PESQUISA-AÇÃO, ANÁLISE CONTINUADA DE ... - CCE
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Concordo com a autora e entendo que a condução de uma pesquisa-ação pode servir<br />
como uma contribuição tanto para professores-pesquisadores (de diferentes áreas do<br />
conhecimento) atuantes em cursos de graduação como também para professorespesquisadores<br />
em outros contextos. É por isso que acredito que essa metodologia possa<br />
contribuir para o desencadeamento de reflexões sobre ensino e aprendizagem e, quem sabe,<br />
para mudanças em programas acadêmicos de um modo geral.<br />
Este artigo descreve a metodologia de pesquisa utilizada num estudo que investiga<br />
um curso instrumental de língua inglesa de uma IES. Para a condução do estudo, a<br />
metodologia escolhida foi a pesquisa-ação que, por sua vez, foi relacionada ao conceito de<br />
analise continuada de necessidades (Dudley Evans e St John, 1998), à análise de direitos<br />
(Benesch 1999, 2001) e à negociação (Breen e Littljohn, 2000).<br />
1. A pesquisa-ação<br />
A metodologia da pesquisa-ação pode ser aplicada a diversos campos do saber<br />
como Educação, Comunicação, ou Serviço Social, dentre outros. É, no entanto, uma<br />
metodologia que se encontra em fase de discussão entre pesquisadores, não havendo<br />
unanimidade em sua definição.<br />
O surgimento da pesquisa-ação é atribuído ao psicólogo social Kurt Lewin no<br />
período após a Segunda Guerra Mundial, como uma metodologia de intervenção e de<br />
pesquisa de questões sociais do dia-a-dia conforme afirmam, dentre outros, Hopkins<br />
(1993), Kemmis (1993), Masters (1995) e Nunes (2000). Segundo Hopkins (1993), para<br />
Lewin, mudanças sociais necessárias e avanços nas teorias, de um modo geral, poderiam<br />
ser alcançadas por meio da pesquisa-ação.<br />
Embora exista certo consenso na literatura de que a teoria da pesquisa-ação tenha<br />
sido construída por Lewin, alguns autores como El Andaloussi (2004) e Burns (2005)<br />
afirmam que tal metodologia teve sua origem ainda na primeira metade do século XX, com<br />
os trabalhos de John Dewey e a associação entre experiência e educação.<br />
Para El Andaloussi (2004), o projeto de Dewey tinha por base uma ação educativa<br />
como suporte para o conhecimento. Ainda, segundo Goyette e Lessard-Herbert (1993, apud<br />
El Andaloussi 2004:73) a reflexão e as críticas contidas no método de Dewey mostravam o<br />
desenvolvimento da ação em detrimento da teoria. Burns (2005), por sua vez, considera J.<br />
Dewey um antecessor da pesquisa-ação por colocar as práticas educacionais como fonte de<br />
dados em pesquisas na área educacional. Segundo a autora, o foco na prática foi tanto um<br />
desafio para as formas de pesquisa acadêmica da época, como uma democratização no<br />
escopo da pesquisa, por permitir aos professores abordarem questões pedagógicas que eram<br />
exclusivas dos pesquisadores. Segundo a autora, apesar de destoar dos temas dominantes da<br />
época, a insistência de Dewey com relação à investigação da prática relacionava-se a uma<br />
tradição intelectual que pode remontar a Aristóteles e tornou-se extremamente influente na<br />
pesquisa educacional nos anos 40 (Burns, 2005:242).<br />
Concordo com El Andaloussi (2004) e Burns (2005) quando afirmam que Dewey<br />
pode ser considerado um antecessor da pesquisa-ação, pois o autor já afirmava, no início do<br />
século 20, que havia uma forte ligação entre a educação e a experiência pessoal.<br />
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