
seu yahrzeit, data <strong>de</strong> seu falecimento,<br />
como um dia <strong>de</strong> muita alegria e<br />
festivida<strong>de</strong>s.<br />
Corte Corte <strong>de</strong> <strong>de</strong> Cabelo Cabelo em em Meron<br />
Meron<br />
Durante o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ômer é proibi<strong>do</strong><br />
o corte <strong>de</strong> cabelos em sinal <strong>de</strong> luto<br />
pelas mortes <strong>do</strong>s discípulos <strong>de</strong> Rabi<br />
Akiva. Lag Baômer, entretanto, é um dia<br />
<strong>de</strong> júbilo, no qual to<strong>do</strong> o luto é suspenso.<br />
Por esta razão em Lag Baômer há<br />
sempre muitos garotos <strong>de</strong> três anos que<br />
estão esperan<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Pêssach para<br />
terem seu primeiro corte <strong>de</strong> cabelo.<br />
A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Meron recebe centenas<br />
<strong>de</strong> meninos para a cerimônia <strong>de</strong><br />
opsherenish, reunin<strong>do</strong> milhares <strong>de</strong><br />
pessoas que dirigem neste local preces<br />
o ano to<strong>do</strong>, especialmente nesta<br />
época <strong>do</strong> ano. É um gran<strong>de</strong> mérito realizar<br />
a mitsvá <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> cabelo no<br />
local on<strong>de</strong> se encontram sepulta<strong>do</strong>s<br />
Rabi Shimon e seu filho Elazar.<br />
Ovos Ovos cozi<strong>do</strong>s<br />
cozi<strong>do</strong>s<br />
Costuma-se comer ovos cozi<strong>do</strong>s<br />
em Lag Baômer, pois o ovo é sinal<br />
<strong>de</strong> luto - neste dia, em memória a<br />
Rabi Shimon Bar Yochai. Ainda em<br />
vida, ele pediu que esse dia fosse<br />
celebra<strong>do</strong> com muita alegria. Para<br />
cumprir seu pedi<strong>do</strong>, enfeitamos as<br />
cascas <strong>do</strong>s ovos. Há o costume <strong>de</strong><br />
serem cozi<strong>do</strong>s com cascas <strong>de</strong> cebola,<br />
a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-los colori<strong>do</strong>s. (Fonte:<br />
www.chabad.org.br).
Tel Aviv, a cida<strong>de</strong> mais liberal <strong>do</strong><br />
Oriente Médio, celebra 100 anos<br />
presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Israel,<br />
Shimon Peres, se <strong>de</strong>sfez<br />
em elogios na<br />
abertura <strong>do</strong>s atos <strong>do</strong><br />
centenário <strong>de</strong> Tel Aviv,<br />
o coração geográfico,<br />
econômico, cultural e <strong>do</strong><br />
ócio <strong>do</strong> país <strong>do</strong> Oriente Médio.<br />
"Tel Aviv é um lugar para se apaixonar.<br />
Uma razão para amar. Colorida<br />
e vibrante, com cimento branco e o fun<strong>do</strong><br />
azul <strong>do</strong> mar. Permite-nos ser atrevi<strong>do</strong>s<br />
e nos obriga ser criativos. É a cida<strong>de</strong><br />
das oportunida<strong>de</strong>s para os seres<br />
humanos <strong>de</strong> todas ida<strong>de</strong>s", apontou.<br />
Tel Aviv abriga atualmente três<br />
milhões <strong>de</strong> israelenses <strong>de</strong> um total <strong>de</strong><br />
sete milhões que tem o país, 50 por<br />
cento <strong>do</strong> sistema bancário e 70 por<br />
cento da cultura. Centros comerciais,<br />
avenidas <strong>de</strong> moda, ruas remo<strong>de</strong>ladas,<br />
esquinas centenárias e diversas praças<br />
<strong>de</strong> Tel Aviv congregarão centenas<br />
<strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> israelenses para celebrar<br />
seus primeiros 100 anos <strong>de</strong> vida.<br />
Alguns sába<strong>do</strong>s <strong>de</strong> noite passa<strong>do</strong>s<br />
foi realiza<strong>do</strong> um macro concerto na histórica<br />
Praça Rabin diante da Prefeitura.<br />
"Tel Aviv não tem nada que invejar<br />
Nova York, Londres ou Barcelona,<br />
pois tem tu<strong>do</strong>, mar, festa e diversão,<br />
arranha-céus, museus, ópera, universida<strong>de</strong>s,<br />
teatros, restaurantes e, sobretu<strong>do</strong><br />
jovens", comentou um habitante<br />
<strong>de</strong> Tel Aviv.<br />
O prefeito da cida<strong>de</strong> mais liberal <strong>do</strong><br />
Oriente Médio, Ron Chuldai, disse que<br />
"ainda temos muito trabalho para ver a<br />
Tel Aviv i<strong>de</strong>al, mas trabalhar para esta cida<strong>de</strong><br />
é uma honra e te dá muita satisfação",<br />
publicou o jornal Yediot Acharonot.<br />
Chuldai é o homem mais queri<strong>do</strong><br />
e odia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s 400 mil habitantes <strong>de</strong>ssa<br />
cida<strong>de</strong>, to<strong>do</strong>s os elogios e críticas<br />
se centram no trabalhista, ex-piloto e<br />
ex-diretor <strong>de</strong> escola que está a ponto<br />
<strong>de</strong> completar uma década no cargo.<br />
A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tel Aviv, metrópole que chega aos 100 anos<br />
O prefeito é responsável também<br />
pelo enlouqueci<strong>do</strong> ritmo da construção<br />
- há mais <strong>de</strong> 16 mil edifícios - e em<br />
particular luxuosos arranha-céus, em<br />
um <strong>de</strong>les, no solicita<strong>do</strong> norte da cida<strong>de</strong><br />
vive em um espetacular apartamento<br />
o ministro <strong>de</strong> Defesa, Ehud Barak.<br />
A cida<strong>de</strong> foi fundada pelo movimento<br />
sionista há um século e a celebração<br />
<strong>do</strong> aniversário dá aos habitantes<br />
a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver e refletir<br />
sobre a antiguida<strong>de</strong> e a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />
na qual vivem.<br />
Tel Aviv também foi testemunha<br />
da proclamação da in<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Israel em 1948 por David<br />
Ben Gurion.<br />
Se em Jerusalém os visitantes a<br />
cada <strong>do</strong>is passos topam com uma pedra<br />
milenar, na cosmopolita Tel Aviv<br />
não há mais remédio que se sentar e<br />
tomar um bom capuccino numa <strong>de</strong><br />
suas 450 cafeterias ou uma cerveja em<br />
um <strong>de</strong> seus 500 pubs e discotecas.<br />
Tel Aviv é consi<strong>de</strong>rada a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
ócio, o café e o álcool, motivo pelo qual<br />
os habitantes da periferia a acusam <strong>de</strong><br />
"viver numa bolha" ao que Amir Cohen,<br />
diretor <strong>do</strong> estabelecimento Cacao, disse<br />
que "Tel Aviv não é Israel, é uma<br />
cida<strong>de</strong> para escapar <strong>do</strong>s conflitos".<br />
"Enquanto Jerusalém é a capital<br />
política e espiritual <strong>de</strong> Israel e <strong>do</strong><br />
povo ju<strong>de</strong>u, Tel Aviv é a capital cultural,<br />
financeira e comercial", acrescentou<br />
Cohen.<br />
"A cida<strong>de</strong> sem pausa" é a frase<br />
publicitária municipal <strong>de</strong> Tel Aviv<br />
ganha no pulso já que nunca <strong>de</strong>scansa,<br />
as sete noites da semana oferece<br />
diversão e música, é reconhecida<br />
por ser a cida<strong>de</strong> mais oci<strong>de</strong>ntal e<br />
atrevida <strong>do</strong> país.<br />
O jornalista e escritor Yair Lapid,<br />
filho <strong>do</strong> ex-ministro <strong>de</strong> Justiça Tommy<br />
Lapid, <strong>de</strong>squalifica aqueles que afirmam<br />
que Tel Aviv ignora o sofrimento<br />
<strong>do</strong>s habitantes <strong>do</strong> sul que são o alvo<br />
<strong>do</strong>s ataques terroristas <strong>do</strong> Hamas.<br />
"Tel Aviv é a cida<strong>de</strong> mais israelense,<br />
que ninguém lhe dê lições <strong>de</strong> sofrimento<br />
porque Tel Aviv foi o cenário<br />
<strong>do</strong>s mais graves atenta<strong>do</strong>s palestinos,<br />
sem esquecer que aqui caíram <strong>de</strong>zenas<br />
<strong>de</strong> mísseis Scuds lança<strong>do</strong>s pelo<br />
Iraque em 1991", observou.<br />
A escritora Dana Spector afirmou<br />
que "é uma cida<strong>de</strong> caprichosa pensada<br />
para jovens que estão no seu ar".<br />
Nos seus 100 anos, Tel Aviv é uma<br />
velha mulher que rejuvenesce e embeleza<br />
com os anos. (Notimex/Itonga<strong>do</strong>l).<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
7<br />
Obama participa <strong>de</strong><br />
sê<strong>de</strong>r na Casa Branca<br />
O presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Barack Obama<br />
recebeu amigos, familiares e funcionários <strong>de</strong> seu governo<br />
na noite <strong>de</strong> quinta-feira, para celebrar um sê<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> Pêssach, a ceia tradicional da Páscoa judaica, que<br />
pela primeira vez se realizou na Casa Branca.<br />
Uma fotografia divulgada pela Casa Branca, mostra<br />
Obama na cabeceira <strong>de</strong> uma longa mesa <strong>de</strong> 18 comensais,<br />
incluin<strong>do</strong> a primeira dama Michelle Obama e suas<br />
filhas Malia, <strong>de</strong> 10 anos, e Sasha <strong>de</strong> sete.<br />
Um assessor <strong>de</strong> Obama contou que a ceia incluiu as<br />
tradições <strong>do</strong> jantar pascal. Na mesa estavam presentes<br />
a matzá (pão ázimo), maror (ervas amargas), ovo e verduras,<br />
que fazem parte da simbologia tradicional da ceia<br />
que recorda a liberda<strong>de</strong> e o êxo<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us <strong>do</strong> Egito<br />
há 3.000 anos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> quatro séculos <strong>de</strong> escravidão.<br />
O jantar também incluiu a leitura da Hagadá, o livro<br />
religioso que rememora to<strong>do</strong>s os anos aos ju<strong>de</strong>us a<br />
luta pela liberda<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> fontes da Casa Branca, é<br />
a primeira vez que um presi<strong>de</strong>nte norte-americano<br />
realiza esta tradição religiosa.<br />
O Pêssach começou ao entar<strong>de</strong>cer <strong>de</strong> quarta-feira,<br />
8 <strong>de</strong> abril e durou oito dias, durante os quais os ju<strong>de</strong>us<br />
se abstêm <strong>de</strong> comer farinhas com fermento, em recordação<br />
<strong>do</strong>s escassos alimentos que pu<strong>de</strong>ram levar seus<br />
ancestrais liberta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Egito, segui<strong>do</strong> a Bíblia.<br />
Cerca <strong>de</strong> 2% da população norte-americana é <strong>de</strong><br />
origem judaica. O porta-voz da Casa Branca, Gibbs, explicou<br />
que a idéia <strong>do</strong> sê<strong>de</strong>r nasceu durante a campanha<br />
eleitoral em 2008, quan<strong>do</strong> Obama e sua equipe <strong>de</strong><br />
campanha realizaram a cerimônia em um salão <strong>de</strong> um<br />
hotel em Harrisburg, Pensilvania.<br />
"Eu não fui, mas me contaram que nesse evento<br />
disseram: 'o ano que vem façamo-lo na Casa Branca'. E<br />
aqui estamos", disse Gibbs na quinta-feira.<br />
Obama participa <strong>de</strong> sê<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Pêssach pela primeira vez na<br />
Casa Branca
8<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
Verda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>mésticas sobre Gaza<br />
(ou a nossa verda<strong>de</strong>)<br />
David Horovitz *<br />
staríamos per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> distinguir<br />
entre o que sabemos, a<br />
partir <strong>de</strong> nossa própria<br />
experiência, que é verda<strong>de</strong>iro<br />
ou verossímil, e aquilo<br />
que outros tentam fazer com que o<br />
mun<strong>do</strong> pense a nosso respeito?<br />
Em um suplemento <strong>do</strong> Jerusalem<br />
Post publica<strong>do</strong> há duas semanas para<br />
celebrar o encerramento da Páscoa judaica,<br />
Esther Wachsman, cujo filho<br />
Nachshon foi seqüestra<strong>do</strong> pelo Hamas<br />
em 1994 e assassina<strong>do</strong> numa al<strong>de</strong>ia<br />
palestina situada perto <strong>de</strong> Jerusalém,<br />
quan<strong>do</strong> o exército tentava resgatá-lo,<br />
<strong>de</strong>screve comoventemente<br />
como o seu nome foi escolhi<strong>do</strong>.<br />
Terceira criança <strong>de</strong> sua família, ele<br />
nasceu na Páscoa <strong>de</strong> 1975 e seus pais<br />
escolheram seu nome em homena-<br />
“Sabemos que o Exército <strong>de</strong> Israel<br />
foi obriga<strong>do</strong> a lutar num cenário civil<br />
por um inimigo que instalou foguetes<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mesquitas, montou<br />
armadilhas com explosivos em<br />
escolas e espalhou atira<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
elite em edifícios”.<br />
gem a Nachshon, o filho <strong>de</strong> Aminadav,<br />
o homem que teve a coragem <strong>de</strong><br />
confiar em D-us e entrar nas águas, o<br />
homem que pulou no Mar Vermelho<br />
acreditan<strong>do</strong> que seu povo seria capaz<br />
<strong>de</strong> atravessá-lo, o homem que mostrou<br />
aos filhos <strong>de</strong> Israel o caminho<br />
para cumprir seu <strong>de</strong>stino.<br />
Israel clama por alguém assim nos<br />
dias <strong>de</strong> hoje… ou por uma atitu<strong>de</strong> semelhante;<br />
alguém capaz <strong>de</strong> inspirar<br />
confiança e traçar um caminho para a<br />
nação, <strong>de</strong> unificá-la na busca da meta<br />
e orientá-la nessa direção, para seu<br />
próprio bem e para o bem <strong>de</strong> nações<br />
semelhantes, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> nossos inimigos<br />
para trás, imersos em frustração.<br />
Israel enfrentou e venceu <strong>de</strong>safios<br />
hostis ainda mais assusta<strong>do</strong>res em<br />
sua breve história mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong> que os<br />
que estão sen<strong>do</strong> ergui<strong>do</strong>s pela tóxica<br />
mistura <strong>de</strong> <strong>de</strong>monização e violência<br />
li<strong>de</strong>rada pelo Irã e por seus emissários,<br />
como Hamas e Hezbolá. Sobreviver<br />
aos primeiros momentos após a<br />
criação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, em 1948, quan<strong>do</strong><br />
umas poucas centenas <strong>de</strong> israelenses<br />
pioneiros prevaleceram contra exércitos<br />
representan<strong>do</strong> populações vizinhas<br />
<strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> milhões, foi apenas<br />
a primeira <strong>de</strong> muitas outras vitórias<br />
improváveis.<br />
A série <strong>de</strong> vitórias se esten<strong>de</strong>u por<br />
décadas, como a da Guerra <strong>do</strong>s Seis<br />
Dias e a da Guerra <strong>do</strong> Iom Kipur, incluin<strong>do</strong><br />
a segunda intifada, quan<strong>do</strong><br />
os palestinos <strong>de</strong>spacharam homensbomba<br />
suicidas para cometer massacres<br />
calculadamente planeja<strong>do</strong>s no<br />
âmbito <strong>de</strong> uma estratégia em que a<br />
única alternativa lógica para as vítimas<br />
parecia ser a fuga. Mesmo assim,<br />
apesar <strong>de</strong> que ônibus, cafés e<br />
shopping centers explodiam semana<br />
após semana, e enquanto boa parte<br />
<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>res externos argumentava<br />
que estávamos arquitetan<strong>do</strong> nossa<br />
própria perdição porque havíamos<br />
rejeita<strong>do</strong> os termos suicidas que os<br />
palestinos impunham para proclamar<br />
sua in<strong>de</strong>pendência, o povo da Israel<br />
mo<strong>de</strong>rna não fugiu; permanecemos,<br />
repensamos e apren<strong>de</strong>mos a proteger-nos<br />
mais eficazmente.<br />
Mas nos anos seguintes aqueles<br />
que haviam busca<strong>do</strong> nossa <strong>de</strong>rrota<br />
também repensaram sua estratégia.<br />
Empreen<strong>de</strong>mos a construção <strong>de</strong> herm<strong>ética</strong>s<br />
barreiras físicas para impedir<br />
os massacres causa<strong>do</strong>s pelos homens-bomba<br />
suicidas. Des<strong>de</strong> o sul<br />
<strong>do</strong> Líbano e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Gaza, o Hezbolá e<br />
<strong>de</strong>pois o Hamas simplesmente ultrapassaram<br />
esses obstáculos atiran<strong>do</strong><br />
mísseis sobre eles, e to<strong>do</strong>s os esforços<br />
estão sen<strong>do</strong> feitos para repetir<br />
a mesma estratégia na margem oci<strong>de</strong>ntal<br />
<strong>do</strong> Jordão.<br />
A proteção <strong>de</strong> Israel não po<strong>de</strong> ser<br />
assegurada agora mediante muros,<br />
barreiras e outras medidas <strong>de</strong>fensivas;<br />
os foguetes tem que ser <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s<br />
na origem - e essa origem, conforme<br />
planeja<strong>do</strong> brutalmente pelos<br />
palestinos que os produzem e lançam,<br />
situa-se no coração da população civil.<br />
Cinicamente, aqueles que querem<br />
matar nossos cidadãos se asseguram<br />
<strong>de</strong> que seu próprio povo será atingi<strong>do</strong><br />
quan<strong>do</strong> tentarmos impedir seus<br />
ataques - <strong>de</strong> maneira que somos força<strong>do</strong>s<br />
a lutar não apenas protegen<strong>do</strong>-nos,<br />
mas também protegen<strong>do</strong> nosso<br />
bom nome e nossa legitimida<strong>de</strong>.<br />
Essa situação cria uma realida<strong>de</strong><br />
um tanto ou quanto complexa - na qual<br />
as imagens da guerra e a taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong><br />
não retratam fielmente a si-<br />
tuação <strong>do</strong> conflito, embora a distorcida<br />
narrativa oficial seja aparentemente<br />
apoiada, em gran<strong>de</strong> medida, por<br />
uma mistura <strong>de</strong> imagens e estatísticas<br />
enganosas. Apesar disso, não é tão<br />
difícil constatar que o verda<strong>de</strong>iro quadro<br />
é outro - o da nação israelense buscan<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se contra uma li<strong>de</strong>rança<br />
terrorista cínica e <strong>de</strong>sonesta, cujo<br />
ódio <strong>de</strong> inspiração religiosa supera em<br />
muito qualquer preocupação com o<br />
bem-estar <strong>de</strong> seu próprio povo. Pelo<br />
menos não é tão difícil perceber o quadro<br />
verda<strong>de</strong>iro quan<strong>do</strong> se está sinceramente<br />
disposto a examinar a situação<br />
mais cuida<strong>do</strong>samente.<br />
Entretanto, a Operação Chumbo<br />
Derreti<strong>do</strong>, o esforço israelense que na<br />
virada <strong>do</strong> ano visou <strong>de</strong>ter os foguetes<br />
atira<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Gaza, parece ter<br />
marca<strong>do</strong> algo como que um ponto <strong>de</strong><br />
inflexão com relação à disposição <strong>de</strong><br />
examinar a questão mais cuida<strong>do</strong>samente<br />
e ir além das imagens diárias<br />
da guerra e das baixas.<br />
De fato, o furor em torno <strong>de</strong> supostos<br />
testemunhos presta<strong>do</strong>s por<br />
um pequeno grupo <strong>de</strong> solda<strong>do</strong>s que<br />
voltou da guerra - solda<strong>do</strong>s cujos relatos<br />
foram compila<strong>do</strong>s por um<br />
membro <strong>do</strong> Programa Pré-Militar I.<br />
Rabin, chama<strong>do</strong> Danny Zamir - sugere<br />
que uma crescente proporção<br />
<strong>de</strong> pessoas, mesmo <strong>de</strong> próprio nosso<br />
povo, o povo <strong>de</strong> Israel, estaria<br />
per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distinguir<br />
entre o que sabemos, a partir <strong>de</strong><br />
nossa própria experiência, que é<br />
verda<strong>de</strong>iro ou verossímil, e aquilo<br />
que outros tentam fazer com que o<br />
mun<strong>do</strong> pense a nosso respeito.<br />
O Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel é<br />
um exército popular, que toca<br />
emocionalmente quase que a to<strong>do</strong>s<br />
nós, <strong>de</strong> maneira direta. To<strong>do</strong>s nós servimos<br />
o exército e/ou temos parentes<br />
e amigos e colegas que serviram.<br />
Quase to<strong>do</strong>s nós conhecemos solda<strong>do</strong>s<br />
que tiveram a experiência direta<br />
da Segunda Guerra <strong>do</strong> Líbano, e<br />
que voltaram para casa com tristes<br />
relatos acerca <strong>de</strong> treinamento, equipamento<br />
e logística ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s.<br />
Quase to<strong>do</strong>s nós conhecemos solda<strong>do</strong>s<br />
que serviram na Operação Chumbo<br />
Derreti<strong>do</strong>. E aquilo que não ouvimos<br />
diretamente foi complementa<strong>do</strong><br />
por aquilo que vimos, ouvimos e lemos<br />
na nossa mídia.<br />
Sabemos que as FDI foram obrigadas<br />
a lutar num cenário civil por um<br />
inimigo que instalou foguetes <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> mesquitas, montou armadilhas<br />
com explosivos em escolas e espalhou<br />
atira<strong>do</strong>res <strong>de</strong> elite em edifícios.<br />
Sabemos, também, porque comandantes<br />
<strong>do</strong> Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel<br />
foram autoriza<strong>do</strong>s a <strong>de</strong>clará-lo publicamente,<br />
que o exército mu<strong>do</strong>u <strong>de</strong><br />
tática em função <strong>de</strong> acontecimentos<br />
tais como a emboscada no campo <strong>de</strong><br />
refugia<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Jenin em 2002, em que<br />
13 solda<strong>do</strong>s per<strong>de</strong>ram suas vidas, e<br />
que se planejou respon<strong>de</strong>r com mais<br />
presteza ao fogo inimigo nas áreas<br />
sob operação militar.<br />
Sabemos, por exemplo, que o<br />
Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel panfletou<br />
áreas em que se propunha a enfrentar<br />
o Hamas, e instou os civis palestinos<br />
tanto por rádio como por inúmeros<br />
chama<strong>do</strong>s telefônicos a <strong>de</strong>ixar<br />
esses locais. Quan<strong>do</strong> o exército era<br />
ataca<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> moradias particulares<br />
nessas áreas, ouvimos relatos<br />
<strong>do</strong>s comandantes que, em vez <strong>de</strong> enviar<br />
seus solda<strong>do</strong>s para que arriscassem<br />
suas vidas, pediram apoio aéreo<br />
e, se necessário, <strong>de</strong>moliram o edifício.<br />
Sabemos que aconteceram erros<br />
- como po<strong>de</strong>riam não acontecer em<br />
uma área tão <strong>de</strong>nsamente povoada<br />
numa situação <strong>de</strong> guerra? Em meio à<br />
auto-flagelação <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Zamir,<br />
parece que esquecemos que o<br />
Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel matou<br />
alguns <strong>de</strong> seus próprios solda<strong>do</strong>s no<br />
sangrento caos <strong>do</strong> conflito. Inevitavelmente,<br />
também civis palestinos,<br />
muitos civis palestinos, foram mortos<br />
por erro em um conflito no qual se<br />
sabe que a<strong>do</strong>lescentes e i<strong>do</strong>sos são<br />
homens-bomba em potencial e no<br />
qual militantes <strong>do</strong> Hamas lutaram<br />
sem uniforme e algumas vezes atiraram<br />
em meio a grupos <strong>de</strong> civis. Tratase<br />
<strong>de</strong> situações em que qualquer noção<br />
acerca <strong>de</strong> combatentes palestinos<br />
seguin<strong>do</strong> as regras da guerra per<strong>de</strong><br />
qualquer senti<strong>do</strong>.<br />
Fontes confiáveis, além disso,<br />
sugerem que, após a guerra, houve<br />
um consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />
Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel sobre<br />
as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reconciliar a tradicional<br />
<strong>ética</strong> militar <strong>do</strong> Exército <strong>de</strong><br />
Defesa <strong>de</strong> Israel com os problemas<br />
coloca<strong>do</strong>s pela natureza <strong>do</strong> cenário<br />
civil <strong>de</strong> guerra que o Hezbolá e o<br />
Hamas estabeleceram: qual <strong>de</strong>ve<br />
ser o procedimento correto, levan<strong>do</strong><br />
em conta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservar<br />
os solda<strong>do</strong>s e simultaneamente<br />
minimizar os danos causa<strong>do</strong>s<br />
a civis? Teria si<strong>do</strong> o procedimento<br />
correto efetivamente segui<strong>do</strong>?
Este jornal, quan<strong>do</strong> apareceram<br />
as notícias sobre os "testemunhos"<br />
da<strong>do</strong>s pelos gradua<strong>do</strong>s pela Aca<strong>de</strong>mia<br />
Rabin, procurou medir sua credibilida<strong>de</strong><br />
mediante os padrões jornalísticos<br />
tradicionais. Quão confiável<br />
era a fonte? A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s<br />
que testemunharam foi revelada?<br />
Po<strong>de</strong>r-se-ia contatá-los para verificar<br />
seus relatos?<br />
Por <strong>de</strong>finição, tais estimativas <strong>de</strong>veriam<br />
ser feitas rapidamente, <strong>de</strong>cisões<br />
<strong>de</strong>veriam ser tomadas contra a<br />
pressão <strong>do</strong>s prazos que expiram, e to<strong>do</strong>s<br />
os jornais inevitavelmente cometeram<br />
alguns erros. Mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os<br />
solda<strong>do</strong>s em questão não foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s<br />
e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não havia como<br />
ter acesso a eles, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as dúvidas<br />
sobre a exatidão <strong>de</strong> seus relatos<br />
surgiram quase imediatamente,<br />
foi rapidamente <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> que essas<br />
narrativas fossem publicadas nas páginas<br />
internas <strong>do</strong> jornal.<br />
A inesperada <strong>de</strong>claração <strong>de</strong><br />
Danny Zamir a este jornal, expressan<strong>do</strong><br />
seu horror - para dizer o mínimo -<br />
diante da controvérsia mundial <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada<br />
pelo testemunho <strong>de</strong> seus<br />
solda<strong>do</strong>s, é difícil <strong>de</strong> conciliar com<br />
sua postura e suas manifestações anteriores.<br />
Agora, Zamir diz que o Exército<br />
<strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel "...procurou<br />
proteger os civis <strong>do</strong> lugar mais <strong>de</strong>nsamente<br />
povoa<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Não foram<br />
expedidas quaisquer or<strong>de</strong>ns para<br />
matar civis ou realizar execuções sumárias<br />
ou qualquer coisa <strong>do</strong> gênero.<br />
Houve problemas, mas problemas<br />
com os quais o exército po<strong>de</strong> lidar".<br />
O foco excessivamente restrito que<br />
o editorial escrito por Zamir (reimpresso<br />
terça-feira no Jerusalem Post) recebeu<br />
por parte <strong>do</strong> The New York Times<br />
em particular e pela mídia internacional<br />
em geral é tu<strong>do</strong> menos casual; esse<br />
foco selecionou parte <strong>do</strong> que a mídia<br />
israelense, principalmente o Haaretz e<br />
o Ma'ariv, imediatamente divulgou<br />
acerca das acusações <strong>de</strong>moniza<strong>do</strong>ras<br />
reunidas por Zamir sobre regras permissivas<br />
<strong>de</strong> combate responsáveis por inci<strong>de</strong>ntes<br />
específicos nos quais civis<br />
haviam si<strong>do</strong> mortos <strong>de</strong>liberadamente.<br />
Foi um repórter <strong>do</strong> Haaretz que <strong>de</strong>clarou<br />
fria e cruamente que "...os solda<strong>do</strong>s<br />
não estão mentin<strong>do</strong>, pela simples<br />
razão <strong>de</strong> que eles não teriam qualquer<br />
motivo para mentir ... As <strong>de</strong>clarações<br />
<strong>de</strong>sses solda<strong>do</strong>s expressam o que a<br />
partir <strong>de</strong> seu ponto <strong>de</strong> vista eles testemunharam<br />
em Gaza".<br />
A exceção <strong>de</strong> que, como se revelou<br />
posteriormente, eles não testemunharam<br />
tais fatos. O seu "testemunho" se<br />
baseou em rumores e não é verda<strong>de</strong>iro.<br />
A partir das primeiras páginas <strong>do</strong>s<br />
jornais <strong>de</strong> Israel para o tristemente<br />
previsível mun<strong>do</strong> cão <strong>do</strong> que passa<br />
por ser jornalismo internacional na<br />
atualida<strong>de</strong>, a compilação <strong>de</strong> Zamir tornou-se<br />
a mais importante matéria na<br />
face da terra durante alguns dias -<br />
ocasionan<strong>do</strong> manchetes nos principais<br />
jornais, receben<strong>do</strong> <strong>de</strong>staque nos<br />
noticiários internacionais, prejudican<strong>do</strong><br />
ainda mais a legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Israel<br />
e transforman<strong>do</strong> numa piada internacional<br />
sem graça a insistência<br />
<strong>do</strong> Comandante em Chefe Gabi Askenazi<br />
em afirmar que o Exército <strong>de</strong> Defesa<br />
<strong>de</strong> Israel é um "exército ético".<br />
Com jornais sen<strong>do</strong> fecha<strong>do</strong>s,<br />
com a evaporação <strong>do</strong>s anúncios e o<br />
aumento constante da carga <strong>de</strong> trabalho<br />
<strong>de</strong> repórteres crescentemente<br />
pressiona<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>ve-se enten<strong>de</strong>r<br />
que não há um processo rigoroso <strong>de</strong><br />
avaliação que possa <strong>de</strong>terminar se<br />
uma história como essa <strong>de</strong>ve ou<br />
não <strong>do</strong>minar a agenda global. O que<br />
acontece, em vez disso, é que uma<br />
história hostil a Israel veiculada<br />
pela imprensa israelense é consi<strong>de</strong>rada<br />
confiável simplesmente em virtu<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> que foi publicada pela imprensa<br />
israelense: os israelenses<br />
estão dizen<strong>do</strong> coisas lamentáveis<br />
sobre eles mesmos. Ca<strong>de</strong>ias televisivas<br />
como a Al-Jazira têm patente<br />
interesse i<strong>de</strong>ológico em inflar essas<br />
histórias. As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> notícias rivais<br />
não querem ficar para trás. Uma vez<br />
que a história está sen<strong>do</strong> veiculada<br />
na TV, as agências <strong>de</strong> notícias impressas<br />
se sentem obrigadas a cobri-la,<br />
porque senão seus clientes<br />
se queixarão <strong>de</strong> que a notícia está<br />
na TV mas não nos telegramas. Então,<br />
rápi<strong>do</strong>. Destaque mundial.<br />
A natureza altamente ambígua<br />
<strong>de</strong>stes e certamente <strong>de</strong> outros ingredientes<br />
que produziram manchetes<br />
mundiais sobre o conflito <strong>de</strong> Gaza,<br />
como vim a saber, <strong>de</strong>spertaram consi<strong>de</strong>rável<br />
preocupação nas salas <strong>de</strong><br />
edição <strong>de</strong> várias agências internacionais<br />
<strong>de</strong> notícias, com alguns jornalistas<br />
protestan<strong>do</strong> veementemente contra<br />
a aparente suspensão <strong>de</strong> padrões<br />
jornalísticos mais rigorosos - sem<br />
qualquer resulta<strong>do</strong> e, suspeito, sem<br />
qualquer efeito dura<strong>do</strong>uro.<br />
E não surpreen<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma alguma<br />
que uma atenção infinitamente<br />
menor da mídia internacional tenha<br />
si<strong>do</strong> <strong>de</strong>dicada às <strong>de</strong>clarações feitas<br />
por Zamir ao Jerusalem Post nesta<br />
semana, segun<strong>do</strong> as quais "... a mídia<br />
internacional transformou os solda<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel<br />
em criminosos <strong>de</strong> guerra", "que ele<br />
não tinha como saber se os fatos sobre<br />
os alega<strong>do</strong>s inci<strong>de</strong>ntes relaciona<strong>do</strong>s,<br />
disparos gratuitos haviam ocorri<strong>do</strong><br />
efetivamente" e que "a operação<br />
Chumbo Derreti<strong>do</strong> foi justificada; que<br />
o Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel agiu<br />
<strong>de</strong> maneira cirúrgica. Infelizmente,<br />
nesse tipo <strong>de</strong> operação, ocorrerão<br />
baixas entre civis".<br />
A partir da perspectiva israelense,<br />
um <strong>do</strong>s aspectos mais problemáticos<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> lúgubre caso é exemplifica<strong>do</strong><br />
por uma carta que eu recebi,<br />
e que publiquei na edição <strong>de</strong> quarta<br />
feira, <strong>de</strong> um leitor <strong>de</strong> Tel Aviv que<br />
criticou o Jerusalem Post por acreditar<br />
que "...a investigação conduzida<br />
pelo Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel sobre<br />
os supostos assassinatos é religiosamente<br />
verda<strong>de</strong>ira" e por ignorar<br />
ostensivamente o que ele chamou<br />
<strong>de</strong> "...a inundação <strong>de</strong> testemunhos<br />
provenientes <strong>de</strong> Gaza - quase diariamente<br />
- sobre solda<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Exército<br />
<strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel atiran<strong>do</strong> em homens,<br />
mulheres e crianças inocentes<br />
que fugiam <strong>de</strong> suas casas, matan<strong>do</strong><br />
profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, provocan<strong>do</strong><br />
uma taxa <strong>de</strong> mortes civis muito<br />
mais alta <strong>do</strong> que a proclamada<br />
por Israel, fatos inteiramente respalda<strong>do</strong>s<br />
por sólida evidência".<br />
"Não, os argumentos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> palestino<br />
sempre permanecerão falsos<br />
para vocês", conclui o redator da carta,<br />
"e as evidências sobre graves falhas<br />
é negada por um jornal que já<br />
foi confiável mas que rapidamente<br />
está se transforman<strong>do</strong> no porta-voz<br />
propagandístico <strong>do</strong> exército mais<br />
moral <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>".<br />
Muito mais preocupante que a crítica<br />
a este jornal é a afirmação acerca<br />
<strong>de</strong> uma "inundação <strong>de</strong> testemunhos",<br />
respaldada por "sólida evidência", <strong>de</strong><br />
que solda<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong><br />
Israel atiraram em inocentes, e a ironia<br />
<strong>de</strong>liberada presente na <strong>de</strong>scrição<br />
<strong>do</strong> Exército <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel como<br />
"o exército mais ético <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>".<br />
O ceticismo é um instrumento<br />
essencial no arsenal <strong>de</strong> qualquer jornalista,<br />
afirmação que vale para to<strong>do</strong><br />
aquele que queira aferir a veracida<strong>de</strong><br />
das informações. Cabe lembrar<br />
novamente que o Exército <strong>de</strong> Defesa<br />
<strong>de</strong> Israel está <strong>de</strong>baten<strong>do</strong> à exaustão<br />
os parâmetros éticos que <strong>de</strong>vem guiar<br />
a ativida<strong>de</strong> militar em Gaza.<br />
O que é particularmente lamentável<br />
acerca da carta <strong>de</strong>ste leitor é a<br />
mistura entre o extremo ceticismo <strong>de</strong>dica<strong>do</strong><br />
ao que o exército tem a dizer<br />
sobre suas próprias práticas e a suspensão<br />
<strong>de</strong>sse ceticismo com relação<br />
às piores alegações que estão sen<strong>do</strong><br />
feitas contra o exército. E o que é extremamente<br />
consterna<strong>do</strong>r é o grau no<br />
qual essa combinação distorcida <strong>de</strong><br />
critérios se manifesta tão claramente<br />
não somente neste episódio, mas geralmente<br />
na forma pela qual Israel é<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
julgada no exterior e, crescentemente,<br />
eu temo, na maneira pela qual nós<br />
mesmos estamos nos julgan<strong>do</strong>.<br />
Nós, israelenses, precisamos assegurar-nos<br />
constantemente <strong>de</strong> que<br />
nossas ações são morais e justas.<br />
Nesse contexto, as alegações <strong>de</strong> Zamir<br />
<strong>de</strong>vem ser - como foram - enfática<br />
e cuida<strong>do</strong>samente investigadas e tratadas,<br />
conforme ele mesmo <strong>de</strong>clarou<br />
ao Jerusalem Post nesta semana, ele<br />
espera que sejam: seus solda<strong>do</strong>s "falaram<br />
sobre o que é tão difícil e penoso<br />
na guerra" e ele transmitiu esses<br />
relatos "...para o exército porque esperava<br />
que o exército lidasse com as<br />
questões levantadas".<br />
“Nós, israelenses, precisamos<br />
assegurar-nos constantemente <strong>de</strong><br />
que nossas ações são morais e<br />
justas. Nesse contexto, as<br />
alegações <strong>de</strong> Zamir <strong>de</strong>vem ser,<br />
como foram, enfática e<br />
cuida<strong>do</strong>samente investigadas e<br />
tratadas”.<br />
Mais amplamente, levan<strong>do</strong> em conta<br />
os dilemas coloca<strong>do</strong>s por Gaza bem<br />
como os <strong>de</strong>safios relaciona<strong>do</strong>s à nossa<br />
capacida<strong>de</strong> para viver aqui com segurança,<br />
precisamos formular as táticas<br />
e estratégias militares e diplomáticas<br />
<strong>de</strong> maneira a assegurar que po<strong>de</strong>mos<br />
manter-nos fiéis a nossos valores<br />
básicos e ao mesmo tempo sobreviver.<br />
Habitamos uma região em que a<br />
hostilida<strong>de</strong> e o ódio não são facilmente<br />
redireciona<strong>do</strong>s para a conciliação.<br />
Combatemos em um clima internacional<br />
sobretu<strong>do</strong> inóspito e precisamos<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-nos, tanto física<br />
como intelectualmente, contra aqueles<br />
que procuram <strong>de</strong>struir-nos. Fundamentalmente,<br />
não po<strong>de</strong>mos tornar-nos<br />
prisioneiros <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> distorci<strong>do</strong><br />
que outros têm da nossa realida<strong>de</strong>,<br />
<strong>do</strong> nosso comportamento e<br />
<strong>do</strong>s nossos <strong>de</strong>safios.<br />
Há imperativos nacionais e eles<br />
requerem uma comunhão <strong>de</strong> perspectivas<br />
que Israel ainda precisa alcançar.<br />
Internamente dividi<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>masiadamente<br />
intolerantes, permanecemos<br />
tão longe como sempre <strong>de</strong> um<br />
consenso sobre quais <strong>de</strong>vem ser nossos<br />
objetivos e os meios que <strong>de</strong>vemos<br />
empregar para concretizá-los.<br />
Deixamos o Egito e chegamos à<br />
terra prometida, mas ainda não realizamos<br />
nosso <strong>de</strong>stino. Aguardamos o<br />
nosso Nachshon.<br />
* David Horovitz é o editor-chefe <strong>do</strong> The Jerusalem Post e escreveu este artigo <strong>de</strong> opinião em função <strong>do</strong>s últimos acontecimentos em Israel a partir das <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> Danny Zamir. Tradução <strong>de</strong> Franklin<br />
Goldgrub. Este artigo po<strong>de</strong> ser também no original em http://www.jpost.com /servlet/Satellite?cid=1238562949511&pagename=JPArticle%2FShowFull<br />
9
10<br />
O arcebispo <strong>de</strong><br />
Porto Alegre,<br />
Da<strong>de</strong>us Grings (à<br />
direita) e o<br />
presi<strong>de</strong>nte da<br />
Fe<strong>de</strong>ração Israelita<br />
<strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
Sul, Henry S.<br />
Chmelnitsky<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
arcebispo <strong>de</strong> Porto Alegre,<br />
<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us Grings, voltou a<br />
criar polêmica há pouco mais<br />
<strong>de</strong> duas semanas ao afirmar<br />
à revista Press & Advertising,<br />
que os católicos e ciganos foram<br />
mais sacrifica<strong>do</strong>s que os ju<strong>de</strong>us na II<br />
Guerra Mundial, "mas isso não aparece<br />
porque os ju<strong>de</strong>us têm a propaganda<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>". A Fe<strong>de</strong>ração Israelita<br />
<strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul (Firs) divulgou<br />
nota repudian<strong>do</strong> as <strong>de</strong>clarações.<br />
Dias <strong>de</strong>pois, o prela<strong>do</strong> conce<strong>de</strong>u<br />
entrevista ao jornal Zero Hora. Dom<br />
Da<strong>de</strong>us foi além. "Quantos milhões<br />
<strong>de</strong> católicos foram vítimas <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong>,<br />
22 milhões? Vinte e <strong>do</strong>is milhões<br />
foram ao to<strong>do</strong>. Os ju<strong>de</strong>us se<br />
dizem as maiores vítimas <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong>.<br />
Mas as maiores vítimas foram<br />
os ciganos. Foram extermina<strong>do</strong>s. Isso<br />
eles não falam", sustenta.<br />
Resposta<br />
Resposta<br />
Henry S. Chmelnitsky, presi<strong>de</strong>nte<br />
da Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> Sul, respon<strong>de</strong>u às <strong>de</strong>clarações <strong>do</strong><br />
Arcebispo <strong>de</strong> Porto Alegre, <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us<br />
Grings, em nota oficial, com os<br />
seguintes termos:<br />
"Nos surpreen<strong>de</strong>m as <strong>de</strong>clarações<br />
<strong>do</strong> arcebispo <strong>de</strong> Porto Alegre,<br />
<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us Grings, publicadas pela<br />
revista Press. Não é<br />
a primeira vez que o<br />
religioso se refere<br />
ao <strong>Holocausto</strong> <strong>de</strong><br />
forma distorcida.<br />
Nós, brasileiros <strong>de</strong><br />
todas as origens,<br />
construímos através<br />
<strong>de</strong> décadas uma tradição<br />
<strong>de</strong> convivência<br />
pacífica e harmoniosa.<br />
Afirmações como<br />
as <strong>de</strong> <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us<br />
não contribuem em<br />
nada para este mo<strong>de</strong>lo<br />
que serve <strong>de</strong><br />
inspiração a outros<br />
países. Reduzir ou<br />
relativizar o <strong>Holocausto</strong><br />
agri<strong>de</strong> a memória <strong>de</strong> milhões<br />
<strong>de</strong> mortos numa guerra iniciada pelo<br />
fanatismo e pela intolerância.<br />
O próprio Vaticano, nos últimos<br />
anos, a<strong>do</strong>tou uma postura aberta e<br />
transparente em relação ao assassinato<br />
<strong>de</strong> seis milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us.<br />
Aliás, as relações entre a Igreja Católica<br />
e a comunida<strong>de</strong> judaica nunca<br />
foram tão boas. Em maio, o Papa Bento<br />
XVI visitará Israel.<br />
Na contramão <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>,<br />
mais uma vez <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us <strong>de</strong>stoa<br />
<strong>do</strong>s seus semelhantes ao usar argumentos<br />
sem qualquer valor moral<br />
ou científico. Morreram menos<br />
ju<strong>de</strong>us na II Guerra porque havia e<br />
Arcebispo <strong>de</strong> P. Alegre: "Ju<strong>de</strong>us<br />
têm a propaganda <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>"<br />
ainda há menos ju<strong>de</strong>us no mun<strong>do</strong>.<br />
Proporcionalmente, a chacina minimizada<br />
pelo arcebispo significou a<br />
aniquilação da maior parte <strong>de</strong> um<br />
povo que já era pequeno.<br />
Manifestamos a esperança <strong>de</strong> que<br />
<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us reflita sobre as suas <strong>de</strong>clarações.<br />
Ele é um homem <strong>de</strong> fé e <strong>de</strong><br />
paz. Esteve na posse da diretoria da<br />
Fe<strong>de</strong>ração Israelita há poucos dias, o<br />
que muito honrou e sensibilizou a comunida<strong>de</strong><br />
judaica gaúcha. Entretanto,<br />
ao reproduzir estereótipos cria<strong>do</strong>s pelos<br />
nazistas, <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us se posiciona<br />
<strong>do</strong> la<strong>do</strong> erra<strong>do</strong> da História. Suas <strong>de</strong>clarações<br />
agri<strong>de</strong>m não só aos ju<strong>de</strong>us,<br />
mas aos milhões <strong>de</strong> ciganos, porta<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, homossexuais e<br />
adversários <strong>do</strong> regime nazista que foram<br />
igualmente assassina<strong>do</strong>s.<br />
A única forma <strong>de</strong> impedir que a<br />
barbárie perpetrada pelos nazistas se<br />
repita - contra os ju<strong>de</strong>us ou contra<br />
outras etnias ou segmentos religiosos<br />
- é respeitar sempre a memória,<br />
com serieda<strong>de</strong>, fraternida<strong>de</strong> e honestida<strong>de</strong>.<br />
É isto o que esperamos <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us Grings e <strong>do</strong>s homens e<br />
mulheres comprometi<strong>do</strong>s com a verda<strong>de</strong><br />
e com a justiça. Porto Alegre,<br />
26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2009. Henry S. Chmelnitsky<br />
- Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração Israelita<br />
<strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul".<br />
Na Na Zero Zero Hora Hora<br />
Hora<br />
"Não falei nada contra eles", afirmou<br />
<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us sobre polêmica com<br />
os ju<strong>de</strong>us que o arcebispo abriu na<br />
revista Press & Advertising, ao conce<strong>de</strong>r<br />
entrevista ao Zero Hora.<br />
ZERO HORA - Sua entrevista causou<br />
muito <strong>de</strong>sconforto. O senhor não<br />
imaginava que isso ocorreria?<br />
DOM DADEUS GRINGS - Eu não falei contra<br />
o <strong>Holocausto</strong>, pelo contrário, acho<br />
que os ju<strong>de</strong>us fazem muito bem em<br />
lembrar as suas vítimas. É justo. Sofreram<br />
uma <strong>do</strong>r terrível. O que não<br />
acho justo é que se esqueçam to<strong>do</strong>s<br />
os <strong>de</strong>mais. Os ciganos foram dizima<strong>do</strong>s,<br />
os homossexuais, e não se fala<br />
nada. A União Sovi<strong>ética</strong>, em 70 anos<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio, matou 110 milhões <strong>de</strong><br />
pessoas, isso não se po<strong>de</strong> esquecer.<br />
Em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> um grupo, esquecer os<br />
<strong>de</strong>mais, não me parece muito justo.<br />
Não estou diminuin<strong>do</strong> a lembrança<br />
que os ju<strong>de</strong>us fazem com muita garra.<br />
Mas temos <strong>de</strong> lembrar também <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>mais. Ninguém fala quase da tragédia<br />
<strong>do</strong> marxismo. No nazismo, foram<br />
26 milhões <strong>de</strong> vítimas.<br />
ZH - Para ressaltar as outras vítimas é<br />
necessário fazer comparações com<br />
o <strong>Holocausto</strong>, já que é um assunto...<br />
DOM DADEUS - Não, não, os ju<strong>de</strong>us, com<br />
muita razão, prezam e homenageiam<br />
os seus mortos. Mas nós não po<strong>de</strong>mos<br />
omitir os nossos.<br />
ZH - Mas os ju<strong>de</strong>us foram mortos por<br />
serem ju<strong>de</strong>us...<br />
DOM DADEUS - E os cristãos, por serem<br />
cristãos. Na Iugoslávia, se alguém fizesse<br />
um batiza<strong>do</strong>, era morto. Então,<br />
também temos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar com<br />
muita clareza que os regimes totalitários<br />
que fazem prevalecer i<strong>de</strong>ias<br />
sobre a vida são sempre muito prejudiciais<br />
à humanida<strong>de</strong>.<br />
ZH - O senhor acha que foi mal interpreta<strong>do</strong>?<br />
DOM DADEUS - Acho que sim, eu não<br />
falei nada contra eles.<br />
ZH - Em 2003, o senhor já havia dito<br />
que haviam morri<strong>do</strong> 1 milhão <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us,<br />
não 6 milhões.<br />
DOM DADEUS - Em 2003, republicaram<br />
um artigo que era <strong>de</strong> 1990 e poucos.<br />
Reeditaram aqui.<br />
ZH - Mas o senhor escreveu...<br />
DOM DADEUS - Quan<strong>do</strong> publicaram aqui<br />
em Porto Alegre é que repercutiu.<br />
ZH - Isso não po<strong>de</strong> estremecer as relações<br />
interreligiosas?<br />
DOM DADEUS - Não, pelo contrário, até<br />
é bom para esclarecer os pontos.<br />
Des<strong>do</strong>bramentos<br />
Des<strong>do</strong>bramentos<br />
Des<strong>do</strong>bramentos<br />
O professor e jornalista Luis Milman<br />
escreveu carta a uma jornalista<br />
<strong>do</strong> Zero Hora, que se manifestara <strong>de</strong><br />
maneira ambígua em sua coluna naquele<br />
jornal, em relação à fala <strong>do</strong> arcebispo<br />
<strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us. "Senhora Jornalista:<br />
Em sua coluna em ZH <strong>de</strong> hoje,<br />
há o registro <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>claração <strong>do</strong><br />
arcebispo <strong>de</strong> POA a uma revista local,<br />
segun<strong>do</strong> a qual mais católicos<br />
morreram <strong>do</strong> que ju<strong>de</strong>us na 2ª Guerra<br />
e que os ju<strong>de</strong>us "têm a propaganda<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>". A senhora comenta que<br />
a entrevista traz "a marca da polêmica".<br />
Pergunto: a qual polêmica a senhora<br />
(não o arcebispo, que é um antissemita<br />
e faz uma <strong>de</strong>claração neonazista)<br />
a senhora se refere? Por favor,<br />
ilustre-me a respeito para que,<br />
como ju<strong>de</strong>u, autor <strong>de</strong> livros e artigos<br />
sobre o neonazismo e o negacionismo,<br />
venha a saber o ponto que lhe<br />
gera incerteza. Escrever, como a senhora<br />
o fez, que "é polêmico" afirmar<br />
que ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>têm a propaganda <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>" é próprio <strong>de</strong> antissemitas<br />
<strong>de</strong>savergonha<strong>do</strong>s. Não é o seu caso,<br />
mas cuida<strong>do</strong> com as palavras. Quanto<br />
ao número <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us mortos na<br />
guerra "ter si<strong>do</strong> menor" <strong>do</strong> que o <strong>de</strong><br />
católicos, está embutida aí uma asneira<br />
trivial, também própria <strong>de</strong> militantes<br />
antissemitas. Foram alvos <strong>de</strong><br />
genocídio os ju<strong>de</strong>us, não os católicos,<br />
e o assombroso número <strong>de</strong> mortes <strong>de</strong><br />
ju<strong>de</strong>us, porque eram ju<strong>de</strong>us (a senhora<br />
enten<strong>de</strong>u, não é!) dizimou quase a<br />
meta<strong>de</strong> da população judaica da Europa.<br />
Esse arcebispo Da<strong>de</strong>us é um<br />
nazista e não tem polêmica alguma<br />
sobre o que ele disse. Imagine quase<br />
a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> católicos assassina<strong>do</strong>s<br />
porque eram católicos. Seriam, na Europa,<br />
cerca <strong>de</strong> 200 milhões <strong>de</strong> pessoas,<br />
no mínimo. Meça por aí o tamanho<br />
da sanha antijudaica <strong>de</strong>sse naziarcebispo.<br />
E ainda há jornalistas que<br />
vêm escrever sobre "polêmica". Façanos,<br />
a nós que temos compromisso<br />
com a verda<strong>de</strong> e respeito pelas vítimas<br />
<strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong>, o favor <strong>de</strong> avaliar<br />
melhor o que nazistas <strong>de</strong>claram,<br />
sejam eles padres, bispos ou arcebispos.<br />
Prof. Luis Milman - UFRGS e Conselheiro<br />
<strong>do</strong> Movimento <strong>de</strong> Justiça e<br />
Direitos Humanos".<br />
Acor<strong>do</strong><br />
Acor<strong>do</strong><br />
Na manhã <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> março, Henry<br />
S. Chmelnitsky, presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />
Israelita gaúcha, e <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us<br />
Grings, arcebispo metropolitano <strong>de</strong><br />
Porto Alegre, chegaram a um acor<strong>do</strong><br />
em reunião mediada pelo Ministério<br />
Público. Ambos saíram reafirman<strong>do</strong> a<br />
importância e necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> diálogo<br />
interreligioso e da ampla liberda<strong>de</strong> e<br />
respeito entre to<strong>do</strong>s os grupos. O atrito<br />
surgi<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>claração <strong>do</strong> bispo<br />
à Press foi da<strong>do</strong> como supera<strong>do</strong>.<br />
A reunião foi coor<strong>de</strong>nada pelo<br />
<strong>de</strong>puta<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> PDT Carlos Eduar<strong>do</strong><br />
Vieira da Cunha e houve uma nota<br />
conjunta da FIRS e <strong>do</strong>m Da<strong>de</strong>us:<br />
"O arcebispo <strong>de</strong> Porto Alegre, <strong>do</strong>m<br />
Da<strong>de</strong>us Grings, e o presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />
Israelita <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul,<br />
Henry Chmelnitsky, se reuniram na<br />
manhã <strong>de</strong>sta segunda-feira, em Porto<br />
Alegre. No encontro, discutiram caminhos<br />
para aprofundar o bom relacionamento<br />
entre a Igreja Católica e a comunida<strong>de</strong><br />
judaica <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul.<br />
Apoia<strong>do</strong>s pelo respeito mútuo e pela<br />
tradição <strong>de</strong> convivência harmoniosa e<br />
pacífica <strong>do</strong>s vários segmentos que<br />
compõem a socieda<strong>de</strong> gaúcha, o arcebispo<br />
da Capital e o presi<strong>de</strong>nte da<br />
Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>de</strong>cidiram:<br />
1. Aprofundar e valorizar cada vez<br />
mais o diálogo interreligioso no Rio<br />
Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, no Brasil e no mun<strong>do</strong>,<br />
por enten<strong>de</strong>r que a aproximação<br />
entre culturas é saudável e fundamental<br />
para o exercício pleno da<br />
<strong>de</strong>mocracia e das liberda<strong>de</strong>s individuais<br />
e coletivas.<br />
2. Rejeitar qualquer tentativa <strong>de</strong> negação<br />
ou <strong>de</strong> relativização <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong><br />
que matou 6 milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us<br />
na Europa.<br />
3. Repudiar a utilização <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias que<br />
possam incentivar o antissemismo<br />
e a discriminação étnica, religiosa<br />
ou racial contra qualquer indivíduo<br />
ou coletivida<strong>de</strong>.<br />
Porto Alegre, 30 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2009".
m assembléia geral ordinária<br />
convocada pelos presi<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>do</strong> Conselho Deliberativo,<br />
Moisés Bromfman<br />
e da Diretoria da Fe<strong>de</strong>ração<br />
Israelita <strong>do</strong> Paraná, Isac Baril,<br />
tomou posse no CIP, dia 24 <strong>de</strong> março<br />
a nova Diretoria da Fe<strong>de</strong>ração Israelita<br />
<strong>do</strong> Paraná, li<strong>de</strong>rada por Manoel<br />
Knopfholz, eleito na ocasião.<br />
Durante a Assembléia os membros<br />
da comunida<strong>de</strong> presentes apreciaram<br />
e aprovaram também a proposta da<br />
reforma estatutária da Fe<strong>de</strong>ração Israelita,<br />
elaborada pela advogada Cristiane<br />
Sasson Rassi, que fez uma leitura<br />
das modificações na ocasião, além<br />
<strong>de</strong> elegerem também os <strong>de</strong>mais membros<br />
da Diretoria da FEIP e seu Conselho<br />
Fiscal. Os membros da nova Diretoria<br />
Executiva e <strong>do</strong> Conselho Fiscal<br />
da Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong> Paraná elei-<br />
Toma posse nova diretoria<br />
da Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong> PR<br />
Manoel Knopfholz assume presidência em substituição a Isac Baril<br />
tos para o biênio 2009/2011, são: presi<strong>de</strong>nte,<br />
Manoel Knopfholz; 1º vicepresi<strong>de</strong>nte,<br />
Nathan Kulisch; 2º vicepresi<strong>de</strong>nte,<br />
Leo Kriger; 1º secretário,<br />
Sidnei Axelrud; 2º secretário, Fernan<strong>do</strong><br />
Brafman. Conselheiros fiscais: Davi<br />
Knopfholz, Itzhak Polikar e Isac Baril.<br />
Discurso<br />
Discurso<br />
Em seu discurso <strong>de</strong> posse, o novo<br />
presi<strong>de</strong>nte da entida<strong>de</strong>, Manoel<br />
Knopfholz <strong>de</strong>stacou que "preten<strong>de</strong><br />
materializar os termos e objetivos <strong>do</strong><br />
Estatuto aprova<strong>do</strong> na Assembléia<br />
Geral e que o objetivo central da<br />
entida<strong>de</strong>, que esta gestão procurará<br />
exercer, é a representativida<strong>de</strong> externa<br />
da comunida<strong>de</strong>".<br />
A seguir falou sobre os planos da<br />
FEIP. "Nosso plano prevê ações <strong>de</strong><br />
propagação, tutoria e resguar<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
valores culturais, étnicos e nacionais<br />
<strong>do</strong> judaísmo, perante a socieda<strong>de</strong> civil<br />
e formal <strong>do</strong> Paraná, em compatibilida<strong>de</strong><br />
com princípios judaicos da <strong>ética</strong>,<br />
justiça, dignida<strong>de</strong>, solidarieda<strong>de</strong>,<br />
fraternida<strong>de</strong> e paz".<br />
Mais adiante, Knopfholz ressaltou<br />
que "teremos, portanto, uma conduta<br />
dissemina<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> nossas tradições<br />
culturais, artísticas, científicas e intelectuais,<br />
entre tantas outras riquezas,<br />
que <strong>de</strong>vem coexistir harmoniosamente<br />
com outras etnias, mas seremos<br />
também responsivos quan<strong>do</strong> formos<br />
alvos <strong>de</strong> alguma ação danosa que as<br />
atinja. Para tanto, e em consonância<br />
com a Kehilá, iniciamos a elaboração<br />
<strong>de</strong> alguns projetos, como comissões<br />
<strong>de</strong> jornalistas, intelectuais, acadêmicos<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro e <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> nossa comunida<strong>de</strong><br />
para a formação <strong>de</strong> massa<br />
crítica e <strong>de</strong> fomento <strong>do</strong>s valores tutela<strong>do</strong>s.<br />
Além disso, estamos em fase<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
Netanyahu reafirma que buscará paz com árabes<br />
Enfrentar a ameaça da corrida armamentista<br />
iraniana e a atual crise econômica<br />
serão duas das priorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> novo<br />
governo israelense que tomou posse dia<br />
31 <strong>de</strong> março, ten<strong>do</strong> Benjamin Netanyahu<br />
como primeiro-ministro — o primeiro premiê<br />
reeleito em <strong>de</strong>z anos.<br />
Ele enfatizou que seu governo fará to<strong>do</strong>s<br />
os esforços para conseguir a paz com<br />
os vizinhos árabes. Abaixo, as principais<br />
<strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> Benjamin Netanyahu:<br />
"O governo que vou construir fará tu<strong>do</strong><br />
o que for necessário para conseguir uma<br />
paz justa e dura<strong>do</strong>ura com to<strong>do</strong>s nossos<br />
vizinhos e o resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> árabe. Nós<br />
queremos uma paz total e real com o objetivo<br />
<strong>de</strong> alcançar uma reconciliação entre<br />
os povos árabe e ju<strong>de</strong>u. Cada vez que<br />
Israel se encontrou diante <strong>de</strong> um dirigente<br />
árabe que <strong>de</strong>sejava sinceramente a paz,<br />
agiu <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>".<br />
"Cada um <strong>de</strong> nossos vizinhos que estiver<br />
disposto a ir pelo caminho da paz encontrará<br />
nossa mão estendida".<br />
"Não permitiremos que ninguém questione<br />
nosso direito a existir".<br />
"O maior perigo para a humanida<strong>de</strong> e<br />
para o nosso Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Israel vem da possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> um regime radical se munir<br />
<strong>de</strong> armas nucleares".<br />
"A economia, a segurança e a diplomacia<br />
são o caminho para a paz".<br />
"Digo à li<strong>de</strong>rança palestina que, se<br />
vocês realmente querem a paz, nós po<strong>de</strong>mos<br />
alcançar a paz".<br />
"Sob um acor<strong>do</strong> permanente, os pales-<br />
tinos terão toda a autorida<strong>de</strong><br />
necessária para governar eles<br />
mesmos, à exceção daqueles<br />
que ameaçariam a existência e<br />
a segurança <strong>de</strong> Israel".<br />
No final <strong>do</strong> pronunciamento,<br />
Benjamin Netanyahu leu a<br />
lista conten<strong>do</strong> os nomes <strong>do</strong>s 30<br />
ministros que fazem parte da<br />
nova coalizão governamental, a<br />
maior em número <strong>de</strong> pastas na<br />
história israelense. Apenas Netanyahu<br />
duas mulheres estão no novo<br />
governo: Limor Livnat, <strong>do</strong> Likud, que fica<br />
com a pasta <strong>de</strong> Cultura e Esportes, e Sofa<br />
Landver, <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> Trabalhista, que é encarregada<br />
<strong>do</strong> Ministério <strong>de</strong> Imigração e<br />
Absorção.<br />
Ministério<br />
Ministério<br />
Primeiro-ministro: Benjamin Netanyahu<br />
(59 anos, Likud); Assuntos Estratégicos<br />
e primeiro-ministro interino: Moshe Yaalon<br />
(58 anos, Likud); Desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> Neguev e da Galiléia e primeiro-ministro<br />
interino: Silvan Shalom (50 anos,<br />
Likud); Assuntos Exteriores e vice-primeiro-ministro:<br />
Avig<strong>do</strong>r Lieberman (51<br />
anos, Yisrael Beiteinu); Defesa e vice-primeiro-ministro:<br />
Ehud Barak (67 anos,<br />
Trabalhista); Interior e vice-primeiro-ministro:<br />
Eli Yishai (46 anos, Shas); Transportes:<br />
Yisrael Katz (53 anos, Likud); Finanças:<br />
Yuval Steinitz (51 anos, Likud); Indústria<br />
e Comércio: Binyamin Ben-Eliezer<br />
(Trabalhista); Justiça: Yaacov Neeman<br />
(69 anos, sem parti<strong>do</strong>); Educação: Gi<strong>de</strong>on<br />
Sa'ar (42 anos, Likud); Comunicação: Mo-<br />
she Kahlon (48 anos, Likud);<br />
Meio Ambiente: Gilad Ar<strong>de</strong>n<br />
(38 anos, Likud); Cultura e Esporte:<br />
Limor Livnat (58 anos,<br />
Likud); Informação e Diáspora:<br />
Yuli E<strong>de</strong>lstein (50 anos, Likud);<br />
Habitação: Ariel Atias<br />
(38 anos, Shas); Culto: Yaacov<br />
Margi (48 anos, Shas); Serviços<br />
Secretos e Tecnologia<br />
Nuclear: Dan Meri<strong>do</strong>r (61<br />
anos, Likud); Segurança Interior:<br />
Itzhak Aharonovich (58<br />
anos, Yisrael Beiteinu); Infraestrutura:<br />
Uzi Landau (65 anos, Yisrael Beiteinu);<br />
Imigração: Sofa Landberg (59 anos, Yisrael<br />
Beiteinu); Turismo: Stas Misezhnikov<br />
(40 anos, Yisrael Beiteinu); Ciências: Daniel<br />
Hershkovitz (56 anos, Lar Ju<strong>de</strong>u); Assistência<br />
Social: Itzhak Herzog (48 anos,<br />
Trabalhista); Minorias: Avishay Braverman<br />
(61 anos, Trabalhista); Agricultura:<br />
Shalom Simhon (52 anos, Trabalhista);<br />
Serviços Públicos: Michael Eitan (65<br />
anos, Likud); ministros sem pasta: Ze'ev<br />
Benjamin Begin (66 anos, Likud), Yossi<br />
Peled (68 anos, Likud), Meshulam Nahari<br />
(57 anos, Shas), Avishay Braverman e Daniel<br />
Hershkowitz.<br />
Também assumiram os seguintes Vice-<br />
Ministros: Relações Exteriores: Daniel<br />
Ayalon; Saú<strong>de</strong>: Moshe Gafni; Assuntos<br />
<strong>do</strong>s Pensionistas: Lea Nass; Defesa: Matan<br />
Vilnai; Finanças: Yitzchak Cohen; Indústria<br />
e Comércio: Orit Noked; Escritório<br />
<strong>do</strong> Primeiro-Ministro: Gila Gamliel; e<br />
Vice sem pasta: Ayoub Kara.<br />
11<br />
Na primeira fila, a partir da direita, Manoel Knopfholz, novo<br />
presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong> Paraná, a advogada Cristiane<br />
Sasson Rassi, que elaborou o projeto <strong>de</strong> reforma <strong>do</strong>s estatutos, e<br />
Nathan Kulisch, plrimeiro vice-presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>do</strong> lançamento <strong>de</strong> um Programa <strong>de</strong> TV,<br />
e nos inserin<strong>do</strong> nas comemorações<br />
<strong>do</strong>s 120 anos <strong>de</strong> imigração judaica no<br />
Paraná, além ações <strong>de</strong> natureza social,<br />
entre o outras, como eventos e seminários<br />
a serem promovi<strong>do</strong>s nas universida<strong>de</strong>s<br />
e órgãos forma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> opinião",<br />
concluiu.<br />
Assumiram ainda os seguintes funcionários<br />
governamentais seniores: Porta-voz<br />
<strong>do</strong> Knesset: Deputa<strong>do</strong> Reuven Rivlin; Presi<strong>de</strong>nte<br />
da Suprema Corte: Dorit Beinisch;<br />
Controla<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e Ombudsman:<br />
Micha Lin<strong>de</strong>nstrauss; Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Banco<br />
<strong>de</strong> Israel: Stanley Fischer; Chefe das Forças<br />
Armadas: Tenente-General Gaby Ashkenazi;<br />
Procura<strong>do</strong>r Geral: Menachem Mazuz;<br />
Rabino Chefe Sefaradi: Shlomo Amar; e<br />
Rabino Chefe Ashkenazi: Yona Metzger.<br />
Olmert<br />
Olmert<br />
Em seu discurso <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida, Ehud<br />
Olmert, afirmou que o Exército israelense<br />
é o que tem mais <strong>ética</strong> no mun<strong>do</strong> e que a<br />
recente ofensiva lançada na Faixa <strong>de</strong> Gaza<br />
tornou isso evi<strong>de</strong>nte. Ele se referia a <strong>de</strong>cisão<br />
da Justiça Militar israelense <strong>de</strong> arquivar<br />
<strong>de</strong>finitivamente o inquérito sobre supostos<br />
abusos cometi<strong>do</strong>s por solda<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
Israel contra civis palestinos durante as<br />
três semanas <strong>de</strong> ofensiva na Faixa <strong>de</strong><br />
Gaza. A justificativa, segun<strong>do</strong> o chefe <strong>do</strong><br />
Judiciário <strong>do</strong> Exército, o general Avichai<br />
Men<strong>de</strong>lblit, é que as <strong>de</strong>núncias "têm por<br />
base rumores e carecem <strong>de</strong> respal<strong>do</strong>".<br />
O presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Israel, Shimon Peres,<br />
disse a Netanyahu que o mun<strong>do</strong> apoia a criação<br />
<strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong> palestino. "O governo que<br />
sai a<strong>do</strong>tou a visão <strong>de</strong> <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s para <strong>do</strong>is<br />
povos, promovida pela administração <strong>do</strong>s<br />
EUA e aceita pela maioria <strong>do</strong>s países <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>. Não conheço melhor alternativa que<br />
a paz para a região inteira, especialmente<br />
porque a necessida<strong>de</strong> árabe <strong>de</strong> paz está conjuminada<br />
com a ameaça iraniana <strong>de</strong> assumir<br />
a parte árabe da nossa região".
12<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769
utorida<strong>de</strong>s palestinas<br />
dissolveram uma orquestra<br />
juvenil da<br />
Cisjordânia que havia<br />
toca<strong>do</strong> para um grupo <strong>de</strong><br />
sobreviventes <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong><br />
em Israel. São crianças e jovens<br />
que formam um grupo <strong>de</strong> músicos<br />
<strong>do</strong>s 12 aos 17 anos palestinos <strong>do</strong><br />
Campo <strong>de</strong> Jenin, no passa<strong>do</strong> um notório<br />
foco <strong>de</strong> militância e violência, e<br />
que tinham viaja<strong>do</strong> para Israel a fim<br />
<strong>de</strong> tocar para sobreviventes <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong><br />
no centro Amcha <strong>de</strong> Holon,<br />
num encontro que foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />
extraordinário.<br />
Os jovens tocaram e os sobreviventes<br />
<strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> tentavam<br />
acompanhar com palmas o ritmo sempre<br />
mutável <strong>do</strong>s tambores darbouka.<br />
"Fomos lá para tocar", disse Wafa<br />
Younis, 51 anos, a diretora da orquestra<br />
jovem, israelense <strong>de</strong> ascendência<br />
árabe. "Não acredito em política; apenas<br />
em músicos e nessas crianças".<br />
Qualquer estranheza terminou diluída<br />
pela barreira <strong>do</strong> idioma. Excetua<strong>do</strong><br />
Younis, os palestinos só falam árabe;<br />
os sobreviventes <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> só<br />
falam hebraico e seus idiomas europeus<br />
<strong>de</strong> origem. Zehava Zelevski, 73 anos,<br />
nasceu na Polônia e chegou a Israel<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passar por campos <strong>de</strong> refugia<strong>do</strong>s<br />
na Alemanha, em 1948. Seus três<br />
irmãos foram mortos durante a Segunda<br />
Guerra Mundial. Zelevski disse que<br />
sabia sobre o campo <strong>de</strong>o Jenin pela te-<br />
levisão e jornais, acrescentan<strong>do</strong> que "o<br />
terrorismo to<strong>do</strong> vinha <strong>de</strong> lá".<br />
O evento foi organiza<strong>do</strong> como<br />
parte <strong>do</strong> Dia das Boas Ações, em Israel,<br />
uma iniciativa <strong>de</strong> Shari Arison,<br />
conhecida empresária israelense,<br />
hoje cidadã <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />
Arison <strong>de</strong>clarou em entrevista<br />
antes da apresentação que concebeu<br />
a idéia para o dia das boas ações enquanto<br />
caminhava, alguns anos atrás.<br />
Qualquer pessoa, rica ou pobre, po<strong>de</strong><br />
ajudar um cego a atravessar a rua,<br />
animar alguém com um sorriso ou ajudar<br />
a carregar as compras, ela disse.<br />
Dissolução<br />
Dissolução<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
Palestinos <strong>de</strong>smantelam orquestra<br />
juvenil que tocou para sobreviventes<br />
Antônio Carlos Coelho *<br />
O que se po<strong>de</strong> esperar das críticas feitas<br />
a Israel no que se refere às relações<br />
com os palestinos? Quan<strong>do</strong> elas vêm, já<br />
ficamos com um pé atrás. Não são favoráveis.<br />
São, na maioria das vezes, mal<strong>do</strong>sas<br />
e carregadas <strong>de</strong> interesses i<strong>de</strong>ológicos.<br />
Nos últimos meses, quan<strong>do</strong> Israel respon<strong>de</strong>u<br />
duramente aos ataques nas cida<strong>de</strong>s<br />
próximas a Gaza, tivemos da parte da mídia,<br />
uma análise da situação mais fiel aos<br />
fatos e razões da posição tomada pelo<br />
Esta<strong>do</strong> judaico; mas também tivemos as<br />
mais revoltantes formas <strong>de</strong> noticiar e as<br />
críticas mais virulentas.<br />
O mote das notícias era a <strong>de</strong>sproporcionalida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> ataque ao "povo palestino",<br />
como se, em guerra, fosse possível<br />
estabelecer medidas <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong>.<br />
E ainda, segun<strong>do</strong> parte da mídia, Israel<br />
mais uma vez, entre tantas, agia com<br />
extremada violência sobre o pobre povo<br />
sofre<strong>do</strong>r que, injustamente, vive confina-<br />
Adnan al-Hinda, diretor <strong>do</strong> Comitê<br />
Popular <strong>de</strong> Serviços <strong>do</strong> campo <strong>de</strong><br />
Jenin liga<strong>do</strong> à Autorida<strong>de</strong> Palestina,<br />
chamou a apresentação aos sobreviventes<br />
<strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> <strong>de</strong> uma "questão<br />
política" e acusou a maestra Wafa<br />
Younis <strong>de</strong> ter inconscientemente "arrasta<strong>do</strong><br />
as crianças para uma disputa<br />
política", por isso a orquestra juvenil<br />
foi dissolvida.<br />
Ele acrescentou que Younis também<br />
foi impedida <strong>de</strong> entrar em seu<br />
apartamento no campo, on<strong>de</strong> ela ensinava<br />
os jovens músicos.<br />
O evento atraiu uma forte con<strong>de</strong>nação<br />
<strong>do</strong>s dirigentes <strong>do</strong> campo <strong>de</strong> refugia<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> Jenin e ativistas políticos,<br />
que acusaram os organiza<strong>do</strong>res <strong>de</strong> explorar<br />
as crianças para "fins políticos".<br />
Hinda disse que a participação das<br />
crianças no concerto era uma "questão<br />
perigosa", porque foi dirigida contra<br />
a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural e nacional <strong>do</strong>s<br />
palestinos. Ele acusou "elementos suspeitos"<br />
<strong>de</strong> estarem por trás <strong>do</strong> evento<br />
<strong>de</strong> Holon, dizen<strong>do</strong> que eles estavam<br />
procuran<strong>do</strong> "impacto" e que isso "estava<br />
afetan<strong>do</strong> a cultura nacional da<br />
geração jovem e colocan<strong>do</strong> dúvidas<br />
sobre o heroísmo e a resistência <strong>do</strong>s<br />
mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> campo durante a invasão<br />
israelense, em abril <strong>de</strong> 2002".<br />
Ele ainda alegou que os organiza<strong>do</strong>res<br />
"enganaram" as crianças<br />
com uma viagem gratuita a Israel e<br />
ensinar-lhes música.<br />
Ramzi Fayad, um porta-voz <strong>de</strong> várias<br />
facções políticas no campo <strong>de</strong><br />
Jenin, também con<strong>de</strong>nou a participação<br />
<strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes no evento <strong>do</strong><br />
<strong>Holocausto</strong>, dizen<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s os grupos<br />
se opõem fortemente a qualquer<br />
forma <strong>de</strong> normalização com Israel.<br />
"Não po<strong>de</strong> haver paz enquanto<br />
Israel continua a perpetrar massacres<br />
contra nosso povo", disse ele.<br />
Folhetos distribuí<strong>do</strong>s na área Jenin<br />
igualmente atacaram o evento e os organiza<strong>do</strong>res<br />
acusan<strong>do</strong>-os <strong>de</strong> explorar as<br />
crianças. Os folhetos também advertiram<br />
os palestinos contra participações<br />
em eventos semelhantes no futuro.<br />
Fontes <strong>do</strong> campo disseram que a<br />
facções políticas em Jenin, também<br />
<strong>de</strong>cidiu proibir a que a mulher (Wafa<br />
Israel tem o pescoço duro<br />
<strong>do</strong> em campos <strong>de</strong> refugia<strong>do</strong>s.<br />
Passa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is meses, veio-nos a notícia<br />
<strong>de</strong> que alguns solda<strong>do</strong>s israelenses tinham<br />
cometi<strong>do</strong> um assassinato. Desta vez<br />
tinha si<strong>do</strong> contra mulheres que, seguin<strong>do</strong><br />
or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> um solda<strong>do</strong>, saíram da casa em<br />
que se abrigavam e foram covar<strong>de</strong>mente<br />
mortas por um atira<strong>do</strong>r. E assim as notícias<br />
nos chegam, e chegam também a<br />
quem não estabelece nenhum filtro para<br />
separar o que possivelmente é realida<strong>de</strong><br />
daquilo que é um exagero.<br />
Além <strong>de</strong> não dar o direito a Israel se<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ataques inimigos, o que já é<br />
corriqueiro nos textos <strong>de</strong> mídia, se <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra,<br />
subliminarmente, que Israel é um<br />
Esta<strong>do</strong> e, que como Esta<strong>do</strong>, tem o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong><br />
proporcionar segurança, integrida<strong>de</strong> física,<br />
além <strong>de</strong> outros diretos e garantias aos seus<br />
cidadãos. Talvez muitos jornalistas e <strong>do</strong>nos<br />
<strong>de</strong> veículos <strong>de</strong> notícias estejam mais acostuma<strong>do</strong>s<br />
com esta<strong>do</strong>s que não garantem a<br />
segurança <strong>de</strong> seu povo, a estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
investimentos <strong>de</strong> empresas nacionais em<br />
países estrangeiros, a saú<strong>de</strong>, e que fazem<br />
o possível para <strong>de</strong>sacreditar as instituições<br />
<strong>de</strong>mocráticas e aquelas fundamentais<br />
para a estabilida<strong>de</strong> social.<br />
Parece ser essa a regra <strong>do</strong>s nossos<br />
tempos: <strong>de</strong>struir o que há <strong>de</strong> exemplar,<br />
<strong>de</strong>sacreditar instituições que garantem a<br />
<strong>de</strong>mocracia, reverter os conceitos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />
e direitos civis. Criminosos e traficantes<br />
têm força <strong>de</strong> policial, palavra <strong>de</strong><br />
contraventor vale tanto quanto <strong>de</strong> um juiz,<br />
terrorista é símbolo <strong>de</strong> justiceiro e age em<br />
favor <strong>do</strong> oprimi<strong>do</strong>.<br />
As tentativas <strong>de</strong> levar a opinião pública<br />
a acreditar que Israel age como um Esta<strong>do</strong><br />
criminoso é orienta<strong>do</strong> pela mesma lógica<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> valores <strong>de</strong>mocráticos<br />
e <strong>de</strong> direitos e responsabilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong>. É uma lógica que <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra a<br />
História, que distorce informações, levan<strong>do</strong>,<br />
mesmo aqueles mais ilustra<strong>do</strong>s, à confusão<br />
e se julgarem incapazes <strong>de</strong> omitir<br />
opiniões ou, o que é pior, assumirem parâmetros<br />
<strong>de</strong> julgamento influencia<strong>do</strong>s por<br />
Younis) árabe israelense, que aju<strong>do</strong>u<br />
a organizar o evento entre na cida<strong>de</strong>.<br />
Ativistas <strong>do</strong> Fatah apresentaram<br />
uma <strong>de</strong>núncia à Polícia palestina contra<br />
Younis sob o pretexto <strong>de</strong> que tinha<br />
engana<strong>do</strong> as crianças, levan<strong>do</strong>os<br />
para o evento <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong>, além<br />
<strong>de</strong> bloquear sua entrada no apartamento<br />
que havia si<strong>do</strong> aluga<strong>do</strong> por ela.<br />
Durante o evento cerca <strong>de</strong> 30 i<strong>do</strong>sos<br />
sobreviventes estiveram no centro<br />
ouvin<strong>do</strong> os meninos e as meninas<br />
tocarem. O encontro começou com<br />
uma música árabe, "Nós cantamos<br />
para a paz", e foi segui<strong>do</strong> por duas<br />
peças musicais com violinos e tambores<br />
árabes, bem como uma música<br />
improvisada em hebraico pelos <strong>do</strong>is<br />
grupos. Younis também <strong>de</strong>dicou uma<br />
canção da orquestra ao solda<strong>do</strong> seqüestra<strong>do</strong><br />
Gilad Schalit.<br />
13<br />
Menina da orquerstra palestina toca para sobreviventes <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong><br />
Foto: Rina Castelnuovo<br />
* Antônio Carlos Coelho é professor universitário, escritor, diretor <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Ciência e Fé e colabora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
parte da mídia. Vale a regra <strong>de</strong> Goebbels:<br />
minta, minta, até que a mentira se torne<br />
uma verda<strong>de</strong>.<br />
Mas para a nossa satisfação "os ju<strong>de</strong>us<br />
têm pescoço duro" e não se <strong>do</strong>bram para<br />
opiniões ou pressões que venham cercear<br />
as ações <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Israel. E, muito<br />
menos, <strong>de</strong>ixaram suas instituições se corromperem<br />
com acenos e ameaças <strong>de</strong> qual<br />
po<strong>de</strong>r seja. Seus valores éticos serão preserva<strong>do</strong>s,<br />
seja para a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seu povo,<br />
conduzin<strong>do</strong> as ações militares até as últimas<br />
consequências, ou seja, para quan<strong>do</strong><br />
a suposição <strong>de</strong> erros ou abusos, avaliar<br />
ações da força <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, mesmo que isso<br />
possa custar perdas políticas e divisão <strong>de</strong><br />
opiniões internas. Tal apego aos valores<br />
históricos, que vêm <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a formação <strong>do</strong><br />
Novo Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Israel, aos valores <strong>de</strong> uma<br />
<strong>ética</strong> milenar e exemplar ao mun<strong>do</strong>, ao<br />
respeito pelos seus cidadãos, colabora<br />
para que Israel seja um país <strong>de</strong>mocrático<br />
que, em muitas vezes, é, para meu gosto,<br />
excessivamente <strong>de</strong>mocrático.
14<br />
Henrietta Szold<br />
* Jane<br />
Bichmacher <strong>de</strong><br />
Glasman é<br />
escritora, <strong>do</strong>utora<br />
em Língua<br />
Hebraica,<br />
Literaturas e<br />
Cultura <strong>Judaica</strong>,<br />
Professora<br />
Adjunta,<br />
Funda<strong>do</strong>ra e ex-<br />
Diretora <strong>do</strong><br />
Programa <strong>de</strong><br />
Estu<strong>do</strong>s Judaicos<br />
- UERJ.<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
Dia da Família e das Mães em Israel<br />
- Sobre mães e matriarcas<br />
Jane Bichmacher <strong>de</strong> Glasman *<br />
os diferentes países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />
a comemoração <strong>do</strong> Dia<br />
das Mães é feita em dias diferentes.<br />
Na Noruega é no<br />
segun<strong>do</strong> <strong>do</strong>mingo <strong>de</strong> fevereiro;<br />
na África <strong>do</strong> Sul e em Portugal,<br />
no primeiro <strong>do</strong>mingo <strong>de</strong> maio;<br />
na Suécia, no quarto <strong>do</strong>mingo <strong>de</strong><br />
maio; no México é uma data fixa,<br />
dia 10 <strong>de</strong> maio. Na Tailândia, no<br />
dia 12 <strong>de</strong> agosto, em comemoração<br />
ao aniversário da rainha. No<br />
Brasil, assim como nos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s, Japão, Turquia e Itália, a<br />
data é comemorada no segun<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>mingo <strong>de</strong> maio. Aqui a data foi<br />
instituída pela ACM em maio <strong>de</strong><br />
1918 e oficializada por Getúlio<br />
Vargas em 1932.<br />
Em Israel não existe um dia<br />
próprio para as mães, mas sim um<br />
para a família. É celebra<strong>do</strong> no aniversário<br />
<strong>de</strong> Henrietta Szold, pelo calendário<br />
hebraico no 30º dia <strong>do</strong> mês<br />
<strong>de</strong> Shevat.<br />
Henrietta Szold (1860-1945) foi a<br />
primeira presi<strong>de</strong>nte da organização<br />
Hadassa <strong>de</strong> mulheres judias. Embora<br />
tenha nasci<strong>do</strong> em Baltimore, Maryland,<br />
passou os últimos 25 anos <strong>de</strong> sua vida<br />
viven<strong>do</strong> e trabalhan<strong>do</strong> na Palestina.<br />
Foi a primeira diretora da Agência <strong>de</strong><br />
Aliá para a Juventu<strong>de</strong> na década <strong>de</strong> 30<br />
e responsável por trazer 30.000 crianças<br />
judias da Europa nazista para Israel.<br />
Ela as via como "os seus filhos"<br />
e esta é uma das razões principais para<br />
o Dia da Família ser celebra<strong>do</strong> em Israel<br />
no seu aniversário.<br />
Embora possa ser politicamente<br />
correto chamar este dia como da Família,<br />
presentes só são da<strong>do</strong>s à mãe.<br />
A lista preparada<br />
pelo<br />
industrial alemão<br />
Oskar<br />
Schindler, que<br />
aju<strong>do</strong>u a salvar<br />
mais <strong>de</strong> mil ju<strong>de</strong>us <strong>do</strong>s campos<br />
<strong>de</strong> concentração na II Guerra Mundial,<br />
foi encontrada em uma biblioteca <strong>de</strong><br />
Sydney (Austrália), que não sabia que<br />
estava <strong>de</strong> posse <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento. A lista<br />
foi encontrada em meio a notas <strong>de</strong><br />
pesquisa e recortes <strong>de</strong> jornais alemães<br />
usa<strong>do</strong>s pelo escritor australiano<br />
Thomas Keneally, autor <strong>do</strong> livro "A<br />
Oskar Schindler<br />
Em espírito é ainda o Dia das Mães.<br />
Nele, em Israel, pais e filhos dão a<br />
elas flores e presentes e as liberam<br />
<strong>do</strong> serviço <strong>do</strong>méstico. Escolas judaicas<br />
<strong>de</strong>senvolvem programas que glorificam<br />
o papel da mãe em Israel e no<br />
Judaísmo. Há quem use no dia um<br />
pequeno cravo branco, símbolo da<br />
pureza <strong>do</strong> amor maternal.<br />
Em tempos bíblicos, a mãe ocupava<br />
um lugar <strong>de</strong> honra e autorida<strong>de</strong><br />
na família. O interesse no bem-estar<br />
da mãe era julga<strong>do</strong> pelos lí<strong>de</strong>res<br />
como uma medida <strong>de</strong> bom governo e<br />
<strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> saudável. A<br />
influência <strong>de</strong> mães famosas na tradição<br />
bíblica é significativa.<br />
Olhan<strong>do</strong>, por exemplo, para a vida<br />
da primeira mulher judia, Sara, na<br />
Parashá que tem o seu nome, lê-se<br />
que D-us disse a Abraão: "Tu<strong>do</strong> o que<br />
Sara lhe disser, escute a voz <strong>de</strong>la" (Gn<br />
21:12), geran<strong>do</strong> uma concepção extraordinariamente<br />
diferente sobre a<br />
mulher: não a da i<strong>de</strong>alização romântica,<br />
mas a da reciprocida<strong>de</strong>.<br />
As mulheres que chamamos nossas<br />
Matriarcas não são meramente<br />
mães, assim como os Patriarcas não<br />
são apenas pais. Costumamos pensar<br />
em mães como pessoas absorvidas<br />
com os problemas da criação <strong>do</strong>s<br />
filhos. Contu<strong>do</strong>, três <strong>de</strong>las experimentaram<br />
longos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> esterilida<strong>de</strong>,<br />
e apenas uma, Léa, teve mais<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>is filhos.<br />
A idéia <strong>de</strong> maternida<strong>de</strong> no judaísmo<br />
é a essência da feminilida<strong>de</strong>, o<br />
la<strong>do</strong> feminino <strong>do</strong> nosso ser. Não implica,<br />
apenas, o fato físico <strong>de</strong> tornarse<br />
mãe e criar uma criança, embora,<br />
para a maioria das mulheres, esta experiência<br />
seja uma significativa abertura<br />
espiritual. A maternida<strong>de</strong> repre-<br />
senta uma intensa e profunda conexão<br />
com o futuro, com os atos e circunstâncias<br />
<strong>do</strong> momento e seus efeitos<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento das futuras<br />
gerações. Assim como a mãe é ligada<br />
a seus filhos, física e emocionalmente,<br />
na tradição judaica, a mãe é<br />
uma pessoa profundamente envolvida,<br />
no seu íntimo, com aqueles que<br />
virão <strong>de</strong>pois.<br />
A profecia é ligada à preocupação<br />
da mulher em relação ao futuro: ela<br />
precisa ser capaz <strong>de</strong> enxergar hoje o<br />
que acontecerá amanhã. Não meramente<br />
numa relação <strong>de</strong> causa e efeito,<br />
como ditaria a lógica masculina,<br />
mas como uma Gestalt, compreendida<br />
ou sentida. Isto se relaciona ao que<br />
chamamos "intuição feminina", um<br />
conhecimento interior ou habilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ver e enten<strong>de</strong>r uma situação, e chegar<br />
ao seu reconhecimento integral.<br />
Esses <strong>do</strong>is aspectos das Matriarcas<br />
estão liga<strong>do</strong>s a um terceiro: seu<br />
ativo exercício <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r na família.<br />
Elas usaram sua influência e po<strong>de</strong>r<br />
para dirigir internamente a vida familiar<br />
segun<strong>do</strong> a sua melhor visão prof<strong>ética</strong>.<br />
Tomaram <strong>de</strong>cisões agudas e<br />
difíceis, mesmo quan<strong>do</strong> significavam<br />
enfrentar um conflito ou uma separação<br />
<strong>do</strong> mari<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> filho.<br />
Enquanto as histórias sobre Sara<br />
e Rebeca relatam os eventos significativos<br />
e as <strong>de</strong>cisões que focalizam<br />
suas preocupações pelo <strong>de</strong>stino <strong>de</strong><br />
suas famílias, Raquel e Léa são <strong>de</strong>scritas<br />
como rivais em seu relacionamento<br />
com o mari<strong>do</strong> - a mãe enfrentan<strong>do</strong><br />
as questões que surgem por ser<br />
esposa e mulher. Raquel e Léa representam<br />
a duplicida<strong>de</strong> que existe em<br />
to<strong>do</strong>s nós e, em sua rivalida<strong>de</strong>, apontam<br />
para o conflito que surge nas di-<br />
Lista <strong>de</strong> Schindler é<br />
encontrada na Austrália<br />
arca <strong>de</strong> Schindler', em que se baseou<br />
o filme "A lista <strong>de</strong> Schindler", <strong>de</strong> Steven<br />
Spielberg.<br />
A biblioteca obteve a lista quan<strong>do</strong><br />
comprou o material <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong><br />
Keneally em 1996. A lista contém 13<br />
páginas amareladas, on<strong>de</strong> estão escritos<br />
os nomes e nacionalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
801 ju<strong>de</strong>us. "Ela salvou 801 vidas das<br />
câmaras <strong>de</strong> gás... é uma peça histórica<br />
incrivelmente tocante", disse a cura<strong>do</strong>ra<br />
da biblioteca, Olwen Pryke. A<br />
lista foi datilografada apressadamente<br />
em 18 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1945, ao fim da<br />
Segunda Guerra Mundial, e compila-<br />
da por Oskar Schindler, mas <strong>falta</strong>m<br />
mais 200 nomes, pois ele salvou cerca<br />
<strong>de</strong> mil ju<strong>de</strong>us.<br />
Horroriza<strong>do</strong> com a conduta <strong>do</strong>s<br />
nazistas, ele conseguiu convencer oficiais<br />
<strong>de</strong> que seus funcionários eram<br />
essenciais para os esforços <strong>de</strong> guerra<br />
e não <strong>de</strong>viam ser envia<strong>do</strong>s a campos<br />
<strong>de</strong> concentração. A lista foi entregue<br />
ao escritor australiano Thomas<br />
Keneally em uma loja <strong>de</strong> Los Angeles,<br />
há quase 30 anos, por uma das pessoas<br />
que Schindler aju<strong>do</strong>u a escapar,<br />
Leopold Pfefferberg - que queria que<br />
o escritor contasse a história da lista.<br />
ferentes opções mundanas e da dimensão<br />
eterna da nossa alma. Assim,<br />
as Matriarcas indicam aspectos da<br />
mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> bem distantes <strong>do</strong> que<br />
normalmente imaginamos quan<strong>do</strong><br />
usamos a palavra mãe. O seu papel<br />
não foi apenas o <strong>de</strong> dar à luz. Igualmente<br />
significativa é a maneira pela<br />
qual simbolizam várias etapas em<br />
nossas vidas. Elas representam o po<strong>de</strong>r<br />
da nossa criativida<strong>de</strong> que olha em<br />
direção ao futuro. Elas não apenas<br />
amavam e se preocupavam com o que<br />
provinha <strong>de</strong>las próprias, eram também<br />
sensíveis às sutis nuances da vida,<br />
que fazem a diferença entre uma verda<strong>de</strong>ira<br />
evolução espiritual.<br />
Sara trouxe a risada para a nossa<br />
vida religiosa na simultânea e universal<br />
afirmação <strong>de</strong> fé, surpresa e alegria.<br />
Rebeca nos mostra uma assombrosa<br />
força e convicção e, como Sara, uma<br />
voz <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>. Léa traz conforto. A<br />
partir <strong>de</strong>la, apren<strong>de</strong>mos a transcen<strong>de</strong>r<br />
a vida e conquistar a eternida<strong>de</strong>, ao<br />
agra<strong>de</strong>cermos e louvarmos a D-us que<br />
provê todas as nossas necessida<strong>de</strong>s.<br />
Raquel, com sua morte ao dar à luz,<br />
preserva em nós a imortal fé <strong>de</strong> que<br />
nossos anseios mais profun<strong>do</strong>s neste<br />
mun<strong>do</strong> serão realiza<strong>do</strong>s. Com ela<br />
apren<strong>de</strong>mos que to<strong>do</strong> o nosso pranto<br />
pelos nossos filhos, pelos nossos queri<strong>do</strong>s,<br />
pela vida em si, não será em vão:<br />
ainda voltaremos para casa, ainda haverá<br />
paz. De todas as nossas Matriarcas<br />
recebemos a dádiva <strong>de</strong> uma dimensão<br />
feminina profundamente vivida<br />
com força e paixão. Recebemos as<br />
bases <strong>do</strong> nosso passa<strong>do</strong> e também<br />
uma orientação para o futuro.<br />
NOTA:<br />
1 - Trechos sobre as Matriarcas adapta<strong>do</strong>s da<br />
tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> da autora: De Rachel a<br />
Rachel - Mulher, Amor e Morte.<br />
Escritor Thomas Keneally com a"lista <strong>de</strong> Schindler", que<br />
contém nomes <strong>de</strong> 801 ju<strong>de</strong>us salvos <strong>do</strong> <strong>Holocausto</strong> pelo<br />
industrial alemão Oskar Schindler
solução <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s<br />
não <strong>de</strong>ve ser encarada<br />
com uma i<strong>de</strong>ologia<br />
ou um mantra, mas<br />
como uma fórmula que<br />
<strong>de</strong>ve ser julgada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />
com a sua aplicabilida<strong>de</strong> prática.<br />
Zalman Shoval, chairman <strong>do</strong> Instituto<br />
<strong>de</strong> Política e Estratégia, Presi<strong>de</strong>nte<br />
da Câmara <strong>de</strong> Comércio Israel-<br />
EUA, ex-Embaixa<strong>do</strong>r nos EUA.<br />
Uma semana antes da instalação<br />
da Conferência <strong>de</strong> Paz <strong>de</strong> Annapolis,<br />
on<strong>de</strong> se consoli<strong>do</strong>u a idéia <strong>de</strong> <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s,<br />
The Economist assim se referia<br />
às expectativas em torno <strong>de</strong>la: "O que<br />
muitos pensavam que seria uma carruagem<br />
<strong>do</strong>urada carregan<strong>do</strong> os lí<strong>de</strong>res<br />
israelenses e palestinos para um gran<strong>de</strong><br />
baile <strong>de</strong> paz, revelou ser apenas uma<br />
abóbora" (www.economist.com/world/<br />
mi<strong>de</strong>ast-africa/displaystory.cfm?<br />
story_id=10177066). E acrescentava<br />
que o fosso entre os <strong>do</strong>is países é,<br />
na verda<strong>de</strong>, muito mais largo <strong>do</strong><br />
que se imaginava.<br />
Em minha opinião é intransponível,<br />
pois os objetivos <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s divergem<br />
radicalmente: enquanto Israel <strong>de</strong>seja<br />
um acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> paz razoável, os lí-<br />
Dois esta<strong>do</strong>s é uma solução?<br />
Ou uma quimera?<br />
Heitor <strong>de</strong> Paola *<br />
Uzi Mahnaimi *<br />
srael usou aviões não tripula<strong>do</strong>s<br />
para atacar escoltas<br />
iranianas secretas no Sudão,<br />
que estavam tentan<strong>do</strong> contraban<strong>de</strong>ar<br />
foguetes para Gaza. Os projéteis<br />
teriam potência para atingir Tel Aviv e a<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dimona, on<strong>de</strong> estaria o reator<br />
nuclear <strong>de</strong> Israel, afirmaram fontes<br />
da área da <strong>de</strong>fesa.<br />
Os veículos aéreos não tripula<strong>do</strong>s<br />
(UAVs) atacaram <strong>do</strong>is comboios escolta<strong>do</strong>s,<br />
matan<strong>do</strong> pelo menos 50 contrabandistas<br />
e iranianos membros das suas<br />
escoltas. Foram <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os caminhões<br />
que transportavam os foguetes<br />
<strong>de</strong> longo alcance. Os foguetes seriam<br />
entregues ao Hamas, o grupo islâmico<br />
militante que controla a Faixa <strong>de</strong> Gaza,<br />
e que teria eleva<strong>do</strong> dramaticamente o<br />
nível conflito, permitin<strong>do</strong> aos palestinos<br />
esten<strong>de</strong>r o terror a Tel Aviv.<br />
De acor<strong>do</strong> com diplomatas oci<strong>de</strong>ntais,<br />
Israel atacou os comboios iranianos<br />
no final <strong>de</strong> janeiro e na primeira se-<br />
<strong>de</strong>res palestinos continuam almejan<strong>do</strong><br />
uma hudna (www.heitor<strong>de</strong>paola.com/<br />
publicacoes_materia.asp?id_artigo=593)<br />
que lhes permita sucessivos rearmamentos<br />
para a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> Israel. O<br />
Pacto <strong>do</strong> Hamas diz que "iniciativas, propostas<br />
e conferências internacionais são<br />
perda <strong>de</strong> tempo e esforços vãos". O velho<br />
dita<strong>do</strong> <strong>de</strong> que quan<strong>do</strong> um não quer<br />
<strong>do</strong>is não brigam não se aplica ao confronto<br />
entre nações, on<strong>de</strong> a regra é exatamente<br />
o oposto: quan<strong>do</strong> um não quer,<br />
o outro o ataca com mais força ainda.<br />
Não acredito que mesmo Bush, ao<br />
convocar Annapolis <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sete<br />
anos embroman<strong>do</strong>, estivesse queren<strong>do</strong><br />
uma solução. Annapolis foi a embromação<br />
final. A situação naquela<br />
área é tão tensa, e os fatores diplomáticos<br />
tão intrinca<strong>do</strong>s, que o que<br />
to<strong>do</strong>s queriam era passar a batata<br />
quente para a próxima administração.<br />
Nos altos escalões internacionais ninguém<br />
acredita em quimeras - utopias<br />
não passam <strong>de</strong> fórmulas para arregimentar<br />
pessoas para causas inatingíveis,<br />
buscan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s imediatos<br />
para seus inventores.<br />
Aos palestinos a embromação interessa,<br />
pois seus lí<strong>de</strong>res se tornam<br />
cada vez mais ricos e ainda arrumam<br />
tempo para esperar um ataque <strong>do</strong> Irã.<br />
Se a situação sempre foi tensa, piorou<br />
após a posse <strong>de</strong> Ahmadinejad e a<br />
ameaça <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição nuclear <strong>de</strong> Israel<br />
passar <strong>do</strong> nível retórico para o<br />
das possibilida<strong>de</strong>s práticas imediatas.<br />
Se Bush era embroma<strong>do</strong>r, Obama<br />
não o é. Apesar das juras <strong>de</strong> amor <strong>de</strong><br />
Hillary a Israel, todas as iniciativas<br />
diplomáticas <strong>do</strong> novo governo mostram<br />
que já está em curso uma mudança<br />
radical <strong>de</strong> rumo. Obama tem a<br />
intenção <strong>de</strong> ressuscitar Annapolis e<br />
a idéia <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s como um projeto<br />
sério. Suas últimas <strong>de</strong>clarações<br />
têm si<strong>do</strong> neste senti<strong>do</strong>. Já Lieberman<br />
<strong>de</strong>ixou claro em seu discurso <strong>de</strong> posse<br />
que Annapolis está morta - "quem<br />
pensa que concessões conseguirão<br />
alguma coisa, está erra<strong>do</strong> (...) trará<br />
pressões e mais guerras". Lieberman<br />
está corretíssimo.<br />
Obama, no entanto, mostra uma<br />
clara intenção <strong>de</strong> aceitar o Irã como<br />
potência nuclear. Seu vice, Joe Bi<strong>de</strong>n,<br />
advertiu Israel a não atacar o Irã preventivamente,<br />
<strong>de</strong>safian<strong>do</strong> uma das estratégias<br />
<strong>do</strong> novo governo israelense:<br />
colocar na mesa a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
ataque preventivo ao Irã antes que se<br />
torne potência nuclear. Netanyahu<br />
sempre disse que um Irã com armas<br />
nucleares não é tolerável. Muitos ana-<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
Israel <strong>de</strong>strói no Sudão comboio<br />
<strong>de</strong> foguetes contraban<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s<br />
mana <strong>de</strong> fevereiro no remoto <strong>de</strong>serto<br />
<strong>do</strong> Sudão, já fora <strong>de</strong> Port Sudan. As escoltas<br />
haviam si<strong>do</strong> localizadas por agentes<br />
<strong>do</strong> Mossad, a agência <strong>de</strong> inteligência<br />
israelense.<br />
As incursões foram realizadas por<br />
aviões (drones) Hermes 450. Uma fonte<br />
<strong>de</strong>clarou que eles foram acompanha<strong>do</strong>s<br />
por gigantescos UAVs Eitan que têm 110<br />
pés <strong>de</strong> envergadura, semelhantes nisso<br />
a um Boeing 737. Os drones, controla<strong>do</strong>s<br />
por satélite, po<strong>de</strong>m pairar sobre um<br />
objetivo durante 24 horas. O esquadrão<br />
<strong>do</strong>s Hermes 450 está situa<strong>do</strong> na base<br />
aérea <strong>de</strong> Palmahim, sul <strong>de</strong> Tel Aviv, mas<br />
não ficou claro <strong>de</strong> qual aeródromo os<br />
aviões não-tripula<strong>do</strong>s <strong>de</strong>colaram.<br />
Numa <strong>de</strong>claração que to<strong>do</strong> israelense<br />
reconhece como sen<strong>do</strong> uma reivindicação<br />
<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> pela incursão,<br />
o ex-primeiro ministro <strong>de</strong> Israel,<br />
Ehud Olmert, disse: "Nós operamos em<br />
qualquer lugar on<strong>de</strong> as infra-estruturas<br />
terroristas possam ser golpeadas". E<br />
acrescentou: "Estamos operan<strong>do</strong> em locais<br />
próximos ou distantes, e os ataques<br />
nos fortalecem e aumentam a dissuasão.<br />
Não há nenhum ponto em elaboração.<br />
To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> po<strong>de</strong> usar sua imaginação.<br />
Quem precisa saber, sabe".<br />
Khartoum inicialmente acusou os Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estar atrás <strong>do</strong>s ataques.<br />
"Contatamos os americanos e eles negaram<br />
categoricamente que estavam envolvi<strong>do</strong>s",<br />
disse o porta-voz <strong>do</strong> Ministério<br />
<strong>do</strong> Exterior <strong>do</strong> Sudão, Ali al-Sadig.<br />
Seus comentários foram o primeiro<br />
reconhecimento oficial <strong>do</strong> ataque aéreo,<br />
que primeiro informou semanas atrás o<br />
jornal egípcio El Shorouk. "Nós não soubemos<br />
<strong>do</strong> primeiro ataque até <strong>de</strong>pois <strong>do</strong><br />
segun<strong>do</strong>. Eles estavam numa área perto<br />
da fronteira com o Egito, numa área remota<br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong>serto, sem cida<strong>de</strong>s ou pessoas",<br />
disse Sadig.<br />
Fontes da área da <strong>de</strong>fesa disseram<br />
que a razão principal pela escolha <strong>do</strong>s<br />
aviões não tripula<strong>do</strong>s foi o fato <strong>de</strong> que<br />
uma escolta forma um objetivo "esquivo".<br />
"Quan<strong>do</strong> você ataca um alvo fixo,<br />
especialmente um gran<strong>de</strong>, o melhor a<br />
fazer é usar jatos. Mas com um objetivo<br />
listas, como o general Petraeus, acreditam<br />
que se Israel se sentir <strong>de</strong>veras<br />
ameaçada po<strong>de</strong>rá atacar antes.<br />
Para acentuar sua política próislã,<br />
aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> até mesmo o termo<br />
terrorista, Obama anunciou uma<br />
consi<strong>de</strong>rável redução <strong>do</strong> orçamento<br />
militar e anunciou a iniciativa <strong>de</strong> reduzir<br />
o arsenal nuclear americano,<br />
com isto <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> o caminho aberto<br />
para ataques ao seu próprio território<br />
e ainda fez o gesto abjeto e humilhante<br />
<strong>de</strong> curvar-se perante o Rei<br />
Abdullah! Com isto abdicou <strong>de</strong> uma das<br />
mais caras tradições americanas: a<br />
rejeição <strong>de</strong> to<strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> castas. Por<br />
que não escolheu uma monarquia milenar<br />
quan<strong>do</strong> esteve em Londres e sim<br />
uma <strong>de</strong> beduínos analfabetos, inventada<br />
por uma conspiração anglo-americana<br />
(www.heitor<strong>de</strong>paola.com/<br />
publicacoes_materia.asp?id_artigo=109)?<br />
Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>duzir que ele continua, secretamente,<br />
muçulmano, o que <strong>de</strong>ixa<br />
Israel em maus lençóis. Enquanto isto,<br />
na ONU o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Israel é<br />
drasticamente corta<strong>do</strong> (ví<strong>de</strong>o em<br />
www.heitor<strong>de</strong>paola.com/publicacoes_<br />
materia.asp?id_artigo=795) e o terrorismo<br />
islâmico estimula<strong>do</strong>.<br />
A idéia <strong>de</strong> <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s seria um<br />
tiro no próprio pé que, felizmente,<br />
não passa <strong>de</strong> uma quimera.<br />
15<br />
* Heitor De Paola<br />
é escritor e<br />
comentarista<br />
político, membro<br />
da International<br />
Psychoanalytical<br />
Association e<br />
Clinical<br />
Consultant, Boyer<br />
House<br />
Foundation,<br />
Berkeley,<br />
Califórnia, e<br />
Membro <strong>do</strong> Board<br />
of Directors da<br />
Drug Watch<br />
International.<br />
Possui trabalhos<br />
publica<strong>do</strong>s no<br />
Brasil e exterior. E<br />
é ex-militante da<br />
organização<br />
comunista<br />
clan<strong>de</strong>stina, Ação<br />
Popular (AP).<br />
móvel sem tempo <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> para o movimento<br />
os UAVs são melhores, já que eles<br />
po<strong>de</strong>m pairar extremamente altos e po<strong>de</strong>m<br />
permanecer sem serem vistos até<br />
que o objetivo esteja em movimento".<br />
De acor<strong>do</strong> com as fontes, os comboios<br />
estavam levan<strong>do</strong> foguetes Fajr3<br />
que têm um alcance superior a 64 km e<br />
estavam dividi<strong>do</strong>s em seções para que<br />
assim pu<strong>de</strong>ssem ser contraban<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s<br />
através <strong>do</strong>s túneis para Gaza a partir <strong>do</strong><br />
Egito. "Eles construíram o Fajr em partes,<br />
e <strong>de</strong>ssa forma seria fácil contraban<strong>de</strong>á-los<br />
para Gaza, on<strong>de</strong> seriam remonta<strong>do</strong>s<br />
com auxílio <strong>de</strong> peritos <strong>do</strong> Hamas<br />
que foram instruí<strong>do</strong>s na Síria e no Irã",<br />
<strong>de</strong>clarou a fonte.<br />
A Guarda Revolucionária <strong>do</strong> Irã planejou<br />
cuida<strong>do</strong>samente a operação <strong>de</strong><br />
contraban<strong>do</strong>. "Os iranianos chegaram<br />
a Port Sudan e estabeleceram ligações<br />
com contrabandistas locais", disse a<br />
fonte. O comboio estava seguin<strong>do</strong><br />
rumo à fronteira egípcia on<strong>de</strong>, por uma<br />
polpuda taxa, assumiriam os contrabandistas<br />
locais.<br />
* Uzi Mahnaimi é jornalista <strong>do</strong> The Sunday Times (Inglaterra). Reportagem publicada na edição <strong>de</strong> 29/3/2009. O texto original encontra-se em www.timesonline.co.uk/tol/news/world/africa/article5993093.ece
16<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
A <strong>de</strong>sumanização <strong>de</strong><br />
Israel por Oliphant e<br />
pelo Haaretz<br />
Lembra-se da recente caricatura<br />
ultrajante para os ju<strong>de</strong>us, <strong>de</strong> Oliphant<br />
1 , que apareceu nos jornais<br />
The New York Times e Washington<br />
Post semana atrás? Barry Rubin disse<br />
que era "caricatura da reminiscência<br />
da propaganda árabe" pelo<br />
mo<strong>do</strong> com que retratou Israel, como<br />
<strong>de</strong> natureza má e um mal irremediável,<br />
que não merecia existir.<br />
Bem, adivinhe só — o Hezbolá<br />
também pensa assim, e observa<br />
Rubin que a charge foi colocada em<br />
um lugar <strong>de</strong> honra no website da<br />
televisão <strong>do</strong> Hezbolá, com a legenda<br />
"sionismo nazista".<br />
A fúria popular que está sen<strong>do</strong><br />
lançada contra Israel, seu exército<br />
e seus lí<strong>de</strong>res nos últimos meses é<br />
um fenômeno da psicologia <strong>de</strong> massa<br />
que ainda será estuda<strong>do</strong> por futuros<br />
cientistas sociais. Embora tenha<br />
havi<strong>do</strong> campanhas semelhantes<br />
ao longo <strong>do</strong>s séculos (Carthago<br />
<strong>de</strong>lenda est!, "Lembre-se <strong>do</strong> Maine!",<br />
etc.), o po<strong>de</strong>r da mídia em induzir<br />
histéricos <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> sangue<br />
nestes dias <strong>de</strong> Internet e canais <strong>de</strong><br />
TV mundiais via satélite, cresceu<br />
sob as or<strong>de</strong>ns da magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
Catão, o ora<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s anciões e os<br />
jornais <strong>de</strong> Hearst.<br />
Esta po<strong>de</strong> ser a primeira vez,<br />
entretanto, que a gran<strong>de</strong> mídia pertencente<br />
à vítima <strong>de</strong> uma campanha<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sumanização fez o melhor<br />
<strong>de</strong> si para prover <strong>de</strong> munição os<br />
seus inimigos. É como se os mais<br />
importantes jornais da Alemanha<br />
em 1914 publicassem artigos com<br />
manchetes como "O huno violenta<br />
a Bélgica" (referin<strong>do</strong>-se ao episódio<br />
da Primeira Guerra Mundial em<br />
que o império germânico cometeu<br />
uma série <strong>de</strong> atrocida<strong>de</strong>s na Bélgica<br />
que se <strong>de</strong>clarara neutra).<br />
Estamos falan<strong>do</strong>, é claro, sobre<br />
o jornal israelense Haaretz, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />
até então um jornal <strong>de</strong> alto<br />
padrão <strong>de</strong> jornalismo em Israel e às<br />
vezes compara<strong>do</strong> ao New York Times,<br />
que repetiu acusações infun-<br />
dadas <strong>de</strong> assassinato e <strong>de</strong> outras<br />
condutas impróprias pelos solda<strong>do</strong>s<br />
da FDI em Gaza, em seu website em<br />
inglês que - como a caricatura <strong>de</strong><br />
Oliphant - foram então disseminadas<br />
no mun<strong>do</strong> inteiro, como sen<strong>do</strong><br />
um fato, através <strong>de</strong> mídias hostis.<br />
Mesmo <strong>de</strong>pois que as FDI investigaram<br />
e mostraram que as acusações<br />
eram boatos sobre eventos<br />
que não aconteceram, o Haaretz<br />
continuou no ataque. No dia 31 <strong>de</strong><br />
março, o repórter Amos Harel escreveu<br />
o seguinte:<br />
"Não há nenhuma razão para<br />
lançar dúvidas sobre a sincerida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong>fensor militar geral, ou sobre<br />
a eficácia <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>res da<br />
polícia militar. No entanto, está obscuro<br />
como eles po<strong>de</strong>m ter tanta<br />
certeza <strong>de</strong> que os 'testemunhos <strong>do</strong>s<br />
solda<strong>do</strong>s em combate' eram só uma<br />
série <strong>de</strong> rumores e invenções enquanto<br />
os solda<strong>do</strong>s eram verda<strong>de</strong>iros<br />
durante as investigações conduzidas<br />
pela polícia militar e o coman<strong>do</strong><br />
da Brigada Givati".<br />
Quanto à charge <strong>de</strong> Oliphant, a<br />
figura gran<strong>de</strong> não tem cabeça, e<br />
conseqüentemente não é um ser<br />
humano. Ou seja, israelenses não<br />
são humanos. Além disso, a figura<br />
acéfala é irracional. Somos então<br />
leva<strong>do</strong>s a acreditar que Israel atacou<br />
Gaza sem nenhuma razão. Esqueça<br />
<strong>do</strong>s milhares <strong>de</strong> foguetes,<br />
mísseis e morteiros, e contagens<br />
<strong>de</strong> ataques através da fronteira. A<br />
figura minúscula à direita não é<br />
ameaça<strong>do</strong>ra. Assim não existe nenhuma<br />
razão para atacá-la. Quer<br />
dizer: Atacá-la é imoral e irracional.<br />
O mesmo po<strong>de</strong>ria ser dito sobre a<br />
Al-Qaeda, o Hezbolá, e os terroristas<br />
paquistaneses que atacaram a<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mumbai, etc.<br />
Desumanização: A figura à esquerda<br />
é um monstro, um robô.<br />
Monstros e robôs não merecem<br />
nenhuma compaixão; eles têm nenhum<br />
direito à auto<strong>de</strong>fesa. Se amanhã<br />
uma criança israelense ou um<br />
civil forem mortos em<br />
um ataque terrorista,<br />
como alguém po<strong>de</strong>ria<br />
ter simpatias por esta<br />
gente, uma vez que não<br />
pessoas?<br />
(Este artigo é tradução <strong>do</strong><br />
material publica<strong>do</strong> em<br />
inglês em http://<br />
fresnozionism.org/<br />
archives/1198).<br />
NOTA:<br />
1. Pat Oliphant, cartunista<br />
australiano, nos EUA<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
OLHAR<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
HIGH-TECH<br />
○<br />
DVD armazenará até 1 terabyte<br />
A empresa israelense Mempile anunciou que<br />
até 2011 lançará DVDs com 1 terabyte (TB)<br />
<strong>de</strong> armazenamento, equivalente a 1.000<br />
Gbytes. Um disco <strong>de</strong> 1TB será capaz <strong>de</strong> guardar<br />
até 250 mil fotos em alta resolução ou<br />
arquivos MP3, e cerca <strong>de</strong> 40 filmes em alta<br />
<strong>de</strong>finição ou 115 filmes em qualida<strong>de</strong> DVD. A<br />
tecnologia para armazenamento é <strong>de</strong>senvolvida<br />
a partir da transparência completa <strong>do</strong><br />
disco, tanto antes quanto <strong>de</strong>pois da gravação.<br />
Isso permite que o laser se mantenha em foco,<br />
mesmo quan<strong>do</strong> há leituras através <strong>de</strong> camadas<br />
previamente gravadas. Assim, um único<br />
TeraDisc po<strong>de</strong> ler e gravar 200 camadas virtuais,<br />
cada uma com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5 Gbytes<br />
<strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, que po<strong>de</strong>m ser<br />
acessa<strong>do</strong>s aleatoriamente. O TeraDisc é composto<br />
<strong>de</strong> plástico monolítico simples, resistente<br />
e barato - o que significa que consumi<strong>do</strong>res<br />
terão alta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento<br />
a baixo custo, com mais <strong>de</strong> 50 anos <strong>de</strong> tempo<br />
<strong>de</strong> vida útil. (Jornal Alef).<br />
Robô ajuda a combater câncer<br />
Dois jovens cientistas <strong>de</strong> Haifa inventaram um<br />
robô, com aparência <strong>de</strong> inseto, capaz <strong>de</strong> se<br />
agarrar às pare<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s vasos sanguíneos<br />
mesmo contra a corrente. Com um milímetro<br />
<strong>de</strong> diâmetro e quatro <strong>de</strong> comprimento, a novida<strong>de</strong>,<br />
já testada em tubos plásticos e artérias<br />
<strong>de</strong> animais, é movida por um campo magnético,<br />
que controla o movimento e a velocida<strong>de</strong>,<br />
sem a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> cabo ou<br />
bateria. Ele po<strong>de</strong>, por exemplo, levar uma<br />
partícula radioativa a um lugar específico, no<br />
tratamento <strong>de</strong> câncer, ao invés da quimioterapia<br />
que afeta o corpo to<strong>do</strong>. O próximo passo,<br />
em <strong>do</strong>is ou três anos, serão os testes clínicos<br />
com seres humanos (Cambici).<br />
Braço artificial "escuta" cérebro<br />
Amanda Kitts per<strong>de</strong>u o braço esquer<strong>do</strong> em um<br />
aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> automóvel aconteci<strong>do</strong> há três<br />
anos, mas hoje, inclusive, joga futebol americano<br />
com seu filho <strong>de</strong> 12 anos. Ela faz tu<strong>do</strong><br />
isso com a ajuda <strong>de</strong> um novo tipo <strong>de</strong> braço<br />
artificial que ela controla utilizan<strong>do</strong> apenas<br />
seus pensamentos. A técnica, <strong>de</strong>senvolvida<br />
por cientistas israelenses, é conhecida como<br />
"renervação<br />
muscular dirigida".<br />
O méto<strong>do</strong><br />
foi emprega<strong>do</strong><br />
em<br />
cerca <strong>de</strong> 30<br />
pacientes nos<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />
Canadá e<br />
Europa, entre<br />
os quais oito<br />
solda<strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s<br />
no Iraque<br />
e no Afeganistão.<br />
(Jornal Alef).<br />
Braço artificial<br />
Relatório positivo no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> diabetes<br />
A Andromeda Biotech Ltd., uma empresa <strong>do</strong><br />
grupo israelense Clal Biotechnology Industries<br />
Ltd., obteve resulta<strong>do</strong>s positivos na Fase III<br />
<strong>do</strong> teste clínico <strong>do</strong> medicamento "Diapep277"<br />
para tratamento da diabetes juvenil (Tipo 1).<br />
Um comitê <strong>de</strong> especialistas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
qualificou o "Diapep277" como seguro para<br />
uso, haven<strong>do</strong> melhora<strong>do</strong> as condições <strong>do</strong>s<br />
pacientes trata<strong>do</strong>s, e recomen<strong>do</strong>u a continuação<br />
<strong>do</strong>s testes para que sejam apresenta<strong>do</strong>s<br />
resulta<strong>do</strong>s estatisticamente significativos. Se<br />
o "Diapep277" for aprova<strong>do</strong> nos testes clínicos<br />
e para a comercialização, ele será um<br />
medicamento pioneiro no tratamento <strong>do</strong> diabetes<br />
Tipo 1, o que representa um merca<strong>do</strong><br />
muito gran<strong>de</strong>. O medicamento apresenta vantagens<br />
sobre os tratamentos da concorrência.<br />
"Ele age sobre o sistema imunológico <strong>de</strong> forma<br />
mais direcionada, que é a razão pela qual<br />
ele apresenta poucos efeitos colaterais, conforme<br />
ficou <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> nos testes. A aplicação<br />
também é mais fácil: uma injeção subcutânea<br />
a cada três meses, ao invés <strong>de</strong> aplicação<br />
intravenosa" (Cambici).<br />
Diagnóstico <strong>do</strong> câncer revolucionário<br />
Uma empresa israelense <strong>de</strong>senvolveu um sistema<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> avanço na ajuda da<br />
<strong>de</strong>tecção precoce <strong>do</strong> câncer <strong>de</strong> pele. O dispositivo,<br />
da Skin Cancer Scanning, está atualmente<br />
submeti<strong>do</strong> a ensaios clínicos no Hospital<br />
Beilinson, <strong>de</strong> Petach Tikva e oferece<br />
muito mais precisão que a simples vista <strong>do</strong><br />
médico, mediante o uso <strong>de</strong> fibra ótica para<br />
buscar manchas potencialmente malignas.<br />
Descobriu-se que é 92% eficaz na i<strong>de</strong>ntificação<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> pele,<br />
muito mais que qualquer equipamento disponível<br />
hoje em dia. O câncer <strong>de</strong> pele é uma<br />
das formas mais comuns <strong>de</strong> câncer, e sua taxa<br />
<strong>de</strong> incidência cresce anualmente. Hoje, a <strong>do</strong>ença<br />
é i<strong>de</strong>ntificada através <strong>de</strong> um diagnóstico<br />
em duas fases e em primeiro lugar, as manchas<br />
suspeitas são examinadas por um médico.<br />
Se o médico crê que o paciente está em<br />
situação <strong>de</strong> risco, o paciente se submete a<br />
uma biopsia. (Aurora).<br />
Diagnóstico <strong>do</strong> câncer 2<br />
No entanto, o exame médico não é preciso, e<br />
muitos pacientes são envia<strong>do</strong>s a biopsias <strong>de</strong>snecessárias.<br />
Yossi Bi<strong>de</strong>rman, diretor da empresa,<br />
informou que "centenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong><br />
dólares são investi<strong>do</strong>s para que se crie um<br />
méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> diagnóstico preciso, mas até agora<br />
nenhum instrumento foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
forma confiável. Nenhum <strong>do</strong>s atuais dispositivos<br />
po<strong>de</strong> substituir o médico". A nova tecnologia<br />
funciona sobre a base <strong>do</strong> princípio<br />
que as células cancerosas proliferam mais<br />
rapidamente que as células sãs, aceleram sua<br />
ativida<strong>de</strong> metabólica e liberam energia numa<br />
frequência mais elevada. O dispositivo busca<br />
esta ativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacou Bi<strong>de</strong>rman, que espera<br />
chegar a um nível <strong>de</strong> precisão <strong>de</strong> 95 por<br />
cento. (Aurora).
Petra Marquardt-Bigman *<br />
oi só alguns dias antes<br />
da Operação Chumbo<br />
Derreti<strong>do</strong> que o Hamas<br />
zombara <strong>de</strong> Israel por<br />
não conseguir respon<strong>de</strong>r<br />
à barragem <strong>de</strong> foguetes<br />
disparada contra cida<strong>de</strong>s próximas<br />
à fronteira com a Gaza. Um folheto<br />
distribuí<strong>do</strong> então pela ala armada <strong>do</strong><br />
Hamas, o Izzadin Kassam, mofava <strong>de</strong><br />
Israel afirman<strong>do</strong> que estava "sem esperança<br />
e <strong>de</strong>sespera<strong>do</strong>" em face <strong>do</strong>s<br />
inexoráveis ataques: "O inimigo<br />
está em um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> confusão e<br />
não sabe o que fazer... seu gabinete<br />
frágil se encontra numa tentativa<br />
<strong>de</strong>sesperada para <strong>de</strong>ter os foguetes,<br />
enquanto milhares <strong>de</strong> colonos<br />
acharam refúgio em abrigos que,<br />
queira D-us, se tornarão suas casas<br />
permanentes".<br />
Essa era a meta abertamente<br />
<strong>de</strong>clarada pelo Hamas: forçar to<strong>do</strong>s<br />
os israelenses, com a expansão <strong>do</strong><br />
alcance <strong>do</strong>s foguetes <strong>do</strong> seu arsenal<br />
a viverem em me<strong>do</strong> permanente<br />
por suas vidas.<br />
Previsivelmente, a noção <strong>de</strong> que<br />
Israel tem o direito <strong>de</strong> se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e<br />
proteger os seus cidadãos <strong>de</strong> tal<br />
ameaça não é aceita em to<strong>do</strong>s os lugares.<br />
Um lugar on<strong>de</strong> isso não é aceito<br />
está no mun<strong>do</strong> bagunça<strong>do</strong> e <strong>de</strong><br />
"pernas para o ar" <strong>de</strong> alguns comentaristas<br />
britânicos: Poucas horas <strong>de</strong>pois<br />
que Israel lançou seu ataque contra<br />
instalações <strong>do</strong> Hamas na Faixa <strong>de</strong><br />
Gaza, Sean Rayment, um correspon-<br />
O ciclo da estupi<strong>de</strong>z<br />
<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> segurança e <strong>de</strong>fesa, anunciou<br />
em seu blog <strong>do</strong> Telegraph que<br />
"Israel é vicia<strong>do</strong> em violência":<br />
Para se garantir, Rayment louvou<br />
da boca para fora o direito <strong>de</strong> Israel<br />
<strong>de</strong> se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r "contra o terrorismo e<br />
a agressão intencional", mas enquanto<br />
jornais respeitáveis publicaram<br />
uma reportagem da Reuters <strong>de</strong>claran<strong>do</strong><br />
que o "Hamas calculou que foram<br />
mortos, pelo menos, 100 integrantes<br />
<strong>de</strong> suas forças <strong>de</strong> segurança", Rayment<br />
afirmou que as 155 vítimas, informadas<br />
na hora em que escreveu<br />
seu texto, eram civis, que incluíam<br />
muitas mulheres e crianças. Desnecessário<br />
dizer, que ele con<strong>de</strong>nou os<br />
ataques israelenses contra o Hamas<br />
como "<strong>de</strong>sproporcionais".<br />
Já no website <strong>do</strong> jornal The Guardian,<br />
aos leitores foi da<strong>do</strong> a enten<strong>de</strong>r<br />
que o movimento <strong>do</strong> exército <strong>de</strong> Israel<br />
contra o Hamas só po<strong>de</strong>ria aumentar<br />
a popularida<strong>de</strong> <strong>do</strong> grupo na<br />
Faixa <strong>de</strong> Gaza - isso também era previsível,<br />
assim como também o que a<br />
política palestina Hanan Ashrawi sugeriu<br />
numa entrevista à BBC. Foi enfatiza<strong>do</strong><br />
que Ashrawi não era "nenhuma<br />
amiga <strong>do</strong>s islâmicos"; contu<strong>do</strong>, falan<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> sua casa em Ramallah, ela<br />
con<strong>de</strong>nou os ataques israelenses<br />
como "nada menos que um massacre,<br />
uma afronta", e ela <strong>de</strong>ixa a pequena<br />
dúvida <strong>de</strong> que tu<strong>do</strong> que tinha aconteci<strong>do</strong><br />
e aconteceria era culpa <strong>de</strong> Israel:<br />
"O ciclo da violência é gera<strong>do</strong> pela<br />
ocupação e pelo esta<strong>do</strong> contínuo <strong>de</strong><br />
assédio na intenção <strong>de</strong> castigar cole-<br />
tivamente um povo inteiro. Isso fortalecerá<br />
a posição <strong>do</strong> Hamas. As pessoas<br />
estão simpatizan<strong>do</strong> com o Hamas,<br />
assim como as pessoas que estão<br />
sen<strong>do</strong> brutalmente visadas por<br />
Israel. Elas são vistas como vítimas<br />
da agressão contínua israelense".<br />
Claro que, culpan<strong>do</strong> Israel por<br />
quaisquer escolhas que os palestinos<br />
façam isso se tornou a marca registrada<br />
<strong>de</strong> Ashrawi no curso <strong>de</strong> sua longa<br />
e distinta carreira como bem sucedida<br />
porta-voz da causa palestina. Ela,<br />
na verda<strong>de</strong>, era amplamente admirada<br />
entre a esquerda israelense até que<br />
não se conseguiu que ela con<strong>de</strong>nasse<br />
o linchamento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is solda<strong>do</strong>s israelenses<br />
por uma turba em Ramallah,<br />
em outubro <strong>de</strong> 2000. Como este horrível<br />
assassinato ilustrou tu<strong>do</strong> muito<br />
bem, não importa o que aconteça,<br />
Ashrawi sempre irá <strong>de</strong>plorar o "ciclo<br />
<strong>de</strong> violência" para qual na sua visão<br />
só Israel carrega a responsabilida<strong>de</strong><br />
fundamental.<br />
Mas realmente está na hora <strong>de</strong><br />
começar a falar sobre o ciclo da estupi<strong>de</strong>z:<br />
Se o Hamas po<strong>de</strong> anunciar<br />
orgulhosamente que não está interessa<strong>do</strong><br />
em um cessar-fogo e ostenta<br />
que sua ambição é forçar centenas<br />
<strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> israelenses a viverem<br />
em me<strong>do</strong> permanente por suas<br />
vidas, é muito óbvio que Israel tem<br />
que agir contra o grupo. As operações<br />
militares resultantes afetaram<br />
inevitavelmente to<strong>do</strong>s os mora<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong> Gaza, não importa o quão difícil<br />
para Israel é tenta evitar vítimas ci-<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
vis e danos colaterais. Se os palestinos<br />
e o extenso mun<strong>do</strong> árabe concluírem<br />
então que eles <strong>de</strong>vem reagir<br />
aclaman<strong>do</strong> o Hamas, eles só conseguirão<br />
a mesma coisa que o Hamas<br />
- e se as pessoas gostam que<br />
Hanan Ashrawi continue justifican<strong>do</strong><br />
esta conduta auto<strong>de</strong>strutora invocan<strong>do</strong><br />
o surra<strong>do</strong> slogan <strong>do</strong> "ciclo<br />
<strong>de</strong> violência" no qual os palestinos<br />
infalivelmente aparecem como as<br />
"vítimas da contínua agressão israelense",<br />
alguém po<strong>de</strong>rá concluir que<br />
os palestinos gostariam <strong>de</strong> ser vistos<br />
como incapazes assumir qualquer<br />
responsabilida<strong>de</strong> por sua conduta.<br />
Infelizmente, isto não é só um<br />
problema palestino: como uma pesquisa<br />
revelou no princípio <strong>de</strong>ste ano,<br />
não importa muito no mun<strong>do</strong> árabe<br />
como um lí<strong>de</strong>r político governa e o<br />
que ele realiza para o bem-estar <strong>de</strong><br />
seu povo - a única coisa que é importante<br />
é como ele é percebi<strong>do</strong> se<br />
"levantan<strong>do</strong>" contra o Oci<strong>de</strong>nte ou<br />
Israel: isso é assim por que as três<br />
figuras políticas mais populares no<br />
mun<strong>do</strong> árabe são, o chefe <strong>do</strong> Hezbolá<br />
Hassan Nasrallah, o presi<strong>de</strong>nte<br />
sírio Bashar al-Assad, e o presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>do</strong> Irã, Mahmoud Ahmadinejad.<br />
Sem dúvida este trio popular não irá<br />
agora per<strong>de</strong>r a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
aplaudir o Hamas, com eco da avaliação<br />
<strong>de</strong> Hanan Ashrawi - e é claro<br />
que, estes três não estarão em nenhum<br />
<strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com o veredito <strong>de</strong><br />
Sean Rayment, <strong>do</strong> Telegrah, <strong>de</strong> que<br />
"Israel é vicia<strong>do</strong> em violência".<br />
17<br />
* Petra<br />
Marquardt-<br />
Bigman é<br />
pesquisa<strong>do</strong>ra,<br />
escritora freelancer<br />
<strong>de</strong><br />
cidadania alemã e<br />
israelense. Possui<br />
PhD em História<br />
Contemporânea<br />
com foco na<br />
opinião pública<br />
européia em<br />
relação ao Oriente<br />
Médio, terrorismo<br />
islâmico, os EUA<br />
e Israel. Vive em<br />
Israel, e seu atual<br />
trabalho enfoca o<br />
conflito <strong>do</strong> Oriente<br />
Médio. Ela<br />
mantém um blog,<br />
"O Espelho<br />
Distorci<strong>do</strong>", no<br />
website <strong>do</strong> jornal<br />
The Jerusalem<br />
Post, e também<br />
contribui<br />
ocasionalmente<br />
para o The<br />
Guardian e outras<br />
publicações.<br />
Ahmadinejad vem aí Kassams e cuida<strong>do</strong>s psiquiátricos<br />
O blog <strong>do</strong> jornalista Reinal<strong>do</strong><br />
Azeve<strong>do</strong>, da revista Veja, publicou<br />
matéria <strong>do</strong> jornalista Samy Adghimi,<br />
na Folha sob o título: "Um <strong>do</strong>s financia<strong>do</strong>res<br />
<strong>do</strong> terror islâmico vem bater<br />
um papo com Lula".<br />
O texto informa o seguinte: O<br />
presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Irã, Mahmoud Ahmadinejad,<br />
visitará Brasília na primeira<br />
semana <strong>de</strong> maio, segun<strong>do</strong> a Folha<br />
apurou.<br />
A data da visita, inscrita na agenda<br />
<strong>do</strong> Itamaraty nos dias 5 e 6 <strong>de</strong><br />
maio, ainda está sujeita a ajustes.<br />
Mas os governos brasileiro e iraniano<br />
já estudam em conjunto <strong>de</strong>talhes<br />
<strong>de</strong> programação e logística.<br />
Na <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> Ahmadinejad,<br />
composta por pelo menos cem pessoas,<br />
estarão representantes <strong>de</strong> vários<br />
setores <strong>do</strong> governo iraniano e<br />
empresários. Serão assina<strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> cooperação econômica, técnica<br />
e cultural.<br />
Segun<strong>do</strong> diplomatas brasileiros,<br />
a hesitação inicial <strong>do</strong> Itamaraty<br />
quanto a receber o controverso<br />
presi<strong>de</strong>nte - que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> varrer Israel<br />
<strong>do</strong> mapa, questiona o <strong>Holocausto</strong><br />
e recusa pressões para suspen<strong>de</strong>r<br />
o programa nuclear iraniano<br />
- foi dissipada pelos recentes<br />
acenos <strong>do</strong>s EUA a Teerã.<br />
A distensão ensaiada pelo governo<br />
<strong>de</strong> Barack Obama rompe com o isolamento<br />
ao Irã imposto pelo antecessor<br />
George W. Bush, que consi<strong>de</strong>rava o país<br />
parte <strong>do</strong> "eixo <strong>do</strong> mal".<br />
O governo <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte Luiz Inácio<br />
Lula da Silva calcula que receber<br />
Ahmadinejad hoje não traria tanto risco<br />
político às ambições <strong>de</strong> colocar o<br />
Brasil entre os protagonistas <strong>do</strong> cenário<br />
diplomático global.<br />
A visita visa coroar uma relação<br />
que vem se intensifican<strong>do</strong>, impulsionada<br />
por um comércio bilateral <strong>de</strong> US$<br />
2 bilhões e pela presença da Petrobras<br />
no Irã - a estatal estuda ampliar a<br />
atuação iniciada em 2004.<br />
Em janeiro <strong>de</strong> 2007, o próprio Lula<br />
convi<strong>do</strong>u Ahmadinejad a Brasília,<br />
quan<strong>do</strong> se encontraram em Quito para<br />
a posse <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte Rafael Correa.<br />
Terroristas <strong>do</strong> Hamas continuam<br />
atacan<strong>do</strong> a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> S<strong>de</strong>rot.<br />
Às vezes, esses ataques<br />
ocorrem <strong>do</strong>mingo à noite, como<br />
o foguete Kassam que atingiu a<br />
varanda e o quintal <strong>de</strong> uma casa.<br />
A mídia informou que "não houve<br />
nenhum ferimento" a pessoas<br />
<strong>de</strong>ntro da casa, mas oito<br />
anos <strong>de</strong> ataques contínuos puseram<br />
20 por cento da população<br />
da cida<strong>de</strong> sob cuida<strong>do</strong>s mentais.<br />
Cinco outros foguetes também<br />
explodiram na cida<strong>de</strong> e nas<br />
regiões <strong>de</strong> S<strong>do</strong>t Negev e <strong>de</strong> Eshkol.<br />
Nenhum dano foi reporta<strong>do</strong>.<br />
"Quatro mil pessoas em<br />
S<strong>de</strong>rot estão atualmente sob alguma<br />
forma <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s<br />
psiquiátricos", <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />
David Be<strong>de</strong>in, um jornalista pesquisa<strong>do</strong>r<br />
que também possui<br />
grau <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> em assistência<br />
social e trabalhos <strong>de</strong> campo.<br />
Mais <strong>de</strong> 100 foguetes e morteiros<br />
explodiram em S<strong>de</strong>rot e<br />
na área adjacente <strong>de</strong> Sha'ar Ha-<br />
Negev, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fim da Opera-<br />
ção Chumbo Derreti<strong>do</strong>, que a<br />
administração Olmert <strong>de</strong>clarou<br />
que traria paz e <strong>de</strong>volveria a calma<br />
à região Sul <strong>de</strong> Israel. Mais<br />
<strong>de</strong> trinta outros mísseis explodiram<br />
em outras áreas, incluin<strong>do</strong><br />
a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ashkelon.<br />
"As pessoas estão sofren<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
ansieda<strong>de</strong>" com os ataques, disse<br />
Be<strong>de</strong>in. Notan<strong>do</strong> que a mídia subestima<br />
os ataques <strong>de</strong> foguete que<br />
não "causam nenhum dano ou<br />
<strong>de</strong>struição", Be<strong>de</strong>in explicou: "é<br />
difícil informar milagres".<br />
Ele notou que ao cobrir a<br />
Guerra <strong>do</strong> Golfo, em 1991, para<br />
rádio CNN, seus superiores rejeitaram<br />
uma reportagem <strong>de</strong><br />
manchete sobre um foguete<br />
Scud que <strong>de</strong>struiu uma rua e<br />
atingiu diversas casas.<br />
"A CNN perguntou quantas<br />
pessoas tinham si<strong>do</strong> mortas, e<br />
eles não mostraram interesse<br />
quan<strong>do</strong> eu disse que não houve<br />
nenhuma fatalida<strong>de</strong>", contou<br />
Be<strong>de</strong>in para o Israel National<br />
News (INN).<br />
Os estudantes em Ashkelon<br />
consi<strong>de</strong>ram ataque na manhã <strong>do</strong><br />
Shabat (sába<strong>do</strong>) em sua escola<br />
como um milagre e recitaram os salmos<br />
na manhã <strong>de</strong> <strong>do</strong>mingo por isso.<br />
"Eu não quero nem pensar<br />
no que teria aconteci<strong>do</strong> se o foguete<br />
atingisse a escola no meio<br />
da semana, quan<strong>do</strong> os alunos<br />
estavam em aula", disse Yitzchak<br />
Abrijel, principal educa<strong>do</strong>r<br />
da Escola Amit. "Foi um milagre<br />
que aconteceu no Shabat,<br />
quan<strong>do</strong> a escola está fechada".<br />
Os estudantes chegaram<br />
<strong>do</strong>mingo <strong>de</strong> manhã à escola pesadamente<br />
danificada, após<br />
uma viagem ao campo, recitaram<br />
Salmos e completaram seu<br />
dia na al<strong>de</strong>ia jovem da Amit em<br />
Petach Tikva.<br />
O foguete que caiu na escola<br />
da cida<strong>de</strong> no Shabat era <strong>de</strong><br />
um mo<strong>de</strong>lo mais po<strong>de</strong>roso que<br />
os prévios e atravessou a estrutura<br />
reforçada que foi projetada<br />
para proteger os estudantes<br />
e professores <strong>do</strong>s danos.
18<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
A Na'amat Pioneiras <strong>de</strong> Curitiba em parceira com a Kehilá,<br />
promovem a palestra com Vera Marise Wilner, pedagoga<br />
somática <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> Fel<strong>de</strong>nkrais, que na ocasião<br />
irá apresentar este sistema revolucionário e mo<strong>de</strong>rno<br />
que utiliza o movimento como meio <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> para<br />
encontrar novas maneiras <strong>de</strong> agir e estar disponível para<br />
a vida. Dr. Moshe Fel<strong>de</strong>nkrais, ju<strong>de</strong>u israelense foi quem<br />
<strong>de</strong>senvolveu este méto<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> pioneiro na área da<br />
educação somática e na pesquisa <strong>de</strong> diversos campos da<br />
neurologia. Dia: 26/4, Local: CIP, Horário: 16h.<br />
No dia 16 <strong>de</strong> maio às 20 h, a Na'amat Pioneiras convida a<br />
to<strong>do</strong>s para comemorar o Dia das Mães, com um jantar<br />
no Hotel Radisson. Na ocasião se apresentará o cantor,<br />
pianista e compositor Cláudio Goldman, que volta a Curitiba<br />
para nos brindar com a sua voz e talento. Cláudio<br />
Goldman é também chazan <strong>do</strong> Teatro Arthur Rubinstein<br />
da Hebraica <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001, li<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as<br />
orações <strong>de</strong> Rosh Hashaná e Iom Kipur. Seu repertório<br />
inclui músicas em iídiche, hebraico, óperas e músicas brasileiras.<br />
A<strong>de</strong>sões com Marina pelo fone: 9973-9119.<br />
Dia 22/3 na Escola<br />
Israelita Brasileira<br />
"Salomão Guelmann"<br />
foi entregue à<br />
comunida<strong>de</strong> o segun<strong>do</strong><br />
Sefer Torá totalmente<br />
restaura<strong>do</strong>. Após,<br />
Saul Zugman na entrega da houve um kidush. Faz<br />
segunda Torá restaurada<br />
parte <strong>do</strong>s cinco sefarim<br />
da Sinagoga que estão sen<strong>do</strong> recupera<strong>do</strong>s pelos<br />
familiares da senhora Sara Zugman Z"L pela elevação<br />
<strong>de</strong> sua alma. To<strong>do</strong>s tiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever<br />
uma letra com o sofer Tzvi Beker, uma rara mitzvá a ser<br />
cumprida. Os sábios dizem que quem escreve uma letra<br />
é como se tivesse escrito a Torá inteira.<br />
O chazan Shmuel Rosmarin está atuan<strong>do</strong> na Sinagoga<br />
<strong>do</strong> CIP em Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong>ste ano, e <strong>de</strong>ve<br />
permanecer até a chegada <strong>do</strong> novo rabino Pablo Berman,<br />
que vem <strong>de</strong> El Salva<strong>do</strong>r, em junho ou julho. Rosmarin,<br />
que também é Baal Koré, nasceu em Buenos Aires,<br />
Argentina, on<strong>de</strong>. realizou seus estu<strong>do</strong>s com o famoso<br />
chazan Leibele Schwartz Z"L, no Templo Libertad, em<br />
1987. Viajou a Israel para aperfeiçoar-se no Institute Of<br />
Sacred Music H. Shlomo, <strong>de</strong> Jerusalém.<br />
Nesse instituto Rosmarin teve masterclass com renoma<strong>do</strong>s<br />
chazanim como Moshe Stern, Naftali Herztik, o<br />
regente Eli Iaffe e outros. Em 1988 chegou ao Brasil<br />
para atuar em Porto Alegre, on<strong>de</strong> foi o chazan da União<br />
Israelita durante sete anos, <strong>de</strong>pois trabalhou na AIB <strong>de</strong><br />
Belo Horizonte, e mais tar<strong>de</strong> em São Paulo. Ele já atuou<br />
também na Argentina, em Israel, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e<br />
na Bolívia.<br />
Eli Shaarabani, Baruch Gur, Herman Richter, embaixa<strong>do</strong>r<br />
Pedro Motta Pinto Coelho, Katia Pines e Henrique Kushnir<br />
Acaba <strong>de</strong> ser lança<strong>do</strong><br />
o CD "Fortuna 15<br />
anos", que compila<br />
as mais belas canções<br />
da carreira da<br />
cantora Fortuna,<br />
uma das principais<br />
representantes da<br />
cultura judaica no<br />
Brasil.<br />
Após longo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> contatos, foi assina<strong>do</strong> um acor<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> intercâmbio entre a PUC-RJ e Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Tel Aviv, intermedia<strong>do</strong> por Ruti Appelbaum, <strong>do</strong>utoranda<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tel-Aviv. Alunos da universida<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>rão cursar <strong>de</strong> um semestre a um ano na Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Tel Aviv e vice-versa. Os cursos <strong>de</strong> intercâmbio<br />
serão em inglês nas duas universida<strong>de</strong>s. Além <strong>de</strong>ste<br />
programa, a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tel-Aviv oferece cursos<br />
em inglês para estudantes estrangeiros. O novo acor<strong>do</strong><br />
inclui reconhecimento <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong>stes cursos<br />
para alunos da PUC. O projeto MASA, <strong>do</strong> Governo <strong>de</strong><br />
Israel em conjunto com Agência <strong>Judaica</strong>, oferece número<br />
limita<strong>do</strong> <strong>de</strong> bolsas para estudantes interessa<strong>do</strong>s<br />
neste programa.<br />
O presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> PT e ex-ministro Ricar<strong>do</strong> Berzoini, radical<br />
<strong>de</strong> esquerda, mais uma vez "pôs as manguinhas <strong>de</strong><br />
fora" ao tomar conhecimento <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> entre a PUC-RJ<br />
e a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tel Aviv, criticou a PUC pedin<strong>do</strong> o<br />
boicote <strong>do</strong> acor<strong>do</strong>, e afirman<strong>do</strong> que não é o "momento<br />
para tal". Anti-israelense <strong>de</strong> carteirinha - foi ele quem<br />
conduziu o acor<strong>do</strong> assina<strong>do</strong> entre o PT e o Parti<strong>do</strong> sírio<br />
Baath, <strong>de</strong> inspiração fascista e há pouco tempo assinou<br />
violenta nota contra Israel, taxan<strong>do</strong>-o <strong>de</strong> nazista, por<br />
causa da operação militar em Gaza - Berzoini fechou os<br />
olhos para o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa após oito anos <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>io<br />
ininterrupto sofri<strong>do</strong> por Israel, com ataques diuturnos<br />
através <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> mísseis lança<strong>do</strong>s a partir<br />
<strong>de</strong> Gaza pelos terroristas <strong>do</strong> Hamas.<br />
O jornalista Jaime Spitzcovsky acaba <strong>de</strong> assumir<br />
o recém-cria<strong>do</strong> cargo <strong>de</strong> diretor <strong>de</strong> Relações Institucionais<br />
da Confe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong> Brasil (Conib),<br />
em mais um passo da atual gestão rumo à<br />
profissionalização <strong>de</strong> suas várias estruturas. De<br />
acor<strong>do</strong> com o presi<strong>de</strong>nte da entida<strong>de</strong>, Cláudio<br />
Lottenberg, "o convite também evi<strong>de</strong>ncia uma<br />
<strong>de</strong> nossas priorida<strong>de</strong>s, a área <strong>de</strong> política e <strong>de</strong> comunicação.<br />
Com a criação da nova estrutura, a<br />
Conib vai canalizar mais esforços para solidificar<br />
a ampliação <strong>do</strong> diálogo <strong>de</strong> nossa comunida<strong>de</strong> com<br />
li<strong>de</strong>ranças políticas, meios <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong>mais<br />
setores da socieda<strong>de</strong> civil".<br />
O embaixa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil em Israel, Pedro Motta Pinto Coelho<br />
visitou a Open University of Israel, a convite <strong>de</strong> sua presi<strong>de</strong>nte,<br />
professora Haguit Messer Yaron. Estavam presentes<br />
também Henrique Kushnir, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Conselho <strong>de</strong><br />
Cidadãos Brasileiros em Israel e diretor da Câmara <strong>de</strong> Comércio<br />
Israel-Brasil; Katia Pines, assessora para assuntos<br />
culturais da Embaixada Brasileira em Israel; Eli Shaarabani;<br />
diretor <strong>de</strong> Relações Públicas e Internacionais da Open; Baruch<br />
Gur e Herman Richter, assessor para a América Latina.<br />
A comunida<strong>de</strong> israelita <strong>de</strong> Curitiba terá seu próprio<br />
Luach (calendário judaico) antes <strong>do</strong> início <strong>de</strong><br />
5770, que já está sen<strong>do</strong> organiza<strong>do</strong> por uma equipe<br />
<strong>de</strong> pessoas aptas para tal. Para tanto, está sen<strong>do</strong><br />
disponibiliza<strong>do</strong> espaço para propaganda <strong>de</strong><br />
empresas industriais, comerciais, <strong>de</strong> serviços, profissionais<br />
liberais, e etc. As famílias curitibanas que<br />
<strong>de</strong>sejarem publicar mensagens "in memoriam"<br />
<strong>do</strong>s seus entes queri<strong>do</strong>s faleci<strong>do</strong>s, também po<strong>de</strong>rão<br />
fazê-las em espaço <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> a este fim.<br />
Participe! Você estará colaboran<strong>do</strong> para o sucesso<br />
<strong>de</strong> mais esta iniciativa comunitária. Contatos:<br />
Anais Malamut. e-mail: amalamut@terra.com.br<br />
celular: (41) 9971-2084.<br />
Jantar <strong>do</strong> Minián da Sinagoga: Jaminho 'Benga' Grimberg,<br />
Célia Galbinsky, Sara Schulman, Clara Maria Grimberg e o<br />
rabino Pablo Berrman<br />
Por falar em Anais Malamut, ele fez uma peixada,<br />
com temperos baianos para o último Jantar <strong>do</strong><br />
Mininán da Sinagoga no CIP, dia 17/3. Um <strong>do</strong>s poucos<br />
em que os participantes compareceram com<br />
as esposas.<br />
No dia 11/4 foi realiza<strong>do</strong> na Al<strong>de</strong>ia da Esperança, em<br />
São Paulo, um almoço <strong>de</strong> Pêssach para os resi<strong>de</strong>ntes e<br />
seus familiares, com a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Sonia Schnai<strong>de</strong>r,<br />
mãe <strong>de</strong> Joyce e Sergio (mora<strong>do</strong>res da Al<strong>de</strong>ia), e<br />
que teve a participação especial <strong>de</strong> Luis "Vavá" Prist e<br />
Celso Zilbovicius. Na mesa <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> salão, foi colocada<br />
a keará com os símbolos pertinentes à data. As<br />
explanações foram entremeadas com músicas <strong>de</strong> Pêssach,<br />
cantadas por Vavá e os resi<strong>de</strong>ntes. Ao final, foi<br />
servi<strong>do</strong> um almoço com pratos típicos, no qual se incluem<br />
guefilte fish, sopa com kneidlach, preparada por<br />
uma das resi<strong>de</strong>ntes, e outras iguarias.<br />
A Al<strong>de</strong>ia da Esperança faz parte <strong>do</strong> Centro Israelita <strong>de</strong><br />
Apoio Multidisciplinar (CIAM), e é a única entida<strong>de</strong> no<br />
Brasil que <strong>de</strong>senvolve o conceito, também, inédito <strong>de</strong><br />
moradia assistida vitalícia, buscan<strong>do</strong> dar as pessoas<br />
com limitação da autonomia, a melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
vida possível, objetivan<strong>do</strong> sua integração como cidadão<br />
e respeitan<strong>do</strong> suas potencialida<strong>de</strong>s. Possui hoje<br />
57 resi<strong>de</strong>ntes viven<strong>do</strong> em uma área <strong>de</strong> 415 mil m2, cada<br />
um, moran<strong>do</strong> em sua própria casa, e no seu dia-a-dia,<br />
eles executam tarefas nas mais diferentes áreas <strong>de</strong><br />
ativida<strong>de</strong>s, na própria Al<strong>de</strong>ia e também, no programa<br />
<strong>de</strong> vivência e inclusão profissional, trabalhan<strong>do</strong> na<br />
região próxima, em supermerca<strong>do</strong>, lavan<strong>de</strong>ria e empresas.<br />
Trata-se <strong>de</strong> uma experiência <strong>de</strong> Israel bem sucedida<br />
que foi reproduzida aqui.<br />
O objetivo da visita foi conhecer uma das mais importantes<br />
instituições acadêmicas <strong>de</strong> ensino a distância <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
e estreitar os laços entre a Open University e a comunida<strong>de</strong><br />
brasileira em Israel. O Embaixa<strong>do</strong>r brasileiro salientou<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> cooperação<br />
entre universida<strong>de</strong>s israelenses e brasileiras, à<br />
luz <strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cooperação entre o Brasil e Israel na<br />
área <strong>de</strong> educação firma<strong>do</strong> recentemente entre representantes<br />
<strong>de</strong> ambos os governos.<br />
Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br
Pilar Rahola *<br />
os tribunais <strong>do</strong> Irã,<br />
uma mulher vale a<br />
meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> um homem.<br />
Ela só po<strong>de</strong><br />
pedir para cegá-lo <strong>de</strong><br />
um olho. Mas se pagar<br />
20.000 euros, po<strong>de</strong> executar a sentença<br />
por completo. "Muitos querem<br />
pagar", diz Ameneh.<br />
"Olho por olho e o mun<strong>do</strong> ficará<br />
cego", digo-lhe, recordan<strong>do</strong> a mítica<br />
frase <strong>de</strong> Gandhi. E ela me respon<strong>de</strong><br />
calmamente, olhan<strong>do</strong>-me <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a opacida<strong>de</strong> das lentes <strong>de</strong> seus óculos<br />
inúteis: "De acor<strong>do</strong>, os <strong>do</strong>is cegos".<br />
Tenho-a diante, sua jovem vida<br />
<strong>de</strong>stroçada para sempre, sua beleza<br />
<strong>de</strong> antigamente, arrancada com<br />
áci<strong>do</strong>, suas esperanças <strong>de</strong> universitária<br />
brilhante, quebradas na obsessão<br />
<strong>de</strong> um enamora<strong>do</strong> enlouqueci<strong>do</strong>.<br />
Olha-me e, sem me ver, vê minha<br />
incompreensão, minha distância<br />
apesar <strong>de</strong> minha solidarieda<strong>de</strong>, minha<br />
incredulida<strong>de</strong>. E então me espeta,<br />
tiran<strong>do</strong> os óculos que escon<strong>de</strong>m<br />
o vazio imenso <strong>de</strong> sua cegueira: "Se<br />
isto é o que ele me fez, po<strong>de</strong>ria ter<br />
feito à sua filha e, nesse caso não<br />
teria vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrancar-lhe os<br />
olhos? Retirar seus olhos", diz ela<br />
num incipiente castelhano que fala.<br />
E então continua asseguran<strong>do</strong><br />
que não quer vingança, que as cinco<br />
gotas <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> em cada olho, seriam<br />
como um castigo contra o<br />
A cegueira da vingança<br />
agressor, para que nunca volte a fazer<br />
o mesmo a outra jovem, uma vez<br />
que no Irã os agressores <strong>de</strong> mulheres<br />
estão muito poucos na prisão,<br />
que a única sentença <strong>de</strong>finitiva é a<br />
que pediu. "Não vingança", repete,<br />
e ensina: as queimaduras <strong>do</strong> corpo,<br />
o único olho <strong>de</strong> cristal, a outra órbita<br />
<strong>de</strong>saparecida, no buraco negro <strong>de</strong><br />
sua <strong>do</strong>r. No tabla<strong>do</strong> da TV3, on<strong>de</strong> fazemos<br />
a entrevista, reina um pesa<strong>do</strong><br />
silêncio. O que <strong>de</strong>vem pensar<br />
meus companheiros? Porque nessa<br />
sala, escutan<strong>do</strong> a serenida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Ameneh Bahrami enquanto relata<br />
sua petição, tu<strong>do</strong> parece ter senti<strong>do</strong>.<br />
Se a lei <strong>do</strong> talião serve para evitar<br />
um mal maior, por que não <strong>de</strong>ixá-lo<br />
cego? E então conhecemos<br />
mais <strong>de</strong>talhes, os quais mais brutais.<br />
Nos tribunais <strong>do</strong> Irã, uma mulher vale<br />
a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> um homem. Ela só po<strong>de</strong><br />
pedir para cegá-lo <strong>de</strong> um olho. Mas<br />
se pagar 20.000 euros, po<strong>de</strong> executar<br />
a sentença por completo. "Muitos<br />
querem pagar", diz Ameneh, mas<br />
não fará <strong>falta</strong>, porque finalmente o<br />
juiz foi muito compreensivo com sua<br />
petição e permitirá a execução completa.<br />
Se não permitem a ela jogar o<br />
áci<strong>do</strong> ("eu posso, tapan<strong>do</strong> seus<br />
olhos, posso"), o fará qualquer voluntário<br />
<strong>do</strong>s muitos que se apresentaram.<br />
A família <strong>de</strong> Majad Moyahedi<br />
ofereceu dinheiro a Ameneh para<br />
salvar, no mínimo, um olho <strong>do</strong> agressor,<br />
mas ela se mantém inflexível.<br />
"Dinheiro não. Retirar os <strong>do</strong>is olhos".<br />
E assim, se nada impedir, em breve<br />
será executada a sentença que em<br />
26 <strong>de</strong> novembro passa<strong>do</strong> <strong>de</strong>terminou<br />
o juiz Aziz Mohamandi, na seção<br />
71 <strong>do</strong> Juiza<strong>do</strong> Penal <strong>de</strong> Teerã.<br />
Antes <strong>de</strong> receber as gotas <strong>de</strong> áci<strong>do</strong><br />
em cada olho, o homem será anestesia<strong>do</strong>.<br />
"Eu não tive essa sorte",<br />
acrescenta Ameneh.<br />
Se a palavra tivesse capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> mostrar os silêncios, este seria<br />
um <strong>de</strong>les. Respiro e calo. E lentamente<br />
vai fluin<strong>do</strong> uma tentativa<br />
<strong>de</strong> reflexão. A lei <strong>do</strong> talião bíblico,<br />
que inspira a sentença validada<br />
pelo tribunal iraniano, não nasceu<br />
com este objetivo. Muito pelo contrário,<br />
apesar <strong>de</strong> sua má fama, o<br />
olho por olho implicava um prematuro<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong>,<br />
uma vonta<strong>de</strong> inequívoca <strong>de</strong> acabar<br />
com a lei da selva. Se roubou, não<br />
o mates, se te tirou um olho, não<br />
lhe tire os <strong>do</strong>is, e assim, por diante,<br />
até a lei mo<strong>de</strong>rna. Aplica<strong>do</strong> há<br />
mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is mil anos, sua finalida<strong>de</strong><br />
era a justiça. Aplica<strong>do</strong> em pleno<br />
século XXI, sua única finalida<strong>de</strong><br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
é a vingança. Ou seja, a lei <strong>do</strong> talião<br />
bíblico era civilizada. A que atualmente<br />
é aplicada em alguns países<br />
islâmicos é bárbara.<br />
Mais além da necessária compreensão<br />
com a <strong>do</strong>r <strong>de</strong> Ameneh, a<br />
chave está em sua <strong>do</strong>r <strong>de</strong>cida o castigo.<br />
Quer dizer, que a vítima seja<br />
quem exerça a justiça porque então<br />
se acaba o império da lei. O problema,<br />
é claro, não está no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />
Ameneh Bahrami <strong>de</strong> cegar o agressor,<br />
mas numa socieda<strong>de</strong> enferma<br />
que cria as condições para chegar,<br />
finalmente, a este brutal resulta<strong>do</strong>:<br />
discrimina a mulher, até reduzi-la à<br />
meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> valor <strong>de</strong> um homem; cria<br />
milhares <strong>de</strong> leis que a escravizam;<br />
inspira no homem uma convicção<br />
inequívoca <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e prepotência,<br />
e quan<strong>do</strong> finalmente se produz uma<br />
agressão, permite, sem <strong>de</strong>puração,<br />
a aplicação <strong>de</strong> um princípio arcaico.<br />
O ódio contra o ódio, o áci<strong>do</strong> contra<br />
o áci<strong>do</strong>, e pelo caminho da vingança,<br />
a negação <strong>de</strong>finitiva da civilização.<br />
Ameneh não tem olhos. Mas é<br />
o Irã que está cego.<br />
19<br />
* Pilar Rahola é<br />
conhecida jornalista,<br />
escritora e tem<br />
programa na televisão<br />
espanhola. Foi viceprefeita<br />
<strong>de</strong> Barcelona,<br />
<strong>de</strong>putada no<br />
Parlamento Europeu e<br />
<strong>de</strong>putada no<br />
Parlamento espanhol.<br />
Publica<strong>do</strong> no jornal La<br />
Vanguardia<br />
(Barcelona), dia 8/3/<br />
2009. Tradução: Szyja<br />
Lorber.<br />
Família <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us iemenitas chega a<br />
Israel após salvamento secreto<br />
Yossi Melman *<br />
Um pequeno grupo <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us<br />
iemenitas chegou a Israel<br />
há poucas semanas em uma<br />
operação secreta levada a<br />
efeito pela Agência <strong>Judaica</strong>.<br />
O Porta-voz da Agência,<br />
Michael Jankelowitz, recusouse<br />
a dizer como as 10 pessoas<br />
foram salvas, citan<strong>do</strong> questões<br />
<strong>de</strong> segurança, mas disse<br />
elas tinham si<strong>do</strong> ameaçadas<br />
pela Al-Qaeda.<br />
A família Ben Yisrael foi retirada<br />
da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Raida <strong>de</strong>pois<br />
que ela sofreu ataques<br />
antissemitas e repetidas<br />
ameaças <strong>de</strong> morte.<br />
Alguns semanas antes,<br />
uma granada foi lançada no<br />
pátio da casa da família em<br />
Raida, possivelmente por extremistas<br />
filia<strong>do</strong>s à Al-Qaeda.<br />
Said Ben Yisrael, que li<strong>de</strong>ra<br />
a comunida<strong>de</strong> judaica <strong>de</strong><br />
Raida e sua família <strong>de</strong>vem receber<br />
a cidadania israelense<br />
logo após sua chegada. Eles<br />
foram leva<strong>do</strong>s a Beit Shemesh,<br />
acompanha<strong>do</strong>s por uma equipe<br />
da Agência <strong>Judaica</strong>.<br />
Há ainda<br />
aproximadamente<br />
280<br />
ju<strong>de</strong>us atualmente<br />
no Iêmen,<br />
230 <strong>do</strong>s<br />
quais viven<strong>do</strong><br />
em Raida<br />
na província<br />
<strong>de</strong> Omran, e<br />
outros 50 ju<strong>de</strong>us<br />
moram<br />
na capital, a<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sana'a.<br />
Os ju<strong>de</strong>us iemenitas têm a<br />
proteção especial <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>do</strong> Iêmen, Ali Abdallah Salah.<br />
Porém, em anos recentes<br />
anos, ataques antissemitas<br />
contra ju<strong>de</strong>us têm cresci<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>scontroladamente.<br />
A tensão alcançou o ponto<br />
<strong>de</strong> ebulição em <strong>de</strong>zembro passa<strong>do</strong>,<br />
quan<strong>do</strong> Moshe Yaish<br />
Nahari, pai <strong>de</strong> 9 filhos, foi assassina<strong>do</strong><br />
por um extremista<br />
muçulmano.<br />
A escalada <strong>de</strong> ameaças<br />
contra ju<strong>de</strong>us no Iêmen aumentou<br />
com a recente ofensiva<br />
<strong>de</strong> três semanas <strong>de</strong> Israel<br />
contra Gaza.<br />
Família iemenita judia retirada às pressas por causa <strong>do</strong><br />
antissemitismo<br />
O diretor geral da Agência <strong>Judaica</strong>,<br />
Moshe Vig<strong>do</strong>r, disse que<br />
sua instituição está acompanhan<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> perto a situação da comunida<strong>de</strong><br />
no Iêmen e promete ajudar<br />
<strong>de</strong> qualquer forma possível.<br />
Já o diretor-geral <strong>de</strong> Aliá<br />
da Agência <strong>Judaica</strong> e <strong>do</strong> Departamento<br />
<strong>de</strong> Absorção, Eli<br />
Cohen, disse que a Agência se<br />
esforça para garantir a segurança<br />
<strong>do</strong>s membros da comunida<strong>de</strong><br />
e que está trabalhan<strong>do</strong><br />
para trazer rapidamente a<br />
Israel a maioria <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us <strong>do</strong><br />
Iêmen que <strong>de</strong>sejam imigrar.<br />
Os novos imigrantes receberão<br />
ajuda especial da Agência,<br />
inclusive uma concessão <strong>de</strong> 40<br />
mil shekels por família.<br />
* Yossi Melman é repórter <strong>do</strong> jornal israelense Haaretz e correspon<strong>de</strong>nte da Associated Press (AP). Matéria<br />
publicada em 20/2/2009 que po<strong>de</strong> ser encontrada em inglês em www.haaretz.com/hasen/spages/1065526.html
20 (com<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
VISÃO<br />
Quem é simpático a Israel?<br />
Uma pesquisa foi realizada em 13 paises:<br />
"Qual a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> simpatia por<br />
Israel?". Patrocina<strong>do</strong> pelo Ministério <strong>do</strong><br />
Exterior israelense, o levantamento realiza<strong>do</strong><br />
numa população <strong>de</strong> 5.212 pessoas<br />
nos 13 mais importantes paises <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
apurou que a nação que mostra mais<br />
simpatia ao Esta<strong>do</strong> ju<strong>de</strong>u é a Índia, com<br />
58% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, seguida <strong>do</strong>s EUA<br />
com 56%, <strong>de</strong>pois a Rússia (52%), México<br />
(52%), China (50%), No final <strong>do</strong> rol, surgem<br />
a Grã-Bretanha (34%), França (27%),<br />
e Espanha (23%). A surpresa <strong>de</strong>corre <strong>de</strong><br />
ter si<strong>do</strong> recentemente estas nações abaladas<br />
com atenta<strong>do</strong>s terroristas em Londres<br />
e Madrid perpetra<strong>do</strong>s pelo Islã radical<br />
assassinan<strong>do</strong> 50 civis inocentes e<br />
200 pessoas inocentes, respectivamente,<br />
e Paris assaltada por turbas muçulmanas<br />
violentas pratican<strong>do</strong> atos <strong>de</strong> vandalismo,<br />
o que <strong>de</strong>veria ter provoca<strong>do</strong> uma<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vitimas com Israel, pais<br />
também alvo da truculência terrorista.<br />
(Yedioth Acharonot).<br />
Assassinato a sangue frio<br />
Um palestino arma<strong>do</strong> com um macha<strong>do</strong><br />
e uma faca invadiu um assentamento judaico<br />
na Cisjordânia, matan<strong>do</strong> um menino<br />
israelense <strong>de</strong> 13 anos e ferin<strong>do</strong> gravemente<br />
outro, <strong>de</strong> 7. De acor<strong>do</strong> com o<br />
jornal israelense Haaretz, o ataque aconteceu<br />
em Bat Ayin, ao sul <strong>de</strong> Belém, on<strong>de</strong><br />
vivem milhares <strong>de</strong> colonos ju<strong>de</strong>us. Ayin<br />
fica perto das cida<strong>de</strong>s palestinas <strong>de</strong> Belém<br />
e Hebron. Segun<strong>do</strong> testemunhas, o<br />
responsável pelo ataque teria si<strong>do</strong> feri<strong>do</strong><br />
a tiros pelos seguranças <strong>do</strong> assentamento,<br />
mas conseguiu fugir. O agressor<br />
é palestino. A polícia está à procura <strong>de</strong>le.<br />
As forças <strong>de</strong> segurança organizaram bloqueios<br />
nas estradas e buscas nas áreas<br />
em volta <strong>do</strong> assentamento para tentar<br />
encontrar o responsável pelo ataque. As<br />
Brigadas Mártires <strong>de</strong> Al-Aqsa - grupo extremista<br />
liga<strong>do</strong> ao movimento Fatah, <strong>do</strong><br />
presi<strong>de</strong>nte palestino, Mahmoud Abbas -<br />
reivindicaram o atenta<strong>do</strong>. (O Globo).<br />
Assassinato a sangue frio II<br />
"Pai da vítima já tentou explodir escola<br />
palestina". Assim noticiou o jornal O<br />
Globo, na tentativa <strong>de</strong>scarada <strong>de</strong> minimizar<br />
o assassinato <strong>do</strong> menino <strong>de</strong> 13<br />
anos. Foi o primeiro inci<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> tipo no<br />
governo <strong>do</strong> recém-empossa<strong>do</strong> primeiroministro<br />
Benjamin Netanyahu. O jornal<br />
se referia ao pai da vítima mais jovem,<br />
<strong>de</strong> apenas 7 anos, que teve fratura na<br />
caixa craniana, é um colono ju<strong>de</strong>u que<br />
cumpre pena <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> prisão em<br />
informações das agências AP, Reuters,<br />
AFP, EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem<br />
Post, Haaretz e IG)<br />
panorâmica<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
• Yossi Groisseoign •<br />
Israel por tentar, em 2002, explodir uma<br />
bomba num colégio <strong>de</strong> meninas palestinas<br />
em Jerusalém. (O Globo).<br />
Árabe-israelense indica<strong>do</strong> ao Prêmio Nobel<br />
O médico árabe-israelense<br />
Izzeldin Abuelaish<br />
(foto) foi indica<strong>do</strong><br />
ao Prêmio Nobel da<br />
Paz. Entrevista<strong>do</strong> pela<br />
rádio <strong>do</strong> exército<br />
israelense, ele citou o<br />
funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sionismo<br />
mo<strong>de</strong>rno, Theo<strong>do</strong>r Herzl, ao comentar a<br />
sua nomeação: "Se você <strong>de</strong>sejar, não<br />
será um sonho". E complementou: "Esta<br />
indicação é uma ajuda para to<strong>do</strong>s nós,<br />
prova <strong>de</strong> que qualquer pessoa po<strong>de</strong> ser<br />
agraciada". Abuelaish está em viagem<br />
pela Europa, on<strong>de</strong> se encontrou com o<br />
presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Parlamento Europeu,<br />
Hans-Gert Pöttering, e recebeu o título<br />
<strong>de</strong> "Cidadão Honorário <strong>do</strong> Reino da Bélgica".<br />
Ele já era bastante conheci<strong>do</strong> em<br />
Israel como um médico que trabalha no<br />
Hospital Tel Hashomer, em Tel-Aviv, e<br />
sempre teve posições mo<strong>de</strong>radas e pacíficas<br />
sobre a convivência entre palestinos<br />
e israelenses. O resulta<strong>do</strong> da premiação<br />
sairá em outubro. (Jornal Alef).<br />
Obama visita Israel e territórios<br />
palestinos em junho<br />
Fontes diplomáticas revelaram que as<br />
embaixadas americanas da região foram<br />
informadas sobre nova visita <strong>de</strong> Obama.<br />
O jornal israelense Haaretz informou que<br />
o presi<strong>de</strong>nte americano Barack Hussein<br />
Obama, <strong>de</strong>ve visitar Israel e os territórios<br />
da Autorida<strong>de</strong> Palestina em junho.<br />
Em visita à Turquia, Obama disse que o<br />
processo <strong>de</strong> paz inicia<strong>do</strong> em novembro<br />
segue vivo e que os EUA vão manter a<br />
postura <strong>do</strong> governo Bush diante <strong>do</strong> conflito:<br />
<strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e separa<strong>do</strong>s<br />
para ju<strong>de</strong>us e palestinos. Segun<strong>do</strong><br />
o jornal, a visita <strong>de</strong> Obama será seguida<br />
por uma reunião em Washington<br />
com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu,<br />
e terá como objetivo "enfatizar"<br />
seu compromisso com a solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />
Esta<strong>do</strong>s. (Artision Notícias Online - ANO).<br />
Teste com sistema <strong>de</strong> mísseis<br />
intercepta<strong>do</strong>res<br />
O Exército <strong>de</strong> Israel realizou novo teste<br />
nom o sistema <strong>de</strong> mísseis intercepta<strong>do</strong>res<br />
"Arrow". Ele foi lança<strong>do</strong> da base aérea<br />
<strong>de</strong> Palmachim, no litoral mediterrâneo<br />
<strong>do</strong> país, e interceptou com sucesso<br />
um foguete dispara<strong>do</strong> <strong>de</strong> um avião a <strong>de</strong>-<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
zenas <strong>de</strong> quilômetros <strong>de</strong> distância. Na<br />
simulação, houve a participação <strong>de</strong> um<br />
radar norte-americano que alimentou o<br />
sistema com da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um suposto ataque<br />
com mísseis balísticos. Este sistema<br />
melhora substancialmente a capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Israel <strong>de</strong> perceber ataques<br />
inimigos a longa distância, o que, na<br />
prática, permitirá uma maior margem <strong>de</strong><br />
tempo para alertar a população civil e<br />
salvar vidas. (Jerusalem Post).<br />
A "Bênção <strong>do</strong> sol"<br />
No dia 8 <strong>de</strong> abril pelo menos 30 mil pessoas<br />
visitaram o Muro das Lamentações<br />
em Jerusalém para a "Bênção <strong>do</strong> sol":<br />
to<strong>do</strong> ano o sol percorre o ciclo completo,<br />
retornan<strong>do</strong> ao seu ponto <strong>de</strong> órbita<br />
original. Porém, a cada 28 anos, o sol<br />
retorna à posição exata on<strong>de</strong> estava na<br />
hora <strong>de</strong> sua criação - no início <strong>do</strong> quarto<br />
dia da Criação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> - na hora<br />
exata <strong>do</strong> dia e no mesmo dia da semana.<br />
Em Curitiba, o Beit Chabad, realizou<br />
uma cerimônia <strong>de</strong> Bircat Hachamá, na<br />
manhã daquele dia com a comunida<strong>de</strong><br />
local. (Beit Chabad Curitiba).<br />
Rússia compra aviões israelenses<br />
Pela primeira vez na história, a Rússia<br />
anunciou que comprará material militar<br />
fabrica<strong>do</strong> em Israel: serão adquiridas aeronaves<br />
não-tripuladas, utilizadas em observação<br />
<strong>de</strong> territórios inimigos. De acor<strong>do</strong><br />
com o vice-ministro da Defesa russo,<br />
Vladimir Popovkin, a Rússia não preten<strong>de</strong><br />
utilizar os novos aparelhos para utilização<br />
em guerra, mas sim para testar sua tecnologia<br />
e melhorar seus próprios aviões espiões.<br />
No conflito com a Geórgia pelo controle<br />
das regiões separatistas da Abkházia<br />
e da Ossétia <strong>do</strong> Sul, em agosto <strong>de</strong> 2008, os<br />
aviões espiões russos tiveram <strong>de</strong>sempenho<br />
ruim. O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Israel foi pioneiro<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento e na utilização <strong>de</strong>sta<br />
tecnologia, largamente utilizada pelo exército<br />
norte-americano nas suas missões no<br />
Oriente Médio. A Rússia e Israel quase<br />
sempre estiveram em campos opostos. Durante<br />
a era sovi<strong>ética</strong>, o governo <strong>de</strong> Moscou<br />
foi o principal fornece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> armas e<br />
recursos aos inimigos árabes <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Ju<strong>de</strong>u.<br />
(Jornal Alef).<br />
ONU foi parcial sobre Israel<br />
Os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s acusaram o especialista<br />
da ONU, Richard Falk, <strong>de</strong> parcialida<strong>de</strong><br />
após seu pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong><br />
uma investigação sobre a ofensiva israelense<br />
na Faixa <strong>de</strong> Gaza contra o Hamas,<br />
sugerin<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que<br />
crimes <strong>de</strong> guerra teriam ocorri<strong>do</strong>. "Já<br />
expressamos em várias ocasiões nossas<br />
preocupações a respeito das opiniões<br />
<strong>do</strong> relator especial (Falk) sobre este<br />
tema", <strong>de</strong>clarou um porta-voz <strong>do</strong> <strong>de</strong>partamento<br />
<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, Robert Wood. "Concluímos<br />
que as opiniões <strong>do</strong> relator são<br />
qualquer coisa, menos imparciais",<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
acrescentou. Num relatório apresenta<strong>do</strong><br />
no Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos da<br />
ONU, Richard Falk, pediu uma "investigação<br />
<strong>de</strong> especialistas" para <strong>de</strong>terminar<br />
se, dada o contexto, os israelenses<br />
eram capazes <strong>de</strong> distiguir entre alvos<br />
militares e a população civil. "Se isso<br />
não era possível, então a ofensiva foi<br />
ilegal por natureza e constitui um crime<br />
<strong>de</strong> guerra da maior amplitu<strong>de</strong>", escreveu<br />
no <strong>do</strong>cumento. (Terra).<br />
Ratificação <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> Mercosul-Israel<br />
Membros da Confe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>do</strong><br />
Brasil se reuniram recentemente com o<br />
sena<strong>do</strong>r José Sarney (PMDB-AP) para pedir<br />
que o Congresso aprove o acor<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
livre comércio Mercosul-Israel, assina<strong>do</strong><br />
em 2007. Sarney, que presi<strong>de</strong> o Sena<strong>do</strong>,<br />
assegurou que vai atuar para acelerar o<br />
processo <strong>de</strong> ratificação <strong>do</strong> trata<strong>do</strong>, que<br />
visa aumentar o fluxo comercial entre as<br />
partes que, em 2006, atingiu cerca <strong>de</strong><br />
US$ 1 bilhão. A implementação <strong>do</strong> acor<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> livre comércio entre Israel e Mercosul<br />
vai significar uma aproximação que<br />
transcen<strong>de</strong> as fronteiras da economia.<br />
Laços comerciais entre o la<strong>do</strong> israelense<br />
e Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai<br />
vão acabar propician<strong>do</strong> o aprofundamento<br />
<strong>de</strong> contatos entre as partes, o<br />
que vai significar no final maior aproximação<br />
em áreas como a diplomacia e a<br />
cultura. Vale lembrar que tratar-se <strong>do</strong><br />
primeiro acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> livre comércio a ser<br />
firma<strong>do</strong> com outro país, pelo Mercosul.<br />
(Câmara Brasil-Israel <strong>de</strong> Comércio e Indústria<br />
- Cambici).<br />
Missão brasileira na 17ª Agritech<br />
De 5 a 7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009, acontece em<br />
Tel Aviv, em Israel, a 17ª Agritech, Feira e<br />
Conferência Internacional <strong>de</strong> Agrotecnologia,<br />
Reunin<strong>do</strong> as principais empresas<br />
lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> setor no mun<strong>do</strong>, apresentará<br />
as mais recentes inovações e soluções<br />
nos segmentos <strong>de</strong> agroecologia, biotecnologia,<br />
biocombustíveis, gerenciamento<br />
<strong>de</strong> água e irrigação, estufas, laticínios,<br />
avicultura, aqüicultura, agricultura <strong>de</strong> precisão,<br />
sementes, mecanização, fertilizantes<br />
e pesticidas, além <strong>de</strong> projetos, consultoria<br />
e know-how. A Câmara Brasil-Israel<br />
<strong>de</strong> Comércio e Indústria e a Missão<br />
Econômica <strong>de</strong> Israel no Brasil uniram esforços<br />
para que li<strong>de</strong>ranças e empresários<br />
<strong>do</strong> setor <strong>de</strong> agribusiness <strong>do</strong> Brasil participem<br />
<strong>do</strong> evento. Já estão confirmadas diversas<br />
autorida<strong>de</strong>s: João <strong>de</strong> Almeida Sampaio<br />
Filho, secretário <strong>de</strong> Agricultura <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, Camilo Sobreira <strong>de</strong><br />
Santana, secretário <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />
Agrário <strong>do</strong> Ceará, que viajará com uma<br />
<strong>de</strong>legação <strong>de</strong> 15 pessoas, entre as quais,<br />
o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste. Também<br />
participam <strong>do</strong> evento, Ági<strong>de</strong> Meneguette,<br />
presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração da Agricultura<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná e Ywao Miyamoto,<br />
presi<strong>de</strong>nte da Associação Brasileira<br />
<strong>de</strong> Sementes e Mudas. (Agritech).
Para escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />
basta passar um fax pelo telefone: 0**41 3018-8018 ou e-mail para<br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
O LEITOR ESCREVE Brilhante <strong>de</strong>but<br />
Aniversário <strong>do</strong> VJ<br />
Preza<strong>do</strong>s amigos:<br />
Acabo <strong>de</strong> receber a edição <strong>de</strong> Pêssach<br />
<strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, que também assinala<br />
os 7 anos da publicação da revista.<br />
É esta uma ocasião então <strong>de</strong> acrescentar<br />
aos <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> Chag Sameach um voto<br />
<strong>de</strong> louvor pelo trabalho <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> e perseverante,<br />
seu e <strong>de</strong> colabora<strong>do</strong>res em prol<br />
da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> judaica, centralida<strong>de</strong> e fortalecimento<br />
<strong>de</strong> Israel, etc.<br />
Assim, merecidas congratulações a que<br />
faz jus na ocasião festiva <strong>do</strong>s 7 anos o VJ.<br />
Vittorio Corinaldi - Tel Aviv - Israel<br />
Aniversário <strong>do</strong> VJ 2<br />
Preza<strong>do</strong>s amigos:<br />
Parabéns à equipe <strong>do</strong> jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />
sempre rico em informações, em<br />
excelentes artigos durante os 7 anos <strong>de</strong><br />
ativida<strong>de</strong> <strong>jornalística</strong>, o que nos leva a<br />
cumprimentá-los to<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste excelente<br />
veículo <strong>de</strong> comunicação, agora numa<br />
apresentação primorosa. Continuem<br />
sempre assim.<br />
Sara Schulman<br />
Instituto Cultural Judaico Brasileiro Bernar<strong>do</strong><br />
Schulman - Curitiba - PR<br />
Aniversário <strong>do</strong> VJ 3<br />
Caros jornalistas:<br />
Aceitem os nossos cumprimentos por<br />
mais um aniversário <strong>do</strong> jornal, que vem<br />
cumprin<strong>do</strong> com seu papel <strong>de</strong> informar e valorizar<br />
ainda mais nossa cultura e feitos.<br />
Aarão e Silvia Perlov - São Paulo - SP<br />
Aniversário <strong>do</strong> VJ 4<br />
Senhores redatores:<br />
Parabéns pelos 7 anos <strong>de</strong> publicação<br />
<strong>do</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> e pela nova roupagem<br />
(papel superior ao papel jornal). Parabéns<br />
também pelo alto nível da publicação.<br />
Shalom e Chag Sameach<br />
Etel Sara Wengier - São Paulo - SP<br />
Aniversário <strong>do</strong> VJ 5<br />
Amigos:<br />
Eu me junto aos parabéns por ter si<strong>do</strong><br />
o <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> o primeiro jornal da coletivida<strong>de</strong><br />
judaica brasileira a publicar a<br />
notícia da reativação <strong>do</strong> Desk Brasileiro<br />
da OLEI, presidi<strong>do</strong> pelo (curitibano... foi<br />
por isso...) Marcos Guelmann e ten<strong>do</strong> a<br />
Gladis como secretária e responsável pela<br />
klitá <strong>do</strong>s olim brasileiros em Israel.<br />
Kol hakavod e behatslachá!<br />
Judite Orensztajn - Por e-mail - Israel<br />
Aniversário <strong>do</strong> VJ 6<br />
Preza<strong>do</strong>s jornalistas:<br />
Não há duvida que para o sucesso <strong>do</strong><br />
seu empreendimento, cujo objetivo<br />
transcen<strong>de</strong> qualquer aspecto materialista<br />
tem auxilio <strong>de</strong> sua brilhante equipe<br />
que <strong>de</strong>monstra estar em perfeita sintonia<br />
com a sua proposta.<br />
Deve ser <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> que os maiores beneficia<strong>do</strong>s<br />
são os seus leitores sejam<br />
quais forem eles. É venturoso ter conhecimento<br />
que a sua mensagem atinge<br />
diversos lugares <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s manifestan<strong>do</strong><br />
sua satisfação pelas informações<br />
recebidas. Assim como eu, tenho<br />
certeza que a gran<strong>de</strong> maioria ao receber<br />
a <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, apressam-se a lê-lo<br />
e a apren<strong>de</strong>r muito sobre nosso povo, sua<br />
história, sua religião e principalmente<br />
sobre o povo ju<strong>de</strong>u seja na Diáspora ou<br />
em Israel, seja askenazi ou sefaradi.<br />
Parabéns pelo sétimo ano (acompanha<strong>do</strong><br />
pela mística <strong>de</strong>stacada pelo Rabino<br />
Yossef Dubrawski) é muito pouco<br />
para o nível <strong>de</strong> seu mérito.<br />
Aniversário <strong>do</strong> VJ 7<br />
Leopol<strong>do</strong> Ehrlich - Curitiba - PR<br />
Queri<strong>do</strong>s amigos:<br />
Acabamos <strong>de</strong> receber a edição <strong>de</strong> Pêssach<br />
e comemorativa ao sétimo aniversário<br />
<strong>de</strong>ste maravilhoso jornal da coletivida<strong>de</strong><br />
Israelita <strong>do</strong> Paraná. Des<strong>de</strong> os primeiros<br />
números fomos admira<strong>do</strong>res e incentiva<strong>do</strong>res<br />
para o crescimento <strong>do</strong> mesmo.<br />
Desejamos <strong>de</strong> to<strong>do</strong> coração muito sucesso<br />
e muitas felicida<strong>de</strong>s aos componentes<br />
<strong>do</strong> grupo editorial e que sigam<br />
nesta trilha por muitas e muitas edições.<br />
Abraços e Mazal Tov<br />
Marcos e Clarinha Guelmann - He<strong>de</strong>ra - Israel<br />
Aniversário <strong>do</strong> VJ 8<br />
Amigos:<br />
Parabéns pelo jornal!<br />
Errata:<br />
Tila Dubrawsky - Curitiba - PR<br />
Um pequeno erro <strong>de</strong> informação ocorreu<br />
no artigo "Col Hasheviin Chavivin - To<strong>do</strong>s<br />
os sétimos são queri<strong>do</strong>s", <strong>do</strong> Rabino<br />
Yossef Dubrawski, publica<strong>do</strong> na página<br />
24, na edição n º 77 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2009.<br />
Pêssach e Sucot são comemora<strong>do</strong>s em<br />
Israel durante sete dias, não Shavuot,<br />
pois este último se comemora apenas<br />
um dia em Israel.<br />
<strong>de</strong> Avig<strong>do</strong>r Lieberman<br />
Daniel Pipes *<br />
Avig<strong>do</strong>r Lieberman se tornou ministro<br />
das Relações Exteriores <strong>de</strong> Israel. Ele celebrou<br />
sua posse com um discurso inaugural<br />
que as reportagens das agências <strong>de</strong> notícias<br />
indicam que <strong>de</strong>ixaram seus ouvintes fazen<strong>do</strong><br />
caretas, se contorcen<strong>do</strong> e perplexos. Por<br />
exemplo, a BBC nos informa que suas palavras<br />
motivaram "sua antecessora Tzipi Livni<br />
a interrompê-lo e diplomatas a se retorcerem<br />
inconfortavelmente".<br />
Lamentável, para eles - o discurso me<br />
<strong>de</strong>ixa exultante. Aqui vão alguns <strong>do</strong>s tópicos<br />
aborda<strong>do</strong>s por Lieberman no seu emocionante<br />
discurso <strong>de</strong> 1.100 palavras:<br />
A or<strong>de</strong>m mundial: A or<strong>de</strong>m westphaliana<br />
<strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s está morta, substituída por um<br />
sistema mo<strong>de</strong>rno que inclui esta<strong>do</strong>s, semiesta<strong>do</strong>s<br />
e participantes internacionais irracionais<br />
(por exemplo, Al-Qaeda, talvez o Irã).<br />
Priorida<strong>de</strong>s mundiais: Estas têm que<br />
mudar. O mun<strong>do</strong> livre tem que focar-se em<br />
<strong>de</strong>rrotar os países, as forças e as entida<strong>de</strong>s<br />
extremistas "que estão tentan<strong>do</strong> violá-las".<br />
Os problemas reais estão vin<strong>do</strong> da "direção<br />
<strong>do</strong> Paquistão, Afeganistão, Irã e Iraque" - e<br />
não <strong>do</strong> conflito israelense-palestino.<br />
Egito: Lieberman elogia Cairo como "um<br />
fator estabiliza<strong>do</strong>r no sistema regional e talvez<br />
até mesmo mais <strong>do</strong> que isso", mas <strong>de</strong>ixou<br />
avisa<strong>do</strong> ao governo <strong>de</strong> Mubarak que ele<br />
só irá lá se a sua contraparte vier a Jerusalém.<br />
Repetição da palavra "paz": Lieberman<br />
verteu com <strong>de</strong>sdém governos israelenses<br />
anteriores: "O fato <strong>de</strong> repetirmos a palavra<br />
"paz" vinte vezes por dia não a tornará<br />
mais próxima".<br />
O far<strong>do</strong> da paz: "Eu vi todas as propostas<br />
feitas tão generosamente por Ehud Olmert,<br />
mas não vi nenhum resulta<strong>do</strong>". Agora, as coisas<br />
mudaram: "o outro la<strong>do</strong> também tem responsabilida<strong>de</strong>"<br />
pela paz e terá que ce<strong>de</strong>r.<br />
O Mapa da Estrada: O bloco <strong>de</strong> novida<strong>de</strong>s<br />
mais surpreen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> discurso <strong>de</strong> Lieberman<br />
foi o foco e o en<strong>do</strong>sso <strong>do</strong> Mapa <strong>de</strong><br />
Estrada, uma iniciativa diplomática <strong>de</strong> 2003<br />
que ele votou contra na ocasião, mas que<br />
é, como ele coloca, "o único <strong>do</strong>cumento<br />
aprova<strong>do</strong> pelo gabinete e pelo Conselho <strong>de</strong><br />
Segurança". Ele o chama <strong>de</strong> "uma resolução<br />
compulsória" que o novo governo <strong>de</strong>ve<br />
implementar. Em contraste, ele especificamente<br />
observa que o governo não está<br />
compromissa<strong>do</strong> pelo acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> Annapolis<br />
<strong>de</strong> 2007 ("Nem o gabinete nem o Knesset<br />
jamais o ratificaram").<br />
Implementação <strong>do</strong> Mapa <strong>de</strong> Estrada: Lieberman<br />
preten<strong>de</strong> "agir exatamente" <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />
com as palavras <strong>do</strong> Mapa <strong>de</strong> Estrada, incluin<strong>do</strong><br />
seus Princípios e sub-<strong>do</strong>cumentos<br />
Zinni. Então vem uma das duas centrais <strong>de</strong>clarações<br />
<strong>do</strong> discurso:<br />
21<br />
Eu nunca aceitarei que renunciemos a todas<br />
as cláusulas - eu acredito que haja 48 - e ir<br />
diretamente à última cláusula, negociações<br />
para um acor<strong>do</strong> permanente. Não. Estas concessões<br />
não alcançam nada. Nós a<strong>de</strong>riremos<br />
palavra por palavra, exatamente como está<br />
escrito. Cláusulas um, <strong>do</strong>is, três, quatro - <strong>de</strong>smantelamento<br />
das organizações terroristas,<br />
estabelecimento <strong>de</strong> um governo eficaz, realização<br />
<strong>de</strong> uma mudança constitucional profunda<br />
na Autorida<strong>de</strong> Palestina. Nós continuaremos<br />
exatamente <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as cláusulas.<br />
Nós também somos obriga<strong>do</strong>s a implementar<br />
o que é requeri<strong>do</strong> da nossa parte em<br />
cada cláusula, mas da mesma maneira está o<br />
outro la<strong>do</strong>. Eles têm que implementar o <strong>do</strong>cumento<br />
por completo.<br />
O erro em fazer concessões: Ele observa<br />
os "passos dramáticos e as propostas <strong>de</strong> longo<br />
alcance feitas" pelos governos Sharon e Olmert<br />
e então conclui, "Mas eu não vejo que [elas]<br />
trouxeram a paz. Pelo contrário. … É precisamente<br />
quan<strong>do</strong> nós fizemos todas as concessões"<br />
que Israel se tornou mais isola<strong>do</strong>, como<br />
na Conferência <strong>de</strong> Durban em 2001. Em seguida<br />
segue sua outra <strong>de</strong>claração central:<br />
Nós também estamos per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> terreno<br />
diariamente junto à opinião pública. Será que<br />
alguém acha que concessões e dizer constantemente<br />
"eu estou prepara<strong>do</strong> para ce<strong>de</strong>r" e<br />
usar a palavra "paz" levará a alguma coisa? Não,<br />
isso só provocará pressão e mais e mais guerras.<br />
"Si vis pacem, para bellum" - se você quiser<br />
paz, prepara-te para a guerra, seja forte.<br />
A Força Israelense: Lieberman conclui<br />
com uma chamada <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong>ra para a fortitu<strong>de</strong>:<br />
"Quan<strong>do</strong> Israel estava no seu mais<br />
alto nível quanto à opinião pública ao re<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>? Depois da vitória na Guerra <strong>do</strong>s<br />
Seis Dias, não após todas as concessões nos<br />
Acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Oslo I, II, III e IV".<br />
Comentários:<br />
Comentários:<br />
(1) Eu tinha minhas reservas sobre Lieberman e<br />
ainda tenho, mas este discurso o coloca em um<br />
gran<strong>de</strong> começo. Posto da forma mais breve<br />
possível, ele anunciou que "Israel está <strong>de</strong> volta".<br />
(2) Da<strong>do</strong> que o nome formal <strong>do</strong> Mapa da Estrada é<br />
"Um Mapa da Estrada Basea<strong>do</strong> no Desempenho<br />
para uma Solução Permanente <strong>de</strong> Dois Esta<strong>do</strong>s<br />
para o Conflito Israelense-Palestino", eu confesso<br />
que estou confuso pelas reportagens das<br />
agências <strong>de</strong> notícias (como a manchete <strong>do</strong> Los<br />
Angeles Times, que diz "O ministro das relações<br />
exteriores <strong>de</strong> Israel diz não estar compromissa<strong>do</strong><br />
em continuar o caminho <strong>de</strong> <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s")<br />
<strong>de</strong>claran<strong>do</strong> que Lieberman pronunciou o fim da<br />
solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s.<br />
(3) Há muita ironia <strong>de</strong> Lieberman agora em <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
o Mapa da Estrada, uma iniciativa que ele e<br />
muitos outros com a mesma perspectiva <strong>de</strong>le<br />
con<strong>de</strong>naram naquela ocasião. Para uma<br />
discussão abalizada quan<strong>do</strong> das suas origens,<br />
falhas e implicações, veja a análise <strong>de</strong> Daniel<br />
Man<strong>de</strong>l, "Desarmonia em Quatro-Partes: O Mapa<br />
da Paz <strong>do</strong> Quarteto".<br />
* Daniel Pipes é uma das maiores autorida<strong>de</strong>s sobre o Oriente Médio e o Islã. É diretor <strong>do</strong> Middle<br />
East Forum, colunista premia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s jornais New York Sun e The Jerusalem Post, é autor <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze<br />
livros. Publica<strong>do</strong> em FrontPageMagazine.com, em 2 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2009 sob o título original em inglês<br />
Avig<strong>do</strong>r Lieberman's Brilliant Debut e se encontra no site http://pt.danielpipes.org/6267/a-brilhante<strong>de</strong>butacao-<strong>de</strong>-avig<strong>do</strong>r-lieberman.<br />
Tradução: Joseph Skilnik.
22<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
ministro das Relações<br />
Exteriores <strong>de</strong> Israel, Avig<strong>do</strong>r<br />
Lieberman fez uma<br />
entrada tempestuosa. O<br />
"extremista-nacionalista"<br />
(para a BBC e al-Jazeera);<br />
é "bruto e beligerante" (The New York<br />
Times); "agressivo" (Haaretz) e um "racista"<br />
(Yasser Abed Rabbo). Este governo<br />
novo não fará "nenhuma concessão<br />
para paz" (The Guardian) e rejeita o "processo<br />
<strong>de</strong> paz" (a CNN). Por que o alvoroço?<br />
Porque Lieberman anunciou: "O governo<br />
israelense nunca ratificou o acor<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Annapolis".<br />
Ahã! De fato, o gabinete en<strong>do</strong>ssou Annapolis<br />
no dia 2 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007.<br />
Ehud Olmert passou isto aos seus colegas<br />
com o argumento <strong>de</strong> que as negociações<br />
não seriam constrangidas por qualquer<br />
prazo final, e com a promessa <strong>de</strong><br />
que, se a um acor<strong>do</strong> fosse chega<strong>do</strong>, isso<br />
só seria implementa<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois que os<br />
palestinos parassem com toda a violência.<br />
Reservadamente, antes <strong>do</strong> en<strong>do</strong>sso<br />
<strong>do</strong> gabinete, Olmert fez o resumo <strong>de</strong> Lieberman;<br />
quem então se absteve <strong>de</strong> votar.<br />
Mas o fato é que Annapolis está morto<br />
- da mesma maneira que Lieberman tão<br />
anti-diplomaticamente o <strong>de</strong>clarou. E to<strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> sabe isto. Morreu quan<strong>do</strong> Mahmoud<br />
Abbas e Ahmed Qurei rejeitaram a<br />
oferta <strong>de</strong> Olmert e <strong>de</strong> Tzipi Livni, no ano<br />
passa<strong>do</strong>, <strong>de</strong> virtualmente a Margem Oci<strong>de</strong>ntal<br />
inteira (os palestinos já têm Gaza),<br />
mais áreas <strong>do</strong> Negev para compensar assentamentos<br />
estratégicos reti<strong>do</strong>s além<br />
da Linha Ver<strong>de</strong>.<br />
Olmert e Livni ofereceram até mesmo<br />
um gerenciamento internacional para<br />
os lugares santos, e estavam prepara<strong>do</strong>s<br />
para entregar Jerusalém Oriental. Um túnel<br />
ou ponte conectaria o leste e a "Palestina"<br />
oci<strong>de</strong>ntal, proven<strong>do</strong> proximida<strong>de</strong><br />
entre a Margem Oci<strong>de</strong>ntal e Gaza.<br />
CASO CASO ENCERRADO:<br />
ENCERRADO:<br />
Quem matou Annapolis?<br />
O governo <strong>do</strong> Kadima só evitou uma retirada<br />
total às Linhas <strong>do</strong> Armistício <strong>de</strong> 1949,<br />
e em conce<strong>de</strong>r a milhões <strong>de</strong> "refugia<strong>do</strong>s"<br />
palestinos o direito <strong>de</strong> "voltar" para um Israel<br />
mutila<strong>do</strong> - algo que iria <strong>de</strong>mograficamente<br />
sufocar a população judaica.<br />
Em outras palavras, se os palestinos<br />
tivessem aceita<strong>do</strong> o acor<strong>do</strong> incrivelmente<br />
magnânimo <strong>de</strong> Olmert e Livni, a Palestina<br />
teria se torna<strong>do</strong> o 22º Esta<strong>do</strong> árabe<br />
muçulmano <strong>do</strong> Oriente Médio.<br />
Ainda, o irascível caminho que Lieberman<br />
fez para o seu anúncio sobre Annapolis<br />
diminuí<strong>do</strong> da substância <strong>do</strong> que o<br />
argumento <strong>de</strong> Israel <strong>de</strong>veria ser. Se ele<br />
tivesse se controla<strong>do</strong>, ti<strong>do</strong> mais habilida<strong>de</strong>,<br />
as manchetes <strong>do</strong> dia seguinte po<strong>de</strong>riam<br />
ter si<strong>do</strong>: "Novo governo abraça<br />
'Mapa da Estrada'". Porque Lieberman se<br />
empenhou num compromisso que oficialmente<br />
é conheci<strong>do</strong> como "o <strong>de</strong>sempenho<br />
basea<strong>do</strong> no Mapa da Estrada para<br />
uma solução permanente <strong>de</strong> <strong>do</strong>is esta<strong>do</strong>s<br />
para o conflito Israel-Palestina".<br />
O processo <strong>de</strong> Annapolis foi uma punhalada<br />
no salto para a frente sobre o<br />
'Mapa da Estrada' porque os palestinos<br />
não pu<strong>de</strong>ram - ou não quiseram - cumprir<br />
a sua obrigação <strong>de</strong> terminar com a violência.<br />
E a comunida<strong>de</strong> internacional preferiu<br />
a ilusão <strong>do</strong> impulso que Annapolis<br />
proveu. A alternativa teria si<strong>do</strong> conce<strong>de</strong>r<br />
isso até mesmo aos palestinos "mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s"<br />
que não estão prepara<strong>do</strong>s para levar<br />
a cabo o duro trabalho necessário alcançar<br />
uma solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s.<br />
Lieberman está convenci<strong>do</strong> <strong>de</strong> que<br />
toda a <strong>do</strong>ce conversa <strong>de</strong> Olmert e Livni<br />
não atingiu em Israel precisamente em<br />
parte alguma. Assim, significativamente,<br />
o governo <strong>de</strong> Netanyahu-Lieberman-Barak<br />
está comprometi<strong>do</strong> em alcançar um<br />
esta<strong>do</strong> palestino através <strong>do</strong> 'Mapa da Estrada'.<br />
O que precisa ser trabalha<strong>do</strong> agora<br />
é se os palestinos permanecem com-<br />
prometi<strong>do</strong>s, e se <strong>de</strong>vem ser da<strong>do</strong>s os passos<br />
para implementar o 'Mapa <strong>de</strong> Estrada'<br />
consecutivamente (a visão israelense),<br />
ou <strong>de</strong> algum outro mo<strong>do</strong> in<strong>de</strong>fini<strong>do</strong><br />
(a visão palestina).<br />
O 'Mapa da Estrada' estipula que, "uma<br />
solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s para o conflito israelense-palestino<br />
só será alcançada pelo<br />
fim da violência e <strong>do</strong> terrorismo, quan<strong>do</strong> o<br />
povo palestino tiver uma li<strong>de</strong>rança agin<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>cisivamente contra o terror, disposta e<br />
capaz <strong>de</strong> construir uma <strong>de</strong>mocracia baseada<br />
na tolerância e na liberda<strong>de</strong>, e pela<br />
prontidão <strong>de</strong> Israel em fazer o que for necessário<br />
para que um esta<strong>do</strong> palestino<br />
<strong>de</strong>mocrático seja estabeleci<strong>do</strong>…".<br />
Isso exigiria que Israel congelasse<br />
os assentamentos e <strong>de</strong>smantelasse os<br />
que foram estabeleci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fevereiro<br />
<strong>de</strong> 2001.<br />
Isso é o que Lieberman apóia. O que<br />
po<strong>de</strong>ria ser mais claro?<br />
A fala <strong>de</strong> Lieberman veio justo quan<strong>do</strong><br />
Israel enterra outra vítima <strong>do</strong> terror palestino,<br />
Shlomo Nativ, <strong>de</strong> 16 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />
golpea<strong>do</strong> até a morte em Bat Ayin, um assentamento<br />
a su<strong>do</strong>este <strong>de</strong> Jerusalém. É<br />
este tipo <strong>de</strong> brutalida<strong>de</strong> palestina - combina<strong>do</strong><br />
com obstinada diplomacia - que mantém<br />
o 'Mapa da Estrada' fundamenta<strong>do</strong>.<br />
Falan<strong>do</strong> duro ao invés <strong>de</strong> falar elegantemente,<br />
Lieberman reivindicou que ganhou<br />
"respeito". Na realida<strong>de</strong>, ele <strong>de</strong>u um ganho<br />
<strong>de</strong>snecessário àqueles que <strong>de</strong>turpam a posição<br />
<strong>de</strong> Israel argumentan<strong>do</strong> que bloqueia<br />
a criação <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong> palestino.<br />
Esta foi uma ação inepta <strong>do</strong> nosso novato<br />
ministro <strong>do</strong> Exterior, sem questão.<br />
Não obstante, Annapolis se tornou há<br />
pouco outra nota <strong>de</strong> rodapé na história<br />
<strong>de</strong> 100 anos <strong>do</strong> rejeicionismo palestino.<br />
(Editorial publica<strong>do</strong> dia 2/4/2009 no jornal<br />
israelense The Jerusalem Post. Tradução:<br />
Szyja Lorber).<br />
VJ INDICA<br />
FILME<br />
O Preço<br />
da<br />
Coragem<br />
Título Original:<br />
A Mighty Heart<br />
Ficha Técnica<br />
Gênero: Drama<br />
País <strong>de</strong> origem: EUA<br />
Duração: 100 minutos<br />
Ano <strong>de</strong> Lançamento: 2007<br />
Estréia no Brasil: 2/11/2007<br />
DVD colori<strong>do</strong> e Blue-ray<br />
Estúdio/Distribuição: Paramount Pictures<br />
<strong>do</strong> Brasil<br />
Classificação etária: 12 anos<br />
Direção: Michael Winterbottom<br />
Elenco<br />
Dan Futterman (Daniel Pearl), Angelina<br />
Jolie (Mariane Pearl), Archie Panjabi<br />
(Asra Q. Nomani), Mohammed Afzal<br />
(Shabir), Mushtaq Khan (Motorista <strong>de</strong><br />
taxi <strong>de</strong> Danny), Daud Khan (Masud), Telal<br />
Saeed (Kaleem Yusuf), Arif Khan (Motorista<br />
<strong>de</strong> taxi <strong>de</strong> Mariane), Tipu Taheer<br />
(Diretor <strong>de</strong> Direitos Humanos), Amit<br />
Dhawan (Supervisor T[écnico), Saira<br />
Khan (Nasrin) e Aliya Khan (Kashva).<br />
Sinopse<br />
Mariane Pearl (Angelina Jolie) embarca<br />
numa jornada pelo Oriente Médio<br />
para <strong>de</strong>scobrir a verda<strong>de</strong> acerca da<br />
morte <strong>do</strong> mari<strong>do</strong>, o jornalista Daniel<br />
Pearl (Dan Futterman), <strong>de</strong>sapareci<strong>do</strong> no<br />
Paquistão quan<strong>do</strong> esteve no país a trabalho.<br />
Reconstituição da história <strong>do</strong> repórter<br />
<strong>do</strong> jornal norte-americano The<br />
Wall Street Journal, sequestra<strong>do</strong> e <strong>de</strong>capita<strong>do</strong><br />
em 2002 por terroristas no Paquistão,<br />
unicamente por ser ju<strong>de</strong>u.<br />
As supostas atitu<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Exército <strong>de</strong> Israel são <strong>de</strong>núncias infundadas<br />
A Procura<strong>do</strong>ria Militar encerrou a investigação<br />
<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> supostos casos<br />
<strong>de</strong> assassinato <strong>de</strong> palestinos por parte<br />
<strong>de</strong> solda<strong>do</strong>s israelenses durante a ofensiva<br />
que Israel levou a cabo em Gaza em<br />
<strong>de</strong>zembro e janeiro passa<strong>do</strong>s.<br />
O Exército informou que o procura<strong>do</strong>r<br />
militar, Avi Men<strong>de</strong>lblit, encerrou o caso ao<br />
concluir, após uma investigação da Polícia<br />
Militar, que não há provas <strong>de</strong>litivas nos<br />
relatos que foram <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s e que os<br />
solda<strong>do</strong>s que prestaram testemunhos não<br />
eram testemunhas diretas.<br />
Na ofensiva israelense teriam morri<strong>do</strong><br />
1.400 palestinos, em sua maioria terroristas,<br />
mas também civis, e menores. Em Israel<br />
o "escândalo" estourou há duas semanas<br />
quan<strong>do</strong> o Haaretz, um jornal esquerdista<br />
da imprensa israelense expôs os<br />
testemunhos <strong>de</strong> vários solda<strong>do</strong>s e oficiais<br />
durante uma conferência para ca<strong>de</strong>tes <strong>de</strong><br />
uma aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> preparação militar.<br />
Segun<strong>do</strong> esses testemunhos, um comandante<br />
<strong>de</strong> companhia "or<strong>de</strong>nou que se<br />
disparasse e matasse uma anciã palestina<br />
que caminhava por uma estrada a cem<br />
metros da casa que a companhia tinha toma<strong>do</strong>",<br />
o que foi qualifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> "assassinato<br />
a sangue frio".<br />
Outro solda<strong>do</strong> disse que, <strong>de</strong>pois um<br />
chefe <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> discutiu com seu comandante<br />
sobre a permissivida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
código <strong>de</strong> atuação e este fora muda<strong>do</strong>,<br />
outros militares <strong>do</strong> mesmo nível se queixaram<br />
e disseram que "<strong>de</strong>veríamos matar<br />
to<strong>do</strong>s aqui (no centro <strong>de</strong> Gaza). To<strong>do</strong>s<br />
aqui são terroristas".<br />
Men<strong>de</strong>lblitt assegura que a investigação<br />
aponta que estes e outros relatos foram recolhi<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> terceiros, e que nenhum <strong>do</strong>s que<br />
disseram forma testemunhas presenciais.<br />
"Aviv (nome <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s que<br />
falou <strong>do</strong>s fatos) esclareceu que ele não<br />
os tinha visto, mas que havia escuta<strong>do</strong><br />
sobre eles" <strong>de</strong> outras pessoas, escreveu o<br />
procura<strong>do</strong>r militar em seu informe aos altos<br />
man<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Exército.<br />
Segun<strong>do</strong> este, os testemunhos foram<br />
estuda<strong>do</strong>s até chegar à conclusão <strong>de</strong> que<br />
to<strong>do</strong>s falavam <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is mesmos casos: a<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> matar uma mulher palestina <strong>de</strong><br />
ida<strong>de</strong> adulta e o assassinato <strong>de</strong> uma mãe<br />
e seus <strong>do</strong>is filhos que iam pela rua.<br />
No primeiro caso os investiga<strong>do</strong>res<br />
concluíram que se tratava <strong>de</strong> um caso já<br />
investiga<strong>do</strong> com anteriorida<strong>de</strong>, e no qual<br />
solda<strong>do</strong>s dispararam contra uma mulher<br />
que se aproximou algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />
metros das forças militares israelenses<br />
e quem tinham adverti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que não o<br />
fizesse por temor <strong>de</strong> que se tratasse <strong>de</strong><br />
uma terrorista suicida. A mulher não morreu<br />
e está viva.<br />
No segun<strong>do</strong> caso, sempre <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />
com os investiga<strong>do</strong>res militares, os solda<strong>do</strong>s<br />
abriram fogo contra <strong>do</strong>is homens que<br />
consi<strong>de</strong>raram suspeitos, num caso que o<br />
procura<strong>do</strong>r não consi<strong>de</strong>ra que se tenha<br />
cometi<strong>do</strong> <strong>de</strong>lito.<br />
"Temos que lamentar que nenhum <strong>do</strong>s<br />
que falaram tomaram as necessárias precauções<br />
ao expor os fatos e o que os solda<strong>do</strong>s<br />
escolheram apresentar situações<br />
tão graves apesar <strong>de</strong> não ter nenhum conhecimento<br />
direto <strong>do</strong> caso", assinala o<br />
relatório <strong>do</strong> procura<strong>do</strong>r militar israelense.
islã clássico aceita<br />
que há uma inspiração<br />
divina sobre a ligação<br />
entre os ju<strong>de</strong>us e a<br />
'Terra Santa', dizem alguns<br />
acadêmicos.<br />
De acor<strong>do</strong> com o estatuto <strong>do</strong> Hamas,<br />
a Palestina é um <strong>do</strong>m islâmico<br />
"para todas as gerações <strong>de</strong> muçulmanos<br />
até o Dia <strong>de</strong> Ressurreição" que<br />
ninguém po<strong>de</strong> renunciar. O conflito<br />
árabe-israelense não é visto só como<br />
uma disputa política, mas também<br />
implacavelmente religioso. Mas há<br />
acadêmicos muçulmanos que lhe dirão<br />
que esta reivindicação não tem<br />
base nenhuma no Alcorão: não só<br />
isso, mas o texto <strong>de</strong> fundação <strong>do</strong> islã,<br />
na realida<strong>de</strong>, reconhece a ligação<br />
especial entre os ju<strong>de</strong>us e a Terra <strong>de</strong><br />
Israel. "Você achará muito claramente",<br />
diz o xeque dr. Muhammad Al-<br />
Husseini, "que os comentaristas tradicionais<br />
<strong>do</strong> oitavo e nono séculos<br />
para a frente interpretaram o Alcorão<br />
uniformemente para dizer que Eretz<br />
Yisrael explicitamente foi <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />
por D-us para os ju<strong>de</strong>us como um<br />
pacto perpétuo. Não existe nenhuma<br />
contra-argumentação islâmica em<br />
qualquer lugar para a Terra no corpo<br />
tradicional <strong>do</strong> comentário".<br />
O dr. Al-Husseini é um imã britânico<br />
que leciona um curso <strong>de</strong> Alcorão como<br />
parte <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> inter fé na Faculda<strong>de</strong><br />
Leo Baeck, a faculda<strong>de</strong> rabínica<br />
progressista em Finchley, no norte <strong>de</strong><br />
Londres. Um <strong>do</strong>s textos que ele ensinou<br />
é o seguinte verso no Alcorão (5:21):<br />
"Ó meu povo! Entre na Terra Santa que<br />
D-us <strong>de</strong>cretou para você, e volte atrás<br />
em seus calcanhares, <strong>de</strong> outra forma<br />
será transforma<strong>do</strong> em per<strong>de</strong><strong>do</strong>r".<br />
Ele examina esta passagem pelos<br />
olhos <strong>de</strong> um comentarista clássico <strong>do</strong><br />
Alcorão, Muhammad ibn Jarir al-Tabari<br />
(838-923), que diz que a observação é<br />
"uma narrativa <strong>de</strong> D-us… relativa à <strong>de</strong>claração<br />
<strong>de</strong> Moisés… para sua comunida<strong>de</strong><br />
entre os filhos <strong>de</strong> Israel e sua<br />
or<strong>de</strong>m para que eles <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />
<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> D-us a ele, or<strong>de</strong>nan<strong>do</strong><br />
que eles entrassem na terra santa".<br />
Al-Tabari, diz o dr. Al-Husseni, é o<br />
"nosso Rashi", o funda<strong>do</strong>r da tafsir,<br />
"a ciência da exegese" - a palavra árabe<br />
é semelhante a pesher, em hebraico<br />
para a interpretação. "Uma das<br />
regras fundamentais da exegese islâmica<br />
pela qual a sabe<strong>do</strong>ria islâmica<br />
é ligada à autorida<strong>de</strong> para interpretar<br />
mentiras nas mãos <strong>do</strong> Profeta e <strong>do</strong>s<br />
Companheiros <strong>do</strong>s Profetas, só", ele<br />
diz. "Ninguém po<strong>de</strong> ir ao texto e livremente<br />
interpretá-lo aos seus próprios<br />
propósitos. Isto é realmente importante…<br />
porque se o Profeta, ou um <strong>do</strong>s Companheiros<br />
<strong>de</strong>le, <strong>de</strong>u uma interpretação,<br />
então nós estamos ata<strong>do</strong>s por isto".<br />
Da mesma maneira que você encontra<br />
no Talmu<strong>de</strong> que o rabino cita<br />
um provérbio em nome <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s<br />
seus professores, assim al-Tabari citará<br />
as interpretações anteriores, <strong>de</strong><br />
comentaristas orais, numa corrente<br />
in<strong>do</strong> trás <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s Companheiros <strong>do</strong><br />
Profeta Maomé, a última fonte <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong><br />
para aquela interpretação.<br />
Os comentaristas muçulmanos po<strong>de</strong>m<br />
discordar sobre exatamente on<strong>de</strong><br />
é a "Terra Santa" - um diz que é a área<br />
ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Monte Sinai, outro que é o<br />
Levante. Mas o que é importante, diz o<br />
dr. Al-Husseini, é que "eles estão apontan<strong>do</strong><br />
para a mesma área - não é o Egito,<br />
a Arábia Saudita ou o Iraque".<br />
"Terra Santa" em árabe é al-ard almuqaddasa,<br />
que está próximo <strong>do</strong> hebraico,<br />
eretz ko<strong>de</strong>sh e se refere a este<br />
pedaço <strong>de</strong> terra ao invés <strong>de</strong> outros locais<br />
sagra<strong>do</strong>s para os muçulmanos.<br />
"Durante a vida <strong>do</strong> Profeta, havia<br />
uma enorme ambição territorial em<br />
obter <strong>de</strong> volta Makka (Meca) <strong>do</strong>s<br />
Makkans", diz ele. Não havia nenhuma<br />
ambição territorial em reivindicar<br />
Jerusalém, Palestina.<br />
O que acontece durante a vida<br />
<strong>de</strong>le é que D-us quer aconteça para a<br />
comunida<strong>de</strong> muçulmana. Sua profecia<br />
e o seu objetivo eram a recupera-<br />
ção <strong>do</strong> local santo islâmico que é<br />
Makka. Se D-us tivesse <strong>de</strong>creta<strong>do</strong><br />
que o Seu Profeta <strong>de</strong>veria ter Jerusalém,<br />
então teria si<strong>do</strong> algo com que<br />
ele teria se preocupa<strong>do</strong> durante sua<br />
vida e ele conquistou toda a península<br />
arábica.<br />
"Nunca foi o caso durante o perío<strong>do</strong><br />
inicial <strong>do</strong> islã… que houvesse qualquer<br />
conexão sacer<strong>do</strong>tal em relação a<br />
Jerusalém como uma reivindicação territorial.<br />
Jerusalém é santa mas o Monte<br />
Sinai é mais santo. Sinai é menciona<strong>do</strong><br />
com muito mais frequência, e Jerusalém<br />
não é mencionada <strong>de</strong> fato através<br />
<strong>do</strong> nome." (Jerusalém é aludida na<br />
frase como "a mesquita distante").<br />
Um comentário <strong>de</strong> Al-Tabari também<br />
observa que a palavra "<strong>de</strong>cretou"<br />
- kataba em árabe, relacionada a katav,<br />
"escrito", em hebraico - tem as<br />
conotações <strong>de</strong> "or<strong>de</strong>nou": em outras<br />
palavras, colonizan<strong>do</strong> a terra foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />
como uma mitzvá para os<br />
filhos <strong>de</strong> Israel. Al-Tabari também nota<br />
que o <strong>de</strong>creto é confirma<strong>do</strong> na al-lawh<br />
al-mahfuz, a tabela eternamente preservada"<br />
- uma referência para a idéia<br />
islâmica <strong>de</strong> que no céu existe uma<br />
cópia azul sagrada da qual as escrituras<br />
muçulmana, cristã e judaica emanam,<br />
consequentemente a aliança com<br />
o povo ju<strong>de</strong>u sobre Israel é perpétua.<br />
O dr. Al-Husseini - que dá ênfase<br />
e seu apoio a uma solução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />
esta<strong>do</strong>s para o conflito israelensepalestino<br />
- aponta que há outros acadêmicos<br />
muçulmanos contemporâneos<br />
que chamam a atenção para<br />
esta tradição, como o professor Khaleel<br />
Mohammed, <strong>de</strong> San Diego e o<br />
xeque Abdul Hadi Palazzi, <strong>de</strong> Roma.<br />
Mas ele também observa que<br />
muitos muçulmanos não estão familiariza<strong>do</strong>s<br />
ou não conhecem o trabalho<br />
<strong>de</strong> al-Tabari porque em sua maior<br />
parte não foi traduzi<strong>do</strong> e é acessível<br />
somente para uma elite educada que<br />
enten<strong>de</strong> árabe. Contrastan<strong>do</strong>, os ensinamentos<br />
radicais <strong>do</strong> século 20 liga<strong>do</strong>s<br />
a grupos políticos como a Fra-<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
O que o Alcorão diz sobre a terra <strong>de</strong> Israel<br />
Escritura islâmica na verda<strong>de</strong> reconhece a ligação judaica com Israel, conta um imã britânico<br />
Simon Rocker *<br />
ternida<strong>de</strong> Muçulmana estão frequente<br />
e extensamente disponíveis em<br />
inglês. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que os militantes<br />
não po<strong>de</strong>m contradizer o prece<strong>de</strong>nte<br />
corânico da conexão judaica<br />
com a Terra <strong>de</strong> Israel, eles a<strong>do</strong>tam<br />
outra tática, diz o dr. Al-Husseini: eles<br />
argumentam que os ju<strong>de</strong>us são pessoas<br />
más que <strong>de</strong>vem "ser castigadas"<br />
- consequentemente se expan<strong>de</strong> o antissemitismo<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> muçulmano.<br />
"Mas nenhum fundamentalista,<br />
não importa quão duro ele tente<br />
ser", diz, po<strong>de</strong> "rejeitar a tradição<br />
existente para dizer que há, na realida<strong>de</strong>,<br />
uma contra-reclamação islâmica<br />
sobre Eretz Yisrael".<br />
Estudan<strong>do</strong> Estudan<strong>do</strong> o o islã islã numa<br />
numa<br />
colocação colocação judaica<br />
judaica<br />
A Faculda<strong>de</strong> Leo Baeck, a aca<strong>de</strong>mia<br />
progressista rabínica, esteve<br />
muito tempo na vanguarda <strong>do</strong> diálogo<br />
entre ju<strong>de</strong>us e membros <strong>de</strong> outras<br />
religiões. O diálogo entre as fés faz<br />
parte <strong>do</strong> treinamento rabínico.<br />
No outono passa<strong>do</strong> a faculda<strong>de</strong><br />
lançou um semanário, uma introdução<br />
<strong>de</strong> 10 partes para o estu<strong>do</strong> clássico<br />
<strong>do</strong> Alcorão, não só aberto para<br />
servir a rabinos e aprendizes, mas<br />
também para lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong><br />
ju<strong>de</strong>us. É ministra<strong>do</strong> pelo xeque dr.<br />
Muhammad Al-Husseini, um imã britânico<br />
treina<strong>do</strong> no Cairo, que cresceu<br />
em Hertfordshire com muitos colegas<br />
<strong>de</strong> escola ju<strong>de</strong>us - "eu estive mais em<br />
casamentos ju<strong>de</strong>us que muçulmanos!",<br />
disse ele.<br />
Comprometi<strong>do</strong> em <strong>de</strong>safiar o antissemitismo<br />
<strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong><br />
muçulmana, ele é entusiasma<strong>do</strong> em<br />
<strong>de</strong>monstrar "o DNA comum que existe<br />
entre o Judaísmo e o Islã".<br />
Seu curso faz parte <strong>de</strong> um projeto<br />
maior da Leo Baeck, Escrituras em<br />
Diálogo, para encorajar o estu<strong>do</strong> acadêmico<br />
compara<strong>do</strong> <strong>do</strong>s textos ju<strong>de</strong>us,<br />
muçulmanos e cristãos. Po<strong>de</strong>-se fazer<br />
o <strong>do</strong>wnload das aulas e conferências<br />
<strong>de</strong>le, além <strong>de</strong> outros recursos em<br />
www.scripturesindialogue.org<br />
Atenta<strong>do</strong> contra Embaixada <strong>de</strong> Israel completa 17 anos<br />
O governo argentino manifestou seu compromisso<br />
com a investigação <strong>do</strong> atenta<strong>do</strong> terrorista<br />
que há 17 anos <strong>de</strong>struiu a Embaixada <strong>de</strong> Israel<br />
em Buenos Aires, <strong>de</strong>pois que sobreviventes<br />
<strong>do</strong> ataque acusaram o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> "cumplicida<strong>de</strong>".<br />
Em um ato na praça on<strong>de</strong> se encontrava a<br />
se<strong>de</strong> diplomática <strong>de</strong>struída, o chanceler argentino,<br />
Jorge Taiana, disse que a busca <strong>de</strong><br />
justiça é "irrenunciável" para o governo e assegurou<br />
que trabalhará "intensamente" para<br />
prevenir o terrorismo.<br />
Ante a ausência da presi<strong>de</strong>nte argentina, Cristina<br />
Fernán<strong>de</strong>z, o chanceler foi a mais alta autorida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> governo presente ao ato em que, como<br />
to<strong>do</strong>s os anos, se fez uma homenagem aos 29<br />
mortos e 350 feri<strong>do</strong>s que o atenta<strong>do</strong> causou.<br />
"Nenhum motivo político, i<strong>de</strong>ológico<br />
ou religioso po<strong>de</strong>rá justificar jamais ataques<br />
terroristas <strong>de</strong>sta natureza, que são<br />
produto <strong>do</strong> ódio, da intolerância e da irracionalida<strong>de</strong>",<br />
<strong>de</strong>stacou o ministro das Relações<br />
Exteriores.<br />
Ele reiterou que o ataque foi "contra to<strong>do</strong><br />
o povo argentino" e enfatizou que o Governo<br />
não renunciará ao seu empenho em "castigar<br />
com toda a força da lei àqueles que planejaram,<br />
instigaram e executaram" o atenta<strong>do</strong>,<br />
ocorri<strong>do</strong> em 17 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1992.<br />
Taiana sustentou que o governo compartilha<br />
"da <strong>do</strong>r e da frustração" pela <strong>falta</strong> <strong>de</strong> esclarecimento<br />
<strong>do</strong> caso e expressou o compromisso<br />
<strong>do</strong> Executivo <strong>de</strong> "fazer tu<strong>do</strong> o que es-<br />
teja ao seu alcance para que a impunida<strong>de</strong> e<br />
o encobrimento não prevaleçam".<br />
Representan<strong>do</strong> os familiares das vítimas e<br />
<strong>do</strong>s sobreviventes, Nelly Durán pediu castigo<br />
para os culpa<strong>do</strong>s e a reativação <strong>de</strong> uma investigação<br />
que, lembrou, está em "ponto morto".<br />
"Com seu silêncio, o Esta<strong>do</strong> é cúmplice<br />
<strong>do</strong> assassinato e da barbárie. É hora <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
se fazer responsável por não ter garanti<strong>do</strong> a<br />
segurança para que não ocorresse o atenta<strong>do</strong>",<br />
<strong>de</strong>clarou a mulher.<br />
"Que interesses obscuros calaram a investigação?<br />
Que tipo <strong>de</strong> governo é o que põe seus<br />
interesses sobre o sangue <strong>do</strong> povo? Hoje se<br />
completam 17 anos <strong>do</strong> atenta<strong>do</strong> e nada mu<strong>do</strong>u.<br />
Estamos vazios, sós, <strong>de</strong>sampara<strong>do</strong>s e<br />
23<br />
* Simon Rocker é<br />
jornalista <strong>do</strong> The<br />
Jewish Chronicle,<br />
mas também<br />
colabora com os<br />
jornais The<br />
Guardian e The<br />
Times, <strong>de</strong><br />
Londres.<br />
Publica<strong>do</strong> em The<br />
Jewish Chronicle,<br />
dia 19 <strong>de</strong> março<br />
<strong>de</strong> 2009. O texto<br />
original encontrase<br />
em http://<br />
www.thejc.com/<br />
articles/whatkoran-saysabout-land-israel<br />
aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s pela socieda<strong>de</strong> e os Esta<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s",<br />
observou.<br />
A investigação <strong>do</strong> ataque contra a Embaixada<br />
<strong>de</strong> Israel foi levada a cabo pela Suprema<br />
Corte <strong>de</strong> Justiça, que não conseguiu avançar<br />
nem produzir maiores resulta<strong>do</strong>s.<br />
O atenta<strong>do</strong> à se<strong>de</strong> diplomática foi o primeiro<br />
<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is contra alvos ju<strong>de</strong>us em Buenos<br />
Aires, on<strong>de</strong> em 18 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1994 um<br />
carro-bomba explodiu a Associação Mutual<br />
Israelita da Argentina (AMIA), com um sal<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> 85 mortos e 200 feri<strong>do</strong>s.<br />
A comunida<strong>de</strong> judaica da Argentina atribui<br />
ao Irã e ao grupo terrorista islâmico Hezbolá<br />
o planejamento e execução <strong>de</strong> ambos<br />
os atenta<strong>do</strong>s.
24<br />
Aristi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sousa<br />
Men<strong>de</strong>s<br />
Selo postal <strong>de</strong> Israel<br />
homenagean<strong>do</strong> Sousa<br />
Men<strong>de</strong>s<br />
VISÃO JUDAICA abril <strong>de</strong> 2009 Iyar / Sivan 5769<br />
Fundação Internacional Raoul Wallenberg<br />
Ren<strong>de</strong> tributo a Aristi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sousa Men<strong>de</strong>s<br />
Ele foi o cônsul português que aju<strong>do</strong>u a salvar 30 mil pessoas <strong>do</strong> nazismo<br />
ão só papéis. Vistos<br />
assina<strong>do</strong>s em setembro<br />
<strong>de</strong> 1940 por Aristi<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Sousa Men<strong>de</strong>s,<br />
cônsul <strong>de</strong> Portugal em<br />
Bor<strong>de</strong>aux, França, que permitiram<br />
salvar 30 mil pessoas. Fotos<br />
<strong>de</strong> refugia<strong>do</strong>s em Lisboa, com os<br />
olhos perdi<strong>do</strong>s. A or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dita<strong>do</strong>r<br />
Antonio <strong>de</strong> Oliveira Salazar, que o expulsou<br />
<strong>do</strong> serviço diplomático<br />
por <strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cêlo,<br />
e a con<strong>de</strong>nação a morrer<br />
na miséria. Papéis<br />
que testemunham <strong>do</strong>res<br />
e esperanças.<br />
Com a mostra <strong>do</strong>cumental<br />
"Vidas Salvas", a<br />
Embaixada <strong>de</strong> Portugal e<br />
a Fundação Internacional<br />
Raoul Wallenberg ren<strong>de</strong>m<br />
homenagem a um<br />
<strong>do</strong>s muitos homens que,<br />
ilumina<strong>do</strong>s pela coragem,<br />
resgataram milhares<br />
<strong>de</strong> pessoas durante a<br />
Segunda Guerra Mundial.<br />
A exposição po<strong>de</strong><br />
ser visitada <strong>de</strong> segunda<br />
a sexta-feira até 10 <strong>de</strong><br />
agosto <strong>de</strong>ste ano na Rua<br />
Maipú 942, 17º, em Buenos<br />
Aires, Argentina, das<br />
9h30 às 12h30 e das<br />
14h30 às 17h.<br />
Os fac-símiles expostos<br />
não conseguem<br />
contar toda a façanha <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Sousa Men<strong>de</strong>s, nasci<strong>do</strong> em 1885<br />
no povoa<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cabanas <strong>de</strong> Viriato,<br />
no norte <strong>de</strong> Portugal. Mas explicam<br />
por que um aristocrata católico, conserva<strong>do</strong>r,<br />
anti-republicano e monarquista,<br />
<strong>de</strong>cidiu rebelar-se e enfrentar<br />
as consequências. Cursou diplo-<br />
macia na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra.<br />
Na ex-Guiana Britânica, Zanzíbar,<br />
Brasil, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Espanha e<br />
Bélgica foram nascen<strong>do</strong> os 14 filhos<br />
que teve com sua esposa Angelina.<br />
A A guerra guerra<br />
guerra<br />
Estava distante <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar o obscuro<br />
<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> cônsul geral em Bor<strong>de</strong>aux,<br />
para on<strong>de</strong> o enviou Salazar em<br />
1938. Em setembro <strong>de</strong> 1939, esse porto<br />
<strong>do</strong> sul da França se tornou um lugar<br />
perigoso. A guerra tinha começa<strong>do</strong>,<br />
e Sousa Men<strong>de</strong>s enviou seus filhos<br />
a Portugal; com ele e sua esposa<br />
só ficaram Pedro Nuno e José, os<br />
maiores. A seu escritório começaram<br />
a se aproximar os primeiros refugia<strong>do</strong>s.<br />
A or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Salazar era estrita:<br />
em nome da neutralida<strong>de</strong> e alinha<strong>do</strong><br />
com seu vizinho, o generalíssimo<br />
Franco, não <strong>de</strong>viam ser emiti<strong>do</strong>s vistos<br />
a ju<strong>de</strong>us nem a outras pessoas que<br />
não pu<strong>de</strong>ssem voltar à sua pátria.<br />
Para os que não podiam custear<br />
uma passagem <strong>de</strong> navio <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>aux,<br />
a alternativa era Portugal, já<br />
que os guardas espanhóis permitiam<br />
a passagem com visto <strong>de</strong>sse país. Sousa<br />
Men<strong>de</strong>s permitiu-se a algumas <strong>de</strong>sobediências,<br />
que foram observadas<br />
pela polícia portuguesa <strong>de</strong> fronteiras.<br />
Em maio, ante o avanço <strong>do</strong>s alemães,<br />
o consula<strong>do</strong> se viu cerca<strong>do</strong><br />
por milhares <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespera<strong>do</strong>s. Oficiais<br />
austríacos, poloneses e tchecos.<br />
Franceses, belgas e luxemburgueses<br />
antinazistas. Intelectuais,<br />
artistas e jornalistas que tinham <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong><br />
o fascismo. Milhares <strong>de</strong><br />
ju<strong>de</strong>us que, se fossem pegos, seriam<br />
envia<strong>do</strong>s aos campos <strong>de</strong> extermínio.<br />
Entre eles estava o rabino Chaim Kruger<br />
com sua família, que o cônsul<br />
levou para viverem sua casa.<br />
Enviou centenas <strong>de</strong> telegramas<br />
pedin<strong>do</strong> autorização para emitir vistos.<br />
Em junho, na iminência <strong>do</strong> armistício<br />
franco-alemão, os solda<strong>do</strong>s<br />
ro<strong>de</strong>aram o consula<strong>do</strong>. O diplomata<br />
abriu as portas aos refugia<strong>do</strong>s. A<br />
resposta <strong>de</strong> Lisboa foi taxativa:<br />
nada <strong>de</strong> vistos.<br />
I<strong>do</strong>sos.Mulheres grávidas. Crianças<br />
cujos pais haviam morri<strong>do</strong> nas<br />
rotas <strong>de</strong> fuga sob as bombas alemãs.<br />
Milhares <strong>de</strong> pessoas famintas <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong><br />
no chão e nas escadas. Sousa<br />
Men<strong>de</strong>s ficou <strong>do</strong>ente. Ficou acama<strong>do</strong><br />
por três dias.<br />
Milhares Milhares <strong>de</strong> <strong>de</strong> vistos vistos<br />
vistos<br />
No quarto dia, em 16 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />
1940, levantou-se e encarou a multidão:<br />
"Não posso permitir que morram.<br />
Muitos <strong>de</strong> vocês são ju<strong>de</strong>us, e nossa<br />
Constituição estabelece que nem a religião<br />
nem as crenças políticas po<strong>de</strong>m<br />
ser usadas como pretexto para recusar-lhes<br />
a permanência em Portugal".<br />
O cônsul armou uma "equipe"<br />
com seus filhos, seu secretário e o<br />
rabino. A maratona <strong>de</strong> vistos gratuitos<br />
durou três dias e incluiu a família<br />
imperial austríaca, os Habsburgo.<br />
Em 19 <strong>de</strong> junho, a Alemanha bombar<strong>de</strong>ou<br />
Bor<strong>de</strong>aux.<br />
Junto com a multidão aterrada que<br />
fugia para o Sul viajou Sousa Men<strong>de</strong>s.<br />
Em Toulouse autorizou o vice-cônsul a<br />
selar os passaportes. Em Bayona assinou<br />
mais vistos. Enquanto Salazar enviava<br />
funcionários para <strong>de</strong>tê-lo, o cônsul<br />
continuou assinan<strong>do</strong> seu nome em<br />
Biarritz e em Hendaya, já na fronteira e<br />
até sobre a ponte. Colocava a garantia<br />
mágica em qualquer <strong>do</strong>cumento e inclusive<br />
em pedaços <strong>de</strong> papel jornal. Em<br />
23 <strong>de</strong> junho o pren<strong>de</strong>ram.<br />
O dita<strong>do</strong>r recolheu a gratidão <strong>do</strong>s<br />
refugia<strong>do</strong>s, manteve as fronteiras<br />
abertas - pela rota traçada por Sousa<br />
Men<strong>de</strong>s escapou um milhão <strong>de</strong> pessoas,<br />
- mas or<strong>de</strong>nou que ele fosse julga<strong>do</strong>.<br />
Às convicções católicas <strong>do</strong> cônsul,<br />
o conselho disciplinar opôs as violações<br />
das normas. Sousa Men<strong>de</strong>s foi<br />
<strong>de</strong>stituí<strong>do</strong>. Seu nome, proibi<strong>do</strong> durante<br />
décadas.<br />
Não houve trabalho para os filhos.<br />
A família começou a comer com os<br />
refugia<strong>do</strong>s na Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ajuda ao<br />
Imigrante Hebreu (HIAS). Retira<strong>do</strong> em<br />
Cabanas <strong>de</strong> Viriato, Sousa Men<strong>de</strong>s<br />
sofreu uma hemiplegia (paralisação<br />
parcial). Em 1948 morreu Angelina. A<br />
HIAS retirou <strong>do</strong> país um <strong>de</strong> seus filhos.<br />
Após a morte <strong>do</strong> diplomata, o<br />
casarão da família foi leiloa<strong>do</strong>. To<strong>do</strong>s<br />
os móveis tinham si<strong>do</strong> vendi<strong>do</strong>s; as<br />
portas, convertidas em lenha.<br />
Em 1987, o presi<strong>de</strong>nte Mario<br />
Soares pediu publicamente perdão<br />
aos seus familiares. Os 10 mil ju<strong>de</strong>us<br />
que lhe <strong>de</strong>viam a vida não tinham<br />
se esqueci<strong>do</strong>. O monumento<br />
ergui<strong>do</strong> em frente à sua casa resume<br />
seu espírito: "Prefiro estar com<br />
D-us e contra os homens, que com<br />
os homens e contra D-us".<br />
A Fundação Internacional Raoul<br />
Wallenberg celebrou o 120º aniversário<br />
<strong>de</strong> nascimento <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Sousa Men<strong>de</strong>s, promoven<strong>do</strong> um evento<br />
para comemorar as ações heróicas<br />
<strong>do</strong> diplomata. A senhora Sheila Fleischhacker<br />
Abranches, neta <strong>de</strong> Sousa<br />
Men<strong>de</strong>s, representou a família Sousa<br />
Men<strong>de</strong>s no evento. O Museu da Herança<br />
<strong>Judaica</strong> foi o lugar escolhi<strong>do</strong><br />
para a comemoração. Lá foram exibi<strong>do</strong>s<br />
o livro <strong>de</strong> registro utiliza<strong>do</strong> por<br />
Sousa Men<strong>de</strong>s para os milhares <strong>de</strong><br />
vistos expedi<strong>do</strong>s e a caneta que usou<br />
para inscrever aqueles nomes.