Diferenças Sim! Preconceito Não! - WebEduc
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Projeto desenvolvido no Ensino Fundamental com o tema:<br />
<strong>Diferenças</strong> <strong>Sim</strong>! <strong>Preconceito</strong> <strong>Não</strong>!<br />
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: RR<br />
1
SUMARIO<br />
SÍNTESE DA EXPERIÊNCIA.................................................................... 03<br />
OBJETIVOS…………………………………………………………………... 04<br />
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA.............................................................. 04<br />
CONTEXTUALIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA............................................. 08<br />
JUSTIFICATIVA........................................................................................ 11<br />
RESULTADOS OBTIDOS......................................................................... 12<br />
AVALIAÇÃO.............................................................................................. 12<br />
SÍNTESE DA EXPERIÊNCIA<br />
A escola é o lugar privilegiado para o diálogo e o aprendizado da<br />
convivência. Acreditamos ser na instituição escolar que podemos intervir no<br />
sentido de contribuir para que os educandos possam apreender atitudes<br />
necessárias de respeito ao outro. Por esta razão, trabalhamos o direito de ser<br />
2
espeitado, independente das nossas diferenças, com os alunos da 3ª série A e<br />
B por meio do projeto: “DIFERENÇAS SIM! PRECONCEITO NÃO!”.<br />
Geralmente ocorrem na escola situações em que se manifestam<br />
preconceitos, muitas vezes, por gestos ou expressões relacionados à cor, a<br />
forma física, a origem, a condição financeira, etc. É de certa forma, um pouco<br />
complicado desenvolver atividades em grupos. Esta situação gerou a<br />
necessidade de se fazer algo que se pudesse intervir no sentido de criar um<br />
ambiente acolhedor e saudável na escola. Alguns alunos da turma<br />
apresentavam dificuldades para se relacionar com os outros colegas, agindo de<br />
forma preconceituosa com aqueles cujo padrão foge do “normal”, como: a<br />
estatura muita baixa para a idade, excesso de peso, a cor da pele, a origem<br />
étnica, a condição social ou por ter alguma “deficiência”. Por isso, propomos<br />
aos alunos e a escola a experiência de conviver e perceber o diferente, como<br />
possibilidade de adquirir novas atitudes e ricas experiências no âmbito escolar.<br />
Para o desenvolvimento das atividades tivemos como objetivo geral<br />
promover a formação de valores humanos como tolerância, respeito,<br />
fraternidade e solidariedade através de atividades que possibilitem a reflexão<br />
das atitudes percebendo as diferenças como fator de enriquecimento cultural.<br />
No decorrer do projeto, as atividades foram divididas em etapas. A<br />
primeira etapa do projeto iniciou-se com a definição do que queríamos<br />
aprender, depois realizamos um concurso de desenho, tivemos entrevista e<br />
pesquisa no dicionário. Na segunda etapa, tivemos confecção de cartazes,<br />
estudo de um filme que aborda a discriminação que ajudou a refletirmos sobre<br />
a importância do respeito às diferenças. Realizamos também um intercâmbio<br />
escolar com o tema: “CONVIVENDO COM AS DIFERENÇAS”, com os alunos<br />
PNEE da Escola Especial para passar uma manhã com atividades lúdicas. Na<br />
terceira etapa estudamos o texto em quadrinhos “A terra das crianças azuis” e<br />
fizemos a leitura e discussão do livro “Na minha Escola todo mundo é igual”.<br />
Construímos um livro baseado no tema do projeto com o título: “Eu e as<br />
diferenças”. Do livro estudado fizemos dramatização (peça de teatro e jogral).<br />
Na quarta e última etapa tivemos a Mostra Cultural do Projeto com<br />
apresentação de jogral e peças de teatro, exposição dos trabalhos e fotos.<br />
Quanto à avaliação foi dividida também em etapas. Na primeira etapa<br />
buscamos observar as dificuldades apresentadas pelos alunos. Na segunda, foi<br />
observada a expectativa dos alunos frente à mensagem repassada pelos tipos<br />
de texto trabalhados, as dificuldades que surgem mediante as atividades<br />
individuais e em grupo. No terceiro e último momento, foi avaliado os<br />
resultados obtidos através das aprendizagens ocorridas, da mudança de<br />
comportamento e atitudes adquiridas. Os alunos responderam questionários e<br />
fizeram textos falando sobre o que aprenderam.<br />
Este projeto visou proporcionar a formação de valores essenciais<br />
para a convivência humana. A sociedade inclusiva deve deixar a teoria e<br />
começar a fazer parte do dia-a-dia de cada cidadão que ainda almeja por uma<br />
humanidade que possa conviver mesmo com suas diferenças.<br />
1. OBJETIVOS:<br />
1.1. OBJETIVOS GERAL:<br />
Promover a formação de valores humanos como tolerância, respeito,<br />
fraternidade e solidariedade através de atividades que possibilitem a<br />
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eflexão das atitudes percebendo as diferenças como fator de<br />
enriquecimento cultural.<br />
1.2 . OBJETIVOS ESPECÍFICOS:<br />
Conhecer a diversidade Cultural, sócio-econômica e as diferenças<br />
físicas das pessoas que fazem parte do grupo escolar.<br />
Perceber, aceitar e respeitar as pessoas, reconhecendo que todos nós<br />
temos diferenças e que merecemos respeito.<br />
Estimular a cooperação, o respeito mútuo, a ética e a solidariedade<br />
entre os alunos.<br />
2. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA:<br />
No decorrer do projeto, as atividades foram desenvolvidas seguindo um<br />
cronograma. Para cada dia, seguimos objetivos programados em etapas,<br />
ficando assim distribuídas:<br />
2.1. ETAPA 1 - Definição de objetivos do projeto pelos alunos, desenhos sobre<br />
o tema, entrevista na escola, pesquisa no dicionário, e produção de texto.<br />
O início das atividades deu-se por meio de um diálogo sobre o tema, e<br />
o que as crianças gostariam de estudar. Foram listados no quadro os objetivos<br />
dos alunos em relação aquilo que eles ansiavam aprender. Essa atividade foi<br />
muito interessante, vi a motivação de todos os alunos. Surgiram na aula tantas<br />
coisas que tivemos que selecionar algumas, pois se não teríamos muitas<br />
atividades. Com a mediação do professor foram listados alguns assuntos que<br />
os alunos gostariam de aprender:<br />
Estudar sobre as diferenças que existem entre as pessoas;<br />
Pesquisar sobre preconceito;<br />
Aprender a respeitar as pessoas: os idosos, os professores, os pais, os<br />
índios, os negros, os “deficientes” físicos, os surdos, os cegos, entre<br />
outros.<br />
Ser educado com as pessoas;<br />
A abordagem do assunto foi feita aos alunos por meio de suas próprias<br />
experiências, nos seus conflitos e escolhas pessoais. Após uma breve<br />
conversa sobre o que eles acham importante para nos relacionarmos com o<br />
outro, pesquisamos no dicionário qual o significado das seguintes palavras:<br />
preconceito, discriminação, exclusão e amor, paz, respeito, amizade e<br />
solidariedade. A Atividade de pesquisa foi importante porque os alunos não<br />
sabiam nomear muita das palavras, principalmente o que é preconceito. (ver<br />
anexo)<br />
Em seguida, através da observação e entrevistas realizadas na sala<br />
de aula e na escola buscou-se uma amostragem referente a qualquer tipo de<br />
preconceito e discriminação no âmbito escolar.<br />
Ficou notório que alguns alunos sofreram algum tipo de<br />
descriminação. Bruno, um dos alunos que estamos acompanhando tem sua<br />
auto-estima prejudicada, pois já presenciamos seu padrasto falando que ele<br />
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não vai servir para outra coisa a não ser para ser lixeiro. Constantemente ele<br />
chega atrasado, fazendo com que alguns colegas falem mal dele, outras vezes<br />
aparenta estar muito triste.<br />
Depois que descobrimos através das pesquisas no dicionário,<br />
questionário e debates como são manifestados os preconceitos, foi solicitado<br />
para que os alunos identificassem na sala alguém que já estivesse sido vitima<br />
de discriminação na escola. Após essa análise cada aluno produziu um bilhete<br />
para o colega dizendo o quanto ele é importante. Nesta atividade fiquei<br />
surpreso, pois percebi outras situações que não tinha presenciado como, terem<br />
chamado uma aluna de “nega da guiana”. (bilhete em anexo)<br />
2.2 .ETAPA 2 - Confecção de cartazes, estudo de filme, intercâmbio escolar.<br />
Nesta etapa propomos a confecção de cartazes utilizando os conceitos<br />
pesquisados no dicionário. A atividade foi realizada em grupo com as palavras:<br />
amor, respeito, solidariedade, amizade e paz. Na segunda etapa de produção<br />
de cartazes a turma foi dividida em trio e abobadaram os tipos de preconceito<br />
(preconceito à cor, preconceito à religião, preconceito as mulheres, preconceito<br />
quanto a classe social, preconceito contra as pessoas idosas, preconceitos<br />
contra os gordos, magros, baixos ou altos, entre outros). Na primeira atividade<br />
tivemos a resistência ainda de alguns alunos na hora da divisão de grupo feita<br />
pelos professores, eles diziam: “porque tenho que fazer com ele se não gosto<br />
dele”. Após uma conversa os alunos passaram a compreender melhor o que<br />
trabalho em grupo. Na segunda elaboração de cartazes apenas dois alunos se<br />
recusaram a fazer a atividade, pois queriam fazer sozinhos. O resultado final foi<br />
muito bom tendo em vista que os cartazes foram bem organizados apesar<br />
dessas dificuldades.<br />
Para compreendermos melhor a questão do preconceito assistimos ao<br />
filme: Happ Feet – O pingüim - que aborda a discriminação sofrida por um<br />
pingüim e nos ajudou a refletir sobre a importância do respeito às diferenças.<br />
Os alunos acharam o filme muito interessante, acredito que é pelo fato do filme<br />
tratar da questão do preconceito de forma simples e engraçada o que facilitou a<br />
compreensão dos alunos. Contudo, para realização desta atividade tivemos<br />
alguns contra tempos, pois tínhamos agendado a biblioteca para ser utilizada<br />
no horário oposto de aula, todavia foi avisado que neste dia específico não<br />
poderíamos, com isso só conseguimos assistir utilizando outro dia. (ver anexo).<br />
Após essas atividades os alunos produziram texto em dupla falando sobre a<br />
história do filme. (ver anexo)<br />
Para finalizar esta etapa realizamos também a manhã “CONVIVENDO<br />
COM AS DIFERENÇAS”, dia que recebemos os alunos da Escola Especial<br />
para passar uma manhã com atividades lúdicas no pátio da escola, bem como<br />
visitas feitas a sala de aula. Tais atividades foram preparadas anteriormente<br />
pelos professores das duas escolas. (ver fotos, atividades e plano de aula nos<br />
anexos).<br />
A realização desta ação foi muito difícil, pois na fase de elaboração das<br />
ações pensei sobre e achei interessante incluir no projeto. Contudo, ao pedir<br />
sugestões ao uma professora ela disse: “você é louco, ver essas crianças já é<br />
muito forte para nós que somos adultos imagine para as crianças.” Com isso,<br />
decidir tirar essa ação do projeto.<br />
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Ao falar do projeto com uma professora que estudamos juntos alguns<br />
anos atrás, ela ficou muito entusiasmada e disse: “Os adultos podem achar<br />
forte ver crianças com paralisia cerebral, ou outras deficiências, mas as<br />
crianças têm um olhar puro”. Como a mesma trabalha na Escola Especial que<br />
atende crianças com várias deficiências, se propôs a levar os alunos a nossa<br />
escola. Com essas palavras retomamos essa ação. Juntos, planejamos a<br />
atividade, todavia ainda estava muito inseguro, mas para minha felicidade,<br />
essa professora me transmitiu muita segurança.<br />
O evento iniciou com a chegada dos visitantes à escola. Os alunos que<br />
vieram tem paralisia cerebral, deficiência múltiplas, entre outras. Após a<br />
entrada os alunos especiais foram recepcionados no pátio da escola com todos<br />
os alunos da escola cantando a música: Ensinando Paz em libras com a ajuda<br />
da professora responsável pela sala de recurso que também é intérprete em<br />
libras. Em seguida os alunos da Escola Especial foram apresentados e demos<br />
início à atividade. No primeiro momento fizemos corrida com alunos<br />
cadeirantes, primeiro os professores depois os alunos da escola. Podíamos ver<br />
a empolgação dos alunos querendo participar e o sorriso dos alunos especiais<br />
que mesmo não falando conseguiam mostrar sua alegria em estar ali.<br />
Tivemos a atividade de estourar balão no colo do colega.<br />
Para os alunos da escola tivemos duas brincadeiras que tinham o<br />
objetivo de fazer com que eles percebessem como é difícil ter algum tipo de<br />
limitação e o quanto é importante ajudar e ser ajudado. Na primeira brincadeira<br />
os alunos tiveram que desenhar utilizando só os pés, o que “foi muito difícil”<br />
disse uma aluna. A outra dinâmica era ter que encher o balão e tentar amarrar<br />
só com uma mão. A maioria não conseguiu alcançar o objetivo de amarrar o<br />
balão, somente um aluno disse que conseguiu com facilidade, os demais<br />
acharam muito complicado. Na hora do intervalo os alunos da escola levaram<br />
os visitantes para conhecer suas salas de aula e passear pelo pátio. Durante<br />
as atividades fiquei muito emocionado, pude ver que realmente o preconceito<br />
está muito mais nos olhos dos adultos do que nos das crianças. Muitos<br />
professores da escola e da gestão escolar me parabenizaram por ter<br />
proporcionado a escola esta atividade. No outro dia a atividade foi manchete no<br />
jornal local e na rádio (ver anexos)<br />
No outro dia fizemos uma avaliação do evento. Os alunos disseram<br />
que gostaram muito, pois nunca tinham vivido uma experiência assim. Em<br />
seguida produzimos um texto coletivo, os alunos iam falando de acordo com as<br />
orientações dos professores. (ver texto no anexo)<br />
2.3. ETAPA 3 - Visita a Faculdade Atual da Amazônia para socialização do<br />
projeto. Leitura, discussão e estudo do texto, bem como estudo do livro “Na<br />
minha escola todo mundo é igual” e Construção de história baseadas no tema<br />
do projeto e ensaio para dramatização (peça de teatro e jogral).<br />
O projeto teve uma boa repercussão, por conta disso fomos<br />
convidados a apresentá-lo à uma turma do curso de pedagogia da Faculdade<br />
Atual da Amazônia. Uma das estagiárias que estavam observando a nossa<br />
sala falou para sua professora orientadora sobre o trabalho que estava sendo<br />
desenvolvido. A mesma achou o projeto interessante e nos cedeu um espaço<br />
para apresentação. Ao chegar à instituição tive uma grande surpresa, pois a<br />
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professora orientadora já havia lecionado para mim quando fiz magistério. A<br />
apresentação superou as minhas expectativas. A professora falou o quanto é<br />
importante que trabalhos como esses sejam desenvolvidos na escola.<br />
Iniciamos esta etapa com a leitura do texto em quadrinhos “A terra<br />
das crianças azuis” para os alunos identificarem quais situações-problemas<br />
são enfrentadas no texto e como foram resolvidas. Após a leitura individual e<br />
coletiva conversamos sobre o que este texto está abordando, utilizando as<br />
seguintes perguntas: 1) Como era a terra das crianças azuis? 2) Qual a maior<br />
dificuldade que eles enfrentavam? 3) Será que existiam outros problemas? 4)<br />
Quais as mudanças que ocorreram ao longo da história? 5) Como foi resolvido<br />
o conflito que eles tinham? (6) Será que nós temos dificuldades assim como os<br />
personagens da história? Quais? 7) Como poderíamos resolvê-los?<br />
Após a leitura e discussão do texto os alunos produziram desenhos<br />
com frases mostrando o que aprenderam com a história. Ao ver as avaliações<br />
finais do projeto percebemos que muitos alunos gostaram bastante do texto<br />
das crianças azuis. Acredito que esta atividade foi muito importante, pois vários<br />
alunos disseram que o texto é muito interessante.<br />
Nesta fase, propormos aos alunos o estudo do livro: “Na minha escola<br />
todo mundo é igual”. A história é rica em elementos e informações que levam<br />
os alunos a questionar, analisar, refletir e debater sobre as dificuldades<br />
apresentadas no livro. Fizemos uma atividade voltada para a compreensão do<br />
texto. Ainda nesta fase, os alunos produziram um livrinho chamado “Eu e as<br />
diferenças”, no qual ilustraram um pouco do que aprenderam sobre o tema do<br />
projeto. Para o dia da culminância do projeto os professores ensaiaram com os<br />
alunos um jogral do livro e a dramatização de duas peças de teatro. A primeira<br />
peça teve como título: “A caixa mágica” e “ O vírus do preconceito”.<br />
Essas encenações foram escritas pelo professor (ver anexos). Nestas<br />
atividades pude ver o empenho dos alunos que vinham no horário oposto para<br />
ensaiar. Muitos tinham as estrofes do livro na ponta da língua. Os ensaios<br />
foram bastante divertidos. Em um dos momentos algumas alunas gritaram<br />
eufóricas e eu perguntei: - O que é isso gente!? Uma das meninas respondeu<br />
que era coisa de criança e que eu não deveria ligar.<br />
2.4. ETAPA 4 - Mostra cultural do Projeto com apresentações de jogral e peças<br />
de teatro, exposição dos trabalhos e fotos, grupo de dança de Rua e de<br />
Capoeira da Escola Aberta.<br />
Para a culminância das ações do projeto fizemos apresentações no<br />
pátio da escola com as peças de teatro e o jogral realizado pelos alunos.<br />
Expomos as produções dos alunos nas dependências da escola para que<br />
todos pudessem observar as atividades realizadas. Tivemos também a<br />
presença do grupo de dança de rua da escola que funciona com ensaios aos<br />
sábados. Teríamos a presença do grupo de capoeira, mas não foram, por<br />
motivos que desconheço.<br />
Neste dia teríamos o coral de alunos surdos da Escola Monteiro<br />
Lobato. Contudo, pelo fato da professora deles ter se ausentado da escola para<br />
fazer um curso oferecido pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos, não<br />
foi possível reunir os alunos para a apresentação. Espero poder realizar esta<br />
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parceria em um outro momento. As apresentações foram ótimas, todavia<br />
enfrentamos algumas dificuldades para realização desta culminância.<br />
A priori todas as turmas iriam participar desta atividade de<br />
encerramento do projeto. Muitos professores ao serem convidados para assistir<br />
as apresentações recusaram, pois disseram que estavam em revisão para as<br />
avaliações. Fiquei um pouco triste, mas iniciei assim mesmo as atividades só<br />
com duas turmas, tirando as duas salas em que foi realizado o projeto. Em<br />
seguida percebi que aos poucos as turmas foram chegando para assistir, mas<br />
infelizmente uma turma não veio.<br />
Com o resultado das apresentações no turno da manhã fomos<br />
convidados a apresentar a culminância no turno da tarde. Dois professores e<br />
os alunos da peça se disponibilizaram para ir. A apresentação foi muito boa e<br />
muitos professores me parabenizaram, todavia pediram para que em outras<br />
oportunidades, as atividades sejam realizadas para os dois turnos. (ver<br />
avaliação do evento no anexo).<br />
2.5. ETAPA 5 – Avaliação<br />
Para finalizar avaliamos junto com os alunos o que aprendemos. Foi<br />
pedido para que escrevessem o que eles mais gostaram ou não, o que foi<br />
interessante, fácil e o que foi difícil. Todas essas respostas foram repassadas<br />
por meio de textos escritos e por questionários avaliativos.<br />
Através destas avaliações pude ver o quanto os alunos gostaram das<br />
atividades, principalmente do texto “A terra das crianças azuis” refleti sobre<br />
quais atividades foram significativas, o que poderíamos ter feito melhor, o que<br />
deixou a desejar, etc.<br />
3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA:<br />
A escola em que foi desenvolvido o projeto possui 8 salas de aulas,<br />
sendo que todas são climatizadas, mas na época nossa sala não era. Possui<br />
biblioteca que também funciona como sala de leitura e TV Escola. Dispõe de 1<br />
sala Multifuncional para atendimento a alunos com necessidades educativas<br />
especiais bem como os com dificuldade de aprendizagem servindo também<br />
como um suporte pedagógico para os docentes. Há ainda sala dos<br />
professores, secretaria, direção, copa, depósitos, pátio. Contudo, a escola<br />
ainda não dispõe de uma quadra de esportes para atendimento das aulas de<br />
Educação física, as atividades muitas vezes são realizadas na praça do bairro,<br />
no pátio ou em qualquer outro espaço da escola que seja viável a execução da<br />
aula.<br />
A entrada no turno matutino é às 7h30min. e a saída às 11h e 45 min.<br />
No turno vespertino a entrada é às 13h30min e a saída às 17h45min. O<br />
intervalo para ambos os turnos é de 15 minutos. A escola tem em sua rotina<br />
diária um momento cívico para que os alunos aprendam os hinos oficiais.<br />
Neste mesmo momento que dura em torno de 20 minutos, cada professor tem<br />
seu dia para desenvolver atividades de reflexão com as crianças, trabalhando<br />
valores como: amizade, solidariedade, respeito, amor, obediência, entre outros.<br />
Os alunos aprendem músicas, ouvem histórias, aprendem libras, pois a pessoa<br />
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esponsável pela sala de recurso é intérprete em libras e ensina várias músicas<br />
com sinais as crianças. Temos dois corais, sendo que em um deles, os alunos<br />
apresentam através da libras.<br />
Tais atividades são frutos das ações dispostas no Projeto Político<br />
Pedagógico da escola, que tem como objetivo fornecer serviços educacionais<br />
da mais alta qualidade, procurando exceder as expectativas dos nossos<br />
educandos, assegurando assim, a participação de forma crítica, responsável e<br />
eficiente em ações sociais, culturais e políticas da sociedade na construção e<br />
valorização da cidadania, melhorando o relacionamento entre alunos, pais e<br />
comunidade.<br />
O P.P. P enfatiza que a escola deve adotar atitudes de respeito mútuo,<br />
dignidade e solidariedade em situações do cotidiano da escola, integrando as<br />
pessoas com necessidades educacionais especiais no universo escolar e<br />
preparando-o para atuar como sujeito de transformações sociais.<br />
Outro aspecto relevante é quando propõe que a instituição proporcione<br />
aos alunos com necessidades educacionais especiais, atendimento<br />
educacional compatível com sua necessidade, propiciando o desenvolvimento<br />
de competências e habilidades, que possibilitem a sua inclusão nas classes<br />
comuns do ensino regular. Nesse sentido, a escola dispõe de uma sala<br />
multifuncional que atende os alunos com necessidades especiais educacionais,<br />
bem como os com dificuldades de aprendizagem no horário oposto da aula<br />
garantindo um atendimento diferenciado as reais necessidades dos educandos.<br />
O projeto ressalta que o professor tem o papel de auxiliar o<br />
desenvolvimento da criança, permitindo condições em que se realizem<br />
socializações de experiências com os alunos. Para tanto, o professor deverá<br />
ser um profissional em constante mudança, pronto para exercitar a capacidade<br />
de adaptação, para transformar em saber as ansiedades do aluno e de sua<br />
comunidade.<br />
No que se refere a comunidade na qual a escola está localizada<br />
encontra-se na área urbana, mas precisamente próximo aos bairros mais<br />
elitizados da cidade. Cerca de 40% dos alunos têm boa condição financeira e<br />
em torno de 60% são filhos de autônomos ou funcionários assalariados como,<br />
por exemplo, empregadas domésticas que vem dos bairros mais afastados e<br />
trazem seus filhos para estudar próximo aos seus locais de trabalho. Esta<br />
situação explica a discriminação sofrida por alguns alunos. Em algumas<br />
situações um aluno ouviu de alguns colegas o seguinte: “o fulano mora debaixo<br />
da ponte, olha o caderno e a bolsa dele, quase não trás material porque não<br />
tem dinheiro”. (ver no anexo o bilhete produzido ao aluno por uma colega da<br />
sala)<br />
O projeto foi realizado com os alunos da 3ª série A e B, com o total de<br />
42 alunos, sendo que era professor responsável pela turma B. Na turma em<br />
que estava havia 8 meninos e 13 meninas com idades entre 09 a 13 anos. A<br />
convivência entre os alunos era boa, mas às vezes surgiam problemas<br />
relacionados aos grupinhos formados na sala. (ver texto de aluno no anexo).<br />
Na época 3 alunos na sala necessitavam de um acompanhamento<br />
mais de perto. Um dos alunos, segundo sua mãe tem um grau de autismo.<br />
Estava fazendo acompanhamento no Centro Municipal de Educação Especial<br />
com psicóloga, pedagoga e os demais profissionais que eles dispunham. De<br />
acordo com a mãe do aluno, ele também fazia acompanhamento com outros<br />
profissionais como psiquiatra. Na sala de aula, às vezes não queria fazer a<br />
atividade, quando estava agitado gritava com os colegas, jogava os materiais<br />
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neles ou colocava sua bolsa na cabeça dizendo que não queria ver nem saber<br />
de nada. Sua auto-estima está baixa, algumas vezes dizia que era feio e<br />
fracassado ou que era uma girafa (apelido que alguém colocou no outro estado<br />
em que morava). Nesses momentos muitos alunos conversavam com ele,<br />
procurando fazer silêncio para que ele se acalmasse. Muitas vezes este aluno<br />
só ouvia uma colega que ele gostava muito.<br />
Os outros dois alunos não tinham um laudo preciso, um fazia<br />
acompanhamento com psicólogo. A outra tinha uma dificuldade acentuada na<br />
leitura, não tinha boa coordenação para copiar, em matemática tinha<br />
dificuldades nas adições e subtrações simples e também fazia<br />
acompanhamento na sala de recurso da escola e no Centro de Educação<br />
Especial do Município. Em relação ao comportamento, um deles era um pouco<br />
agressivo, dificilmente copiava do quadro. A outra copiava, mas entendíamos<br />
com dificuldades. Os dois já liam com um pouco de dificuldade e enquanto um<br />
se destacava em matemática a outra tinha uma dificuldade acentuada.<br />
Os três alunos também faziam acompanhamento na escola, através da<br />
sala de recurso, com aulas de computação e demais atividades programadas<br />
para atender as suas dificuldades. Os professores não têm respaldo técnico<br />
para afirmar que esse ou aquele aluno é especial. Os dados citados acima<br />
correspondem às informações dos pais, professores passados, professora da<br />
sala de recurso e algumas observações feitas em sala.<br />
A sala de aula não era climatizada e sua pintura já estava desgastada,<br />
tendo um aspecto desagradável. Os espaços utilizados para o desenvolvimento<br />
das atividades foram à sala de aula, a de leitura que funcionava como<br />
biblioteca e também como sala de vídeo e o pátio da escola para ensaios e<br />
apresentações das atividades.<br />
Com relação à família dos alunos poucos pais acompanhavam seus<br />
filhos, tanto no que se refere a vir à escola quanto no acompanhamento às<br />
tarefas de casa. Temos alguns alunos que só moram com o pai ou com a mãe<br />
e temos visto várias situações diferentes, como:<br />
Aluno mudou seu comportamento completamente, tem brigado<br />
constantemente na sala, responde aos professores, não quer fazer as<br />
atividades como fazia no primeiro bimestre; Avisamos e conversamos<br />
com a vó, mas não conseguimos falar com o pai.<br />
Tínhamos um aluno que chega constantemente atrasado por conta do<br />
atraso dos pais. Outro, às vezes falta porque a mãe quer dormir até<br />
mais tarde. Com relação à situação de chegar atrasado às vezes é um<br />
pouco constrangedor para o aluno, pois muitas vezes tal atraso foge<br />
da sua responsabilidade.<br />
Tínhamos alunos com problemas de faltas às aulas. Os pais foram<br />
convocados à escola e assinaram um termo referente ao número de<br />
faltas do aluno, caso persista a situação, o mesmo será encaminhado<br />
ao conselho tutelar de Boa Vista;<br />
Somente uma mãe que estava todos os dias na escola e que com<br />
certeza acompanha as atividades para casa, em vista que seu filho<br />
tem necessidades especiais.<br />
Nas reuniões somente de 8 a 6 pais ou responsáveis dos 21 alunos<br />
compareciam.<br />
Sempre enviávamos bilhetes ou comunicados, mas não tinhamos<br />
muito retorno.<br />
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4. JUSTIFICATIVA:<br />
Para nós professores, a escola é o lugar privilegiado para o diálogo e o<br />
aprendizado da convivência. Acreditamos ser na instituição escolar que<br />
podemos intervir no sentido de contribuir para que os educandos possam<br />
apreender atitudes necessárias de respeito ao outro. Por esta razão,<br />
trabalhamos o direito de ser respeitado, independente das nossas diferenças,<br />
com os alunos da 3ª série A e B da Escola Centenário de Boa Vista por meio<br />
do projeto: “DIFERENÇAS SIM! PRECONCEITO NÃO!”.<br />
Geralmente ocorriam na escola, situações em que se manifestavam<br />
preconceitos, muitas vezes, por gestos ou expressões relacionados a cor, a<br />
forma física, a origem, a condição financeira, etc. Por esta razão, propomos<br />
aos alunos e a escola a experiência de conviver e perceber o diferente, como<br />
possibilidade de adquirir novas atitudes e ricas experiências no âmbito escolar.<br />
Foi necessário, para tanto, atender e responder as diversidades de<br />
cada educando através de um currículo apropriado, de estratégias de ensino,<br />
recursos e parcerias.<br />
A situação real que impulsionou este projeto aconteceu com a aluna<br />
mais baixa da sala, quando a professora de Educação Física destinou sua aula<br />
para medir a altura e envergadura das crianças, todos os colegas riram dela. A<br />
mesma saiu correndo para sala de aula chorando muito. (ver relato da aluna<br />
nos anexos) A partir de então percebemos outras situações na sala parecidas<br />
com essa.<br />
Com este projeto buscamos entender quais os motivos que levam<br />
alguns alunos da turma a apresentarem dificuldades para se relacionar com os<br />
outros colegas, agindo de forma preconceituosa com aqueles cujo padrão foge<br />
do “normal”, como: a estatura muita baixa para a idade, excesso de peso, a cor<br />
da pele, a origem étnica, a condição social ou por terem alguma deficiência.<br />
Em algumas atividades percebe-se que alguns alunos preferem não participar<br />
para não ter que trabalhar em equipe. Houve situações que ao dividirmos os<br />
alunos para uma atividade, alguns disseram que não iriam participar, pois não<br />
queriam realizá-la com determinados colegas. Embora de certa forma, seja um<br />
pouco complicado desenvolver atividades em grupos, devemos promover<br />
situações que contribuam para este aprendizado.<br />
Todas essas situações geraram a necessidade de fazermos algo que<br />
se pudesse intervir no sentido de criar um ambiente acolhedor e saudável na<br />
escola.<br />
5. RESULTADOS OBTIDOS:<br />
O projeto realizado teve um sucesso enorme. Fiquei muito feliz por ver<br />
que este tipo de trabalho tem efeitos maravilhosos, muito mais significativos do<br />
que o quadro e giz. Pude ver o quanto as crianças ficaram admiradas em<br />
alguns momentos, principalmente quando os alunos da Escola Especial vieram<br />
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à escola. Foi um momento de aprendizado para todos, mas principalmente<br />
para mim. Em muitos momentos estive inseguro, mesmo já tendo trabalho<br />
várias vezes com alunos especiais, pois esta atividade de proporcionar à<br />
escola essa convivência pode não ser nova, mas é complicada, tendo em vista<br />
que a escola é um caldeirão de diversidade sendo que às vezes a mesma não<br />
está preparada para isso.<br />
A maioria dos alunos conseguiu dominar não só os conceitos, mas<br />
principalmente as atitudes necessárias para uma convivência harmoniosa na<br />
escola e na sociedade. Em algumas ocasiões de brigas e discussões, após<br />
uma conversa com os envolvidos podíamos ver a compreensão dos<br />
envolvidos, o que facilitava um resultado mais harmonioso. Todavia, alguns<br />
ainda precisam de uma intervenção mais de perto, visto que, os motivos que<br />
dificultaram o sucesso individual no aprendizado fogem do alcance e da função<br />
escolar, cabendo a educação familiar. Contudo, estaremos durante todo o ano<br />
realizando atividades que ajudem nossas crianças a amar e respeitar o<br />
próximo.<br />
Quanto ao evento “Convivendo com as diferenças” conseguiu, de<br />
forma significativa, despertar e impulsionar em cada coração a vontade de<br />
contribuir para que a inclusão deixe de ser uma utopia, como muitos dizem, e<br />
aos poucos, mesmo com as dificuldades, se torne realidade. Isso ficou<br />
evidenciado pela acolhimento dos alunos da nossa escola para com os da<br />
Escola Especial. Na hora do recreio, levaram para lanchar, conhecer as<br />
dependências da instituição, ou mesmo para passear no pátio. A atividade foi<br />
tão especial que o turno vespertino queria muito realizá-la.<br />
Para finalizar, fica registrado que, mesmo com “dificuldades” ou<br />
“preconceitos” para realização de projetos como esses, vale a pena acreditar<br />
na mudança e consequentemente na transformação do ser humano, seja ele<br />
criança, jovem, adulto ou idoso. E a escola é o espaço propício para isso.<br />
6. AVALIAÇÃO:<br />
A primeira etapa de processo de avaliação aconteceu durante os<br />
primeiros dias de aulas, no qual pudemos observar as dificuldades<br />
apresentadas pelos alunos (avaliação diagnóstica). Na segunda etapa, foi<br />
observada a expectativa dos alunos frente à mensagem repassada por este<br />
tipo de texto, as dificuldades que surgem mediante as atividades individuais e<br />
em grupo. No terceiro e último momento, foi avaliado os resultados obtidos<br />
através das aprendizagens ocorridas, da mudança de comportamento e<br />
atitudes adquiridas. Os alunos foram avaliados por eles mesmos e pelo<br />
professor e todos juntos avaliaram o projeto para identificarem as vitórias e<br />
falhas ocorridas. Este processo avaliativo deu-se por meio de questionários<br />
orais ou escritos. (ver avaliações nos anexos)<br />
Este projeto visou proporcionar a formação de valores essenciais para<br />
a convivência humana. A sociedade inclusiva deve deixar o papel e começar a<br />
fazer parte do dia-a-dia de cada cidadão que ainda almeja por uma<br />
humanidade que possa conviver mesmo com suas diferenças. As atividades<br />
foram bastante proveitosas, pois os alunos demonstraram, em algumas<br />
situações, terem assimilado bem o que estudamos.<br />
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Tive muitas dificuldades sempre esbarrando naquilo que as pessoas<br />
estão mais preocupadas na escola: O conteúdo programado. Acredito que foi<br />
um dos empecilhos, pois ainda algumas pessoas acreditam que o conteúdo é<br />
mais importante do que a formação de valores que para mim é imprescindível.<br />
O projeto atendeu alunos de duas salas. No início propus a algumas<br />
pessoas esta atividade, mas muitos nem ligaram. Outros quando viram a<br />
dimensão da atividade disseram que fui individualista. Entretanto, sempre que<br />
proponho atividades diferentes na escola alguns colegas dizem que estou<br />
arranjando mais trabalho para eles fazerem. Ouvi muitas piadinhas, como:<br />
professor nota 10, global, só quer se aparecer, mostrar serviço, entre outros.<br />
Todavia fiquei satisfeito com o resultado, pois pela resposta<br />
significativa das ações do projeto houve uma proposta da gestão e supervisão<br />
bem como de alguns professores para que façamos uma nova etapa do<br />
projeto, só que desta vez com toda escola envolvida nas atividades.<br />
Acredito que esta experiência pode ser aproveitada por todos os<br />
professores e alunos do Brasil, desde a Educação Infantil até o Ensino<br />
Superior, pois possibilita conhecer, conviver e aprender a respeitar as<br />
diferenças não importando quais sejam elas. Precisamos compreender que o<br />
conhecimento é tudo, mas saber amar e respeitar é mais. Ter conhecimento<br />
sem amor e respeito é o mesmo que poder comer e não sentir nenhum sabor.<br />
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