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VJ DEZ 2011.p65 - Visão Judaica

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2<br />

editorial<br />

VISÃO JUDAICA • dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Publicação mensal independente da<br />

EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />

JUDAICA LTDA.<br />

Redação, Administração e Publicidade<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Curitiba • PR • Brasil<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Dir. de Operações e Marketing<br />

SHEILLA FIGLARZ<br />

Dir. Administrativa e Financeira<br />

HANA KLEINER<br />

Diretor de Redação<br />

SZYJA B. LORBER<br />

Publicidade<br />

DEBORAH FIGLARZ<br />

Arte e Diagramação<br />

SONIA OLESKOVICZ<br />

Webmaster<br />

RAFFAEL FIGLARZ<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Algumas perguntas em foco sobre o Oriente Médio<br />

ada vez mais a chamada<br />

“primavera árabe” demonstra<br />

ser, na realidade,<br />

“um inverno árabe”. Os resultados<br />

iniciais das eleições<br />

no Egito, das quais a Irmandade<br />

Muçulmana e mais um partido<br />

islâmico ainda mais radical venceram,<br />

mostram isso, preocupando<br />

meio mundo, menos o Presidente dos<br />

EUA. Obama, ainda acredita estar levando<br />

democracia à região?<br />

Na Síria, onde o governo já assassinou<br />

5 mil civis, segundo a ONU, o<br />

presidente-ditador Bashar el Assad,<br />

concedeu<br />

entrevista<br />

à jornalista<br />

Barbara<br />

Walters.<br />

Quando a<br />

americana<br />

indagou<br />

sobre a bru-<br />

Antônio Carlos Coelho, Aristide Brodeschi,<br />

Breno Lerner, David Mandel, George Chaya,<br />

Heitor De Paola, Joanna Paraszczuk, Julián<br />

Schvindlerman, Khalaf Al-Harbi, Khaled Abu<br />

Toameh, Marcelo Vieira Walsh, Morris Abadi,<br />

Mel Brooks, Morris Abadi, Petra Marquardt-<br />

Bigma, Sérgio Alberto Feldman, Tila<br />

Dubrawsky, Yaakov Katz e Yossi Groisseoign.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />

o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou comentários<br />

publicados, sejam de terceiros (mencionando a fonte) ou<br />

próprios e assinados pelos autores. O fato de publicá-los<br />

não indica que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />

dos conceitos ou dos temas.<br />

Contém termos sagrados, por isso trate<br />

com respeito esta publicação.<br />

www.visaojudaica.com.br<br />

Este jornal é um veículo independente<br />

da Comunidade Israelita do Paraná<br />

talidade<br />

contra seu<br />

povo, com<br />

Nossa capa<br />

a maior “cara de pau” ele disse:<br />

“para dizer a verdade, não acredito<br />

em você”. Walters, então, lembrouo<br />

dos relatórios da ONU, ao que, ele,<br />

prontamente, redarguiu: “e quem diz<br />

que a ONU é uma instituição confiável<br />

e honesta? Eu sou o presidente.<br />

O Estado não me pertence, assim as<br />

forcas armadas não são minhas”,<br />

disse, lavando as mãos. Como será<br />

que fica a Unesco, agora, que acaba<br />

de nomear a Síria para presidir o<br />

Comitê de Direitos Humanos? Não<br />

é a suprema das ironias?<br />

A Rússia segue abastecendo a Síria<br />

de armas, que repassa parte delas<br />

ao Hezbolá, e também se opõe<br />

às sanções ocidentais ao Irã por continuar<br />

na corrida atômica pela bomba.<br />

Dias atrás, Damasco lançou num<br />

exercício militar alguns foguetes e<br />

um míssil Scud B, de longo alcance.<br />

Estava demonstrando força para Israel,<br />

para a Turquia, ou para o Ocidente,<br />

prevenindo-se de ataques<br />

como na Líbia?<br />

A serpente botou a cabeça para<br />

A capa reproduz a obra de arte cujo título é:<br />

“Sofer” (escriba), pintada com a técnica<br />

aquarela e dimensões de 50X35 cm, criação<br />

de Aristide Brodeschi. O autor nasceu em<br />

Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista<br />

plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já<br />

desenvolveu trabalhos em várias técnicas,<br />

dentre elas pintura, gravura e tapeçaria.<br />

Recebeu premiações por seus trabalhos no<br />

Brasil e nos EUA. Suas obras estão espalhadas<br />

por vários países e tem no judaísmo,<br />

uma das principais fontes de inspiração. Ele<br />

é o autor das capas do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

(Para conhecer mais sobre o artista, visite o<br />

site www.brodeschi.com.br).<br />

Datas importantes<br />

28 de dezembro<br />

31 de dezembro<br />

5 de janeiro<br />

7 de janeiro<br />

14 de janeiro<br />

21 de janeiro<br />

28 de janeiro<br />

4 de fevereiro<br />

8 de fevereiro<br />

11 de fevereiro<br />

8º dia de Chanucá<br />

Shabat / Vayigash<br />

Jejum de 10 Tevet<br />

Shabat / Vaychi<br />

Shabat Shemot<br />

Shabat / Vaerá<br />

Shabat / Bô<br />

Shabat Shira / Beshalach<br />

Tu Bishvat<br />

Shabat / Ytrô<br />

fora da toca depois de três anos se<br />

escondendo nos porões de Beirute.<br />

Marionete de Ahmadinejad e capataz<br />

dos terroristas do Hezbolá, Hassan<br />

Nassrala, reapareceu por uns segundos<br />

no dia sagrado dos xiitas, a<br />

Ashura, para respirar ar puro, cansado<br />

da atmosfera fétida de seu bunker.<br />

Voltou ao logo ao esconderijo, de<br />

onde transmitiu pela TV mais um de<br />

seus maçantes discursos gravados,<br />

cheios de invectivas contra Israel e<br />

os EUA. O herói dos subterrâneos<br />

teme que os israelenses o matem. O<br />

objetivo de seu último e fastidioso<br />

palavrório seria o de desviar a atenções<br />

do mundo do seu aliado Assad<br />

para Israel, principalmente agora,<br />

depois das humilhantes sanções da<br />

Liga Árabe contra a Síria?<br />

De Gaza, recomeçaram os lançamentos<br />

de mísseis sobre a população<br />

civil que vive no sul de Israel. A ONU<br />

diz alguma coisa? Dirá. Quando Israel<br />

reagir com outra operação tipo Chumbo<br />

Derretido.<br />

O Fatah de Mahmud Abbas e o<br />

ACENDIMENTO DAS<br />

VELAS EM CURITIBA<br />

<strong>DEZ</strong> DE 2011 / JAN DE 2012<br />

SHABAT<br />

DATA HORA<br />

23 / 12 19h48<br />

30 / 12 19h51<br />

6 / 1 19h52<br />

13 / 1 19h53<br />

20 / 1 19h52<br />

27 / 1 19h50<br />

3 / 2 19h48<br />

10 / 2 19h44<br />

Hamas de Khaled Meshaal, anunciaram,<br />

de novo, que estão se aliando<br />

para um governo unificado dos palestinos.<br />

Mas o jornalista árabe Khaled<br />

Abu Toameh, que escreve para o Jerusalem<br />

Post afirma que a unificação<br />

nunca aconteceu nem acontecerá.<br />

Pela simples razão de que ambos não<br />

querem perder as fontes de seus recursos<br />

financeiros. Nem mesmo o ódio<br />

entranhado que sentem pelo Estado<br />

judeu é capaz de uni-los?<br />

No dia 10/12, em Estocolmo, realizou-se<br />

a entrega dos Prêmios Nobel<br />

de 2011. Dos cinco judeus que o receberam,<br />

três são de Israel. O prof.<br />

Daniel Shechtman, que levou o de<br />

Química, foi escolhido por seus pares<br />

para falar em nome de todos. No<br />

dia seguinte, na Austrália, a israelense<br />

Li Kurzits, conquistou, pela segunda<br />

vez, o titulo de campeã mundial<br />

em velas. Não é motivo de orgulho<br />

para um país tão pequeno?<br />

Lembramos aos leitores que em<br />

janeiro o <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não circula,<br />

voltando em fevereiro.<br />

Falecimentos<br />

A Redação<br />

Mário Malamut, 78 anos, dia 8 de dezembro<br />

de 2011 (12 de Kislev de 5772),<br />

em Porto Alegre, RS. Era irmão de Anais<br />

Malamud. Seu corpo foi sepultado no<br />

cemitério israelita daquela cidade,<br />

após ser velado, no dia 9/12.<br />

Humor Judaico<br />

DEDUÇÃO LÓGICA<br />

Um arqueólogo escavava no Deserto do<br />

Neguev, quando encontra um caixão contendo<br />

uma múmia, ocorrência bastante<br />

rara em Israel.<br />

Após examiná-la, ligou para o curador do<br />

Museu de Israel, em Jerusalém.<br />

“Acabei de descobrir uma múmia de<br />

3.000 anos de idade, de um homem que<br />

morreu de parada cardíaca!”, exclama o<br />

cientista.<br />

— Traga-o para cá. Vamos dar uma olhada<br />

— responde o interlocutor.<br />

Dias depois, o curador, espantado, chama<br />

o arqueólogo.<br />

— Você estava certo sobre a idade da múmia<br />

e a causa da morte. Como é que sabia?<br />

— indaga.<br />

— Fácil. Havia um pedaço de papel na<br />

mão que dizia: “10 mil shekels em Golias”<br />

— disse.


ENTRE ENTRE HERÉTICOS HERÉTICOS E E DOGMÁTICOS:<br />

DOGMÁTICOS:<br />

Sérgio Alberto Feldman *<br />

nossa sociedade caminha<br />

a passos largos para<br />

a extirpação das crendices<br />

e superstições, para<br />

a superação da ignorância<br />

pelas Luzes. Seria isto<br />

atual? Seria verdadeiro?<br />

Em muitos períodos tivemos pensadores<br />

otimistas que auguravam o avanço<br />

e o progresso como uma tendência<br />

irreversível do gênero humano. Uma<br />

destas correntes foi o Iluminismo europeu<br />

e sua versão judaica a Haskalá.<br />

Na crença dos iluministas, a Luz e a<br />

Razão superariam o obscurantismo e<br />

gerariam uma era de progresso, de cultura<br />

e, por consequência, de paz e de<br />

diálogo entre as pessoas.<br />

Esta opinião, mesmo sendo agradável<br />

de ouvir é uma ilusão. Mera ilusão.<br />

As duas grandes guerras, os diversos<br />

genocídios do século XX, entre os<br />

quais o Holocausto, fizeram esta crença<br />

se diluir como poeira em água.<br />

Estando ciente de que a Razão tem<br />

alternado pequenos avanços e enormes<br />

retrocessos, e que estamos vivendo uma<br />

era de irracionalidade, fundamentalismo<br />

e violência, retomo a senda de que<br />

ainda temos a ilusão e o desejo de dialogar,<br />

pensar e caminhar para uma sociedade<br />

racional, justa e plena de justiça.<br />

Assim sendo, faço hoje minha homenagem<br />

a um dos ilustres pensadores judeus<br />

de todos os tempos: Baruch Spinoza<br />

(1632-1677).<br />

Aproveito para homenagear também,<br />

um dos membros da Kehilá de Curitiba,<br />

já falecido, o sr. Moisés Kulish (Z”L),<br />

que tal como eu, era admirador de Spinoza.<br />

Algumas vezes, nós dois falamos<br />

sobre Spinoza e num debate promovido<br />

pela Chevra Kadisha do Paraná (nome<br />

impreciso da antiga sinagoga, pois se trataria<br />

da sociedade que cuida da sinagoga<br />

e do cemitério israelita), no início da década<br />

de noventa, fizemos, certa vez uma<br />

encenação histórica, aonde eu representei<br />

Spinoza, a convite do sr. Moisés, então<br />

presidente desta entidade. Cada um<br />

dos participantes devia debater e fazer<br />

de conta, como se ele mesmo fosse o “seu<br />

personagem”. Spinoza foi atribuído a<br />

mim. Fiquei honrado com a escolha.<br />

Eu me esforcei para encarnar este<br />

personagem da melhor forma possível.<br />

No final, o sr. Moisés, um homem culto e<br />

professor universitário, teceu-me um<br />

elogio, dizendo que eu ficava bem encenando<br />

Spinoza, pois ambos tínhamos uma<br />

forma de pensar autônoma. Sem dúvida,<br />

uma enorme honra para mim, que nem<br />

sombra poderia fazer àquele gênio pensador.<br />

Assim, minha homenagem ao<br />

grande filósofo, será feita, na forma de<br />

um breve e superficial texto. Bem pouco<br />

diante da grandeza do homenageado.<br />

O mundo judaico estava em crise. Os<br />

judeus tinham sido expulsos da Espanha<br />

em 1492, e havia uma repressão aos marranos<br />

ibéricos (cristãos novos descendentes<br />

dos judeus convertidos à força) que<br />

eram acusados de professar e/ou manter<br />

secretamente rituais judaicos, à revelia<br />

da Igreja Católica. A Inquisição ibérica<br />

(portuguesa e espanhola) fiscalizava e<br />

espionava suas vidas, obtinha delações e<br />

retirava sob a tortura, confissões de descendentes<br />

de judeus espanhóis e portugueses.<br />

Muitos já haviam deixado de ter<br />

raízes judaicas e eram falsamente denominados<br />

“judaizantes” para se extrair<br />

deles algum tipo de poder ou riqueza, já<br />

que as famílias no seio das quais houvesse<br />

“judaizantes” tinham seus bens confiscados<br />

e o acusado era torturado e punido<br />

com penas severas, que iam de chicotadas,<br />

degredo até a morte na fogueira.<br />

A Inquisição poderia persegui-los, pois<br />

haviam sido batizados, sendo, portanto<br />

cristãos “heréticos” e não judeus (infiéis).<br />

O regime de terror instaurado durou cerca<br />

de três séculos e atingiu inúmeras famílias,<br />

a maioria das quais já nem se consideravam<br />

judias, e se viam oprimidas por<br />

uma identidade e uma crença que não<br />

mais praticavam e pouco conheciam.<br />

Um destes judeus era Uriel da Costa.<br />

Nascido em 1575, no Porto (Portugal).<br />

Pertencia a uma família de cristãos-novos.<br />

Estudou Teologia e se tornou um<br />

clérigo. Insatisfeito com o cristianismo,<br />

idealizou o Judaísmo de seus ancestrais<br />

e se mudou para Amsterdam, entre os<br />

anos de 1612/1615. Converteu-se ao judaísmo,<br />

mas não encontra no judaísmo<br />

ashkenazi da comunidade judaica holandesa,<br />

o fundamento humanista que sua<br />

formação católica esperava, e então dirige<br />

sua crítica contra a tradição. Questiona<br />

as leis alimentares e a rígida doutrina<br />

dos preceitos (mitzvot), que tornavam<br />

o Judaísmo uma religião, distante<br />

do humanismo que ele almejava e a seu<br />

ver, repleto de pequenas e estreitas regras<br />

de conduta cotidiana. Tratava-se de<br />

uma severa crítica ao Judaísmo normativo,<br />

no qual regras superam a espiritualidade<br />

e fazem um cerco ao mundo externo,<br />

para impedir os contatos com um<br />

mundo hostil que visa evangelizar os<br />

judeus e torná-los cristãos. Uriel é acusado<br />

de atitudes errôneas e é anatemizado,<br />

sofrendo o chérem: isolado da comunidade<br />

e sem poder frequentar rituais,<br />

celebrações e a vida comunitária.<br />

Por anos Uriel foi criticado com violência,<br />

e viveu solitário e atormentado<br />

por sua inquietação espiritual. Isolado<br />

por cristãos e judeus — os dois grupos<br />

o consideravam um herege — Uriel da<br />

Costa se submete, finalmente, a uma<br />

cerimônia de expiação, numa sinagoga<br />

de Amsterdam, em 1640. Esta humilhação<br />

causa um enorme dano, nesta mente<br />

inquieta, que supera o limite do suportável<br />

em função de seu sofrimento<br />

moral. Profundamente desesperado<br />

escreve uma autobiografia que chama<br />

“um exemplo de vida humana” e comete<br />

o suicídio em abril de 1640.<br />

Os judeus de Amsterdam apesar de<br />

viverem num ambiente de tolerância<br />

dentro de uma das sociedades mais arejadas<br />

da Europa, que era a Holanda do<br />

século XVII, temiam a perda da unidade<br />

e da identidade. Seguir o “rebanho”<br />

era dever de todo o judeu: pensamento<br />

livre era um perigo à continuidade e<br />

a tradição. Os que haviam sido perseguidos<br />

pela Inquisição estavam sendo<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Os casos de Uriel da Costa e de Baruch Spinoza<br />

radicais com a diversidade e não permitiam<br />

dissidência. Há que se admitir<br />

que esse comportamento fosse usual<br />

entre todas as comunidades e em todas<br />

as religiões neste período. Tolerância<br />

religiosa era uma novidade. A liberdade<br />

era uma “bandeira” de setores iluministas<br />

ou pré-iluministas.<br />

Neste contexto surge o jovem Baruch<br />

Spinoza, nascido no seio de uma família<br />

judaica, a 24 de novembro de 1632, em<br />

Amsterdam, e vindo a falecer em Haia,<br />

em 1677. Sua inteligência e genialidade<br />

logo foi percebida por seus mestres, entre<br />

os quais podemos citar o renomado<br />

rabi Manasses ben Israel (1604-1657). Estudou<br />

a exegese judaica do texto bíblico<br />

tendo lido textos de muitos sábios sefaradim<br />

(originários da Espanha medieval),<br />

tais como o aragonês Hasdai Crescas (século<br />

XV) e Abraão Ibn Ezra (1092-1167),<br />

este último, um dos maiores comentadores<br />

medievais do texto bíblico. Obviamente<br />

leu e aprofundou os pensamentos<br />

de Maimônides (1135-1204), o genial<br />

sábio judeu que aproximou a religião judaica<br />

à filosofia mostrando suas conexões<br />

e interfaces. O problema é que todos estes<br />

sábios judeus sefaradim viveram integrados<br />

à vida comunitária judaica e inseridos<br />

até o âmago de suas “almas” no<br />

Judaísmo, mesmo que conhecessem e<br />

lessem os filósofos clássicos e dialogassem<br />

com suas ideias. Spinoza não se conteve<br />

na filosofia judaica.<br />

Vivendo no ambiente tolerante e<br />

aberto da Holanda do século XVII, podia<br />

ler obras de filosofia geral e discutir<br />

com pensadores não judeus. Segundo<br />

o que se acredita, conheceu um discípulo<br />

de Descartes e foi influenciado<br />

por suas ideias. Em pouco tempo, Spinoza<br />

se tornou um “livre pensador”, um<br />

filósofo. Suas posturas se tornaram críticas<br />

e logo se distanciou de uma rotina<br />

judaica da prática de preceitos (mitzvot)<br />

e começou a fazer análises e críticas às<br />

verdades “aceitas”, o que o tornaram<br />

uma ameaça à unidade e à continuidade<br />

da fé judaica. Foi advertido e conclamado<br />

a se retratar publicamente.<br />

Diferentemente de Uriel da Costa,<br />

não se incomodou. Foi excomungado e<br />

nenhum judeu se aproximou mais dele.<br />

Spinoza seguiu sobrevivendo como polidor<br />

de lentes e continuou sua vida,<br />

sem nunca se converter ao cristianismo<br />

e sem conviver mais com a comunidade<br />

judaica. Isso não era possível na<br />

Idade Média, mas na Holanda do século<br />

XVII era difícil, mas viável.<br />

Dedicou-se à escrita de obras de ética<br />

e de filosofia. Muitas de suas ideias<br />

eram inaceitáveis para as autoridades<br />

cristãs da Holanda e algumas vezes, precisou<br />

escrever anonimamente. Uma<br />

destas obras é o “Tratado Teológico Político”<br />

(c. 1670) no qual se utilizava de<br />

análises dos exegetas judeus, com Ibn<br />

Ezra, mas direcionava suas conclusões de<br />

uma maneira muito mais crítica. Nesta<br />

obra demonstrava entre outras teses<br />

que a Bíblia Hebraica não teria sido escrita<br />

por Moisés, tal como afirma a Tradição.<br />

Negava a veracidade absoluta de<br />

todo seu conteúdo, inaugurando a “crítica<br />

bíblica”. No seu entendimento, a<br />

razão de se ter escrito a Bíblia seria inculcar<br />

em seus leitores, a noção de obediência<br />

aos poderes constituídos: Estado<br />

e instituições religiosas.<br />

Isto irritou muita gente, pois questionava<br />

não só o judaísmo tradicional,<br />

mas também as doutrinas calvinistas,<br />

que era neste período, a Igreja protestante<br />

mais importante na Holanda. Assim<br />

sendo, esta obra (Tratado Teológico<br />

Político) foi censurada e proibida de<br />

circular, mas seguiu sendo editada e<br />

lida, apesar das proibições das calúnias<br />

que sofreu. Sua influência é incomensurável.<br />

Um marco na História.<br />

Spinoza nunca deixou de acreditar<br />

em D-us. Para ele só existia uma substância<br />

essencial no Universo, da qual<br />

espírito e matéria não passam de aspectos<br />

diferentes. Essa substancia única é<br />

D-us, que se identifica com a própria<br />

natureza: se trata de uma modalidade<br />

de panteísmo, mas baseava-se na Razão<br />

e não na fé. Há quem diga que serviu<br />

de inspiração a Albert Einstein.<br />

Sua ética não se distanciava em valores,<br />

da tradicional ética judaica. Negava a<br />

importância do poder, da riqueza, dos<br />

prazeres e da fama, declarando-os vãos.<br />

Buscava o “bem perfeito” capaz de prover<br />

a quem o atingisse uma felicidade irrestrita<br />

e duradoura. Concluiu que este<br />

bem perfeito seria o “amor a D-us”, a adoração<br />

da ordem e da harmonia da natureza.<br />

Os filósofos teriam de estudar e descobrir<br />

esta ordenação divina do universo<br />

respeitá-la e deixá-la seguir funcionando.<br />

Em sua visão panteísta, não descartou<br />

D-us e nunca se afastou de muitos<br />

dos princípios judaicos de vida.<br />

Spinoza era um ardente defensor da<br />

tolerância, da justiça e da vida racional.<br />

Defendia liberdade religiosa, mesmo<br />

tendo uma visão tão determinista e mecânica<br />

da natureza e das coisas. Nunca<br />

denegriu os judeus e o judaísmo, mesmo<br />

tendo sido considerado um “herético”.<br />

Os judeus que haviam sofrido nas<br />

garras da Inquisição ibérica criaram os<br />

seus próprios hereges, por temerem<br />

que o pensamento dissidente acabasse<br />

com a coesão grupal e com a unidade.<br />

Ainda não se havia atingido a modernidade<br />

no seio das comunidades.<br />

Spinoza entrou para a História da filosofia<br />

e muitos manuais citam-no, sem,<br />

contudo, lembrar suas origens judaicas e<br />

sua profunda crítica, totalmente embasadas<br />

em seus mestres Maimônides e Ibn<br />

Ezra, e mescladas com a filosofia que se<br />

expandia na Europa ocidental. Seu nome,<br />

Baruch, é traduzido por Benedito (ou<br />

Bento), aliás, uma tradução precisa, pois<br />

ambas as expressões vem de benção ou<br />

abençoar. Seu judaísmo é pleno, mas estranhamente<br />

anacrônico, pois amplia o<br />

marco do pensamento e transgride com<br />

a tradição formalista e normativa.<br />

Foi um precursor da inserção do Judaísmo<br />

no mundo amplo, na sociedade<br />

moderna e do que se configurará como<br />

Judaísmo Liberal.<br />

O genial Spinoza foi um marco na<br />

evolução do pensamento e das ideias<br />

de liberdade e de tolerância. Um dos<br />

gênios da Era moderna.<br />

3<br />

* Sérgio Alberto<br />

Feldman é doutor<br />

em História pela<br />

UFPR e professor<br />

de História Antiga<br />

e Medieval na<br />

Universidade<br />

Federal do<br />

Espírito Santo, em<br />

Vitória. Foi diretor<br />

de Cultura<br />

<strong>Judaica</strong> da Escola<br />

Israelita Brasileira<br />

Salomão<br />

Guelmann, em<br />

Curitiba.<br />

Baruch Spinoza, em<br />

tela existente na<br />

Biblioteca<br />

Herzogliche, em<br />

Wolfenbuettel,<br />

Alemanha<br />

Tela de Samuel<br />

Hirszenberg, Uriel<br />

da Costa e o jovem<br />

Spinoza (1908)


4<br />

* Heitor De Paola<br />

é médico<br />

psiquiatra e<br />

psicanalista,<br />

membro da<br />

International<br />

Psycho-Analytical<br />

Association e do<br />

Board of<br />

Directors da<br />

Drug Watch<br />

International e<br />

Diretor Cultural<br />

da BRAHA,<br />

Brasileiros<br />

Humanitários em<br />

Ação, articulista<br />

e escritor, com<br />

diversos artigos<br />

publicados no<br />

Brasil e no<br />

exterior, e um<br />

livro. No<br />

passado,<br />

pertenceu a<br />

organização<br />

Ação Popular<br />

(AP) da esquerda<br />

revolucionária.<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

A “primavera” árabe e a crise econômica<br />

europeia II: de volta ao presente 1<br />

Heitor De Paola *<br />

O bem estar do povo tem sido um<br />

excelente álibi para os tiranos<br />

Albert Camus<br />

il e quinhentos anos<br />

depois do fim do Império<br />

Romano grande<br />

parte da história europeia<br />

e do Oriente Médio<br />

(OM) ainda gira em<br />

torno do Mare Nostrum. Os países<br />

mais atingidos pela crise econômica,<br />

com exceção de Irlanda e Islândia,<br />

são os da franja ocidental e norte:<br />

Espanha, com Portugal a reboque, Itália<br />

e Grécia e as expectativas da França<br />

não são das melhores 2 . Por outro<br />

lado, os países que se vêm às voltas<br />

com a “primavera” são exatamente<br />

os das praias do sul e orientais: Tunísia,<br />

Líbia, Egito e Síria — a Argélia<br />

está sob ameaça constante, pois é<br />

uma panela de pressão prestes a explodir.<br />

Ao mesmo tempo as ameaças<br />

se estendem principalmente a Israel,<br />

abominado por todos os governos primaveris<br />

que substituíram ditadores<br />

com retórica antissemita, mas com os<br />

quais Israel podia conversar, por partidos<br />

islâmicos radicalmente antissionistas.<br />

Só não viu isto a tempo<br />

quem não conhece a história do Islã<br />

ou estava mesmerizado pela mágica<br />

da palavra democracia. Democracia<br />

de forma nenhuma é sinônimo de liberdade,<br />

não passa de uma forma variável<br />

de escolha de dirigentes e só.<br />

E o Islã é incompatível com qualquer<br />

noção de liberdade individual e, por-<br />

tanto é improvável, senão impossível,<br />

o estabelecimento de um regime semelhante<br />

às democracias ocidentais<br />

onde predominam o respeito aos direitos<br />

individuais e o rule of law.<br />

Como eu já havia previsto 3 as maiorias<br />

muçulmanas estão vencendo todas<br />

as eleições. Até mesmo na Tunísia,<br />

onde se poderia esperar algo mais<br />

parecido com a noção ocidental, o líder<br />

do partido vencedor, al-Nahda,<br />

Rashed Ghannouchi assegurou que a<br />

condenação do Sionismo consta de um<br />

acordo entre os partidos vencedores.<br />

Ghannouchi nega que tal princípio será<br />

incluído na futura Constituição, mas<br />

ele mesmo faz parte de uma União Internacional<br />

de Scholar Muçulmanos,<br />

liderada por Yussuf al-Qaradawi e<br />

apoiou a anexação do Kuwait por Saddam<br />

Hussein, além de ameaçar com<br />

ataques contra os EUA 4 .<br />

Os países em crise na Europa<br />

eram antigos colonizadores que continuaram<br />

após a descolonização, com<br />

interesses econômicos: A França, na<br />

Argélia, Líbano e Síria, a Espanha, no<br />

Marrocos, a Itália, na Líbia e a Inglaterra<br />

que está em melhor situação —<br />

melhor seria dizer ‘menos ruim’ — no<br />

Egito e no Iraque. Além de tudo estão<br />

expostas à avalanche imigratória<br />

muçulmana, o que torna o equilíbrio<br />

político interno e o diplomático numa<br />

sinuca de bico. O Egito, a maior potência<br />

regional envolvida em conflitos<br />

internos, principalmente depois<br />

das eleições em que o poder se dividiu<br />

entre a Fraternidade Muçulmana<br />

e o partido salafista Hizb al-Nour 5<br />

sofre uma influência indireta dos ali-<br />

ados EUA e União Europeia. Mas estes<br />

países jamais se atreveram a intervir<br />

militarmente como fizeram na<br />

Líbia e agora ameaçam a Síria. Quem<br />

disser que a intervenção era por razões<br />

humanitárias merece ganhar um<br />

pirulito, pois acreditam em Papai Noel<br />

– ou então são da mídia brasileira que<br />

gravita a anos luz de qualquer laivo de<br />

inteligência. Por que mataram mais<br />

civis do que todas as tropas de Kadhafi<br />

e deixaram intactos os campos de petróleo?<br />

Por que, mais recentemente, a<br />

empresa petrolífera francesa Total<br />

encerrou suas atividades na Síria “até<br />

que retorne a democracia”?<br />

Os países em crise mais aguda<br />

precisam do petróleo do OM como um<br />

bebê precisa mamar.<br />

Além disto, a crise europeia é não<br />

só econômica, mas também política:<br />

o embate entre líderes nacionalistas<br />

e europeístas. Os que vibraram com<br />

as derrotas de Zapatero e Berlusconi<br />

não sabem que Rajoy e Mario Monti<br />

não passam de sátrapas da EU e do<br />

globalismo mundial oriundos das gerações<br />

política e emocionalmente<br />

comprometidas com a ideia de uma<br />

Europa unida e o fim do nacionalismo.<br />

E estão percebendo do que os<br />

povos ainda se julgam franceses, italianos,<br />

espanhóis, etc., e ameaçam<br />

voltar às suas moedas originais, mandando<br />

o Euro, que só serve à elite<br />

europeia, às favas.<br />

O que poucos perguntam é quem<br />

está por trás desta união espúria: lamentavelmente<br />

a velha Deutschland,<br />

para sempre antissemita, de onde<br />

partiu o novo design europeu. De Ber-<br />

lim partiram as pressões para a derrubada<br />

de Papandreu e Berlusconi e<br />

o financiamento da campanha espanhola<br />

6 . Será coincidência que a Turquia<br />

esteja simultaneamente tentando<br />

restaurar o Império Otomano 7 ?<br />

Mas isto é assunto para outro artigo.<br />

NOTAS<br />

1. No artigo anterior por ato falho ou<br />

negligência pulei cinqüenta anos de<br />

história, afirmando que as colônias<br />

alemãs na África tinham se tornado<br />

independentes, quando o foram somente<br />

após a II Guerra Mundial. Na verdade<br />

foram protetorados britânicos e franceses<br />

também. Peço desculpas aos leitores.<br />

2. Quando escrevo este artigo as<br />

agências de avaliação de risco já pensam<br />

em rebaixar seu grau de confiabilidade de<br />

investimentos. Ver em http://www.<br />

lemonde.fr/election-presidentielle-2012/<br />

article/2011/12/07/sarkozy-tance-lessocialistes-et-parle-d-un-risque-dexplosion-pregnant-en-europe_1614517_<br />

1471069.html#ens_id=1268560<br />

3. Ver http://www.heitordepaola.com/<br />

publicacoes_materia.asp?id_artigo=2875<br />

e principalmente http://www.heitorde<br />

paola.compublicacoes_materia.asp?<br />

id_artigo=2758<br />

4. Ver em http://<br />

www.defenddemocracy.org/media-hit/atunisian-islamist-looks-to-the-future/<br />

5. Fui o primeiro no Brasil a falar neste<br />

partido e sua importância (ver nota 3).<br />

6. Ver http://www.stratfor.com/<br />

analysis/20111115-problems-facinggermanys-designs-europe<br />

7. Ver http://www.todayszaman.com/<br />

news-264801-turkey-to-restore-ottomanmosques-in-middle-east.html<br />

Ainda acreditamos que Israel é temporário e vai desaparecer?<br />

Khalaf Al-Harbi *<br />

Quando éramos jovens, os professores<br />

nos cansavam em reiterar que Israel era, sem<br />

dúvida, um país temporário e transitório.<br />

Quando chegamos à idade suficiente para<br />

ler, jornais e livros encheram nossas cabeças<br />

com razões pelas quais Israel não podia<br />

(continuar) a existir no entorno árabe.<br />

Durante anos, esperamos pelo momento<br />

em que Israel iria desaparecer, e<br />

aqui estamos nós (hoje, testemunhando)<br />

o momento em que os países árabes estão<br />

começando a ruir, um após o outro.<br />

Há poucos dias atrás foi o 44º aniversário<br />

da derrota árabe na guerra de 1967, quando<br />

Israel engoliu terras de países árabes...<br />

Uma semana ou mais atrás [o primeiro-ministro<br />

israelense Binyamin] Ne-<br />

tanyahu fez um discurso brilhante perante<br />

o Congresso norte-americano no qual<br />

enfatizou que Israel não iria retornar às<br />

fronteiras de 1967.<br />

Essa declaração significa que Israel<br />

atingiu um tal grau de complacência e tranquilidade<br />

que não está mais disposto a<br />

negociar nem mesmo em relação a essas<br />

terras que passaram a ocupar (em 1967),<br />

muito menos... as terras que ocuparam em<br />

1948. Será que realmente ainda acreditamos<br />

que Israel é uma entidade temporária<br />

fadada a desaparecer? Talvez Israel irá<br />

desaparecer dentro de mais 100 ou 200<br />

anos, mas ninguém pode prever o que vai<br />

acontecer no futuro.<br />

No entanto, olhando para o atual estado<br />

dos seus vizinhos árabes, vejo países<br />

deteriorados, entidades políticas que não<br />

têm a capacidade de manter a unidade<br />

nacional, e exércitos que não estão tentando<br />

acabar com Israel tanto quanto estão<br />

acabando com seus próprios povos...<br />

O segredo da sobrevivência de Israel,<br />

apesar de todos os os grandes desafios que que tem<br />

enfrentado tem enfrentado se encontra se encontra na democracia na democra- e no<br />

respeito cia e no respeito ao valor individual ao valor individual [israelenses], [is-<br />

não raelenses], obstante ao o racismo contrário e a do brutalidade racismo e ema<br />

comparação brutalidade com dos seus inimigos árabes.<br />

O segredo do colapso dos países árabes,<br />

um após o outro, reside na ditadura e<br />

na opressão do indivíduo... É impossível<br />

para um país árabe, um vizinho de Israel,<br />

ter sucesso em libertar a Palestina negando<br />

dignidade às pessoas [dentro de suas<br />

próprias fronteiras]. Israel venceu guerra<br />

após guerra, e obteve mais terras árabes<br />

do que [o próprio Israel] em tamanho e<br />

* Khalaf Al-Harbi é jornalista árabe saudita liberal e escreveu este texto numa coluna do jornal saudita Okaz, dia 7 de junho de 2011.<br />

em população. Ele então passou a desenvolver<br />

a manufatura, a indústria e a tecnologia<br />

inventiva.<br />

A renda média é o dobro da renda média<br />

nos países árabes vizinhos. [Israel] tornou-se<br />

um fato inevitável. Em todas as fases<br />

do seu desenvolvimento, extraiu seu<br />

potencial da honra que garantiu aos seus<br />

cidadãos, enquanto seus vizinhos árabes<br />

pisavam nas [pobre] criaturas conhecidas<br />

como seus cidadãos sob as botas militares.<br />

“Se pudéssemos entrar em contato<br />

com nossos professores para que eles tomem<br />

conhecimento de que Israel continua<br />

a existir, enquanto os árabes são conduzidos<br />

à destruição... Para saber quem<br />

vai permencer e quem vai perecer, devese<br />

sempre verificar quem tem democracia,<br />

direitos humanos e justiça e social.”


* Breno Lerner é<br />

editor e gourmand,<br />

especializado em<br />

culinária judaica.<br />

Escreve para<br />

revistas, sites e<br />

jornais. Dá<br />

regularmente cursos<br />

e workshops. Tem<br />

três livros<br />

publicados, dois<br />

deles sobre culinária<br />

judaica.<br />

Novo rascunho, escrito a pedido de<br />

Netanyahu, divide as organizações<br />

em três categorias para obtenção<br />

de recursos de governos e<br />

organizações estrangeiras<br />

Dias após o projeto de lei das ONGs<br />

parecer que havia passado à história, o<br />

primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e<br />

o ministro das Relações Exteriores, Avigdor<br />

Lieberman, estão tentando revigorálo<br />

na Knesset (o Parlamento).<br />

A medida tem como objetivo limitar o<br />

financiamento de organizações políticas<br />

por parte de governos estrangeiros.<br />

À pedido de Netanyahu, os deputados<br />

Ophir Akunis (Likud) e Faina Kirschenbaum<br />

(Israel Beitenu) elaboraram uma<br />

nova versão do projeto de lei, que o Comitê<br />

Ministerial de Legislação deverá au-<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Os manjares do deserto<br />

* Breno Lerner<br />

Acabo realizar um workshop no CCJ de São<br />

Paulo sobre a comida dos povos beduínos.<br />

Fica aqui um presentinho de ano novo aos<br />

leitores de Papo de Cozinha: os segredos e receitas<br />

dos Manjares do Deserto.<br />

LOBIO LOBIO TKEMALI<br />

TKEMALI<br />

Esta receita da Geórgia saiu das estepes russas<br />

e foi parar, provavelmente pela rota da<br />

seda, nos desertos do Oriente Médio, onde a<br />

ameixa fresca, fruta nacional da Geórgia, foi<br />

substituída por conserva ou geleia.<br />

4 xícaras de feijão roxo cozido e<br />

escorrido (o feijão fava roxo, do<br />

Pernambuco é o ideal);<br />

2 dentes de alho picados;<br />

½ colher de sopa de pimenta dedo de<br />

moça sem gavinhas e sementes, bem<br />

picada;<br />

1 colher de sopa de manjericão<br />

picado;<br />

1 colher de sopa de folhas de coentro<br />

picadas;<br />

½ xícara de geleia de ameixas;<br />

2 colher de sopa de aceto balsâmico;<br />

Sal a gosto.<br />

Pile o alho, pimenta, manjericão, folhas de<br />

coentro e uma pitada de sal até obter uma<br />

pasta. Reserve. Passe a geleia por uma peneira<br />

e misture-a com a pasta reservada.<br />

Misture delicadamente com o feijão e deixe<br />

tomar gosto por 2 a 3 horas.<br />

MSAK MSAKAET MSAK AET AL AL BA BATHINIAN BA THINIAN BELILA<br />

BELILA<br />

A berinjela não fazia parte da dieta básica<br />

beduína, da onde presumimos que esta receita<br />

já seja da fase urbanizada deste povo,<br />

muito provavelmente vinda da Jordânia.<br />

1 kg berinjelas cortadas finamente no<br />

comprimento;<br />

3 latas de tomates pelados escorridos<br />

e picados;<br />

1 xícara de grão de bico cozido e<br />

escorrido;<br />

1 xícara de cebola em fatias grossas;<br />

2 colher de sopa de hortelã seca;<br />

15 dentes de alho já dourados em<br />

azeite;<br />

8 dentes de alho picados;<br />

1 xícara de azeite extra virgem;<br />

1 pimenta dedo de moça sem gavinhas<br />

e sementes bem picada;<br />

1 colher de chá de açúcar;<br />

Sal a gosto.<br />

Polvilhe a berinjela com sal e deixe numa<br />

peneira por 1 hora. Esprema a berinjela com<br />

cuidado e grelhe-a, dourando de ambos os<br />

lados. Reserve. Refogue a cebola até amolecer<br />

e acrescente os dentes de alho pré dourados.<br />

Coloque então o tomate, grão de bico,<br />

pimenta, sal e açúcar. Cozinhe por 5 minutos.<br />

Acrescente as berinjelas e cozinhe, em<br />

fogo bem baixo, por mais 10 minutos. Enquanto<br />

isto misture a hortelã seca com o alho<br />

picado. Coloque a mistura numa travessa,<br />

salpique com a mistura de hortelã e depois<br />

espalhe o azeite por cima.<br />

Projeto de lei sobre financiamento<br />

das ONGs em Israel volta à cena<br />

torizar em breve dias.<br />

Na sequência do apelo de Netanyahu<br />

a Akunis para esclarecer e definir quais<br />

as organizações que são políticas, a nova<br />

versão do projeto de lei divide as ONGs<br />

em três categorias, combinando elementos<br />

de ambos os projetos originais dos<br />

deputados.<br />

O novo projeto assinado por Akunis e<br />

Kirschenbaum, proíbe qualquer doação de<br />

governo estrangeiro para ONGs que rejeitam<br />

o direito de Israel existir; incitam o<br />

racismo; apoiam a violência contra Israel;<br />

manobram para colocar políticos israelenses<br />

e soldados das FDI em julgamento nos<br />

tribunais internacionais; pedem por boicotes<br />

contra o Estado, ou estimulam os soldados<br />

das Forças de Defesa a desobedecerem<br />

ordens.<br />

Além disso, as doações feitas dentro<br />

de Israel a essas organizações estarão<br />

sujeitas a um imposto de 45 por cento.<br />

Organizações políticas, como B’Tselem<br />

ou Paz Agora, também terão que pagar um<br />

imposto de 45% sobre as doações.<br />

No entanto, as ONGs terão a opção de<br />

se submeter a uma audiência na Comissão<br />

de Finanças da Knesset, o que poderá<br />

decidir a renuncia ao imposto.<br />

As organizações não políticas que recebem<br />

financiamento do Estado terão<br />

isenção e taxas e poderão receber doações<br />

ilimitadas de governos estrangeiros.<br />

Esta categoria inclui organizações<br />

como Magen David Adom (correspondente<br />

à Cruz Vermelha em Israel) e a Universidade<br />

Hebraica, entre outras ONGs.<br />

O comitê ministerial originalmente<br />

aprovou o projeto de lei Kirschenbaum,<br />

que cobraria um imposto de 45% sobre as<br />

doações de governos estrangeiros para as<br />

5<br />

Grãos e leguminosas secas sempre<br />

fizeram parte da dieta beduína por<br />

sua facilidade de transporte. Doces e<br />

sobremesas não faziam parte do cardápio<br />

diário, mas em ocasiões especiais<br />

eram servidos. A Belila, por<br />

exemplo, era típica na celebração de<br />

nascimentos.<br />

1 xícara de cevada;<br />

5 xícaras de água;<br />

2 xícaras de leite;<br />

6 colheres de sopa de mel;<br />

Casca de 1 limão;<br />

2 colheres de sopa de água de<br />

flor de laranjeira;<br />

1 colher de sopa de canela;<br />

1 colher de chá de pistache<br />

moído;<br />

1 colher de chá de amêndoas<br />

torradas;<br />

Lave a cevada e deixe-a de molho por<br />

1 noite nas 5 xícaras de água. Cozinhe<br />

a cevada na mesma água até<br />

amolecer, Cuidado para não deixar<br />

passar do ponto.<br />

Em outra panela cozinhe o leite com<br />

o mel e a casca de limão até levantar<br />

fervura.<br />

Abaixe o fogo e cozinhe por 4 minutos.<br />

Apague o fogo e coloque a água<br />

de flor de laranjeira. Misture com cuidado<br />

a cevada com o leite. Coloque<br />

numa travessa, polvilhe a canela, pistache<br />

e amêndoas e sirva.<br />

ONGs, e o de Akunis, que limitou tais contribuições<br />

às ONGs política em 20.000 NIS<br />

(New Israelis Shekels), mas ambas as iniciativas<br />

foram frustradas por um apelo do<br />

ministro sem pasta Bennie Begin, que os<br />

declarou “mortos”.<br />

Há duas semanas, o chanceler Avigdor<br />

Lieberman ameaçou com a tentativa<br />

de fazer passar o projeto Kirschenbaum,<br />

apesar do apelo, mas o gabinete de Netanyahu<br />

apressou-se em encontrar uma<br />

solução que fosse satisfatória tanto para<br />

o primeiro-ministro como para o ministro<br />

das Relações Exteriores.<br />

No início da semana passada, Begin<br />

expressou confidencialmente que os dois<br />

projetos das ONGs estavam “praticamente<br />

mortos”, devido ao seu apelo, e disse a<br />

Netanyahu que era improvável que fossem<br />

aprovados, quando ele e vários outros ministros<br />

se opunham a eles.


6<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

projeto Árvores da Vida,<br />

desenvolvido pelo Colégio<br />

Estadual Tiradentes,<br />

de Umuarama, foi o<br />

grande vencedor da segunda<br />

edição do Prêmio<br />

Fani Lerner. A escola recebeu<br />

um prêmio de R$ 5.000,00.<br />

Além dele, o Prêmio Fani Lerner também<br />

premiou com R$ 1.000,00 aos quatro<br />

melhores colocados, R$ 750,00 do 5º<br />

A prmeira dama do Estado e secretária da Família e Desenvolvimento<br />

Social, Fernanda Richa, participou da entrega do Prêmio Fani Lerner.<br />

Na foto, Fernanda, Ester Proveller e Ilana Lerner com representantes<br />

do projeto Árvores da vida, desenvolvido pelo Colégio Estadual<br />

Tiradentes, de Umuarama, o grande vencedor da segunda edição do<br />

Prêmio Fani Lerner. A escola recebeu um prêmio de R$ 5.000,00<br />

* Mel Brooks é o<br />

nome artístico de<br />

Melvin Kaminsky,<br />

nascido em Nova<br />

York, em 28 de<br />

junho de 1926, é<br />

ator, humorista e<br />

cineasta<br />

americano de<br />

origem judaica.<br />

Uma das poucas<br />

pessoas a<br />

receberem um<br />

Oscar (prêmio do<br />

cinema), um<br />

Grammy (prêmio<br />

de música), um<br />

Emmy (prêmio de<br />

TV), e um Tony<br />

(prêmio de<br />

teatro). Os<br />

maiores em cada<br />

categoria.<br />

Projeto Árvores da Vida vence<br />

o Prêmio Fani Lerner de 2011<br />

Fotos: Szyja Lorber<br />

ao 10º e R$ 500,00 do 11º ao 15º. Outros<br />

28 trabalhos foram certificados. A Secretaria<br />

de Educação de Campina Grande do<br />

Sul recebeu menção honrosa.<br />

A cerimônia de premiação ocorreu<br />

dia 30/11, no Centro Israelita do Paraná.<br />

A entrega dos prêmios foi feita<br />

pela secretária de Família e Desenvolvimento<br />

Social, Fernanda Richa;<br />

pela presidente do Centro Israelita do<br />

Paraná, Ester Proveller; pela presidente<br />

do Conselho da Condição Feminina,<br />

Beth Maia; pelo rabino Pablo Berman<br />

e por Ilana Lerner.<br />

Este ano, o Prêmio Fani Lerner<br />

contou com o apoio das entidades<br />

judaicas Wizo, Pioneiras, Federação<br />

Israelita do Paraná, B’nai B’rith e Kehilá<br />

que formam a comunidade israelita<br />

do Paraná. “A doação e solidariedade<br />

são princípios fundamentais da<br />

religião judaica. Com o apoio dessas<br />

entidades pudemos ampliaram a premiação<br />

até o 15º lugar”, declarou Ester<br />

Proveller, irmã de Fani Lerner e<br />

coordenadora do Prêmio.<br />

A participação de escolas e entidades<br />

do interior do Estado foi bastante<br />

celebrada pela organização do<br />

evento. “Recebemos<br />

o dobro<br />

de projetos do<br />

ano anterior e<br />

mais de 80 %<br />

deles eram de<br />

pequenos municípios,<br />

o que era<br />

a nossa intenção”,<br />

afirma Ilana<br />

Lerner, filha<br />

de Fani Lerner.<br />

Fernanda Richa<br />

exaltou a<br />

qualidade dos<br />

trabalhos apresentados e fez uma carinhosa<br />

homenagem à Fani Lerner.<br />

“Todos nós que trabalhamos na área<br />

social, aprendemos muito com a Dona<br />

Fani, com sua integridade”, relembrou.<br />

O O prêmio<br />

prêmio<br />

O rabino Pablo Berman na entrega<br />

do Prêmio Fani Lerner, falou aos<br />

presentes sobre os princípios do<br />

Tikum Olam judaico, a ideia de<br />

consertar o mundo através de ações<br />

sociais e de justiça<br />

Concedido pelo Instituto Jaime<br />

Lerner, o Prêmio Fani Lerner é anual<br />

e destinado a instituições sociais de<br />

todo o Paraná, que apresentem iniciativas<br />

voltadas à melhoria da qualidade<br />

de vida, contribuindo na promoção,<br />

proteção e defesa de direitos de<br />

Sobre ser judeu — sem piadas<br />

Mel Brooks *<br />

Posso estar irado com D-us ou com<br />

o mundo, e estou certo de que grande<br />

parte das minhas comédias é baseada<br />

em fúria e hostilidade… Isso vem<br />

de uma sensação de que como judeu<br />

e como pessoa, eu não me encaixo na<br />

média da sociedade americana.<br />

Sentir-se diferente, sentir-se alienado,<br />

sentir-se perseguido, sentir que<br />

a única maneira de você lidar com o<br />

mundo é rindo – porque se você não<br />

ri, vai chorar e nunca parar de chorar<br />

– isso provavelmente é responsável<br />

pelos judeus terem desenvolvido tanto<br />

senso de humor. O povo que teve o<br />

maior motivo para chorar aprendeu,<br />

mais que qualquer outro, a rir.<br />

Baseado nas conquistas dos indivíduos<br />

judeus, nos ganhadores do Prêmio<br />

Nobel e nos heróis da cultura moderna,<br />

bem como na quantidade de<br />

atenção que os judeus recebem da<br />

mídia, você jamais acreditaria nas respostas<br />

certas: há pouco mais de 13<br />

milhões de judeus no mundo, o que<br />

compreende menos de 1/4 de 1% da<br />

população mundial!!!<br />

Você acha que é apenas uma coincidência?<br />

Vinte e um por cento dos<br />

ganhadores do Prêmio Nobel foram<br />

judeus, embora eles formem menos<br />

de um quarto de um por cento da po-<br />

pulação do mundo. Escolha qualquer<br />

área, e você verá que os judeus se<br />

destacaram nela.<br />

Pense nos nomes de muitas figuras<br />

dos tempos atuais, responsáveis<br />

pelas maiores conquistas intelectuais<br />

da história – Marx, Freud, Einstein –<br />

e encontrará prova do veredicto bíblico:<br />

“Certamente este é… um povo<br />

sábio e inteligente.” Simplesmente<br />

não há maneira de negar isto.<br />

Os judeus são realmente inteligentes.<br />

Deve haver um motivo – e<br />

posso dar-lhe três:<br />

Hereditariedade, ambiente e um<br />

sistema único de valores.<br />

Hereditariedade – Os historiadores<br />

têm destacado uma fascinante diferença<br />

entre judeus e cristãos. No<br />

Cristianismo, bem como em muitas<br />

outras religiões, a santidade foi identificada<br />

com ascetismo, grande espiritualidade<br />

com a prática do celibato.<br />

Durante séculos as mentes mais<br />

notáveis entre os cristãos foram convidadas<br />

a entrar para a igreja e se tornarem<br />

sacerdotes. Isso efetivamente<br />

condenou sua herança genética de inteligência<br />

a um fim prematuro.<br />

Os judeus, por outro lado, levaram<br />

muito a sério o primeiro mandamento<br />

da humanidade – serem frutíferos e se<br />

multiplicarem. O sexo nunca foi visto<br />

como pecaminoso, mas sim como uma<br />

daquelas coisas criadas por D-us que<br />

Ele certamente deve ter tido em mente<br />

quando declarou, ao rever Sua obra:<br />

“Veja, tudo era muito bom”.<br />

Entre os judeus, os mais inteligentes<br />

foram encorajados a se tornarem<br />

líderes religiosos. Como rabinos, eles<br />

tinham de servir como modelos para<br />

seus congregantes como procriadores<br />

e “pais de seus países”. A inteligência<br />

foi passando de geração em geração,<br />

e os judeus de hoje ainda estão colhendo<br />

os benefícios de seus ancestrais.<br />

Ambiente – Se desafio e reação<br />

são as chaves para a criatividade e realização,<br />

não admira os resultados para<br />

a mente; eles têm sido desafiados<br />

mais que qualquer outro povo na terra.<br />

A escola da dureza é um maravilhoso<br />

professor. Os judeus não tiveram<br />

escolha exceto aprender a serem melhores<br />

que os outros, pois as probabilidades<br />

eram sempre contra eles.<br />

Um sistema único de valores –<br />

Ainda não abordamos o motivo mais<br />

importante de todos. Os judeus são<br />

inteligentes porque foram criados<br />

numa tradição que valoriza a educação<br />

acima de tudo, que considera o<br />

estudo a maior obrigação da humanidade,<br />

e que identifica o intelecto<br />

como a parte de nós “criada à imagem<br />

de D-us”. Ser analfabeto era im-<br />

A primeira dama do Estado,<br />

Fernanda Richa, falou na cerimônia<br />

de entrega dos prêmios Fani Lerner<br />

crianças de zero a doze anos.<br />

O Prêmio homenageia Fani Lerner,<br />

mulher do ex-governador Jaime Lerner<br />

falecida em maio de 2009. Fani Lerner<br />

teve seu trabalho social reconhecido<br />

pela UNICEF com o prêmio Criança e<br />

Paz e foi a primeira latino-americana<br />

a receber o Prêmio Kellogg’s para o<br />

Desenvolvimento da Criança, oferecido<br />

pela organização americana World<br />

of Children, em parceria com a instituição<br />

Hannah Neil. A premiação é a<br />

mais importante do mundo na ação<br />

social voltada à criança.<br />

pensável no mundo judaico, não apenas<br />

porque era um sinal de estupidez,<br />

mas, principalmente, porque era<br />

um pecado.<br />

Os judeus são obrigados por lei a<br />

ler a Torá inteira todo ano, dividindoa<br />

em seções semanais. O costume largamente<br />

seguido era quando uma<br />

criança completava três anos de idade,<br />

devia escrever com mel as letras<br />

do alfabeto hebraico, e fazer a criança<br />

aprendê-las enquanto as lambia,<br />

comparando seu significado com o<br />

sabor da doçura.<br />

Os judeus estudavam o Midrash,<br />

e lhes é ensinado: “A Espada e o Livro<br />

vieram juntos do Céu, e o Eterno<br />

disse: ‘Guarde o que está escrito neste<br />

livro ou seja destruído pelo outro’”.<br />

O Tevye filosófico, aquela deliciosa<br />

criação do escritor iídiche Shalom<br />

Aleichem e estrela de Um Violinista no<br />

Telhado, explicou que os judeus sempre<br />

usam chapéus porque nunca sabem<br />

quando serão forçados a viajar.<br />

O que ele não disse, que provavelmente<br />

é mais importante, é que<br />

eles sempre asseguram de ter algo<br />

debaixo dos chapéus e dentro da cabeça<br />

– porque as posses físicas podem<br />

ser tiradas deles, mas aquilo que<br />

acumularam na mente sempre vai permanecer<br />

como o maior “bem” que um<br />

judeu possui.


VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Unesco e Washington Post unidos na<br />

tentativa de expurgo judaico da história<br />

decisão da Unesco<br />

(United Nations<br />

Educational, Scientific<br />

and Cultural<br />

Organization) de<br />

admitir a Autoridade<br />

Palestina como um estado<br />

membro pleno é somente um<br />

disfarce para contornar o processo<br />

de paz. A vitória na Unesco permitirá<br />

que a Autoridade Palestina intensifique<br />

os seus esforços em outra<br />

importante frente de batalha: a batalha<br />

para expurgar e eliminar qualquer<br />

vestígio do judaísmo e da herança<br />

judaica na Cisjordânia e Jerusalém.<br />

Embora no momento os judeus<br />

israelenses e americanos discordem<br />

sobre os assentamentos, e<br />

muitos ardentemente desejam a solução<br />

de dois estados, o que abriria<br />

mão da maior parte dos territórios<br />

para o estado palestino e que estão<br />

em paz com Israel, não deveria haver<br />

nenhuma discordância sobre o<br />

fato que estes territórios fazem parte<br />

da pátria histórica do povo judeu.<br />

No entanto, o objetivo principal<br />

da AP - que tem sido adotado e<br />

apoiado pela Unesco - não é sobre<br />

as disputas sobre o futuro destes territórios,<br />

mas sim sobre o seu passado.<br />

Isto é um fato que foi publicado<br />

num artigo do Washington Post sobre<br />

o papel que a Unesco poderia desempenhar,<br />

mas que a Cisjordânia<br />

convenientemente omite.<br />

O artigo escrito pelo veterano jornalista,<br />

e muitas vezes de tendência<br />

de esquerda Joel Greenberg, fala sobre<br />

o papel da Unesco na Cisjordânia<br />

como sendo o de auxilio aos palestinos<br />

“nos esforços para resistência<br />

aos planos supostamente predatórios<br />

de Israel para a usurpação de lugares<br />

e objetos que impulsionariam a<br />

indústria do turismo do suposto esta-<br />

do”. Mas ao invés disso, quando Greenberg<br />

cita um porta-voz palestino<br />

que diz que a ONU vai ajudar a “deter<br />

a pilhagem de antiguidades” por Israel,<br />

a agência tem uma história de<br />

ajudar a AP na tentativa de se apoderar<br />

dos locais santos e de destruir<br />

qualquer vestígio do patrimônio judaico<br />

na área.<br />

A complicada relação entre os<br />

palestinos e a arqueologia no artigo<br />

é apenas insinuada quando observa<br />

que os árabes consideram a ciência<br />

como uma “ferramenta da ocupação<br />

israelense”. Isso pode ser compreensível,<br />

pois não há uma melhor forma<br />

de provar as raízes da vida judaica<br />

nos territórios do que cavando o solo.<br />

Se fizerem pesquisas se verificará<br />

pouca ou nenhuma prova da presença<br />

recente árabe nos territórios.<br />

Nos poucos casos que os palestinos<br />

fizeram escavações em locais antigos<br />

ou históricos, como por exemplo,<br />

o Monte do Templo, houve uma destruição<br />

maciça de antiguidades que<br />

poderiam, aos olhos dos palestinos,<br />

prejudicar suas ambições sobre a capital<br />

de Israel. E a ideia que Israel<br />

entregaria aos árabes palestinos preciosas<br />

descobertas arqueológicas judaicas<br />

é absurda, porém conta com<br />

o apoio da Unesco.<br />

Greenberg deixa também de<br />

mencionar os absurdos mitos árabes<br />

que dizem não haver laços de ligação<br />

entre os judeus e o território e<br />

que são o padrão na mídia árabe,<br />

que inclusive fala que o Muro das<br />

Lamentações é um local muçulmano<br />

usurpado pelos judeus. Mas ao invés<br />

de procurar e defender a verdade<br />

dos fatos, ou mesmo permanecendo<br />

neutra, a Unesco tem ficado<br />

ao lado dos palestinos condenando<br />

qualquer escavação arqueológica israelense<br />

em Jerusalém e até mesmo<br />

dizendo que locais santos judaicos<br />

como a Tumba dos Patriarcas e a<br />

Tumba de Raquel são ‘mesquitas’.<br />

Este fato demonstra claramente<br />

não somente a maldade da Autoridade<br />

Palestina como também a tendência<br />

e preconceito do artigo de<br />

Greenberg, que afirma que a Tumba<br />

de Raquel é local santo para o Islã<br />

como para o judaísmo, e que a Tumba<br />

dos Patriarcas foi conquistada<br />

pelos muçulmanos e utilizada como<br />

mesquita há séculos, apesar de não<br />

haver qualquer prova que mostre a<br />

relação do islamismo com esse local<br />

sagrado. Até mesmo o governo<br />

otomano que proibia os judeus de<br />

subir além do sétimo degrau deste<br />

local em Hebron, a Tumba de Raquel<br />

era designada como um local sagrado<br />

exclusivamente para os judeus.<br />

Os esforços para que a história<br />

seja reescrita tem o apoio da Unesco<br />

e agora do Washington Post, e fazendo<br />

parte da sistemática campanha<br />

árabe palestina para que a história<br />

seja reescrita para apagar os judeus.<br />

A filiação na Unesco permitirá<br />

que os palestinos continuem a campanha<br />

para a destruição, porém agora<br />

com o selo de aprovação da entidade<br />

da ONU. Esta é mais uma razão,<br />

entre tantas outras, para que o<br />

Congresso dos Estados Unidos não<br />

deva seguir a orientação da administração<br />

de Obama que pretende desaprovar<br />

(cancelar) a lei que determina<br />

o fim de qualquer financiamento<br />

para a Unesco. E ainda mais,<br />

aqueles que argumentam que a administração<br />

é boa e fiel amiga de<br />

Israel deveriam se perguntar por que<br />

se quer ajudar um órgão da ONU que<br />

é tão importante e essencial para os<br />

esforços dos palestinos para o objetivo<br />

de deslegitimar o Estado de Israel<br />

e o Sionismo.<br />

A tumba da matriarca Raquel, que a Unesco quer fazer<br />

parecer patrimônio palestino<br />

7<br />

Em Hebron, o santuário dos túmulos dos patriarcas judeus na caverna<br />

adquirida por Abrahão, conforme consta na Bíblia, só é considerado<br />

como uma mesquita pelo organismo cultural da ONU


8<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Meshaal, do Hamas, e Abbas, do Fatah, anunciando, mais uma vez, a<br />

unificação palestina. Será?<br />

s líderes do Fatah e<br />

do Hamas convocaram<br />

uma reunião<br />

pela primeira vez em<br />

seis meses há duas semanas.<br />

Enquanto eles<br />

elogiavam os recentes esforços conjuntos<br />

para acabar com as divisões<br />

internas que levaram a governos separados<br />

na Cisjordânia e na Faixa de<br />

Gaza, o encontro, em última análise<br />

não produziu sinais de avanço algum.<br />

O presidente da Autoridade Palestina,<br />

Mahmoud Abbas, e o chefe do<br />

escritório político do Hamas, Khaled<br />

Mashaal, encontraram-se no Cairo e,<br />

como alguns previram, não chegaram<br />

a qualquer acordo sobre a composição<br />

de um governo de unidade provisória<br />

ou sobre quem seria o líder dele.<br />

Abbas insiste em que o atual primeiro-ministro<br />

da Autoridade Palestina,<br />

Salam Fayyad, deve permanecer em<br />

sua posição, enquanto o Hamas conti-<br />

36 Argumentos Para a<br />

Existência de Deus<br />

REBECCA NEWBERGER GOLDSTEIN<br />

EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS<br />

Palestinos falam de unidade, mas não<br />

mostram nenhum sinal de progresso<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

nua a se opor fortemente à Fayyad,<br />

observou o jornal londrino Al-Hayat, citando<br />

fontes próximas a Abbas.<br />

Um funcionário do escritório de<br />

Abbas disse que “Abbas está decepcionado<br />

com o Hamas e ele não acha<br />

que estejam prontos para fazer parte<br />

do governo palestino. Uma vez que<br />

Abbas não acredita na capacidade do<br />

Hamas de integrar-se à liderança palestina,<br />

a implementação do acordo<br />

de reconciliação não vai avançar e<br />

não vai acontecer”.<br />

O Hamas, no entanto, disse que os<br />

dois lados reafirmaram seus compromissos<br />

com a realização de novas eleições<br />

presidenciais e legislativas em maio de<br />

2012, conforme acertado em sua última<br />

reunião, realizada no Cairo em maio.<br />

Após esta última reunião, Abbas<br />

e Mashaal deram entrevistas separadas<br />

à imprensa, embora ambos os líderes<br />

fizessem questão de transmitir<br />

declarações otimistas sobre as relações<br />

entre o Fatah e o Hamas.<br />

“A coisa mais importante é que<br />

atuamos como parceiros. Compartilhamos<br />

uma responsabilidade para<br />

com o povo palestino, e posso dizer<br />

que já não existem quaisquer diferenças<br />

entre nós”, afirmou Abbas aos repórteres.<br />

“Tivemos uma reunião positiva<br />

que foi realizada com bom espírito<br />

e de forma respeitosa, na qual<br />

discutimos questões regionais e estratégicas<br />

relativas aos palestinos”.<br />

Mashaal por sua vez, disse: “Abrimos<br />

um novo capítulo e vamos cooperar<br />

em todas as questões relativas ao<br />

povo palestino. Temos um compromis-<br />

Cass Seltzer é um professor mediano de psicologia da religião numa<br />

universidade de segunda categoria. Porém seu primeiro livro é um<br />

sucesso editorial e de vendas que lhe trouxe alguns belos dividendos:<br />

status intelectual, dinheiro, as atenções de uma famosa acadêmica,<br />

expert em teoria dos jogos, e uma proposta de emprego irrecusável<br />

em Harvard. Cass ganhou o apelido de “ateísta com alma”, pois,<br />

apesar de derrubar em seu livro um por um dos 36 argumentos a<br />

favor da existência de Deus, ele demonstrou notável conhecimento<br />

da essência da experiência religiosa e espiritual. Rebecca<br />

Goldstein tece uma bem urdida trama de recordações, reflexões<br />

filosóficas e conceitos matemáticos apresentados com clareza,<br />

além de detalhar ricamente a vida dos personagens que circundam o protagonista.<br />

São 36 capítulos (não por acaso) de humor sagaz e uma narrativa exuberante que<br />

proporcionam uma leitura deliciosa. E, no final do livro, somos brindados com os 36<br />

argumentos que constituíam o apêndice original do livro de Cass Seltzer.<br />

LIVRO<br />

so com os palestinos e para os países<br />

do mundo árabe que apoiaram a resistência<br />

palestina à ocupação sionista”.<br />

Em entrevista à agência francesa<br />

de notícias AFP, no dia seguinte ao encontro,<br />

Mashaal declarou que “ainda<br />

era muito cedo para dizer se o Hamas<br />

terá um candidato às eleições presidenciais<br />

marcadas para maio próximo”.<br />

Ele acrescentou que ordenou que<br />

os líderes do Hamas a respeitarem a<br />

nova atmosfera de reconciliação com<br />

a Autoridade Palestina.<br />

Azzam al-Ahmed, um funcionário<br />

graduado do Fatah, disse que os líderes<br />

iriam realizar outra reunião para<br />

continuar as discussões sobre o novo<br />

governo e outras questões.<br />

Em um sinal de algum progresso<br />

tangível, ambos os lados anunciaram<br />

que um abrangente corpo da liderança<br />

palestina foi encarregado de reformar<br />

a Organização para a Libertação<br />

da Palestina e que iria realizar sua<br />

primeira reunião em 22 de dezembro.<br />

Isso já estava previsto em um acordo<br />

de 2005 entre as facções palestinas.<br />

Na sequência da reunião do dia<br />

1º/12 entre o Hamas e o Fatah, o primeiro-ministro<br />

Binyamin Netanyahu<br />

disse: “Espero que os palestinos optem<br />

por se afastar da perspectiva de<br />

união com o Hamas e também das<br />

atitudes unilaterais. Na medida em<br />

que farão isso e voltarem para a única<br />

rota que pode produzir a paz — que<br />

são as negociações diretas sem condições<br />

prévias —, creio que a paz terá<br />

avançado e isso servirá aos interesses<br />

de israelenses e palestinos”.<br />

Já o líder do partido Likud no parlamento,<br />

o deputado Ofir Akunis, reagiu<br />

com mais firmeza, dizendo: “Os<br />

palestinos escolheram se aproximar<br />

do Hamas e se distanciar de paz. Eles<br />

nunca tiveram o desejo de alcançar a<br />

verdadeira paz com Israel, e a reconciliação<br />

com uma organização terrorista<br />

que pede a destruição de Israel<br />

é a prova evidente disso”.<br />

O ministro da Informação, Yuli<br />

Edelstein (Likud) ecoou as observações<br />

de Akunis, mas seu discurso contra<br />

Abbas foi mais cortante. “O anúncio<br />

de Abbas de que não há mais qualquer<br />

diferença de opinião entre ele e<br />

o Hamas, significa que ele aceita as<br />

agressões e os métodos terroristas do<br />

Hamas contra Israel, e que ele apoia<br />

a matança de civis inocentes”, declarou<br />

Edelstein. “A Autoridade [Palestina],<br />

que aspirava a ser o corpo de regras<br />

para gerir a vida dos palestinos,<br />

é a partir de agora como uma entidade<br />

terrorista em todos os objetivos e<br />

propósitos. Abbas escolheu hoje aumentar<br />

o conflito entre Israel e os palestinos,<br />

e o resultado de sua parceria<br />

com o Hamas será um desastre para o<br />

povo palestino e para toda a região”.<br />

O vice primeiro ministro de Israel,<br />

Silvan Shalom, declarou “que a exibição<br />

da ‘unidade palestina’ é o último prego<br />

no caixão das conversações diretas com<br />

os palestinos. É impossível tratar com<br />

um governo, do qual um dos principais<br />

objetivos é a destruição de Israel. Não<br />

iremos conversar com um governo que<br />

não anunciar publicamente o seu reconhecimento<br />

do Estado de Israel, renunciar<br />

ao terror, e aceitar os acordos anteriores<br />

—, todos, termos estabelecidos<br />

pela comunidade internacional”.<br />

Por sua vez o partido da União<br />

Nacional, de Israel, emitiu nota dizendo:<br />

“A semente foi lançada. O governo<br />

israelense deve acordar de seus<br />

estranhos sonhos de fazer a paz com<br />

o negador do Holocausto Abbas, e<br />

responder de forma agressiva a qualquer<br />

acordo que tente legitimar uma<br />

infame organização terrorista. O governo<br />

deve suspender todos os laços<br />

com a Autoridade Palestina e tratá-lo<br />

como organização terrorista, com<br />

quem não deve participar de nenhuma<br />

maneira, modo ou forma”.<br />

Algumas autoridades em Jerusalém,<br />

no entanto, não manifestam especial<br />

preocupação com a reunião do<br />

dia 1º/12. Um alto funcionário do gabinete<br />

do Primeiro-Ministro disse à Rádio<br />

Israel que Abbas tem que entender<br />

que quanto mais perto ele chega do<br />

Hamas, mais longe ele está se distanciando<br />

da paz. No entanto, ele acrescentou<br />

que ao parece, a reunião no<br />

Cairo, não teve consequências práticas,<br />

já que nenhum dos lados determinou<br />

um primeiro-ministro para o governo de<br />

unidade, nem foram tomadas as providências<br />

para avançar nisso.<br />

Outros funcionários em Jerusalém<br />

disseram à Rádio Israel que, devido à<br />

contínua tentativa palestina de aproximação<br />

política entre o Fatah e o Hamas,<br />

Israel continuaria retendo as receitas<br />

fiscais que recolhe em nome da<br />

Autoridade Palestina. Dias depois. Netanyahu<br />

tomou a decisão de liberar a<br />

transferência de fundos, para aliviar a<br />

situação da AP, que não dispõe de recursos<br />

nem mesmo para a folha de pagamento<br />

de seus funcionários, e isso<br />

acabaria gerando problemas para a<br />

população, o que Israel não deseja. A<br />

receita da AP que Israel arrecada gira<br />

em torno de US$ 100 milhões a cada<br />

mês. Isso ocorre, pois segundo os acordos<br />

de paz interinos, Israel recolhe as<br />

taxas aduaneiras de fronteira, e alguns<br />

impostos de renda em nome dos palestinos<br />

e os transfere mensalmente para<br />

o seu governo na Cisjordânia.<br />

Israel parou de transferir os fundos<br />

para a Autoridade Palestina depois<br />

que a Unesco reconheceu a Palestina<br />

como um dos seus Estados<br />

membros. (Reuters e Israel Hayom).


VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Temas jurídicos: falindo a jihad global<br />

Joanna Paraszczuk *<br />

Processos judiciais nos<br />

tribunais dos EUA expõem a<br />

responsabilidade dos<br />

internacionais no<br />

financiamento do terrorismo<br />

m uma recente decisão,<br />

que surpreendeu<br />

o mundo financeiro<br />

ocidental, a Corte do<br />

Distrito de Nova York<br />

revelou que a Clearstream,<br />

uma subsidiária do banco<br />

Deutsche Borse em Luxemburgo, está<br />

sendo processada por mil vítimas de<br />

ataques terroristas internacionais,<br />

como parte de uma grande ação judicial<br />

contra o Irã.<br />

Os demandantes no processo,<br />

conhecidos como Peterson versus Irã,<br />

estão processando Teerã devido ao<br />

seu suposto apoio financeiro à Jihad<br />

Islâmica, através do Hezbolá, o grupo<br />

paramilitar que em 1983 perpetrou<br />

o atentado terrorista à bomba contra<br />

os alojamentos da Marinha dos EUA<br />

em Beirute. Eles alegam que a Clearstream,<br />

uma das maiores depositários<br />

do mundo de títulos mobiliários internacionais<br />

e de transações de valores<br />

entre fronteiras, ajudou o Irã a movimentar<br />

milhões de dólares em ativos<br />

congelados para fora do sistema bancário<br />

dos Estados Unidos.<br />

Segundo o The Wall Street Journal,<br />

os documentos do tribunal estavam<br />

resguardados, até recentemente,<br />

por razões de segurança nacional<br />

e para honrar as normas bancárias<br />

estritas de Luxemburgo.<br />

O processo, impetrado nos EUA<br />

com base na legislação antiterror, é<br />

um de uma série de ações em curso<br />

que os especialistas jurídicos dizem<br />

que estão expondo o papel desempenhado<br />

pelos bancos internacionais na<br />

ajuda financeira ao terror.<br />

Um dos maiores e mais influentes<br />

casos jurídicos do financiamento<br />

ao terror é Almog versus Arab Bank,<br />

movido por sobreviventes e familiares<br />

das vítimas de ataques dos grupos<br />

que incluem o Hamas, Jihad Islâmica<br />

Palestina e a Frente Popular para<br />

a Libertação da Palestina (FPLP).<br />

Normalmente só os cidadãos norte-americanos<br />

podem dar entrada de<br />

queixas nos tribunais dos EUA, mas<br />

no caso do Arab Bank o juiz permitiu<br />

que cidadãos de outros países — inclusive<br />

de Israel, Rússia, Ucrânia e<br />

França — participem também.<br />

O Arab Bank, que tem sede em<br />

Amã, capital da Jordânia, é acusado de<br />

ajudar a cometer crimes atos terroristas,<br />

fornecendo amplos serviços bancários<br />

para várias organizações que<br />

entregaram dinheiro para famílias de<br />

terroristas-suicidas.<br />

Entre essas organizações está o<br />

Comitê Saudita (Saudi Committee),<br />

que é acusado de ter encaminhado<br />

mais de US$ 100 milhões, arrecadados<br />

em uma campanha do governo<br />

saudita em apoio a grupos terroristas<br />

palestinos.<br />

Segundo o professor Reuven Paz,<br />

um especialista israelense em organizações<br />

islâmicas, que esteve envolvido<br />

em 18 dos processos judiciais<br />

contra financiamento ao terror,<br />

o Arab Bank agiu como um “oleoduto”<br />

que canalizava fundos para contas<br />

bancárias de Gaza.<br />

“O Arab Bank transferiu dinheiro para<br />

as famílias dos ‘mártires’ do Hamas, mortos<br />

na Segunda Intifada”, disse Paz.<br />

De acordo com a queixa-crime<br />

contra o Arab Bank, o Comitê Saudita<br />

depositou dinheiro em uma conta daquele<br />

banco árabe aberta para a família<br />

de Izz ad-Din Shuhail Ahmad al-<br />

Masri, o homem-bomba do Hamas que<br />

matou 15 pessoas e feriu outras 130<br />

na explosão de 2001 da Pizzaria Sbarro,<br />

em Jerusalém.<br />

O Arab Bank também é acusado de<br />

ter criado um processo administrativo<br />

pelo qual os parentes dos homensbomba<br />

recebiam certificação oficial do<br />

status de “mártir” do seu familiar falecido,<br />

antes de receber os fundos.<br />

Para o advogado Richard D. Heideman<br />

— cuja firma de Washington,<br />

Heideman Nudelman e Kalik, PC, representa<br />

vítimas americanas do terror<br />

americano em várias ações civis —<br />

embora o Arab Bank apresentasse um<br />

pedido de anulação do processo no<br />

Tribunal Distrital de Nova York, o juiz<br />

rejeitou-o em parecer publicado e permitiu<br />

que o caso prosseguisse. Espera-se<br />

que vá a julgamento.<br />

Independentemente do resultado<br />

final dessas ações judiciais em termos<br />

de danos determinados para as<br />

vítimas do terror e suas famílias, advogados<br />

e peritos concordam que é a<br />

conscientização do público sobre o<br />

alcance global de financiamento do<br />

terror que fará com que se torne cada<br />

vez mais difícil para o Hamas e o Hezbolá<br />

obter financiamento através de<br />

bancos internacionais.<br />

“Acreditamos que estes processos<br />

são de crucial importância, porque eles<br />

colocam fatos sobre o terrorismo, o<br />

financiamento e o patrocínio de organizações<br />

terroristas em exposição pública<br />

nos tribunais”, disse Heideman.<br />

A advogada Nitsana Darshan-Leitner<br />

da ONG Israel Law Center (Centro<br />

da Lei de Israel), sediada em Tel<br />

Aviv, que participa de uma série de<br />

processos cíveis contra patrocinadores<br />

do terror em tribunais dos EUA,<br />

concorda com Heideman que os processos<br />

contra o “financiamento do<br />

terror” são eficazes.<br />

“As ações judiciais enviaram uma onda<br />

surpresa e choque através da comunidade<br />

bancária internacional”, disse ela.<br />

Ela também apontou vários bancos<br />

do Reino Unido, incluindo o Barclays<br />

e o Lloyds TSB, que forneceram<br />

contas para instituições de caridade<br />

que repassaram dinheiro para grupos<br />

terroristas.<br />

“Essas contas foram fechadas”,<br />

disse Darshan-Leitner. “Como resultado<br />

das ações judiciais, os bancos<br />

pararam de fornecer serviços financeiros<br />

em áreas onde atuam grupos<br />

terroristas, como em Gaza. Assim,<br />

essas ações também afetaram as<br />

operações do ‘governo’ do Hamas lá<br />

porque agora o grupo não pode obter<br />

dinheiro para suas atividades”.<br />

Paz acredita que a ação do Arab<br />

Bank é de longe o mais eficaz dos processos<br />

cíveis, em termos de impacto<br />

no financiamento ao terror.<br />

“Uma das lutas mais bem-sucedidas<br />

contra a jihad mundial está definitivamente<br />

no mundo das finanças”,<br />

disse ele. “E um dos resultados<br />

é que os grupos terroristas se tornaram<br />

mais cautelosos sobre suas atividades<br />

financeiras”.<br />

Ainda que o Arab Bank negue estar<br />

conscientemente apoiando as atividades<br />

terroristas, teve que congelar<br />

as contas do Comitê Saudita.<br />

“O Arab Bank está em pânico”,<br />

acrescentou Paz. “É um banco privado<br />

muito grande no mundo árabe, e é uma<br />

base muito importante da economia<br />

jordaniana. Ele eventualmente teve<br />

até relações com o Banco de Israel.<br />

Se o Arab Bank ruir, vai causar prejuízos<br />

à Jordânia e à Margem Ocidental”.<br />

Segundo Paz, o processo do Arab<br />

Bank também tem sido eficaz com<br />

impacto em outros governos dos Estados<br />

do Golfo.<br />

“Governos como da Jordânia, Arábia<br />

Saudita, Qatar e de outros países do<br />

Golfo têm medo de ser prejudicados econômica<br />

e financeiramente”, disse ele. “E<br />

também, é claro, estão ligados econômica<br />

e financeiramente aos EUA”.<br />

Na medida em que os próprios<br />

bancos estão preocupados, Paz disse<br />

que as ações os forçaram a olhar mais<br />

atentamente ao que os seus clientes<br />

são ou fazem.<br />

“O problema é provar o envolvimento<br />

do banco nas transferências”, acrescentou.<br />

“Em muitos casos os bancos são<br />

apenas indiferentes e passivos”.<br />

A natureza global das operações<br />

bancárias significa que, mesmo fora<br />

dos EUA os bancos devem enfrentar<br />

as consequências da transferência de<br />

fundos a grupos terroristas ou a ONGs<br />

ligadas a eles.<br />

Vários outros bancos ocidentais<br />

também estão enfrentando processos<br />

por financiamento ao terror.<br />

De acordo com Heideman, em uma<br />

ação separada, o banco alemão Commerzbank<br />

também está sendo processado<br />

por supostamente fornecer serviços<br />

financeiros para o Hezbolá por<br />

meio de várias organizações de fachada.<br />

Nesta ação, o Commerzbank é acusado<br />

de fornecer serviços financeiros<br />

para o Projeto Órfãos do Líbano na<br />

Alemanha, que demandantes denunciam<br />

a coleta de fundos e transferência<br />

para a Fundação dos Mártires, uma<br />

fachada do Hezbolá libanês.<br />

“O juiz rejeitou o pedido de anulação<br />

formulado pelo Commerzbank,<br />

e por isso, aguarda-se o início do julgamento”,<br />

observou Heideman.<br />

Depois que a ação do Arab Bank<br />

revelou que até mesmo os bancos do<br />

Oriente Médio estão vulneráveis aos<br />

processos judiciais por financiamento<br />

do terror, algumas das operações financeiras<br />

do Hamas foram mudadas<br />

para a China, onde o Hamas não é considerado<br />

um grupo terrorista.<br />

Entretanto, no que tem sido chamado<br />

de um precedente gigantesco<br />

para as vítimas israelenses do terrorismo,<br />

um juiz na Suprema Corte do<br />

Estado de Nova York recentemente<br />

deu luz verde a uma ação judicial contra<br />

o Banco da China por 84 vítimas<br />

de ataques de foguetes do Hamas.<br />

Os demandantes nesta ação alegam<br />

que um influente membro do<br />

Hamas manteve uma conta bancária<br />

em Pequim, através da qual ele transferiu<br />

grandes somas de dinheiro para<br />

contas do Hamas em Gaza.<br />

Inicialmente as autoridades chinesas<br />

se recusaram a congelar as<br />

contas, já que o país não considera o<br />

Hamas uma organização terrorista. No<br />

entanto, a política da China em relação<br />

ao Hamas não impede que o Banco<br />

da China esteja sendo processado<br />

nos tribunais dos EUA pela legislação<br />

antiterror norte-americana.<br />

“O Banco da China tem uma filial<br />

em Nova York, e dessa forma deve agir<br />

de acordo com as leis vigentes nos<br />

EUA em matéria de financiamento ao<br />

terror, e, como resultado desta ação<br />

judicial, a China fechou a conta do<br />

Hamas”, acrescentou Darshan-Leitner.<br />

9<br />

* Joanna<br />

Paraszczuk é<br />

escritora e<br />

jornalista.<br />

Trabalha no The<br />

Jerusalem Post.<br />

Nasceu nos<br />

Estados Unidos,<br />

mas vive em Israel.


10<br />

* George Chaya<br />

nasceu no Líbano,<br />

é licenciado em<br />

Direito, jornalista,<br />

professor e<br />

analista político<br />

internacional. É<br />

especialista em<br />

terrorismo e<br />

conflitos religiosos,<br />

conferencista<br />

titular da<br />

International<br />

Consulting in<br />

Politics Affaires on<br />

Middle Eastern and<br />

Hispanic America e<br />

especializado em<br />

Oriente Médio.<br />

Integra o Conselho<br />

Acadêmico de<br />

vários meios<br />

internacionais de<br />

comunicação. É<br />

membro fundador<br />

do Conselho<br />

Mundial da<br />

Revolução dos<br />

Cedros, consultor e<br />

assessor de<br />

governos da<br />

América Latina em<br />

matéria do Oriente<br />

Médio. Publicado<br />

no El Diário<br />

Exterior em 6/12/<br />

2011.<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Que “primavera árabe”?<br />

George Chaya * to democracia real e liberdade como consciência para jornalistas, escrito-<br />

m matéria de revoluções<br />

e democracia, o<br />

Oriente Médio continua<br />

na direção negativa.<br />

Não voltarei aos<br />

vários dos meus artigos<br />

e escritos publicados desde<br />

fevereiro deste ano, mas absolutamente<br />

todas as análises que fiz desde<br />

aqueles dias, ocorreram. Hoje,<br />

quase 10 meses do inicio das revoltas<br />

continuamos vendo as turbas<br />

queimarem edifícios no Egito e o<br />

exército matando civis sem nenhum<br />

freio e controle. Ao mesmo tempo, o<br />

presidente Obama continua citando<br />

Martin Luther King: “É algo na alma das<br />

personas que clama pela liberdade”,<br />

disse em reiteradas oportunidades enquanto<br />

os líderes desta “transformação<br />

democrática” leem Mein Kampf.<br />

Para qualquer pessoa de mínima<br />

compreensão das crises sociopolíticas<br />

do mundo árabe, está claro que a<br />

“primavera revolucionária” se transformou<br />

num inverno de morte e destruição<br />

que deixou moribunda a pretensa<br />

reativação de suas sociedades, e tudo<br />

o que trouxe foi instabilidade, ódio e<br />

enfrentamentos entre sunitas e xiitas,<br />

assassinatos, matanças e perseguições,<br />

violência sectaria e problemas<br />

descomunais para os refugiados.<br />

as conhecidas no Ocidente. O que se<br />

observa, contudo, é um “despertar<br />

islamista e radical” no qual os únicos<br />

ganhadores são a Irmandade Muçulmana,<br />

Hamas, Hezbolá e Irã. Não<br />

perceber que a Irmandade e seus sócios<br />

jihadistas estão se preparando<br />

para tomar o controle absoluto do<br />

poder no Egito, Líbia, Jordânia, Iêmen,<br />

Síria, Tunísia e a Margem Ocidental<br />

no momento que se lhes apresente<br />

oportuno, é um erro que um estudante<br />

de primeiro ano de Ciências Políticas<br />

não comete.<br />

Se o presidente Obama e os dirigentes<br />

europeus estão sob a ilusão<br />

de que a democracia liberal emergirá<br />

deste caos, só precisam consultar a<br />

mais recente pesquisa do Gallup no<br />

Egito, onde 77% dos egípcios dizem<br />

que a Sharia deve ser a única fonte<br />

de legislação em seu país, algo que<br />

com as próximas votações programadas,<br />

coloca perto o dia da instauração<br />

e isso é mostrado pela limpeza<br />

étnica dos coptas, a hostilidade à influência<br />

ocidental, a obrigatoriedade<br />

do véu para as mulheres, os assassinatos<br />

de honra que aterrorizam a população<br />

feminina, a execução de homossexuais,<br />

prostitutas e apóstatas,<br />

assim como a proibição da música e<br />

de dança entre homens e mulheres<br />

em lugares públicos sem deixar de<br />

res, artistas e o castigo aos meios de<br />

comunicação que estão no direito de<br />

discordar do governo, ou a prática de<br />

qualquer outra religião que não seja<br />

o Islã (testemunha disso são os recentes<br />

ataques às igrejas dos cristãos<br />

coptas no Egito, o tratamento aos hindus<br />

no Paquistão e o mesmo com os<br />

Baháis no Irã).<br />

Quando os ocidentais falam de<br />

democracia, assumem infantilmente<br />

que significa o mesmo para todos os<br />

povos em toda parte. A hipótese que<br />

sustentam é que o poder popular<br />

está de mãos dadas com a liberdade<br />

e a tolerância às minorias em todos<br />

os lugares do mundo. Isso é uma suposição<br />

infundada sobre a história<br />

ou razão alguma para ser aplicada<br />

no mundo árabe e configura nada<br />

mais que uma mera ilusão. No Oriente<br />

Médio e em outras áreas do<br />

mundo onde o radicalismo vigora, a<br />

ideologia jihadista funciona como<br />

uma tirania democrática sempre e<br />

quando a maioria esteja de acordo<br />

com suas premissas básicas. Mas se<br />

o resto da população discorda, especialmente,<br />

as minorias não islâmicas,<br />

então estas minorias serão reprimidas,<br />

perseguidas e encherão os<br />

cárceres do país que seja. A ideia do<br />

respeito aos direitos e sua preservação<br />

por parte do governo, não<br />

A mal chamada primavera árabe mencionar a explosão de lojas de li- está, nem esteve jamais presente<br />

oferece todo tipo de endemias, excecores, a proibição da liberdade de naquela região do planeta e não po-<br />

O vice primeiro ministro de Israel,<br />

Moshé Yaalon, denunciou que o Irã está<br />

criando, com a conivência de Venezuela,<br />

uma “infraestrutura terrorista” na<br />

América Latina para atentar contra os<br />

Estados Unidos, Israel e seus aliados.<br />

“A ideia é montar uma infraestrutura<br />

terrorista que durante um tempo esteja<br />

adormecida e que em seu momento<br />

possa atacar interesses dos Estados<br />

Unidos ou nos Estados Unidos”, assim<br />

como interesses “israelenses ou judeus<br />

ou de qualquer outro país que se oponha<br />

à sua postura política”, observou.<br />

Yaalon, que culminou em Montevidéu<br />

uma visita ao Uruguai na qual se reuniu<br />

com o vice-presidente do país, Danilo Astori,<br />

entre outras autoridades, colocou como<br />

exemplo dessa estratégia o complô para<br />

atentar contra o embaixador saudita nos<br />

Estados Unidos, revelado recentemente.<br />

Esse caso, no qual os EUA acusaram<br />

o Irã, que foi condenado no dia 18/<br />

11pela Assembleia Geral da ONU, não<br />

Irã traz terrorismo para América<br />

Latina com o apoio de Chavez<br />

Ministro israelense acusa Teerã de preparar ataques contra interesses dos EUA e de Israel<br />

é o único, como demonstram outros episódios<br />

do passado, assinalou.<br />

“Este tipo de infraestrutura terrorista<br />

já atuou em 1992 contra a Embaixada de<br />

Israel em Buenos Aires, e em 1994, contra<br />

a associação mutual judaica da AMIA”,<br />

também na capital argentina, detalhou.<br />

Segundo Yaalon, a estratégia faz<br />

parte dos planos de Teerã de “exportar<br />

a revolução iraniana, primeiro aos países<br />

vizinhos”, como Iraque, Afeganistão,<br />

Líbano, e o território palestino, “e depois<br />

ao Ocidente”.<br />

O vice primeiro ministro, que na década<br />

de 90 foi chefe da inteligência militar,<br />

explicou que os dados que seu<br />

país dispõe revelam que na América<br />

Latina “este tipo de infraestrutura recruta<br />

elementos muçulmanos que existem<br />

na área e também se apoia nos<br />

barões do narcotráfico”.<br />

Yalon disse ainda que “também se<br />

respalda na imunidade dos diplomatas<br />

iranianos da região”, além de “aprovei-<br />

tar muito bem a forma hospitaleira como<br />

são recebidos pelo presidente (da Venezuela<br />

Hugo) Chávez e dessa forma entram<br />

em todo o continente”, afirmou,<br />

observando que os passaportes iranianos<br />

não precisarem de visto de entrada<br />

na Venezuela”, país que rompeu relações<br />

com Israel em 2009 pela situação<br />

em Gaza, e isso abriu as portas para o<br />

ingresso em toda a América Latina”.<br />

O vice primeiro ministro indicou também<br />

que não entende por que o Mercosul,<br />

o bloco econômico formado pela Argentina,<br />

Brasil, Paraguai e Uruguai (com<br />

a Venezuela em processo de adesão),<br />

pretende firmar em 20/12 o acordo comercial<br />

com a Autoridade Palestina.<br />

“Qual é o significado especial do<br />

acordo entre o Mercosul e a Palestina,<br />

quando a única coisa que os palestinos<br />

exportam são atos de terrorismo e mísseis”,<br />

indagou-se. Não obstante, lembrou<br />

que Israel tem esse mesmo convênio<br />

com os quatro países em separado<br />

derá ser enxertada artificialmente.<br />

Os governos ocidentais derivam<br />

da cultura do próprio Ocidente, mas<br />

isto jamais será assim na visão doutrinária<br />

dos regimes jihadistas. Qualquer<br />

país que não educa e ensina a<br />

ler livremente suas crianças ou que<br />

não pode empregar graduados de<br />

suas próprias universidades, dificilmente<br />

terá futuro de modernidade e<br />

seu destino só será aspirar a ser um<br />

Estado falido. E não são poucos os<br />

países do Oriente Médio que estão<br />

próximos desta caracterização. Por<br />

tanto, o presidente Obama e os presidentes<br />

europeus não deveriam esperar<br />

democracia, pluralismo e respeito<br />

pelos direitos civis, políticos<br />

e humanos da “mal chamada primavera<br />

árabe”. Tudo que vi e ouvi a respeito<br />

de parte dos governos norteamericano<br />

e europeus não se trata<br />

mais do que uma fantasia pouco<br />

convincente.<br />

A única possibilidade que os EUA<br />

e a Europa têm na região para alcançar<br />

o êxito, é buscar “um novo começo”<br />

adotando políticas realistas e<br />

equilibradas (ou seja, uma política<br />

menos pró-islamista) que definam<br />

realmente o que e quem são os inimigos<br />

da democracia e da forma de vida<br />

ocidental. Felizmente, o povo norteamericano<br />

e várias sociedades europeias<br />

já estão vendo assim, pelo que<br />

é se esperar que seus dirigentes políticos<br />

atuem em consequência.<br />

e com o bloco em seu conjunto, e detalhou<br />

que em sua visita ao Uruguai, o<br />

país que tem a presidência semestral<br />

do grupo, pretendeu explicar às autoridades<br />

locais sua visão sobre a situação<br />

no Oriente Médio.<br />

“Tenho esperança de que com meu<br />

vínculo aqui possamos estender pontes<br />

para chegar a uma posição comum misto”,<br />

acrescentou.<br />

Yaalon se referiu também ao ataque<br />

perpetrado contra a Embaixada do Reino<br />

Unido em Teerã como uma demonstração<br />

de que “o inimigo não é o Estado<br />

de Israel”, mas “o mundo ocidental, o<br />

mundo livre”.<br />

Além disso, advertiu que Israel pretende<br />

“convencer” o regime iraniano de<br />

anular seu suposto plano armamentista<br />

com energia nuclear, “mas se isto não<br />

for possível” realizará pressões para que<br />

os iranianos “decidam se querem criar<br />

a bomba nuclear ou existir como Estado”.<br />

(Efe/Terra/Veja Online).


o final de outubro, a<br />

Unesco, a Organização<br />

das Nações Unidas<br />

para a Educação,<br />

Ciência e Cultura,<br />

desconcertou muita<br />

gente quando renunciou<br />

voluntariamente a 22% de seu orçamento<br />

para receber o inexistente Estado<br />

da Palestina em seu seio. Alguém<br />

pode entender a motivação palestina<br />

em ser integrada ali; é um pouco<br />

mais difícil compreender a decisão<br />

do organismo da ONU em outorgar<br />

isso com semelhante custo.<br />

Desde os anos setenta, a Organização<br />

para a Libertação de Palestina<br />

(OLP) lançou uma campanha agressiva<br />

de penetração política de quase<br />

todo o sistema da ONU com o objetivo<br />

de ganhar legitimidade institucional.<br />

A Unesco tem sido tradicionalmente<br />

receptiva às inquietações palestinas,<br />

e assim estendeu-lhe o posto<br />

de observador já em 1974. O então<br />

líder Yasser Arafat decidiu expandir o<br />

êxito para outras agências do foro<br />

multilateral chegando, inclusive, anos<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

A Unesco supera a si própria<br />

Julián Schvindlerman *<br />

Dirigindo uma cerimônia em homenagem<br />

à memória do pai-fundador<br />

de Israel, David Ben Gurion, o primeiro<br />

ministro Binyamin Netanyahu<br />

lembrou que há 63 anos, Ben Gurion<br />

ao declarar a independência do Estado<br />

de Israel, desafiou as pressões<br />

da maioria dos líderes ocidentais e<br />

de uma maioria de seu próprio partido.<br />

Eles o advertiram de que ele iria<br />

desencadear um ataque árabe combinado<br />

árabe para destruir o jovem<br />

Estado, apenas três anos após o fim<br />

da Segunda Guerra Mundial.<br />

Mas, felizmente para nós, disse<br />

o primeiro-ministro Netanyahu, Ben<br />

Gurion foi adiante enfrentando as<br />

pressões e tomou sua decisão. Caso<br />

não tivesse feito isso, Israel não estaria<br />

aqui hoje.<br />

“Há tempos”, disse Netanyahu,<br />

depois — em 1988, a declarar a independência<br />

palestina na Argélia — ao<br />

postular o Estado palestino fictício à<br />

admissão como Estado na Unesco, à<br />

Organização Mundial da Saúde e à<br />

Organização Mundial do Trabalho.<br />

Então, Washington advertiu que cortaria<br />

seus aportes monetários a toda<br />

agencia da ONU que desse à OLP o<br />

grau equivalente ao de um Estado. A<br />

iniciativa palestina fracassou.<br />

Décadas depois, a OLP obteve<br />

sua revanche. Este ano, o sucessor de<br />

Arafat no mando da OLP, Abu Mazen,<br />

requereu, com êxito, a Palestina como<br />

membro pleno na Unesco. Washington<br />

cumpriu com sua palavra e assim<br />

um ente criado para promover a<br />

cultura, a ciência e a educação perdeu<br />

ao redor de oitenta milhões de<br />

dólares que já não poderá destinar<br />

a essas nobres missões, em troca de<br />

brindar uma vitória diplomática simbólica<br />

à OLP.<br />

Há pouco tempo a Unesco tomou<br />

outra decisão surpreendente, conforme<br />

reportou a United Nations Watch<br />

(Sentinela das Nações Unidas) na Suíça.<br />

No mês passado, sua Junta Executiva<br />

escolheu por unanimidade a Síria<br />

de Bashar al-Assad para dois comitês,<br />

um dos quais aborda temas humanitários.<br />

Isso foi estranho em vários sentidos.<br />

A Junta compreende vários países<br />

ocidentais (Estados Unidos, França<br />

e Grã Bretanha entre outros) que<br />

usualmente pressionam a ONU contra<br />

a adoção de resoluções condenatórias<br />

contra países violadores de normas<br />

humanitárias, e a Síria — neste momento<br />

especialmente — se levantou<br />

como um violador abissal de tais normas<br />

humanitárias ao assassinar mais<br />

de quatro mil e quinhentos de seus próprios<br />

cidadãos só neste ano segundo<br />

estimativas da própria ONU. Não menos<br />

inexplicável foi fato de que as nações<br />

que escolheram a Síria para esses<br />

dois comitês da Unesco eram árabes,<br />

que no dia seguinte a essa eleição,<br />

reunidas na Liga Árabe votaram<br />

a favor de suspensão da Síria de seu<br />

seio precisamente por não deter a feroz<br />

repressão.<br />

Alguns dias antes deste acontecimento,<br />

a Unesco incorreu em outra<br />

conduta bizarra para os padrões do<br />

universo ONU. Em 4 de novembro, o<br />

jornal da esquerda israelense Haaretz<br />

publicou uma caricatura que mostrava<br />

o premiê Binyamin Netanyahu, secundado<br />

por seu ministro da Defesa<br />

Ehud Barak, dizendo a pilotos da Força<br />

Aérea a ponto de voar ao Irã para<br />

destruir seu programa nuclear: “E no<br />

seu regresso, atacarão a sede da<br />

Unesco em Ramala!”. Claramente, o<br />

diário estava zombando do que entedia<br />

como uma atitude prepotente do<br />

governo israelense em relação ao Irã<br />

e a Unesco. Mas os funcionários do<br />

organismo tomaram isso de outro<br />

modo e a Diretora Geral fez convocar<br />

o embaixador israelense para dar explicações.<br />

“Uma caricatura como esta<br />

põe em perigo as vidas de diplomatas<br />

desarmados e vocês têm a obrigação<br />

de protegê-los”, disse Eric Falt,<br />

Em discurso, Netanyahu responde às<br />

críticas feitas pelo governo Obama<br />

“em que uma decisão pode ter um<br />

preço muito alto, mas o preço por<br />

não decidir, pode ser ainda mais<br />

pesado”.<br />

“Eu quero acreditar”, disse ele,<br />

“que sempre teremos a coragem e a<br />

determinação das decisões certas<br />

para salvaguardar o nosso futuro e<br />

a nossa segurança.”<br />

Embora ele não tenha mencionado<br />

o Irã, não foi difícil deduzir que o<br />

primeiro-ministro estava se referindo<br />

à decisão da opção do exercício<br />

militar de Israel contra o programa<br />

nuclear do Irã, diante da pressão esmagadora<br />

de Washington e dos conselhos<br />

insistentes de alguns veteranos<br />

israelenses da segurança.<br />

Algumas horas mais tarde, Netanyahu<br />

“soltou uma bomba” no cenário<br />

político interno: Ele anunciou<br />

que seu partido, o Likud iria realizar<br />

eleições, incluindo as primárias, antes<br />

de 31 de janeiro de 2012 — dois<br />

anos antes do previsto e um ano antes<br />

das próximas eleições gerais em<br />

Israel. Como líder de um dos governos<br />

de coalizão mais estáveis e de<br />

longa duração que Israel já teve, ele<br />

não está sob nenhuma pressão interna<br />

de uma demonstração de liderança<br />

neste momento.<br />

Nas últimas duas semanas, o<br />

governo de Netanyahu foi submetido<br />

a críticas mordazes por parte<br />

de funcionários da administração<br />

Obama. Eles apresentaram Israel<br />

como tendo caído nas mãos de extremistas<br />

de direita que estão envolvidos<br />

em uma corrida louca para<br />

suprimir o sistema judiciário e diminuir<br />

os direitos civis das mulheres<br />

e crianças — para não mencio-<br />

diretor geral adjunto para as Relações<br />

Exteriores e Informação Pública ao<br />

embaixador israelense Nimrod Barkan.<br />

Estupefato, o embaixador teve<br />

que explicar ao oficial que seu governo<br />

não controla o que a imprensa israelense<br />

publica. Após ser informada<br />

do caso, a chancelaria israelense<br />

fez chegar uma carta às autoridades<br />

da Unesco na qual perguntou: “O<br />

que é exatamente que a Unesco quer<br />

de nós, que enviemos os nossos melhores<br />

rapazes para defender o staff<br />

da Unesco ou que fechemos o jornal?”.<br />

Touché.<br />

Dado o zelo da Unesco em preservar<br />

a integridade de seus diplomatas<br />

e em resguardar sua imagem institucional,<br />

poderia tomar nota desta<br />

caricatura (detectada pela UNW) publicada<br />

em 30 de setembro passado<br />

no jornal Al-Watan do Qatar. Se bem<br />

me recordo, o governo do Qatar controla<br />

sim a imprensa local.<br />

nar os dos palestinos.<br />

Fazendo coro<br />

com essas críticas a<br />

secretária de Estado<br />

norte-americana, Hillary<br />

Clinton, extrapolou<br />

os limites ao<br />

comparar Israel ao<br />

Irã por causa de grupos<br />

ultraortodoxos<br />

em alguns dos subúrbios<br />

de Jerusalém e em Bnei<br />

Brak, que estavam se manifestando<br />

contra o governo e os tribunais pela<br />

separação no transporte público.<br />

Em Israel, há quem tenha observado<br />

que ela fez isso com o objetivo<br />

de minar as credenciais democráticas<br />

do governo de Netanyahu — procurando<br />

atingir sua legitimidade moral<br />

— e impedir assim um ataque ao Irã<br />

para deter sua corrida nuclear.<br />

Binyamin Netanyahu<br />

11<br />

* Julián<br />

Schvindlerman é<br />

analista político<br />

internacional.<br />

Publicado no<br />

Boletim<br />

Comunidades, na<br />

Argentina em 7/<br />

12/2011.


12<br />

* Petra<br />

Marquardt-<br />

Bigman é<br />

pesquisadora,<br />

escritora freelancer<br />

de<br />

cidadania alemã e<br />

israelense. Possui<br />

PhD em História<br />

Contemporânea<br />

com foco na<br />

opinião pública<br />

europeia em<br />

relação ao Oriente<br />

Médio, terrorismo<br />

islâmico, os EUA e<br />

Israel. Vive em<br />

Israel e seu atual<br />

trabalho enfoca o<br />

conflito do Oriente<br />

Médio. Ela mantém<br />

um blog ‘O Espelho<br />

Distorcido’, no<br />

website do jornal<br />

The Jerusalem<br />

Post, e também<br />

contribui<br />

ocasionalmente<br />

para o The<br />

Guardian e outras<br />

publicações. Este<br />

artigo foi<br />

originalmente<br />

publicado no blog<br />

The Wraped<br />

Mirror (O Espelho<br />

Distorcido do<br />

Jerusalem Post).<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Mensagem muçulmana para cristãos em Nazaré<br />

Petra Marquardt-Bigman *<br />

“E quem quer que procure outra<br />

religião que não o islã, nunca<br />

será aceito por Ele, e no Além se<br />

tornará um dos perdedores.”<br />

sta mensagem dura,<br />

em árabe e em inglês,<br />

cumprimenta<br />

cristãos peregrinos<br />

e turistas de todo o<br />

mundo, quando chegam<br />

à famosa Igreja da Anunciação,<br />

em Nazaré, lugar onde se<br />

acredita ser o lugar em que o arcanjo<br />

Gabriel anunciou à Virgem<br />

Maria que ela daria à luz Jesus.<br />

Tirei a foto da placa (com a Igreja<br />

da Anunciação à direita, veja<br />

abaixo) no final de junho, durante<br />

uma visita a Nazaré, e me lembrei<br />

dela quando li a recente coluna de<br />

Ray Hanania, colaborador do The Jerusalem<br />

Post (www.jpost.com/Opinion/<br />

Columnists/Article. aspx?id=230114),<br />

que escreveu sobre a iniciativa da Jordânia<br />

em convencer os cristãos do<br />

Oriente Médio em não abandonar a<br />

região onde se originou a sua fé.<br />

Hanania observa que “o percentual<br />

de cristãos entre as populações<br />

do Oriente Médio caiu de<br />

20 por cento há 100 anos atrás<br />

para cerca de 5% hoje”.<br />

Em sua opinião, “as ameaças<br />

de extremistas, judeus e muçulmanos,<br />

que atingem os cristãos<br />

por suas opiniões moderadas”,<br />

constituem a “maior ameaça à<br />

minoria cristã árabe”.<br />

Hanania também lamenta a<br />

fraqueza dos grupos de apoio cristão,<br />

argumentando que “ao longo<br />

das duas últimas décadas, com a<br />

ascensão do nacionalismo judeu<br />

em Israel e a política islamista no<br />

mundo árabe, as organizações cristãs<br />

têm sido deixados de lado”.<br />

Eu acho que Hanania está certo<br />

em apontar que o êxodo cris-<br />

Placa com a advertência muçulmana aos cristãos, colocada ao lado<br />

da entrada da Igreja da Anunciação, em Nazaré<br />

tão do Oriente Médio é, infelizmente,<br />

uma questão amplamente<br />

negligenciada, mas eu diria que<br />

uma das razões para essa negligência<br />

é demonstrada pelo próprio<br />

Hanania quando ele insiste numa<br />

equivalência completamente falsa<br />

entre judeus e extremistas muçulmanos<br />

e o nacionalismo judeu e a<br />

política islamista.<br />

Como Hanania sabe muito bem,<br />

não por acaso que Israel é o único<br />

país do Oriente Médio em que a população<br />

cristã aumentou nas últimas<br />

seis décadas, passando de 34<br />

mil em 1948 para cerca de 160 mil<br />

atualmente. Em todos os países<br />

muçulmanos houve um decréscimo<br />

acentuado. Citando um relatório<br />

do Departamento de Estado<br />

norte-americano, Giulio Meotti<br />

observou num artigo apropriadamente<br />

intitulado “Oriente Médio<br />

sem cristãos”, que “o número dos<br />

cristãos na Turquia caiu de dois<br />

milhões para 85.000; no Líbano<br />

eles passaram de 55% para 35% da<br />

população; na Síria, da metade da<br />

população que eles representavam,<br />

foram reduzidos para 4%; na Jordânia,<br />

caíram de 18% para 2%. No<br />

Iraque, eles serão exterminados”.<br />

Em todos esses casos, obviamente,<br />

nem extremistas judeus,<br />

nem os nacionalistas judeus são<br />

culpado por estes desenvolvimentos,<br />

que são devidos ao islamismo<br />

e à supremacia muçulmana que se<br />

reflete também na placa que eu<br />

fotografei, em Nazaré. Enquanto a<br />

causa-raiz do problema for abafada,<br />

é difícil resolver o problema de<br />

forma eficaz.<br />

Inevitavelmente, algumas pessoas<br />

bem-intencionadas perguntar-se-ão<br />

se a placa de Nazaré e<br />

sua mensagem devam ser talvez<br />

atribuídas a algum grupo marginal<br />

que não parte da corrente predominante<br />

das crenças muçulmanas.<br />

Se este fosse o caso, eu não teria<br />

escrito sobre isso. Primeiro,<br />

deve-se notar que a placa já estava<br />

colocada para o feriado da Páscoa<br />

deste ano, como documentado<br />

no blog Elder of Ziyon (http://<br />

elderofziyon.blogspot.com/2011/<br />

04/muslim-intimidation-of-christians-in.html),<br />

em abril.<br />

O post do blog tem um link<br />

para uma história sobre uma placa<br />

anterior, que foi exibida no mesmo<br />

lugar no Natal de 2008. De<br />

acordo com um relato Catholic<br />

News Service (http://www.catho<br />

licnews.com/data/stories/cns/<br />

0806418.htm), “a facção nortista<br />

do Movimento Islâmico Fundamentalista<br />

faz a troca [isto é, da<br />

placa] de vez em quando, com diferentes<br />

passagens do Alcorão”. Os<br />

moradores de Nazaré e os funcionários<br />

aparentemente sentem<br />

que, enquanto essas placas não incitarem<br />

à violência, é melhor não<br />

reagir à provocação, claramente<br />

subentendida.<br />

Sem dúvida uma atitude prudente<br />

— e sem dúvida que, se houvesse<br />

cartazes semelhantes expressando<br />

a supremacia cristã próximos<br />

de importantes locais sagrados<br />

muçulmanos, como a mesquita<br />

Al Aqsa, qualquer tipo de violência<br />

que pudesse advir disso, a culpa<br />

seria de quem colocou o cartaz.<br />

Mas vamos dar uma olhada<br />

mais atenta à mensagem exibida<br />

atualmente em Nazaré: “E quem<br />

quer que procure outra religião<br />

que não o islã, nunca será aceito<br />

por Ele, e no Além será um dos perdedores.”<br />

A placa diz que esta é<br />

uma citação do Alcorão, o que é<br />

confirmado por um site dedicado<br />

a explicar o islã aos não muçulmanos<br />

(http://www.islam-guide.com<br />

/ch3-5.htm) em vários idiomas.<br />

Entre os muitos outros sites<br />

que apresentam tal citação, um o<br />

faz sob o lema “Ganhe Paz... através<br />

do islã” [sic] (http://gainpeace.com/index.php?option<br />

=com<br />

_content&view=article&id=75:islam-the-religion-of-all-prophets-<br />

&catid=34:what-is-islam&Itemid-<br />

=107), e rapidamente afirma que<br />

o islã é “o ápice final e cumprimento<br />

da mesma verdade básica de<br />

que ALÁ (D-us) revelou através de<br />

todos os Seus profetas para todos<br />

os povos;” isso também significa<br />

que “todos os profetas [especificamente<br />

Abraão, José, Jacó e Jesus]<br />

eram de fato muçulmanos<br />

porque eles eram verdadeiros servos<br />

da vontade de ALÁ, o Criador”.<br />

[maiúsculas no original.]<br />

O grupo GainPeace descreve-se<br />

como “uma organização sem fins lucrativos,<br />

cujo principal objetivo é educar<br />

o público em geral sobre o Islã e<br />

esclarecer muitos equívocos que ele<br />

pode conter” — e ninguém tão inclinado<br />

também pode consultar o site<br />

do grupo, a fim de esclarecer quaisquer<br />

“equívocos” sobre Jesus.<br />

Mais uma vez, dificilmente este<br />

grupo pode ser considerado marginal,<br />

uma vez que afirma trabalhar<br />

“sob o guarda-chuva do Círculo<br />

Islâmico da América do Norte”,<br />

que foi criado no fim da década<br />

de 1960 e se descreve como “a<br />

principal organização de grupos<br />

base na comunidade muçulmana<br />

americana”, embora a Liga Anti-Difamação<br />

acuse o grupo de colabo-<br />

ração em eventos que promovem<br />

o antissemitismo e o extremismo.<br />

Dado o fato de que a mensagem<br />

da supremacia islâmica exibida em<br />

Nazaré ser tão provocativa também<br />

ser amplamente caracterizada nos<br />

sites muçulmanos de língua inglesa,<br />

talvez seja hora de questionar<br />

se é realmente tão prudente ignorar<br />

esta mensagem, a fim de manter<br />

uma fachada de convivência. De<br />

fato, uma recente pesquisa da Pew<br />

(http://pewglobal.org/2011/07/21/<br />

muslim-western-tensions-persist/)<br />

sem surpresa, descobriu que “públicos<br />

muçulmanos e ocidentais<br />

continuam a ver as relações entre<br />

eles, geralmente ruins”; e previsivelmente,<br />

a pesquisa Pew também<br />

afirma que “ambos os lados [ainda]<br />

mantêm os estereótipos negativos<br />

um do outro”.<br />

Mas não é um “estereótipo<br />

negativo” acreditar que a supremacia<br />

muçulmana é predominante,<br />

porque este é um fato facilmente<br />

documentado. E até mesmo<br />

a Pew foi obrigada a reconhecer<br />

que “como no passado, os muçulmanos<br />

expressam mais opiniões<br />

desfavoráveis sobre os cristãos<br />

do que os americanos ou<br />

europeus expressam sobre os muçulmanos”.<br />

E desnecessário será<br />

dizer que, há “de forma uniforme”<br />

um baixo conceito dos judeus entre<br />

os muçulmanos.<br />

Por outro lado, muitos muçulmanos<br />

sentem “que os americanos<br />

e os europeus são hostis em<br />

relação aos muçulmanos”, e aqueles<br />

que consideram as relações<br />

com o Ocidente tão ruins “preponderantemente<br />

culpam o Ocidente<br />

por isto” — e entre os americanos<br />

e europeus, na verdade, “um número<br />

significativo”, aceita a culpa.<br />

Muitos dos americanos e europeus<br />

que estão ansiosos por levar<br />

a culpa das más relações com o<br />

mundo muçulmano podem ser<br />

progressistas seculares que não se<br />

importam muito com a religião, e<br />

alguns deles podem estar cientes<br />

da reivindicação sobre a supremacia<br />

islâmica predominante refletida<br />

na placa de Nazaré.<br />

Mas, enquanto essas reivindicações<br />

continuam a fazer parte das<br />

correntes principais das crenças<br />

muçulmanas, os esforços ocidentais<br />

para melhorar as relações com<br />

os muçulmanos nunca satisfazem<br />

aqueles que nutrem um sentimento<br />

permanente de ressentimento<br />

porque judeus e cristãos rejeitam<br />

a noção de que o Islã de alguma<br />

forma invalidou suas crenças e<br />

transformou seus profetas retroativamente<br />

em muçulmanos.


VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Quem promove o Apartheid<br />

no Oriente Médio?<br />

Por décadas, Israel vem sendo acusado de promover o apartheid contra os<br />

árabes palestinos. A Palestina foi dividida em 1948 pela ONU para a<br />

criação de dois estados, um judeu e, outro árabe. Este, já poderia ser<br />

independente, mas o ódio, os fanáticos e o terrorismo, só trouxeram<br />

sofrimento e destruição. Para ambos os povos. Eis aqui alguns fatos que<br />

tornam irrefutáveis quaisquer denúncias de apartheid contra Israel. E<br />

mostra quem realmente o pratica.<br />

13


14<br />

* Morris Abadi é<br />

administrador de<br />

empresas,<br />

consultor de<br />

gestão de riscos e<br />

data fusion.<br />

* Marcelo Vieira<br />

Walsh é professor<br />

(Msc), mestre em<br />

História das<br />

Relações<br />

Internacionais<br />

(UNB), especialista<br />

em Ensino da<br />

História do<br />

Holocausto (Yad<br />

Vashem, Israel) e<br />

pesquisador do<br />

LEI-USP.<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Morris Abadi *<br />

uito se fala do quanto<br />

os membros do povo<br />

judeu são responsáveis<br />

um pelo outro. Não vou<br />

aqui elaborar a este respeito,<br />

com citações de<br />

rabinos, ou das pérolas de sabedoria<br />

que datam de tempos imemoriais, e<br />

muito menos iniciar um debate teológico<br />

a este respeito – o debate envolveria<br />

aspectos de Halachá, Midrash,<br />

tradições, mas, confesso, adoraria<br />

fazê-lo. Meu foco aqui é outro.<br />

E chegaremos à conclusão, lá na frente,<br />

mais para o final destas histórias.<br />

O que não posso deixar de mencionar,<br />

é que aconteceram comigo, não<br />

faz muito tempo. Vamos lá.<br />

A primeira – eu estava na direção<br />

do meu carro, voltando para casa<br />

pela Marginal Pinheiros. Uma boa<br />

definição para a Marginal Pinheiros,<br />

em São Paulo, em um dia de congestionamento<br />

caprichado, é apenas e<br />

tão somente “os portais do inferno”.<br />

Fiz uma tremenda barbeiragem. Quase<br />

provoquei um acidente dos feios.<br />

Graças ao bom D-us, nada de mal<br />

aconteceu. Mas o motorista do outro<br />

carro insultou-me muito. Um pouco<br />

depois, no congestionamento, emparelhamos.<br />

Ele viu que eu estava de<br />

O bispo britânico Richard Nelson Williamson,<br />

em 2009, negou publicamente,<br />

na Argentina, a real dimensão da Shoá,<br />

denegando também a existência das câmaras<br />

de gás e a política estatal nazista<br />

de extermínio de mais de seis milhões<br />

de judeus. A declaração do negacionista<br />

da Shoá foi antecedida pela entrevista<br />

que concedeu a TV sueca e à revista alemã<br />

Der Spiegel sobre o mesmo assunto.<br />

Após fortes protestos internos e externos,<br />

o governo da Argentina expulsou formalmente<br />

o bispo britânico.<br />

Ele pertence à Fraternidade Sacerdotal<br />

São Pio X (FSPX), opositora extre-<br />

Nossa responsabilidade<br />

kipá. Eu abri a janela, fiz sinal para<br />

que ele abrisse a dele também. Ele o<br />

fez, e continuou xingando. Chamoume,<br />

inclusive, de “judeu de m...”. Eu<br />

esperei ele acabar e apenas pedi desculpas,<br />

admiti que fizera uma barbeiragem,<br />

e mais uma vez me desculpei.<br />

Ele “desarmou” e aí me pediu desculpas<br />

por ter me insultado.<br />

A segunda – eu estava voltando<br />

para casa da sinagoga, um sábado de<br />

manhã, quando de repente, sou abordado<br />

por um senhor, na casa dos seus<br />

50 anos. Ele estava visivelmente<br />

transtornado. Perguntou-me o que significava,<br />

para mim, a kipá que eu usava.<br />

Falei um pouco dos vários motivos<br />

pelos quais a usamos. Em um dado<br />

momento, ele me disse que, no sábado<br />

passado, ele havia conversado com<br />

um senhor da mesma “tribo” a que eu<br />

pertencia. Disse que o senhor falou<br />

longamente ao sair “do mesmo lugar<br />

que você saiu, e usava kipá igual a<br />

você”. E que tinha prometido resolver<br />

assuntos (negócios) no domingo seguinte,<br />

e que tinha dado sua palavra.<br />

E no dia seguinte, o senhor, da mesma<br />

“tribo” que eu, desistira de tudo,<br />

sem mais explicações. Aquele que<br />

me abordou, o transtornado, concluiu<br />

assim: “nós temos palavra; vocês judeus<br />

não têm palavra; eu não gostei<br />

mada contra Concílio Vaticano II (1961-<br />

1965) — as suas inovações temporais e<br />

teológicas, a liberdade religiosa, o diálogo<br />

ecumênico, o diálogo católico-judaico,<br />

etc. — tendo exercido a função<br />

de diretor da entidade em Buenos Aires.<br />

O Papa Bento XVI afirmara depois<br />

que a negação histórica da Shoá é totalmente<br />

inadmissível e ordenou, ainda<br />

sem sucesso, que o sacerdote Williamson<br />

revisse suas posições 1 .<br />

A FSPX foi fundada, em 1970, na<br />

Suíça, pelo falecido arcebispo francês<br />

Marcel Lefebvre, pró-Vichy, pró-Frente<br />

Nacional, de Jean-Marie Le Pen, e<br />

defensor do mito da conspiração mundial<br />

judaico-maçônica. Esse sacerdote<br />

francês participara e ratificara todas as<br />

resoluções do Concílio Vaticano II, incluindo<br />

a Declaração Nostra Aetate,<br />

que regula as relações entre católicos<br />

e judeus. No entanto, progressivamente,<br />

sua entidade sacerdotal começou a<br />

desenvolver oposição sistemática aos<br />

documentos conciliares e a entrar em<br />

conflito direto contra a Santa Sé. Em<br />

1988, o Papa João Paulo II declarou a<br />

excomunhão de Lefebvre e dos bispos<br />

por ele ordenados, incluindo, Williamson.<br />

Porém, no intuito de reconciliar, o<br />

atual Papa Bento XVI revogou, em 2009,<br />

a excomunhão 2 .<br />

Williamson compartilha também o<br />

Revisionismo defendido pelo neona-<br />

disse”. E foi embora.<br />

A terceira – eu estava resolvendo<br />

alguns assuntos em uma cidade do<br />

interior paulista. Essa cidade tem<br />

como característica, ser um centro<br />

evangélico enorme. A quantidade de<br />

templos é impressionante, fazendo<br />

parte integrante da cor local. Ousaria<br />

dizer que se todos estes templos<br />

fechassem é capaz da cidade fechar<br />

junto. Quando estava para entrar em<br />

meu carro, um grupo de pessoas parou<br />

do meu lado. E me perguntaram:<br />

“o senhor é pastor em que igreja?”<br />

Não se esqueçam: eu uso kipá. Eu<br />

respondi com um sorriso, que na verdade,<br />

eu sou judeu, que eu não era<br />

pastor de nenhuma igreja; e disse que<br />

eu era apenas um fiel, em uma sinagoga<br />

de São Paulo. Eles retribuíram o<br />

sorriso, e disseram “que bacana que<br />

eu era judeu” (!?!?!). Falaram entre<br />

si que eu era “daquele povo”, que eu<br />

carregava bênçãos, imaginem! E me<br />

pediram bênçãos. Eu então disse a<br />

eles que não poderia, por não estar<br />

preparado, nem me sentia capaz para<br />

tanto. Então eles disseram: “que você<br />

seja então abençoado”. E eu respondi:<br />

“muito obrigado e que vocês sejam<br />

igualmente abençoados”. E cada<br />

um seguiu seu caminho.<br />

Sim, cada judeu é responsável<br />

O negacionismo do bispo Richard Williamson<br />

Marcelo Vieira Walsh *<br />

O neonazista e revisionista britânico David Irving com o bispo<br />

negacionista Richard Williamson (ao fundo), numa festa promovida<br />

na casa do primeiro<br />

zista e pseudo-historiador britânico<br />

David Irving, amigo pessoal do criminoso<br />

nazista Albert Speer. Processado<br />

e preso diversas vezes, fez-se representar<br />

pela revisionista britânica Michele<br />

Renouf, na International Conference<br />

on Review of the Holocaust, promovida<br />

pelo regime fundamentalista<br />

islâmico do Irã e por seu presidente<br />

Mahmoud Ahmadinejad, em Teerã, em<br />

dezembro de 2006 3 .<br />

O bispo está na contramão do Concílio<br />

Vaticano II e da História Contemporânea:<br />

1º) Ele não expressa o pensamento<br />

da Igreja Católica; 2º) Existe uma<br />

total incompatibilidade entre o catolicismo<br />

e o nazismo (pensamento totalitário<br />

político baseado no ocultismo pagão<br />

germânico) (vide a Encíclica Mit<br />

Brennender Sorge, do Papa Pio XI); 3º)<br />

Apesar do levantamento da excomunhão,<br />

em 2009, Williamson não revisou<br />

sua postura negacionista e a instituição<br />

ainda não demonstrou sua plena adesão<br />

ao Concílio Vaticano II; 4º) O diálogo<br />

católico-judaico, apesar do episódio,<br />

segue fielmente as linhas traçadas pelo<br />

Papa João XXIII e fortalece-se; 5º) A<br />

Shoá ou Holocausto — extermínio de<br />

mais de seis milhões de judeus e cinco<br />

milhões de não judeus pelo Terceiro<br />

Reich nazista — foi o maior dos genocídios<br />

do século XX e também o mais amplamente<br />

documentado 4 .<br />

pelo outro judeu. Mas como eu disse,<br />

não estou falando do que nossos ancestrais<br />

e sábios nos ensinam. Estou<br />

falando que isto é a prova viva de que<br />

os judeus carregam, sim, uma responsabilidade<br />

enorme nos aspectos éticos<br />

e comportamentais. Somos constantemente<br />

vigiados e avaliados.<br />

Quando fazemos a coisa certa, não<br />

fazemos mais do que nossa obrigação.<br />

Só que, quando fazemos a coisa<br />

errada, quem ‘paga o pato’ não é só<br />

aquele que fez a coisa errada. A má<br />

impressão, a má opinião e a crítica<br />

são dirigidas ao povo judeu como um<br />

todo, e a todos os judeus em geral. E<br />

notem, que, lá na segunda história, eu<br />

poderia, talvez, deveria ter respondido,<br />

que uma vez uma pessoa da “tribo”<br />

daquele senhor deixou de pagar<br />

uma duplicata, e eu poderia ter generalizado<br />

dizendo a ele que “seria por<br />

isso que vocês todos são caloteiros?”.<br />

Acontece que isso não é a resposta.<br />

A resposta é: tome cuidado, lembre-se<br />

de quantos irmãos e irmãs<br />

você vai acabar prejudicando se você<br />

fizer a coisa errada. Lembre-se desta<br />

responsabilidade. Devemos ter em<br />

mente que, sim, somos todos responsáveis<br />

uns pelos outros. Ainda mais<br />

nestes tempos muito turbulentos, e<br />

que se pintam tão perigosos.<br />

NOTAS<br />

1. Blog Holocausto. “Argentina expulsa<br />

bispo que negou Holocausto”. Disponível<br />

em: < http://holocaustodoc.blogspot.com/2009/02/argentinaexpulsa-bispo-que-negou-o.html>.<br />

Acessado em 29/11/2011).<br />

2. LEFEBVRE, Marcel (1987). Open Letter<br />

to Confused Catholics. Kansas City, Mo.:<br />

Angelus Press, 1987.<br />

3. FOXMAN, Abraham. Nunca mais? – A<br />

Ameaça do Novo Anti-Semitismo. São<br />

Paulo: Francis, 2005.<br />

4. Anti-Defamation League (ADL).<br />

“Holocaust Denial”. Disponível: http://<br />

www.adl.org/hate-patrol/ holocaust.asp.<br />

Acessado em 12/10/2011. Intelligence and<br />

Terrorism Information Center At The<br />

Center For Special Studies (CSS). “<br />

Intelligence and Terrorism Information<br />

Center at the Center for Special Studies<br />

(C.S.S). “Holocaust denial as a tool of<br />

Iranian policy”. Disponível em: http://<br />

www.terrorism-info.org.il/<br />

malam_multimedia/English/eng_n/html/<br />

holocaust_denial_e.htm Acessado em<br />

10/10/2011. As Forças Negras<br />

desencadeadas pelo Terceiro Reich. São<br />

Paulo: Madras, 2009. TORNELLI, Andrea.<br />

Pio XII – O Papa dos Judeus. Porto:<br />

Civilização, s.d.. GILBERT, Martin. O<br />

Holocausto: História dos Judeus na Europa<br />

na Segunda Guerra Mundial. São Paulo:<br />

HUCITEC, 2010.


HAMAS HAMAS E E FA FATAH FA AH<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

O governo de unidade que não é — e nem será<br />

*Khaled Abu Toameh<br />

ada vez que o Fatah e<br />

o Hamas anunciam<br />

que estão perto de terminar<br />

sua disputa, os<br />

palestinos descobrem,<br />

rapidamente, que os<br />

dois partidos rivais não estão<br />

dizendo a verdade. Em muitos sentidos,<br />

o status quo não está tão mal<br />

para o Fatah e o Hamas. Os dois partidos<br />

têm, de fato, um interesse comum<br />

em mantê-lo enquanto podem.<br />

Para o Fatah, que está no controle<br />

de grandes faixas de terra da Cisjordânia,<br />

a situação não poderia ser melhor.<br />

Graças à contínua ajuda financeira<br />

dos Estados Unidos e da União<br />

Europeia, a economia da Cisjordânia<br />

é relativamente boa, e dezenas de<br />

milhares de funcionários civis da Autoridade<br />

Palestina estão recebendo<br />

seus salários em dia. Aqueles que<br />

pensam que o Fatah faria de tudo<br />

para voltar à Faixa de Gaza estão enganando<br />

a si próprios.<br />

Desde que foi expulso da Faixa de<br />

Gaza, no verão de 2007, o Fatah já<br />

não se faz mais responsável pelo que<br />

Ambos sabem que a unidade significa a perda de respaldo financeiro de seus patrocinadores<br />

acontece nessa região. A liderança do<br />

Fatah já não está mais se sentindo<br />

culpada pelos ataques com foguetes<br />

e mísseis lançados de lá, e ninguém<br />

acusa Mahmoud Abbas e Salam<br />

Fayyad de não melhorar as condições<br />

de vida dos 1,5 milhões de palestinos<br />

que vivem ali.<br />

Antes de 2007, a Autoridade Palestina,<br />

dominada pelo Fatah, era responsável<br />

por tudo o que acontecia de<br />

errado na Faixa de Gaza, incluindo os<br />

ataques terroristas contra Israel. O<br />

Fatah já não é responsabilizado pela<br />

pobreza ou pelo contrabando de armas,<br />

através dos túneis subterrâneos<br />

do Egito para a Faixa de Gaza. Agora,<br />

ele está assentado na Cisjordânia e<br />

se beneficia dos milhões de dólares<br />

que são depositados em seus cofres<br />

todos os meses.<br />

Ironicamente, a presença da segurança<br />

de Israel na Cisjordânia é<br />

uma das principais razões pelas quais<br />

Abbas e Fayyad seguem no poder. Os<br />

líderes do Fatah sabem que o dia em<br />

que Israel se retirar dali, o Hamas<br />

voltará a ser tão forte a ponto de tomar<br />

o controle da região em questão<br />

de dias ou semanas.<br />

Para o Hamas, por sua vez, o status<br />

quo é bom porque o movimento<br />

islâmico segue controlando a Faixa de<br />

Gaza sem ter que enfrentar desafios<br />

reais. Cinco anos de sanções econômicas,<br />

bloqueios e operações militares<br />

não conseguiram minar o controle<br />

ferrenho do Hamas na Faixa de Gaza.<br />

A “primavera árabe”, que parece<br />

ter sido sequestrada pela Irmandade<br />

Muçulmana e seus aliados no mundo<br />

árabe, assim como o recente acordo<br />

de troca de prisioneiros com Israel, só<br />

reforçaram a posição do Hamas entre<br />

seus eleitores na Faixa de Gaza. Tanto<br />

o Fatah como o Hamas têm seus<br />

próprios governos e forças de segurança<br />

nas zonas sob seu controle na<br />

Cisjordânia e na Faixa de Gaza respectivamente.<br />

Eles, inclusive, têm suas<br />

próprias prisões, onde mantêm e torturam<br />

mutuamente os prisioneiros.<br />

Enquanto Abbas e Fayyad estão<br />

recebendo dinheiros dos norte-americanos<br />

e europeus, o Hamas tem recebido<br />

ajuda financeira do Irã e de<br />

alguns países do Golfo. Tanto o Fatah<br />

como o Hamas, sabem que a unidade<br />

significa perder respaldo financeiro<br />

de seus patrocinadores do oci-<br />

dente, de Teerã e do mundo árabe. É<br />

por isso que não eles têm pressa em<br />

chegar a algum acordo para formar<br />

um governo de unidade. Quem precisa<br />

de um governo quando os palestinos<br />

já têm dois governos?<br />

Abbas e o líder do Hamas, Khaled<br />

Meshaal, mentiram aos palestinos<br />

duas vezes nos últimos seis meses. A<br />

primeira vez foi em março, quando os<br />

dois homens anunciaram, no Cairo,<br />

que haviam chegado a um “histórico”<br />

acordo de reconciliação para pôr fim<br />

às suas diferenças e formar um governo<br />

de unidade. A segunda vez foi<br />

semana retrasada, quando se reuniram<br />

novamente na capital egípcia e<br />

declararam que tinham entrado em<br />

acordo de abrir uma nova página em<br />

suas relações, além de trabalharem<br />

como sócios.<br />

Muitos palestinos se mantêm céticos<br />

sobre as intenções de Fatah e<br />

Hamas. Sabem que os dois partidos<br />

prefeririam manter o status quo que<br />

arriscar perder a ajuda financeira por<br />

causa de um governo de unidade.<br />

Quanto ao que se refere ao Hamas e<br />

ao Fatah, dois Estados palestinos são<br />

melhores que um.<br />

15<br />

* Khaled Abu<br />

Toameh Toameh é<br />

jornalista árabeisraelense,<br />

correspondente na<br />

Margem Ocidental<br />

dos jornais The<br />

Jerusalem Post e<br />

U.S. News and<br />

World Report. Foi<br />

um dos editores do<br />

The Jerusalem<br />

Report e produziu<br />

diversos<br />

documentários<br />

sobre os palestinos<br />

para a BBC e<br />

muitas outras<br />

redes. Tradução:<br />

Jônatha<br />

Bittencourt, editor<br />

de CessarFogo.com<br />

e De Olho na Jihad.<br />

Embaixador de Israel na ONU dá uma aula de história<br />

Em 1977 a ONU determinou que a cada<br />

em 29 de novembro deve ser celebrado o<br />

“Dia de Solidariedade com o Povo Palestino”.<br />

Atualmente, isso é feito na Assembleia<br />

Geral, com um debate sobre a Palestina<br />

e a tentativa de adotar decisões<br />

anti-israelenses.<br />

Ron Prosor, embaixador de Israel na<br />

ONU, dirigiu seu discurso na Assembleia,<br />

constituindo-se uma verdadeira<br />

aula de história:<br />

“Para distorcer a história, só é preciso<br />

a maioria automática na ONU e imprecisões<br />

nas evidências. Permitam-me recordar-lhes<br />

o que, na verdade, ocorreu hoje,<br />

há 64 anos. A ONU votou a Partilha e decidiu<br />

por dois estados para dois povos; um,<br />

judeu e o outro, árabe. Israel aceitou a<br />

decisão enquanto os árabes, a recusaram<br />

e iniciaram uma guerra para a eliminação<br />

do novo Estado judeu.<br />

O embaixador Prosor criticou os países<br />

árabes pela análise do problema dos<br />

refugiados palestinos: A guerra gerou refugiados<br />

nos dois povos. Enquanto Israel<br />

absorveu os refugiados judeus dos países<br />

árabes e integrou-os à sua sociedade, o<br />

mundo árabe escolheu manter, e potencializar,<br />

a condição dos palestinos como<br />

refugiados. Os países árabes, solidários<br />

Dan Prosor criticou os árabes por tentarem negar o passado judaico<br />

com seus irmãos palestinos,<br />

ainda negam aos refugiados<br />

os direitos civis<br />

básicos.<br />

No Líbano a lei proíbe<br />

os palestinos de ser donos<br />

de terras e trabalhar no<br />

setor público. No Kuwait,<br />

a população palestina foi<br />

expulsa de seu território<br />

em 1991 e, só em agosto<br />

deste ano, cerca de 5 mil<br />

palestinos tiveram que<br />

fugir quando o presidente<br />

Assad, lançou gases em suas casas, na<br />

Síria, com ajuda da marinha síria”.<br />

"Binyamin Ben Eliezer, chegou a Israel<br />

em 1950 como refugiado do Iraque,<br />

foi ministro de Defesa no governo de<br />

Ariel Sharon.<br />

Vinte e cinco vezes, menciona a histórica<br />

Resolução da ONU de 29 de novembro,<br />

o termo ‘Estado judeu’. Os dirigentes<br />

palestinos se negam a reconhecer, obstinadamente,<br />

os vínculos do povo judeu com<br />

a Terra de Israel. Há dois meses, a Assembleia<br />

Geral advertiu Abu Mazen por seu discurso<br />

de negação. Os vínculos do povo judeu<br />

com a Terra de Israel não podem ser<br />

postos em dúvida. Chegou o momento dos<br />

Embaixador de Israel na ONU, Ron<br />

Prosor<br />

palestinos e dos países árabes<br />

de reconhecerem esta<br />

simples verdade”.<br />

Prosor, numa grave<br />

crítica à ONU, disse: “Durante<br />

décadas, a ONU<br />

avalizou todo o capricho<br />

palestino. A Partilha, que<br />

determinou dois estados<br />

para dois povos, se tornou<br />

um plano que perpetuou o<br />

ao invés de promover a<br />

paz. A ONU promove uma<br />

posição unilateral e exibe<br />

uma versão distorcida da historia. A busca<br />

da autodeterminação palestina virou<br />

uma tentativa de burla, humilhação e negação<br />

da legitimidade do Estado de<br />

Israel. No dia em que a ONU continua<br />

apegada a velhos rituais e celebra o Dia<br />

da Solidariedade com o Povo Palestino,<br />

onde está a solidariedade para com os<br />

milhões de cidadãos de Israel que vivem<br />

sob o terror e os disparos de mísseis lançados<br />

partir da Faixa de Gaza? Onde está<br />

a solidariedade para com os civis, que vivem<br />

soba repressão e que são assassinados,<br />

todos os dias, por sua demanda<br />

de liberdade? Onde está a solidariedade<br />

que promove os princípios da paz?<br />

O dia que enfoca o povo palestino,<br />

deveria ter um debate sobre se o governo<br />

do Hamas, que reprime seus cidadãos,<br />

escraviza suas mulheres e usa suas<br />

crianças como terroristas suicidas e escudos<br />

humanos; deveria haver um debate<br />

sobre a provocação na Cisjordânia e<br />

na Faixa de Gaza, onde ensinam às novas<br />

gerações, que os terroristas suicidas<br />

são heróis, denominam suas praças e ruas<br />

com os nomes de terroristas suicidas e<br />

dão dinheiro aos assassinos libertados<br />

em troca de Shalit. A paz estável deve<br />

começar com a educação para a tolerância<br />

e a coexistência, nos lares, nas escolas<br />

e meios de comunicação.<br />

Faço um apelo à Assembleia Geral e a<br />

todos os representantes e diplomatas presentes<br />

na sala para que adotem soluções<br />

pragmáticas e não decisões automáticas;<br />

falem com transparência sem humilhar,<br />

enfrentando uma nova visão e não as velhas<br />

diferenças”.<br />

Por fim o embaixador recordou que “um<br />

por cento da população de Israel morreu<br />

em combate por sua independência, durante<br />

o ataque de cinco exércitos. Pensem<br />

no preço”, sublinhou Prosor. “Seria o equivalente<br />

a 850 mil soldados mortos na França<br />

de hoje, 3 milhões nos Estados Unidos,<br />

ou 13 milhões na China”.


VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

16 OLHAR<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

HIGH-TECH<br />

Energia alternativa em Júpiter?<br />

Pesquisadores israelenses dizem<br />

que Júpiter, Vênus e Saturno têm<br />

tempestades de raios conhecidas<br />

como sprites que são mil vezes<br />

mais poderosas do que as da Terra.<br />

Os cientistas já haviam descoberto<br />

sprites localizadas entre 50<br />

a 90 quilômetros acima da superfície<br />

da Terra, mas os pesquisadores<br />

da Universidade de Tel Aviv<br />

dizem que tempestades mais poderosas<br />

em outros planetas poderiam<br />

até ser um sinal de vida extraterrestre.<br />

Daria Dubrovin, estudante<br />

com PhD recriou atmosferas<br />

planetárias no laboratório com a<br />

ajuda de seus supervisores do Departamento<br />

de Geofísica e Ciências<br />

Planetárias, da Universidade<br />

Aberta de Israel e de colaboradores<br />

de uma universidade da Holanda.<br />

(Notícias da Rua <strong>Judaica</strong>).<br />

Energia alternativa II<br />

Apesar de ser um fenômeno atmosférico<br />

pouco conhecido os<br />

sprites são bastante comuns na<br />

Terra, diz Dubrovin. Ocorrem na<br />

mesosfera, uma camada da atmosfera<br />

que não é normalmente<br />

observada por satélites e muito<br />

alta para ser alcançada por balões<br />

atmosféricos. A descoberta dessas<br />

descargas elétricas, que são<br />

de cor vermelha e duram apenas<br />

algumas dezenas de milissegundos<br />

foi por acaso. Dubrovin e seus<br />

colegas pesquisadores recriaram<br />

a atmosfera de Júpiter, Saturno e<br />

Vênus em pequenos containeres.<br />

Um circuito que cria fortes pulsos<br />

de voltagem produziu uma descarga<br />

que imita os sprites naturais.<br />

As imagens destas descargas, conhecido<br />

como streamers foram tiradas<br />

por uma câmera extremamente<br />

rápida e sensível e, em<br />

seguida analisados. “Estamos<br />

produzindo sprites engarrafados”<br />

brincou a pesquisadora Dubrovin.<br />

(Notícias da Rua <strong>Judaica</strong>).<br />

Projeto constrói nave<br />

espacial robótica<br />

O presidente de Israel, Shimon Peres,<br />

foi o mestre de cerimônias no<br />

lançamento do projeto “Space IL”,<br />

destinado a lançar uma nave espacial<br />

israelense robótica que<br />

aterrisse na lua. Peres inaugurou<br />

esta iniciativa em um complexo<br />

militar próximo à localidade de<br />

Yehud, no centro do país, ato que<br />

contou com a participação de Rona<br />

Ramon, viúva do astronauta israelense<br />

da Nasa Ilan Ramon, morto<br />

no desastre da nave Columbia em<br />

2003. O objetivo é enviar uma nave<br />

robótica à Lua e ao mesmo tempo<br />

operar o aparelho na superfície<br />

lunar e transmitir vídeo, imagens<br />

e dados para Terra.(Uol.com).<br />

Nave espacial robótica II<br />

A Space IL é uma organização sem<br />

fins lucrativos integrada por uma<br />

equipe multidisciplinar de especialistas<br />

israelenses em espaço e<br />

criada com o objetivo de concorrer<br />

com outras equipes internacionais<br />

no Google Lunar X Prize,<br />

um concurso de prospecção lunar,<br />

informou um comunicado do projeto.<br />

O modelo israelense é uma<br />

opção nano-satelital cujo desenho<br />

foi apresentado na cerimônia inaugural.<br />

(Uol.com).<br />

Iluminação pública<br />

com energia solar<br />

A companhia israelense Globe Light<br />

and Water Systems (GLW) desenvolveu<br />

uma estrutura de iluminação<br />

autônoma que se baseia exclusivamente<br />

em energia solar,<br />

que foi chamada de Orion. As unidades<br />

de iluminação não exigem<br />

qualquer conexão externa a uma<br />

fonte elétrica, apenas dos componentes<br />

necessários para criar a<br />

energia: a luz solar, baterias e lâmpadas<br />

de LED. “Ao contrário de iluminação<br />

pública atual, que mantém<br />

o mesmo nível de emissão de<br />

luz a todo o momento, a capacidade<br />

de nosso sistema de diminuir a<br />

quantidade de luz conforme a necessidade<br />

serve de economia de<br />

energia”, explica Zeev Jakoby, diretor<br />

da GLW. (Jornal Alef).<br />

Iluminação pública<br />

com energia solar II<br />

De acordo com a empresa, os raios<br />

solares batem nos painéis fotovoltaicos<br />

do Orion carregando o sistema<br />

de bateria interna, produzindo<br />

energia suficiente para ligar<br />

automaticamente as lâmpadas,<br />

mesmo após o por do sol. Em<br />

áreas sem luz solar, a empresa<br />

criou um “painel guarda-chuva” que<br />

consiste em painéis horizontais que<br />

são capazes de absorver a energia<br />

do Sol de ângulos e direções diferentes.<br />

As vantagens do sistema de<br />

iluminação incluem custos operacionais<br />

e de manutenção baixos: a<br />

bateria localizada dentro do Orion<br />

dura até cinco anos e o sistema requer<br />

a substituição da lâmpada a<br />

cada 12 anos, que exige uma instalação<br />

física simples. (Jornal Alef).<br />

Livni repreendida por se<br />

reunir com Abbas<br />

“Se os palestinos querem negociar, a única<br />

maneira de fazer isso é com o governo<br />

eleito de Israel,”, disse ao telefone o primeiro<br />

ministro de Israel, Binyamin Netanyahu,<br />

à líder da oposição Tzipi Livni, após cancelar<br />

uma audiência com ela.<br />

A repreensão do primeiro-ministro ocorreu<br />

em função da líder da oposição Tzipi Livni<br />

ter se reunido com o presidente da Autoridade<br />

Palestina Mahmoud Abbas, na quarta-feira,<br />

30/11.<br />

Netanyahu ligou para Livni no dia seguinte,<br />

para lhe dizer que “se os palestinos<br />

querem negociar, a única maneira de<br />

fazer isso é com o governo eleito de Israel,”<br />

declarou o gabinete do primeiro-ministro<br />

em um comunicado.<br />

Em seguida, o partido Kadima divulgou<br />

uma nota a respeito do telefonema, relatando<br />

que Livni disse a Netanyahu que “a segurança<br />

de Israel e sua capacidade de defender-se<br />

o obriga a entrar imediatamente em negociações<br />

sérias apoiadas pelo mundo, ao invés<br />

de causar o isolamento de Israel”.<br />

Livni ainda acrescentou em entrevistas<br />

que: “eu não vou negociar no lugar do governo,<br />

mas vou tentar libertar Israel do seu<br />

isolamento internacional e eu vou trabalhar<br />

para aumentar sua legitimidade em agir militarmente<br />

contra o terror e fortalecer o campo<br />

dos moderados no Oriente Médio — o<br />

campo que está se dissipando durante o<br />

mandato deste governo”, criticou.<br />

Netanyahu havia previamente convida-<br />

Segundo um estudo divulgado pela Business<br />

Software Alliance (BSA), a principal associação<br />

do setor de tecnologias da informação<br />

e da comunicação a nível mundial, de um total<br />

de seis países da União Europeia (UE), Israel<br />

está situado entre os dez mais competitivos<br />

do mundo no âmbito da tecnologia da informação<br />

e da comunicação (TI). Os Estados Unidos<br />

se mantêm no primeiro posto a nível global,<br />

seguido da Finlândia, Singapura, Suécia,<br />

Reino Unido, Dinamarca, Irlanda, Austrália,<br />

Holanda e Israel.<br />

A edição de 2011 do índice de competitividade<br />

na indústria da tecnologia da informação<br />

é a quarta desde que se iniciou em 2007. Cataloga<br />

66 países de todo o mundo segundo uma<br />

série de indicadores que abarcam áreas críticas<br />

para a inovação no campo da TI: o clima empresarial,<br />

a infraestrutura, o capital humano, a pesquisa<br />

e o desenvolvimento (I+D), o meio legal e<br />

o apoio público a esta indústria. Segundo o informe<br />

deste ano, os países que tradicionalmente<br />

são mais fortes no âmbito das TI mantêm suas<br />

posições de liderança devido aos “sólidos cimentos”<br />

que criaram através de anos de investimento<br />

em inovação, de maneira que seguem<br />

recolhendo seus frutos. Em troca, o estudo as-<br />

do Livni a se encontrar com ele na noite de<br />

quinta-feira (1º/12) para se inteirar de seu<br />

encontro com Abbas, porém cancelou a reunião<br />

imediatamente após a notícia ter sido<br />

relatada à Rádio Israel. O telefonema entre<br />

os dois adversários e suas declarações subsequentes,<br />

vieram logo depois.<br />

O primeiro-ministro disse que cancelou<br />

a reunião devido a problemas de agenda e<br />

que a reunião seria remarcada nos próximos<br />

dias, segundo a Rádio Israel.<br />

Livni afirmou em sua entrevista à imprensa<br />

na quarta-feira, logo após a reunião com<br />

Abbas que ela tinha inteirado Netanyahu, o<br />

presidente Shimon Peres e o ministro das Relações<br />

Exteriores Avigdor Lieberman sobre<br />

seu encontro para a negociação.<br />

O jornal israelense Israel Hayom informou<br />

na quinta-feira que Livni ligou de Amã<br />

alguns minutos antes da reunião com Abbas,<br />

que o primeiro-ministro não viu como um<br />

método adequado de coordenar a iniciativa<br />

diplomática com o governo.<br />

Em julho de 2010, Livni se reunira com<br />

ex-primeiro-ministro palestino Ahmed Qorei<br />

no Hotel King David de Jerusalém antes<br />

de uma conferência em que ambos foram<br />

palestrantes.<br />

Livni, ex-ministra das Relações Exteriores,<br />

havia se abstido de se reunir com funcionários<br />

palestinos desde que Netanyahu<br />

formou seu governo, porque ela não queria<br />

que isso fosse visto como tentativa de minar<br />

os esforços diplomáticos do governo.<br />

Israel entre os mais<br />

competitivos em TI<br />

sinala que cada vez há mais países, especialmente<br />

economias em desenvolvimento, que apostam<br />

na inovação e se esforçam em cumprir com<br />

os padrões dos países líderes.<br />

“Está claro que o investimento nas bases<br />

de tecnologia da inovação paga enormes dividendos<br />

a longo prazo”, destacou em um comunicado<br />

o presidente de BSA, Robert Holleyman.<br />

Na opinião dele, além disso, nenhum país tem<br />

o monopólio na tecnologia da informação. “Vemos<br />

que as economias que crescem rápido no<br />

mundo em desenvolvimento investem muito<br />

em áreas como a pesquisa, o desenvolvimento<br />

e o capital humano”, indicou, e afirmou que<br />

essa circunstância faz com que cada vez haja<br />

“mais centros de poder de tecnologia da informação<br />

no mundo”. Desde o último informe de<br />

2009, o país que mais avançou foi a Malásia,<br />

que ascendeu onze postos, seguido da Índia,<br />

que subiu dez. Outros países como Singapura,<br />

México, Áustria, Alemanha ou Polônia mostraram<br />

avanços em vários níveis no que se refere<br />

ao apoio à TI. “Num momento em que a economia<br />

global começa a se recuperar, o mais importante<br />

é que os governos adotem uma visão<br />

a longo prazo da indústria da tecnologia da informação”,<br />

enfatizou Holleyman.


O milagre de Chanucá<br />

Antônio Carlos Coelho * velas de Chanucá são acesas em local tado: seja pela proibição de práticas re-<br />

vitória dos macabeus<br />

sobre os sírios seleucidas<br />

recuperou o Templo<br />

profanado por ordem<br />

de Antíoco IV. Foi<br />

no ano de 164 a.e.c. que<br />

o Templo de Jerusalém, centro<br />

da religião e símbolo da nacionalidade<br />

judaica, retornou para as mãos do<br />

povo judeu. Para os vitoriosos macabeus<br />

a reconquista do Templo significou<br />

mais do que a possibilidade da realização<br />

do culto ao único D-us; representava,<br />

também, a recuperação da integridade<br />

e a liberdade do seu povo<br />

que, desde a queda do Reino de Judá<br />

em 587, não experimentou total liberdade,<br />

uma vez que sempre estivera sob<br />

o domínio de uma ou outra potência.<br />

público. Em cada uma dessas cidades<br />

as luzes das chanukiot marcam a presença<br />

judaica e, mais do que isso, anunciam<br />

a cada ano, a presença da Torá<br />

como fonte da ética, da justiça e caminho<br />

para a redenção.<br />

Chanucá, a Festa das Luzes, guarda<br />

forte caráter histórico, bem lembrado<br />

pelos costumes de se comer sonhos e<br />

latkes, nas canções que lembram os<br />

heróis de Modiim e no jogo de dreidel.<br />

Mas, quem conhece a história judaica<br />

sabe muito bem que a profanação<br />

do Templo de Jerusalém se repetiu pelos<br />

séculos seguintes. Não falo exatamente<br />

da destruição do grande edifício<br />

que acolhia o culto dirigido pelos cohanim<br />

e que abrigava a grande menorá<br />

com as sete lâmpadas. Falo da nova forma<br />

de templo e de local de realização<br />

ligiosas, pelas conversões forçadas,<br />

pelo impedimento de desempenhar livremente<br />

a profissão, pela impossibilidade<br />

de obter imóveis, pela limitação<br />

social e cultural, ou ainda, através da<br />

imposição ao isolamento em bairros,<br />

guetos e shtetlach. Enfim, de várias<br />

maneiras, o judeu foi impedido da sua<br />

realização plena, de viver integramente<br />

e em liberdade.<br />

Por outro lado, nunca faltaram heróis<br />

que, por sua presença junto às comunidades,<br />

iluminaram e aqueceram a<br />

alma judaica, não permitindo que as<br />

adversidades levassem ao esmorecimento<br />

e ao abandono da fé e das tradições.<br />

Tivemos pessoas grandiosas com<br />

diferentes formas de atuação, nomes<br />

que estão registrados nossos livros da<br />

religião, da história, da música, da lite-<br />

Em nossa Curitiba, há 25 anos temos de sacrifícios: o judeu, como indivíduo ratura, das ciências e da política. Tive-<br />

a alegria de acompanhar o acendimen- e como comunidade. E, esse novo temmos também nomes, que não recebeto<br />

das oito velas em praça pública. Tamplo não passou um século sequer, sem ram o mesmo destaque, mas que, por<br />

bém, em muitas cidades do mundo, a que fosse, de alguma forma, desrespei- sua luta diária nas sinagogas, nos che-<br />

A British Advertising Standards<br />

Authority (ASA) proíbe missão diplomática<br />

da AP de usar um mapa que mostra<br />

‘Palestina’ no lugar de Israel<br />

PERGUNTE AO RABINO<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

derim, nos guetos, nas comunidades,<br />

mantiveram a chama judaica mesmo<br />

onde os ventos sopravam mais fortes.<br />

Não seriam esses também os macabeus<br />

da história, que por suas ações garantiram<br />

o milagre da continuidade e da unidade<br />

judaica?<br />

Quando, daqui a alguns dias, as luzes<br />

de Chanucá se acenderem nas praças<br />

e janelas em tantas cidades, teremos<br />

a certeza de que o milagre ocorrido<br />

há 2.174 anos em Jerusalém continua<br />

acontecendo e, que D-us continua<br />

fazendo milagres, através do esforço de<br />

cada um dos seus. Veremos o brilho da<br />

existência judaica e da sua intervenção<br />

na ordem do mundo. Num tempo em<br />

que os valores são relativos, em que o<br />

certo e o errado se confundem, e nos<br />

confundem, em que as virtudes são regidas<br />

pelas leis de mercado e do poder,<br />

e em que a efemeridade das relações<br />

humanas determina casamentos e relações<br />

familiares, brilha com força a luz<br />

dos valores eternos da Torá.<br />

Publicidade palestina que “varre Israel do mapa”<br />

é proibida na Inglaterra por grupo regulamentador<br />

Tzvi Ben Gedalyahu *<br />

A British Advertising Standards Authority<br />

(ASA) proibiu a missão diplomática da<br />

Autoridade Palestina de usar um mapa que<br />

mostra todo o território de Israel como sendo<br />

a ’Palestina’.<br />

O mapa no site “Descubra a Palestina”<br />

mostrava Israel — desde a fronteira com o<br />

Líbano até a fronteira egípcia — com as cores<br />

da bandeira palestina e incluía links de<br />

turismo sem se referir ao Estado de Israel.<br />

A ASA concordou com as reclamações<br />

públicas de que o mapa que estava sendo<br />

exibido, declarando Israel como se fosse um<br />

país inexistente e considerou-o enganoso.<br />

P: Quero convidar uma amiga que come casher<br />

para minha casa, mas não sei como fazer pois a<br />

minha casa ainda não é casher. Será que ela vai se<br />

ofender se eu oferecer recebê-la ?<br />

R: Hoje você tem vários recursos e maneiras de<br />

receber uma pessoa casher na sua casa mesmo<br />

ainda não sendo cem por cento casher. E por que<br />

não retribuir a gentileza de um convite que ela te<br />

O presidente da AP, Mahmoud Abbas, declarou<br />

a uma audiência de fala inglesa que<br />

ele iria reconhecer Israel com base nas Linhas<br />

do Armistício Temporário de 1949, mas<br />

não como um Estado judeu. No entanto, a<br />

mídia de língua árabe da AP e as declarações<br />

oficiais descrevem todo o país como<br />

sendo a “Palestina”.<br />

“Consideramos que o consumidor médio<br />

pode inferir a partir do mapa e das informações<br />

referidas que a área total representada<br />

pelo mapa são os territórios palestinos<br />

ocupados. Como este não é o caso,<br />

concluímos que o site era enganoso”, regulamentou<br />

a ASA.<br />

A missão diplomática da Autoridade Palestina<br />

argumentou que mudou o título do<br />

mapa para “Palestina em 1948”, alegando<br />

que ele representa a “Palestina histórica”.<br />

Na verdade, o termo “palestinos”, em referência<br />

aos árabes de Israel foi criado anos<br />

depois daquela data.<br />

A Autoridade Palestina nos últimos anos<br />

tem educado as crianças e dito ao público<br />

em geral que todas as cidades israelenses<br />

são “palestinas”, e o mapa na Grã-Bretanha<br />

se refere ao antigo porto de Jaffa (Yafo)<br />

como “uma cidade árabe palestina... militarmente<br />

ocupada por Israel desde 1948”.<br />

Haifa também foi listada como sendo<br />

parte da “Palestina”.<br />

O mapa da Autoridade Palestina também<br />

apresentava uma “Jerusalém árabe unida”,<br />

sem sequer se preocupar em separar a cidade<br />

de acordo com as linhas do armistício.<br />

A autoridade da publicidade britânica<br />

disse: “Notamos que esta seção do site não<br />

fez nenhuma referência à Jerusalém Oriental<br />

ou Jerusalém Oeste ou ao fato do estatuto<br />

da cidade ter sido objeto de muita disputa<br />

internacional. Consideramos que o site sugeria<br />

que toda a cidade fazia parte dos territórios<br />

ocupados da Palestina. Assim, como<br />

entendemos que esse não era o caso, con-<br />

* Tzvi Ben Gedalyahu é jornalista do canal de TV israelense Arutz 7 e do Israel National News (INN).<br />

estendeu? Todos gostam de comer fora. Basta se<br />

informar direitinho para não infringir alguma lei.<br />

Tem dezenas de produtos disponíveis hoje em qualquer<br />

supermercado, que foram liberados para o<br />

consumidor casher. Que podem ser servidos se forem<br />

frios em qualquer utensílio limpo. Alimentos<br />

quentes terão de serem preparados em cozinha e<br />

panela casher e depois poderão ser embalados em<br />

Se você tiver dúvida sobre alguma questão envie a sua pergunta para: pergunteaorabino@chabadcuritiba.com ou visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Israel apagado do mapa. Foto do site<br />

Palestina-net.com“<br />

17<br />

* Antônio Carlos<br />

Coelho é professor<br />

universitário,<br />

escritor, diretor do<br />

Instituto de<br />

Ciência e Fé e<br />

colaborador do<br />

jornal <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong>.<br />

cluímos que o site era enganoso”.<br />

O mapa também reescreveu a história<br />

relativa a Hebron, que foi descrita como<br />

“uma das mais antigas cidades da Palestina”.<br />

Hebron é onde fica a Caverna Patriarcas, registrada<br />

na Bíblia como sendo comprada por<br />

Abrahão por uma enorme quantia de dinheiro<br />

— “400 peças de prata”.<br />

dois invólucros para serem esquentados na sua casa<br />

em forno ainda não casher e servido em pratos<br />

novos ou descartáveis.<br />

As coisas são menos complicados do que você imagina.<br />

Alimento casher pode ser consumido por todos.<br />

E ótimo poder confraternizar sabendo que todos<br />

podem desfrutar da companhia uns dos outros<br />

e dos mesmos pratos saborosos e casher.<br />

BS"D


18<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

O CIP se prepara para o Réveillon 2012, dia<br />

31/12, às 22h30 estreando o novo salão de<br />

festas da Kehilá, com o buffet especial dos<br />

chefs José e Rebeca Jakobson. Haverá DJ,<br />

fogos de artifício, recreação para crianças.<br />

O traje será passeio, de preferência<br />

branco. Os ingressos são limitados e maiores<br />

informações pelo telefone 3024-7575.<br />

A escritora Miriam Halfim tomou posse<br />

na Cadeira 33 da Academia Carioca de<br />

Letras. É a primeira judia a se tornar<br />

membro desta instituição.<br />

Inúmeras “Marias” brasileiras ajudaram<br />

famílias judaicas a preservar<br />

suas raízes. Algumas dessas apaixonantes<br />

histórias estão ilustradas em<br />

“Cozinha <strong>Judaica</strong> da Maria”. São comoventes<br />

depoimentos que relatam como<br />

a culinária é capaz de estreitar relacionamentos<br />

e transformar culturas. Prefaciado<br />

por Arnaldo Niskier, membro<br />

da Academia Brasileira de Letras, a<br />

obra chega às livrarias de todo o país<br />

este mês, pela Editora Alaúde.<br />

Ela reúne a deliciosa trajetória de 21<br />

famílias judias que construíram uma<br />

história de vida ao lado de afetuosas<br />

brasileiras oriundas de todo o país,<br />

não por acaso batizadas de “Maria”.<br />

O evento de lançamento aconteceu<br />

dia 29/11, no Centro da Cultura <strong>Judaica</strong>/São<br />

Paulo, durante workshop sobre<br />

culinária comandado por Breno Lerner.<br />

O livro, idealizado pelo empresário<br />

Léo Steinbruch, foi escrito por Viviane<br />

Lessa e é ilustrado com imagens fotográficas<br />

de Chris Ceneviva.<br />

Segundo a autora, a ideia é revelar os<br />

segredos das cozinheiras brasileiras:<br />

“São segredos que, misturados a histórias<br />

e sabores de terras estrangeiras,<br />

trazidos por tantas bobes (avós<br />

judias) - e aos temperos e adaptações<br />

de nossas “Marias”, muitas vezes,<br />

deram origem a novos sabores; outras,<br />

mantiveram intacta a tradição”.<br />

O livro traz ainda um DVD com alguns<br />

registros de histórias, receitas<br />

e bastidores da obra. Trata-se<br />

de um retrato da mistura entre as<br />

culturas judaica e brasileira, feito<br />

através de histórias, costumes e<br />

receitas transmitidos de geração<br />

em geração. “A intenção é homenagear<br />

estas 'Marias' que vêm preservando<br />

as raízes de um povo que<br />

não foi apenas influenciado pela<br />

cultura brasileira, mas também foi<br />

importante parte da formação de<br />

nossa tão diversificada sociedade”,<br />

explica Viviane.<br />

Bela Rebeca Hertz lançou dia 9/12 seu livro<br />

“A herança judaica na vida e obra de Viktor<br />

Emil Frankl”, caprichado trabalho de pesquisa<br />

em Psciologia, pela Editora Juruá. A<br />

tarde de autógrafos foi na sede das Faculdades<br />

Facet, em<br />

Curitiba, na Av.<br />

Marechal Floriano<br />

Peixoto, 470.<br />

A autora é psicóloga, com formação<br />

em psicologia clínica, especialização<br />

em logoterapia e atua também no<br />

ramo empresarial. É natural de São<br />

Paulo, no bairro judaico do Bom Retiro,<br />

onde teve uma educação judaica.<br />

Discípula do professor Viktor Frankl,<br />

e apaixonada pela logoterapia que é<br />

uma psicoterapia centrada no sentido<br />

da vida, partindo do pressuposto de que o homem é basicamente<br />

um ser em busca de sentido, Bela se aprofundou na logoterapia<br />

e percebeu uma forte base na filosofia judaica. Pesquisou<br />

a vida e os antecedentes de Frankl, que, segundo ela, viveu e<br />

faleceu como um judeu convicto. Então resolveu escrever o livro.<br />

O vencedor do 2º Concurso Universitário “Conheça Israel”<br />

foi Rafael Stern, que recebeu como prêmio uma<br />

viagem de uma semana para Israel. Ele recebeu as passagens<br />

das mãos do conselheiro da Embaixada de Israel<br />

nem Brasília, Leo Vinovezky. Participaram do certame 600<br />

estudantes universitários inscritos de todo o Brasil.<br />

O tema deste ano foi “Israel Verde – Agricultura e Meio<br />

Ambiente” e contou com o apoio da KKL (Keren Kayemet<br />

LeYisrael) ou Fundo Nacional Judaico. Fundada em<br />

1901, a KKL é uma organização sem fins lucrativos e até<br />

hoje já plantou mais de 240 milhões de árvores no país.<br />

Além disso, o KKL construiu cerca de 180 represas e<br />

reservatórios, desenvolveu cerca de 1000 km² de terra<br />

e construiu mais de mil parques. Em 2002, recebeu o<br />

“Prêmio Israel” (Israel Prize) pelas conquistas no país e<br />

por sua contribuição à sociedade e ao Estado de Israel.<br />

Com apoio da Confederação Israelita do Brasil/Conib e da Embaixada<br />

do Brasil em Israel, a Universidade Hebraica de Jerusalém<br />

promoveu, de 11 a 13 de dezembro, o seminário internacional<br />

“A Emergência do Brasil como ator global: explicações<br />

históricas, conquistas recentes e futuros desafios”. O evento,<br />

que visa mostrar aos israelenses a crescente relevância do<br />

Brasil no cenário internacional, será a primeira conferência de<br />

tal magnitude sobre o país realizada no Estado judeu.<br />

Participaram o jornalista Eugênio Bucci, o demógrafo Sergio<br />

Della Pergola, os professores Antonio Carlos Lessa, Renato<br />

Lessa, Tullo Vigevani e Luis Edmundo Souza Moraes; o jornalista<br />

Ricardo Lessa (Globo News); Henry Chmelnitsky, vicepresidente<br />

da Conib; Jaime Spitzcovsky, diretor de Relações<br />

Institucionais da Conib; Jayme Blay, presidente da Sociedade<br />

dos Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém; além de<br />

outros acadêmicos brasileiros e israelenses em diversas áreas.<br />

Entre os temas em debate: “O Brasil no Oriente Médio” e “A<br />

comunidade judaica brasileira”.<br />

A construção de um novo aeroporto em Israel<br />

está prevista para ser concluída dentro<br />

de três anos perto da cidade de Eilat. O custo<br />

total do projeto é estimado em 300 milhões<br />

de euros e deve atender cerca de 1,5 milhões<br />

de pessoas todos os anos com vôos internacionais<br />

e domésticos. De acordo com o Ministério<br />

dos Transportes a quantidade de passageiros<br />

que circulam pelo Aeroporto Internacional<br />

Ben Gurion, aumenta entre 3 e 5% ao<br />

ano. Em 2010, 11.485.509 passageiros voaram<br />

internacionalmente e cerca de 674.830 fizeram<br />

voos domésticos.<br />

A Escola Israelita Brasileira “Salomão Guelmann”<br />

anunciando que iniciou um trabalho<br />

de planejamento estratégico para os próximos<br />

anos. Também estão sendo investidos<br />

recursos no quadro funcional, que terá sua<br />

estrutura reforçada no início de 2012.<br />

O prédio da escola, projetado pelo arquiteto<br />

Jaime Lerner há mais de 40 anos, passará<br />

reformas e melhorias, para adequarse<br />

às necessidades atuais, ganhando mais<br />

beleza e funcionalidade.<br />

Mais jovens ex-alunos da Escola Israelita Brasileira<br />

Salomão Guelmann conseguiram aprovação nos vestibulares<br />

deste ano. O <strong>VJ</strong> parabeniza os aprovados,<br />

seus pais e a EISBG. Mazal Tov.<br />

São eles: Amit Kremer Swissa – Administração, Betina<br />

Barbalat - Engenharia Civil, Bruna Frenkel - Design<br />

Gráfico, Bruna Cruz de Oliveira – Nutrição, Bruno<br />

Feldman – Direito, Cecília Troib – Direito, Luiz Guilherme<br />

Siqueira Mehl - Análise de Sistemas, Marina<br />

Schulmann – Arquitetura e Nicole Faigenblum Nudelman<br />

- Design Gráfico.<br />

O vice-prefeito de Ramat-Gan, Rami Fadlon (ao centro),<br />

com a vereadora Teresa Bergher (à direita); Osias Wurman,<br />

cônsul de Israel no Rio de Janeiro, e Sarita Schaffel,<br />

presidente da Federação Israelita do Rio (FIERJ)<br />

Dia 5/12 ocorreu na Câmara Municipal do Rio de<br />

Janeiro a sessão solene de assinatura do protocolo<br />

que torna irmãs as cidades do Rio de Janeiro<br />

e Ramat-Gan (Israel). A cerimônia, uma iniciativa<br />

da vereadora Teresa Bergher, foi prestigiada<br />

pela comitiva israelense, liderada pelo viceprefeito<br />

de Ramat-Gan, Rami Fadlon; por Carlos<br />

Alberto Muniz, vice-prefeito do Rio de Janeiro;<br />

e por Osias Wurman, cônsul de Israel no<br />

Rio de Janeiro, entre outras autoridades e dirigentes<br />

comunitários.<br />

Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br


Paulina Hirsch e a jovem Flávia Grupenmacher foram as vencedoras<br />

do Concurso Literário Moacyr Scliar, respectivamente nas<br />

categorias adulto e juvenil, promovido pelo Departamento Cultural<br />

da Kehilá. Um total de 24 textos foram recebidos e a comissão<br />

julgadora foi formada por Antônio Carlos Coelho, Clotilde<br />

de Lourdes Branco Germiniani, Szyja Lorber e Zalmen Chamecki.<br />

O anúncio dos vencedores e a entrega dos prêmios foi feita no dia<br />

27/11, no CIP, num evento que contou com a presença da presidente<br />

da Kehilá, Ester Proveller e aberto pela diretora do Departamento<br />

Cultural, Fany Reicher. Na abertura, Vera Scliar Sasson, parente<br />

do escritor homenageado, leu um texto escrito por ele e falou do<br />

saudoso médico e autor, uma das principais personalidades da<br />

literatura brasileira moderna, que deixou mais de 70 obras.<br />

O tema do concurso foi “A alma judaica”. Além, de Paulina Hirsch<br />

e Flávia Grupenmacher, foram premiadas também na categoria<br />

juvenil Débora Bekin (2º lugar) e Ilana Stein Newman (3º<br />

lugar). Na categoria adultos, o segundo e o terceiro lugares ficaram<br />

com Telma Mazer e Leon Knopfholz.<br />

Após a premiação houve uma mesa redonda, com acalorado debate<br />

a sobre o sentimento de ser judeu e vida judaica na diáspora<br />

e até política de Israel. Fany Reicher, observou que há intenção e<br />

publicar um caderno com todas as redações inscritas.<br />

O Grupo Apoio Saul Schulman apresentou<br />

no teatro João Luiz Fiani<br />

(Shopping Novo Batel) o “Musical<br />

Café Concerto com a Turma do Baú”.<br />

Com a plateia lotada e muita gente em<br />

pé, os artistas se revelaram excelentes<br />

comediantes e às vezes até dramaturgos.<br />

A diretora do espetáculo, Geni<br />

Aisenberg, conseguiu aproveitar o que<br />

cada um dos atores tinha de melhor.<br />

Parabéns à todos e podem repetir a<br />

dose que vão ter público garantido.<br />

Dia 26/11 casaram Karine Rose<br />

Guelmann e Emilio Parron<br />

Vengrus. A noiva é filha do casal<br />

Douglas e Dora Guelmann.<br />

A todos, Mazal Tov.<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

Homicídio<br />

FILME<br />

TÍTULO ORIGINAL: HOMICIDE<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Direção: David Mamet<br />

Gênero: Drama, Policial, Thriller<br />

Origem: EUA<br />

Duração: 102 minutos<br />

Tipo: DVD colorido<br />

Ano da produção: 1991<br />

Estúdio/Distribuição: J & M Entertainment /<br />

Spot Filmes<br />

ELENCO<br />

Joe Mantegna, William H. Macy, Natalija Nogulich,<br />

Ving Rhames, Vincent Gustaferro,<br />

Rebecca Pidgeon, Jack Wallace, J.J. Johnston,<br />

Lionel Mark Smith, Roberta Custer, Charles<br />

Stransky, Bernard Gray, Paul Butler.<br />

Jaime Lerner, Rogério<br />

Chor, Jaime Lerner, Patrícia<br />

Amorim e Sérgio<br />

Besserman foram alguns<br />

dos palestrantes<br />

do seminário “Cidade<br />

em debate: o processo<br />

de crescimento urbano<br />

do Rio de Janeiro e suas<br />

consequências” que<br />

ocorreu dias 12 e 13/12,<br />

no Hotel Sheraton, do<br />

Rio de Janeiro.<br />

Não se esqueçam, só voltamos<br />

em fevereiro porque,<br />

como sempre faz, o <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />

não circula em janeiro.<br />

Um bom ano novo a todos.<br />

SINOPSE<br />

Detetive de polícia judeu, Bob Gold tem de capturar um assassino que nem<br />

mesmo o FBI conseguiu encontrar. Contudo, mesmo antes de começar a investigação,<br />

ele é designado para outro caso, o de uma senhora que havia sido<br />

morta num bairro tipicamente negro. As provas apontam para um grupo de<br />

judeus. Surpreendentemente, Bob encontra ligações entre os dois casos.<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

COLABORADORES DE VISÃO<br />

ALEXANDRE LEON TEIG E FAMÍLIA<br />

ARI ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

ARTUR GRYNBAUM<br />

AVRAM FISELOVICI E FAMÍLIA<br />

BORIS E GENY AISENBERG<br />

BUNIA FINKEL<br />

GAL CZERNY E FAMÍLIA<br />

HAROLDO JACOBOVICZ E FAMÍLIA<br />

HELCIO KRONBERG E FAMÍLIA<br />

IDA LERNER E FAMÍLIA<br />

ISMAR STRACHMAN E FAMÍLIA<br />

JAIME ARON TEIG E FAMÍLIA<br />

JAIME GUELMANN E FAMÍLIA<br />

JAIME INGBERMAN E FAMÍLIA<br />

JAYME NUDELMAN E FAMÍLIA<br />

JAYME ZLOTNIK E FAMÍLIA<br />

JOSÉ SCHWEIDSON E FAMÍLIA<br />

JULIO ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

LINA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />

MAURÍCIO SCHULMAN E FAMÍLIA<br />

MAURÍCIO FRISCHMANN E FAMÍLIA<br />

MIGUEL KRIGSNER E FAMÍLIA<br />

RUBENS LICHTENSTEIN E FAMÍLIA<br />

SABINE WAHRHAFTIG<br />

SALIM IBRAHIM BELACIANO<br />

SAMUEL GRYNBAUM E FAMÍLIA<br />

SARA BURSTEIN<br />

SAUL ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

SULAMITA P. MACIORO E FAMÍLIA<br />

SULAMITA PACIORNIK E FAMÍLIA<br />

TÂNIA MARIA BAIBICH-FARIA<br />

VERGIL TRIFAN E FAMÍLIA<br />

VICTOR RICARDO HERTZ E FAMÍLIA<br />

VITCIA E BETY ITZCOVICH<br />

ZALMEN CHAMECKI E FAMÍLIA<br />

ANÔNIMOS<br />

19


20<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

UN Watch (Observador da<br />

ONU) fez um apelo ao<br />

conselho executivo da<br />

Unesco, que inclui os<br />

EUA, França, Reino Unido<br />

e outras democracias ocidentais,<br />

para reverterem a<br />

escolha unânime da Síria para dois comitês<br />

— um deles diretamente ligado<br />

com questões de direitos humanos —<br />

lembrando que o regime de Bashar al-<br />

Assad mantém uma violenta campanha<br />

contra seus próprios cidadãos.<br />

O grupo árabe na Unesco indicou<br />

a Síria para os comitês e, apesar de<br />

58 membros aprovarem a escolha por<br />

consenso, em 11 de novembro, a<br />

agência ainda não publicou os resultados<br />

em seu site.<br />

Eleição da Síria veio apenas um<br />

dia antes da Liga dos Estados Árabes<br />

suspender a Síria como membro<br />

de seu corpo.<br />

“A suspensão da Liga Árabe da Síria<br />

não tem qualquer significado quando<br />

seus estados membros elevam a<br />

Síria para o comitê de direitos humanos<br />

da ONU”, diz Hillel Neuer, diretor-<br />

David Mandel *<br />

Mahmoud Abbas, o presidente da<br />

Autoridade Palestina, exige que a capital<br />

da Palestina seja Jerusalém Oriental,<br />

onde vivem 300.000 palestinos. O<br />

governo de Israel se opõe, mas a exigência<br />

de Abbas é internacionalmente<br />

vista com simpatia, incluindo países que<br />

têm amizade com Israel.<br />

O que não é muito sabido e, até agora,<br />

não é levado em conta, é o fato de<br />

Unesco elege Síria para o<br />

comitê de direitos humanos<br />

A UN Watch apela para reverter a decisão<br />

executivo de monitoramento da ONG<br />

UN Watch baseado em Genebra.<br />

“É vergonhoso para a principal<br />

agência da ONU para a ciência, cultura<br />

e educação pegar um país que<br />

está atirando em seu próprio povo e<br />

fortalecê-lo dando-lhe condições de<br />

decidir sobre questões de direitos<br />

humanos em escala global. Lamentavelmente,<br />

a pressão para curvar-se ao<br />

consenso — parte da tradição da ONU<br />

de continuar para alcançar — pode<br />

arrastar todos para baixo pela vontade<br />

do menor denominador comum”,<br />

disse Neuer.<br />

Ele destaca que a decisão do conselho<br />

executivo não deveria surpreender<br />

dado o fato de que o organismo<br />

“acolheu recentemente uma série<br />

de violadores dos direitos humanos<br />

como novos membros, como a<br />

Arábia Saudita, Cuba, Paquistão e<br />

Rússia”. A Síria já estava no conselho<br />

executivo, observou Neuer, “assim<br />

como outros países com pobre histórico<br />

de direitos humanos, incluindo a<br />

Venezuela, Zimbábue, Belarus, China,<br />

Vietnã e a Argélia”.<br />

A própria ONU diz que repressão<br />

da Síria aos protestos<br />

da oposição já deixou cinco<br />

mil pessoas mortas nos últimos<br />

oito meses.<br />

“Ao premiar o regime assassino<br />

da Síria com emblemas<br />

da legitimidade internacional,<br />

a Unesco coloca em<br />

perigo os interesses fundamentais<br />

dos EUA e seus aliados,<br />

o que prejudica a segurança<br />

nacional, a estabilidade<br />

regional e os valores democráticos”.<br />

A Síria irá cumprir um<br />

mandato de dois anos, na Comissão<br />

de 30 membros sobre as Convenções<br />

e Recomendações, que examinam...<br />

as comunicações relativas ao exercício<br />

dos direitos humanos, segundo o<br />

site da Unesco na Internet. A Síria<br />

também se junta à Comissão de 23<br />

membros sobre Organizações Não-Governamentais<br />

Internacionais, que têm<br />

como missão incentivar grupos de ativistas<br />

aprovados para ajudar ainda<br />

mais os objetivos gerais da Unesco.<br />

Numa tentativa de isolar a administração<br />

da Unesco das críticas, a<br />

diretora executiva da agência, Irina<br />

Bokova, insiste em dizer que suas<br />

mãos estavam atadas. Ela tem até<br />

mesmo quebrado o protocolo, ao comentar<br />

que a escolha da diretoria não<br />

foi boa.<br />

“A diretora-geral e o secretariado<br />

estão atados pelas decisões dos Estados<br />

membros e não deveria comentar<br />

sobre eles”, disse Sue Williams,<br />

porta-voz chefe Unesco.<br />

“No entanto, dada a evolução na<br />

Síria, a diretora-geral não vê como<br />

esse país possa contribuir para o trabalho<br />

das comissões”.<br />

Os Estados membros têm criticado<br />

os passos dados por Bokova, em<br />

nome da Unesco, para superar o corte<br />

repentino no financiamento dos<br />

EUA à agência, após outra decisão<br />

polêmica, o voto para a admissão da<br />

Palestina como membro pleno.<br />

Os Estados Unidos pagava 22 por<br />

cento dos orçamentos de todas as<br />

agências da ONU, e cortaram sua ajuda<br />

à Unesco por causa da legislação<br />

dos EUA, de longa data, que proíbe o<br />

financiamento de qualquer agência da<br />

ONU que admita a Palestina, por não<br />

ser reconhecida pela ONU como um<br />

país independente.<br />

Além disso, Bokova também provocou<br />

manchetes no início deste mês,<br />

quando um de seus altos diretores de<br />

comunicação convocou o embaixador<br />

de Israel na Unesco para reclamar de<br />

um cartoon publicado no jornal israelense<br />

Haaretz.<br />

O Haaretz observou que o cartoon<br />

era uma óbvia crítica mordaz à irritação<br />

do governo israelense sobre<br />

a decisão de admitir a Palestina.<br />

Ileana Ros-Lehtinen, que preside<br />

a Comissão dos Assuntos Exteriores da<br />

Câmara dos Deputados dos EUA, comentou<br />

sobre os desenvolvimentos na<br />

Unesco, dizendo que a agência “continua<br />

a superar-se com um comportamento<br />

surpreendente e perigoso”.<br />

Enquanto os Estados Unidos e alguns<br />

aliados-chave, incluindo a Grã-<br />

Bretanha e França, são membros do<br />

conselho da Unesco, as democracias<br />

ocidentais estão em minoria no organismo.<br />

O Canadá, que se juntou aos<br />

Estados Unidos na oposição à integração<br />

palestina na Unesco, mas não<br />

é um membro do conselho executivo,<br />

disse à UN Watch que lamenta a ação<br />

para dar à Síria no comitê de direitos<br />

humanos.<br />

“Embora o Canadá não estivesse<br />

envolvido nessa decisão, achamos<br />

profundamente perturbador que a Síria<br />

tenha sido designada pelo grupo<br />

árabe regional na Unesco como membro<br />

da Comissão das Convenções e<br />

Recomendações, dada a violação contínua<br />

e repetida do regime de Assad<br />

aos direitos humanos”, disse Joe Lavoie,<br />

porta-voz canadense do ministro<br />

dos Assuntos Estrangeiros John Baird.<br />

“O Canadá forte e firmemente continua<br />

a pedir que Assad deixe o poder”.<br />

Um Estado palestino! Queremos viver nele?<br />

que um apreciável percentual dos árabes<br />

residentes em Jerusalém, a população<br />

mais diretamente afetada, se opõe<br />

a que Jerusalém Oriental seja parte de<br />

um futuro Estado palestino.<br />

Um estudo, financiado pelo Instituto<br />

Washington e realizado entre os dias<br />

4 e 10 de setembro deste ano, pelo Centro<br />

Palestino de Opinião Pública de Belém,<br />

dirigido pelo palestino Nabil Kukali,<br />

descobriu que um considerável número<br />

de palestinos residentes em Jerusalém<br />

não está de acordo com Abbas.<br />

A pesquisa mostrou que 42% dos palestinos<br />

de Jerusalém Oriental dizem que<br />

eles se mudariam para Israel se o bairro<br />

onde hoje residem passasse a fazer parte<br />

do Estado palestino. E 39% diz que<br />

preferem ter a cidadania israelense do<br />

que a cidadania do Estado palestino. Estes<br />

resultados são iguais aos estudos realizados<br />

no mês de novembro de 2010,<br />

para o U.S. Council on Foreign Relations.<br />

(Conselho para as Relações Exteriores<br />

dos EUA).<br />

As razões que deram para explicar<br />

sua preferência em ser cidadãos israelenses<br />

incluem: maiores rendas, trabalhos<br />

melhores, seguro médico, pensões,<br />

liberdade de movimento, educação, serviços<br />

básicos como água e eletricidade.<br />

Também têm razões negativas para<br />

preferir Israel: temor de perder a liberdade<br />

de expressão no Estado palestino,<br />

e rejeição à corrupção dos funcionários<br />

palestinos.<br />

* David Mandel, judeu peruano que vive em Israel é o autor do Blog Mi Enfoque (Meu Enfoque). Publicou este texto na edição nº 395, de 25 de novembro, 2011, e que pode ser encontrado no original em www.mandeldavid.com


VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Britânicos fecham embaixada no Irã e<br />

expulsam representantes desse país<br />

Reino Unido considerou<br />

o governo iraniano<br />

responsável<br />

pela “falha muito<br />

grave” na segurança<br />

que permitiu o assalto<br />

à em-baixada britânica no Irã, fechou<br />

sua representação em Teerã, expulsou<br />

os diplomatas iranianos em Londres<br />

e advertiu que a atitude terá<br />

“sérias consequências”.<br />

O Ministério das Relações Exteriores<br />

do Reino Unido recomendou aos seus<br />

cidadãos que evitem as viagens não essenciais<br />

ao Irã e pediu ao pequeno número<br />

de britânicos que se encontravam<br />

naquele país que ficassem em casa. Mas<br />

muitos já foram retirados.<br />

Em um comunicado, o ministro<br />

das Relações Exteriores, William Hague,<br />

disse que todo o pessoal britânico<br />

da embaixada em Teerã e suas<br />

famílias (um total de 24 pessoas) foram<br />

localizados e posteriormente retirados<br />

do país.<br />

Dizendo ser estudantes islâmicos,<br />

uma turba invadiu em três ocasiões a<br />

missão diplomática britânica em Teerã<br />

e a residência do embaixador em<br />

protesto pelas novas sanções de Londres<br />

ao Irã.<br />

Ao término de uma manifestação,<br />

várias dezenas de jovens içaram a<br />

bandeira iraniana no mastro do edifício<br />

britânico, queimaram o emblema<br />

do Reino Unido e invadiram nas dependências,<br />

onde saquearam documentos<br />

e destruíram um retrato da<br />

rainha Elizabeth II.<br />

Hague, que falou no Parlamento,<br />

fez uma declaração sobre o Irã, e disse<br />

que o governo daquele país é “responsável<br />

pela sua falha” ao não tomar<br />

“as medidas adequadas para pro-<br />

teger nossa embaixada, como é obrigado<br />

pela Convenção de Viena”.<br />

Em Londres, enquanto o primeiroministro<br />

britânico, David Cameron,<br />

convocava uma reunião de seu Gabinete<br />

de emergência, William Hague<br />

transmitia ao ministro iraniano das<br />

Relações Exteriores seus mais enérgicos<br />

protestos sobre o ocorrido e pediu<br />

ao governo de Teerã a devolução<br />

dos bens tomados na embaixada.<br />

“Claramente vai haver outras consequências<br />

mais sérias”, indicou Hague,<br />

que acrescentou: neste assalto<br />

“irresponsável” em Teerã, participaram<br />

centenas de pessoas, que puseram<br />

em risco os diplomatas britânicos<br />

e suas famílias e causaram “graves<br />

danos” nos dois recintos da embaixada,<br />

apontou.<br />

A tensão entre Irã e o Reino Unido<br />

aumentou depois de que no dia 21/<br />

Explosão no Irã atingiu instalações<br />

de enriquecimento de urânio<br />

Imagens de satélite confirmam que instalação nuclear de Isfahan foi abalada por<br />

explosão, relata o The Times, citando inteligência israelense<br />

Imagens de satélite “mostrando<br />

claramente fumaça e destruição”<br />

provam que uma explosão<br />

ocorreu dia 28/11 e danificou uma<br />

usina nuclear na cidade iraniana<br />

de Ifsahan, de acordo com reportagem<br />

do jornal The Times, de<br />

Londres, de 30/11.<br />

A reportagem citou funcionários<br />

da inteligência israelense,<br />

dizendo que não havia “nenhuma<br />

dúvida” de que a explosão danificou<br />

um local de enriquecimento<br />

de urânio, e afirmou que “não foi<br />

acidente”.<br />

Funcionários em Isfahan negaram<br />

que a cidade tenha sido atingida<br />

por uma explosão.<br />

Mohammad-Mahdi Esma’ili,<br />

vice-governador de Isfahan para<br />

assuntos políticos e de segurança,<br />

chamou as reportagens de<br />

“pura mentira” de acordo com a<br />

agência de notícias Irna. Um funcionário<br />

do Corpo de Bombeiros<br />

da cidade também negou que tivesse<br />

havido uma explosão.<br />

A misteriosa explosão de 28/<br />

11 abalou a cidade iraniana de Isfahan,<br />

que sedia uma instalação<br />

nuclear envolvida no processamento<br />

de urânio para alimentar a<br />

unidade de enriquecimento de<br />

combustível de Natanz.<br />

A imagem do satélite mostra que a explosão destruiu a central nuclear de Isfahan<br />

A origem e o destino da explosão<br />

não estavam inicialmente claros.<br />

Alguns relatos alegam que<br />

teve lugar numa base militar e<br />

outros disseram que era uma explosão<br />

de gás.<br />

Duas semanas antes, em 12<br />

de novembro, outra explosão atingiu<br />

uma base militar iraniana perto<br />

da cidade de Kaneh, matando<br />

17 membros da Guarda Revolucionária<br />

e o general Hassan Moghaddam,<br />

arquiteto-chefe do programa<br />

de mísseis balísticos. O<br />

Mossad, de Israel, tem sido acusado<br />

de orquestrar a explosão.<br />

O chefe da Diretoria de Pes-<br />

quisa da inteligência Militar israelense<br />

brigadeiro-general Ita<br />

Brum disse ao Comitê de Defesa<br />

e dos Assuntos Estrangeiros da<br />

Knesset que a explosão de 12 novembros<br />

na base de mísseis poderia<br />

retardar o desenvolvimento<br />

de mísseis de longo alcance Teerã”.<br />

A explosão no local de desenvolvimento<br />

de mísseis superfície-superfície<br />

de mísseis pode<br />

parar ou retardar as atividades<br />

naquele local, mas é preciso ressaltar<br />

que o Irã tem em curso de<br />

desenvolvimento outros projetos<br />

além daquele setor”, disse Brum.<br />

(Yaakov Katz e equipe do The Jerusalem<br />

Post).<br />

11 Londres decidiu suspender todas<br />

as transações financeiras com os bancos<br />

iranianos incluindo o Banco Central<br />

do Irã, por causa do seu programa<br />

nuclear.<br />

21<br />

Invasão da embaixada britânica em Teerã, dia 29/11. À esquerda, a<br />

bandeira do Reino Unido arrancada e substituída pela dos<br />

manifestantes, sob as vistas dos impassíveis policiais iranainos. Os<br />

atacantes, apresentados como estudantes, seriam na verdade<br />

elementos da milicia Bassij<br />

Promotoria alemã<br />

investiga planos do Irã<br />

de atacar bases dos EUA<br />

A justiça alemã abriu investigações<br />

sobre presumidos<br />

planos por parte do Irã<br />

de atentar contra bases militares<br />

dos Estados Unidos<br />

na Alemanha, informou o promotor<br />

federal Harald Range.<br />

As investigações se baseiam<br />

em presumidos planos<br />

das autoridades de Teerã<br />

de atacar instalações do<br />

exército norte-americano na<br />

Alemanha, no caso de que<br />

os EUA lancem um ataque<br />

contra o Irã.<br />

Segundo o departamento<br />

federal da Polícia Criminal<br />

(BKA), e de acordo com as investigações<br />

em curso, não há<br />

perigo iminente de atentado.<br />

Range confirmou as informações<br />

ao jornal popular<br />

Bild, sobre a abertura dessas<br />

investigações.<br />

De acordo com o jornal,<br />

que cita fontes internas da<br />

Promotoria, o objetivo de<br />

Teerã seria destruir a logística<br />

operacional e administrativa<br />

das bases dos EUA<br />

na Alemanha.<br />

Ainda segundo a publicação,<br />

as suspeitas recaem<br />

concretamente sobre um em-<br />

Foto: AFP/Atta Kenare<br />

presário alemão, que mantém<br />

“contatos conspiradores”<br />

com a embaixada do Irã em<br />

Berlim e que supostamente<br />

planeja “ações de sabotagem”<br />

sem especificá-las.<br />

A Promotoria ordenou,<br />

em princípios de novembro,<br />

a vigilância da casa do suspeito,<br />

acrescentou o meio.<br />

O promotor responsável<br />

pela BKA, Jörg Ziercke, evitou<br />

dar mais detalhes acerca<br />

desses planos presumidos<br />

e só confirmou a existência<br />

dessas investigações.<br />

As informações coincidem<br />

com um momento de<br />

grande tensão entre Berlim e<br />

Teerã, depois que o ministro<br />

das Relações Exteriores, Guido<br />

Westerwelle, chamou<br />

para consultas o embaixador<br />

alemão no Irã, por causa da<br />

invasão da embaixada do<br />

Reino Unido.<br />

Berlim, como Londres,<br />

deseja que sejam adotadas<br />

novas sanções contra o Irã,<br />

concretamente contra seu<br />

setor financeiro, e expressou<br />

seu total respaldo à reação<br />

do Reino Unido após os ataques<br />

contra sua embaixada.


22<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

VISÃO<br />

Sobrevivente mais antiga<br />

do Holocausto tem 108 anos<br />

(com informações das agências AP,<br />

Reuters, AFP, EFE, jornais Alef na internet,<br />

Jerusalem Post, Haaretz, Notícias da Rua<br />

Judaíca e IG)<br />

panorâmica<br />

Alice Herz-Sommer,<br />

conhecida<br />

como a mais antigasobrevivente<br />

do Holocausto,<br />

completou<br />

seu 108º aniversário<br />

dia 20/11,<br />

Natural de Praga,<br />

comemorou o<br />

feito em Londres,<br />

no dia 25/11. Era uma jovem pianista<br />

profissional, quando ela, seu marido<br />

e o filho foram enviados ao campo nazista<br />

de Terezin em 1943, que era usado<br />

para iludir a Cruz Vermelha. Ali<br />

tocou em mais de 150 concertos enquanto<br />

os judeus eram enviados para<br />

a morte. O marido de Herz-Sommer,<br />

também músico, não sobreviveu à<br />

guerra, mas seu filho, Raphael que, da<br />

mesma forma, participou dos concertos<br />

em Terezin, conseguiu. Herz-Sommer<br />

nadava diariamente até 97 anos<br />

de idade, e continua a tocar seu piano<br />

todos os dias, de acordo com as<br />

reportagens. Ela também gosta de<br />

jogar Scrabble, um jogo de tabuleiro<br />

em que 2 a 4 jogadores procuram<br />

marcar pontos formando palavras interligadas<br />

usando pedras com letras<br />

num painel com 225 quadros. (JTA).<br />

Alice Herz-Sommer, a mais<br />

antiga sobrevivente do<br />

Holocausto<br />

Foto: Chris Keane<br />

Gingrich e os palestinos<br />

O candidato Newt Gingrich<br />

Newt Gingrich, favorito à indicação<br />

republicana para a corrida presidencial<br />

à Casa Branca, que é historiador,<br />

qualificou os palestinos de “povo inventado”<br />

e “grupo de terroristas”, em<br />

entrevista concedida ao The Jewish<br />

Channel. Ele ainda criticou o governo<br />

Obama, declarando: “ser imparcial entre<br />

uma democracia que respeita o Estado<br />

de direito e um grupo de terroristas<br />

que lança foguetes diariamente,<br />

não é imparcialidade, é favorecer<br />

os terroristas”. Além disto, acusou a<br />

Autoridade Palestina de compartilhar<br />

com o Hamas “um desejo enorme de<br />

destruir Israel”. Para Gingrich, o presidente<br />

Obama e seu governo “se iludem”<br />

sobre a situação no Oriente<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

• Yossi Groisseoign •<br />

Médio. “Estamos na presença de um<br />

povo palestino inventado, que foi um<br />

povo árabe e historicamente fez parte<br />

da comunidade árabe”. (Jornal<br />

Alef/The Jewish Channel/Reuters).<br />

Sarney e os palestinos<br />

O senador José Sarney, presidente do<br />

Congresso Nacional realizou sessão<br />

solene “em homenagem ao povo palestino<br />

pelo Dia Internacional de Solidariedade<br />

ao Povo Palestino”. Foi no<br />

dia 5/12 no Plenário do Senado, embora<br />

a data seja 29/11. De iniciativa<br />

dos deputados Inácio Arruda e Manuela<br />

D’Ávila, ambos do PCdoB, e subscrita<br />

pela líder do PSol, senadora<br />

Marinor Brito, mostra o que a dicotomia<br />

da ONU produziu ao instituir a<br />

data da Nakba (Catástrofe, em árabe),<br />

justamente no dia em que a própria<br />

ONU aprovou a Partilha da Palestina<br />

(29/11), criando dois novos estados,<br />

um judeu e outro árabe. Os judeus<br />

aceitaram, os árabes não. Moveram<br />

guerras contra Israel e perderam fragorosamente.<br />

Passados mais de 60<br />

anos, ao invés de negociarem um<br />

acordo de paz, ainda sonham com a<br />

destruição do vizinho. O Brasil, país<br />

que reconheceu a Palestina, embora<br />

seja um estado inexistente, é um<br />

exemplo daqueles que se curvaram às<br />

pressões árabes. A solenidade teve<br />

convites, discursos e tudo o mais,<br />

porém, ninguém ali foi capaz de dizer<br />

aos palestinos: “negociem a paz”. (<strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong>).<br />

Novas sanções contra a Síria<br />

A Liga Árabe aprovou novas e mais<br />

drásticas sanções econômicas contra<br />

a Síria, devido à violenta repressão<br />

contra os protestos no país que já<br />

matou mais de 4.000 cidadãos, dados<br />

confirmados pela ONU, sem que haja<br />

no Brasil nenhum discurso ou artigo<br />

reclamando disso. E o ditador Assad<br />

continua a promover ataques contra<br />

os manifestantes. No dia 27/11, 19<br />

dos 22 países-membros da Liga Árabe<br />

aprovaram as sanções, entre elas<br />

a suspensão de transações com o Banco<br />

Central sírio e de auxílio financeiro<br />

para projetos no país. Por unanimidade<br />

foram aprovadas medidas contra o<br />

governo sírio, entre elas o congelamento<br />

das relações com o país, assim<br />

como das contas sírias no exterior, a<br />

suspensão de voos e a proibição de<br />

viagens de membros do regime sírio.<br />

Com as medidas, a Liga pretende se<br />

antecipar a eventuais ações dos países<br />

ocidentais, como aconteceu em relação<br />

à Líbia. (Agências).<br />

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Condenado o segundo<br />

assassínio da família Fogel<br />

Um tribunal militar condenou Amjad<br />

Awad, o segundo assassino confesso<br />

de cinco membros da família Fogel em<br />

Itamar. Ele e seu primo, Hakim Awad,<br />

já julgado e condenado, trucidaram<br />

furiosamente há 8 meses os membros<br />

da família Fogel, incluindo os pais<br />

Ehud, 36, e Ruti Fogel, 35, juntamente<br />

com três de seus filhos: Yoav (11), Elad<br />

(4), e Hadas (dois meses de idade). A<br />

pena de Amjad Awad ainda não foi divulgada,<br />

mas Hakim Awad foi sentenciado<br />

a 130 anos de prisão. O deputado<br />

Michael Ben-Ari e os ativistas judeus<br />

Itamar Ben-Gvir e Baruch Marzel<br />

estiveram na sessão para pedir a pena<br />

de morte aos assassinos. (Arutz 7).<br />

Terra do leite, do mel e... do petróleo<br />

Artigo assinado por Eduardo Araia, da<br />

Revista Planeta revela: “Israel possui<br />

uma das maiores reservas de xisto betuminoso<br />

da Terra, e a quantidade de<br />

petróleo extraível do querogênio existente<br />

nessas rochas praticamente rivaliza<br />

com a da Arábia Saudita. O país<br />

pode conquistar a independência<br />

energética e mudar o xadrez político<br />

do Oriente Médio. Mas o custo ambiental<br />

é alto. Nos próximos meses<br />

Israel deverá decidir qual caminho<br />

seguir nessa encruzilhada”. Para se<br />

ter uma ideia, de acordo com especialistas,<br />

em uma estimativa conservadora,<br />

cerca de 250 bilhões de barris<br />

de petróleo estão contidos no xisto<br />

israelense, provavelmente o segundo<br />

ou terceiro maior depósito de todo o<br />

mundo. (B’nai B’rith).<br />

Katyushas disparados<br />

contra o norte de Israel<br />

Pelo menos quatro foguetes Katyushas<br />

foram disparados do sul do<br />

Líbano durante a noite contra o norte<br />

de Israel, dia 29/11. As Forças de Defesa<br />

de Israel (FDI) responderam com<br />

fogo de artilharia contra “a origem dos<br />

disparos”. Não houve feridos, mas alguns<br />

prédios ficaram danificados.<br />

Bombeiros apagaram o fogo produzido<br />

pelos projéteis. A polícia e os militares<br />

fizeram uma varredura na área a<br />

procura de mais foguetes. O presidente<br />

do Líbano, Michel Suleiman, condenou<br />

o lançamento de foguetes desde<br />

seu país contra o norte de Israel e rejeitou<br />

que esse tipo de ataques sirva à<br />

causa palestina. (Efe / Aurora).<br />

Katyushas II<br />

O grupo terrorista Brigadas de Abdalá<br />

Azam, vinculado à Al Qaeda, reivindicou<br />

o ataque dos Katyushas contra<br />

Israel em um comunicado divulgado<br />

na internet que não pode ser verificado.<br />

As Brigadas de Abdalá Azam,<br />

que levam o nome do mentor de Osama<br />

bin Laden, têm uma célula ativa<br />

no norte do Líbano e levaram já a cabo<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

atentados na Jordânia e no Golfo Pérsico.<br />

Em comunicado, a Força Interina<br />

da ONU (Finul), informou que os<br />

“radares detectaram lançamento de<br />

foguetes na região de Rmeish, no sul<br />

do Líbano”. A área é controlada em<br />

grande parte pelo grupo terrorista xiita<br />

libanês Hezbolá. (Efe / Aurora).<br />

Explosão em base do<br />

Hezbolá no sul do Líbano<br />

Uma enorme explosão foi registrada<br />

no sul do Líbano em novembro, num<br />

local que se acredita ser um depósito<br />

ilegal de armas do Hezbolá. A explosão<br />

ocorreu dez dias após uma explosão<br />

similar na base da Guarda Revolucionária<br />

do Irã, próxima de Teerã,<br />

que deixou 17 guardas mortos. Uma<br />

fonte da segurança libanesa disse ao<br />

jornal Daily Star que os militares foram<br />

incapazes de se aproximar do local<br />

da explosão perto de Siddiqin na<br />

cidade costeira meridional de Tiro,<br />

porque os membros do Hezbolá isolaram<br />

a área. O Hezbolá declarou ao<br />

jornal que não tinha comentários a<br />

fazer. Também não foi informado se<br />

houve feridos. O Hezbolá é considerado<br />

uma organização terrorista por<br />

Israel, EUA e vários países europeus.<br />

O grupo está proibido de manter armas<br />

ao sul do rio Litani — incluindo a<br />

área onde ocorreu a explosão, de<br />

acordo com a Resolução 1701, que<br />

pôs fim à guerra de 2006 entre Israel<br />

e o grupo xiita. (Israel Hayom).<br />

Alperovich assume Senado argentino<br />

A senadora argentina Beatriz Alperovich<br />

assumiu a presidência da Câmara Alta<br />

Beatriz Rojkés de Alperovich, senadora<br />

argentina, foi proclamada dia 30/<br />

11, como presidente daquela Câmara<br />

Alta. Passou, assim, à segunda na escala<br />

da sucessão presidencial daquele<br />

país. Representante de Tucumán, e de<br />

origem judia, Alperovich tornou-se a<br />

primeira mulher a assumir a presidência<br />

do Senado. Ela declarou que é “um<br />

grande orgulho, uma grande responsabilidade,<br />

mas isso é fruto da lealdade<br />

que tenho ao projeto político de<br />

Nestor e Cristina Kirchner”. Ela é esposa<br />

do governador de Tucumán, José<br />

Alperovich. (Tiempo Argentino).<br />

Paraná sanciona lei da Ficha Limpa<br />

O governador do Paraná, Beto Richa,<br />

sancionou dia 7/12 a Lei da Ficha Limpa,<br />

de autoria dos deputados Ney Leprevost,<br />

César Silvestre Filho, Stephanes<br />

Júnior, André Bueno e Marcelo Rangel.<br />

A Lei da Ficha Limpa Paraná amplia


as sanções previstas pela lei federal<br />

da Ficha Limpa, que vale apenas<br />

para impedir candidaturas a<br />

cargos eletivos de pessoas que venham<br />

a sofrer condenação judicial<br />

em segunda instância. O deputado<br />

Ney Leprevost explica que a lei<br />

do Paraná veda a ocupação de cargos<br />

públicos de provimento em<br />

comissão – como secretários de<br />

Estado e diretores de empresas<br />

estatais – por pessoas que tenham<br />

sido condenadas por crimes<br />

contra a economia popular, a fé<br />

pública, o sistema financeiro, o<br />

meio ambiente e a saúde pública.<br />

Mas também ficam impedidos de<br />

ocupar cargos no Paraná os que<br />

tiverem sentença condenatória<br />

transitada em julgado por tortura,<br />

racismo, tráfico de entorpecentes,<br />

terrorismo, escravidão e formação<br />

de quadrilha. “Essa lei é<br />

um avanço fantástico para a administração<br />

pública. Sua aplicação<br />

irá, literalmente, impedir<br />

que as raposas cuidem do galinheiro”,<br />

afirma Leprevost. (Assembleia<br />

Legislativa do Estado).<br />

Arqueólogos encontram moedas<br />

romanas sob o Kotel<br />

Arqueólogosisraelensesdescobriram<br />

moedas da<br />

época dos<br />

romanos<br />

debaixo do<br />

Muro das<br />

Lamenta-<br />

Uma das 17 moedas<br />

encontradas sob o Muro<br />

das Lamentações<br />

ções (Kotel), em Jerusalém. Elas<br />

foram cunhadas por volta do<br />

ano 15 d.e.c. e podem mudar as<br />

teorias sobre a construção do<br />

Muro, há cerca de 2 mil anos.<br />

Durante séculos, se pensou que<br />

o muro havia sido construído<br />

pelo rei Herodes. Porém, Herodes<br />

morreu em 4 a.e.c., cerca de<br />

20 anos antes da produção das<br />

moedas. Isso indica que o Muro<br />

foi finalizado por seus sucessores.<br />

(Jornal Alef).<br />

Israel desbloqueia fundos da AP<br />

Israel desbloqueou os fundos da<br />

Autoridade Palestina que estavam<br />

retidos desde 1º/11, em represália<br />

ao reconhecimento do<br />

Estado palestino pela Unesco,<br />

anunciou a rádio pública israelense.<br />

A decisão foi adotada pelos<br />

ministros do governo de Netanyahu,<br />

com exceção do ministro<br />

das Relações Exteriores, Avigdor<br />

Lieberman, que votou contra.<br />

Os fundos, proveem das tarifas<br />

alfandegárias e do tributos<br />

arrecadados de mercadorias nos<br />

territórios palestinos que chegam<br />

através dos portos e aeroportos<br />

israelenses. (AFP).<br />

23 BH<br />

...Por Teus milagres, por Tuas<br />

maravilhas e por Tuas salvações<br />

Tila Dubrawsky *<br />

ma pessoa com deficiência<br />

física teve uma visão na<br />

qual ascendeu aos mundos<br />

superiores. Ali, entrou<br />

em certa câmara onde havia<br />

grande tumulto; miríades<br />

de anjos corriam para cá e para lá. Ele<br />

perguntou, “Que câmara é esta?” Disseram-lhe<br />

que aquela era o Central de<br />

Solicitações para Salvações, e os anjos<br />

estavam encaminhando as preces aos<br />

endereços diferentes.<br />

O homem passou a uma segunda câmara.<br />

Lá também testemunhou um alvoroço,<br />

com dezenas de milhares de<br />

anjos se agitando em todas as direções.<br />

Novamente indagou o que passava ali<br />

e foi informado de que aquela era a Câmara<br />

dos Pedidos Atendidos. Os anjos<br />

estavam se apressando para entregar<br />

as salvações.<br />

O homem, agora saudável e ágil no<br />

mundo espiritual, continuou a uma terceira<br />

câmara. Ali não havia nenhuma<br />

atividade, nenhum movimento, apenas<br />

alguns anjos se arrastando de um canto<br />

para o outro. Indagou sobre a finalidade<br />

desta câmara. Responderam-lhe que,<br />

infelizmente, aquela que devia ser a mais<br />

movimentada, pois sua área sublime se<br />

destinava aos agradecimentos oferecidos<br />

por aqueles que receberam salvação para<br />

suas tribulações, estava bem calma. Os<br />

anjos ministrantes suspiraram e disseram:<br />

pois é, as pessoas frequentemente<br />

ignoram as dádivas e bondades que recebem,<br />

ainda que prestem muita atenção<br />

àquilo que lhes falta....<br />

Isso me lembra a piada do judeu que<br />

circulava pelo centro da cidade procurando<br />

uma vaga de estacionamento.<br />

Começa negociar com D-us prometendo<br />

uma grande soma de Tsedacá (caridade)<br />

se Ele lhe ajudar a achar um lugar<br />

para deixar o seu veiculo, pois estava<br />

atrasado para uma reunião importante<br />

de negócios. Após alguns minutos de<br />

frustração ele aumentou a oferta. Ao<br />

avistar logo um carro saindo alguns<br />

metros dali ele, exuberantemente, manobrou<br />

o seu carro dentro do espaço<br />

murmurando para D-us: “esqueça o que<br />

falei antes, obrigado, mas não preciso<br />

mais de Sua ajuda”.<br />

Hacarta Hatov, a gratidão, é um<br />

valor judaico de grande significância.<br />

Uma das finalidades da nossa Tefilá<br />

(prece) em geral é o humilde reconhecimento<br />

a D-us por suas infinita bondade<br />

para conosco. Começamos o dia com<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Mode Ani, agradecendo a D-us pela dádiva<br />

de mais um dia com novas energias.<br />

Na oração de Amida três vezes ao<br />

dia recitamos o Modim, reconhecendo<br />

"Teus milagres que estão conosco diariamente<br />

e Tuas maravilhas e benevolências<br />

a todo momento”. O Talmud diz<br />

que: “Ein baal haness makir benisso” -<br />

que muitas vezes somos beneficiários<br />

de milagres e nem reparamos. Mas,<br />

certamente, por aqueles que conhecemos,<br />

devemos expressar fervorosamente<br />

os nossos agradecimentos. As bênçãos<br />

diárias (matinais, nas orações e antes<br />

e depois de se alimentar) servem para<br />

enraizar a gratidão em nosso caráter. O<br />

nosso exemplo apreciativo impacta muito<br />

nas atitudes dos nossos esposos, filhos,<br />

alunos, funcionários e todos os que<br />

convivem conosco e em nosso redor.<br />

A Torá nos ensina a cultivar a gratidão<br />

até para objetos inanimados que<br />

nos prestam conforto, prazer e utilidade.<br />

Moshe Rabenu não podia bater com<br />

seu cajado nas águas do Nilo para transformá-las<br />

em sangue, tendo de passar<br />

esta tarefa a seu irmão Aharão, uma vez<br />

que estas mesmas águas haviam-no<br />

protegido quando infante, ao flutuar<br />

dentro de um cesto de papiro revestido<br />

com asfalto e piche entre os juncos,<br />

perto da margem do rio. Temos a expressão:<br />

“Não cuspa no prato de onde<br />

comeu”. Até as roupas que vestimos<br />

merecem um trato especial.<br />

É da natureza humana focalizar o que<br />

nos falta, o que está errado e deficiente<br />

na nossa vida. Podemos desfrutar de<br />

muitas coisas boas durante o dia, ainda<br />

assim o que prenderá a nossa atenção,<br />

geralmente, é um aspecto negativo, algo<br />

que não deu tão certo quanto queríamos.<br />

Também em nossos relacionamentos,<br />

com marido, esposa, pais, irmãos ou<br />

amigos. Eles podem nos prestar inúmeros<br />

favores, nos estender bondade, conselhos,<br />

solidariedade, hospitalidade, etc,<br />

e, ainda assim, basta ter algum malentendido,<br />

ver um gesto ou ouvir uma palavra<br />

que julgamos inapropriado ou não<br />

considerado e pronto! Já é suficiente<br />

para esquecer todo o bem e passar a ter<br />

um relacionamento frio e carrancudo.<br />

Devemos nos acostumar a agradecer<br />

a cada pessoa que nos presta algum<br />

serviço ou favor, independentemente<br />

se a remuneramos ou não, e expressar<br />

palavras de elogio às pessoas mais próximas.<br />

Sim, meu marido faz apenas a<br />

obrigação dele em pagar as contas de<br />

casa, mas, ele pode ser apreciado por<br />

isso! Sim, minha esposa não faz mais<br />

do que a obrigação dela ao administrar<br />

a limpeza da casa e as refeições, mas,<br />

uma palavra carinhosa é musica aos ouvidos<br />

de quem a recebe! Certo, o rabino<br />

não faz mais do que sua obrigação<br />

em conduzir as rezas, oficiar momentos<br />

religiosos ou oferecer conselhos,<br />

mas ele pode ser valorizado por doar o<br />

seu tempo e seu calor humano! A lista<br />

é infindável!<br />

Somos Yehudim. Este título deriva<br />

de Yehudá, que recebeu seu nome<br />

quando a Matriarca Lea, sua mãe, disse:<br />

“Hapaam ode et Hashem”- “Esta vez<br />

agradecerei ao Eterno” (Bereshit<br />

29:35). O Talmud Brachot 7b ensina que<br />

desde o dia em que o Santíssimo, bendito<br />

seja, criou Seu mundo, não houve<br />

nenhum homem que agradeceu a Ele,<br />

até que veio Lea e deu-Lhe graças. Pois,<br />

Lea sabia por inspiração Divina, que Yaacov<br />

teria doze filhos com suas quatro<br />

esposas e assumiu, portanto, que a ela<br />

caberiam três. Quando teve o quarto<br />

filho (Yehudá), agradeceu especialmente<br />

por haver recebido mais do que lhe<br />

tocava de acordo com a conta. Ninguém<br />

havia agradecida a Hashem, até<br />

então, de forma tão intensa assim como<br />

fez Lea. Segue então que a essência de<br />

um Yehudi, (judeu) é sua humilde capacidade<br />

em reconhecer as dádivas ao seu<br />

redor, não procurar ver somente os seus<br />

direitos e o que ainda lhe falta, mas<br />

enxergar onde está D-us, e através d’Ele,<br />

o mundo que nos cerca e nos favorece,<br />

trazendo-nos satisfação, muitas vezes<br />

além do nossos merecimentos.<br />

A festa de Chanucá que celebraremos<br />

nos próximos dias nos ajuda a focar<br />

os milagres de outrora e as dádivas<br />

de hoje. Logo após o acendimento das<br />

velas de Chanukiá recitamos: “Nós acendemos<br />

estas luzes para comemorar os<br />

atos salvadores, os milagres e as maravilhas<br />

que Tu fizeste com nossos antepassados,<br />

naqueles dias, nesta época...<br />

E não nos é permitido usá-las (as velas)<br />

apenas observá-las, para agradecer e<br />

louvar o teu grande nome por Teus milagres,<br />

por Tuas maravilhas e por Tuas<br />

salvações.” Um dos objetivos da Chanukiá<br />

é focar a luz das velas e conscientizar-nos<br />

dos milagres bayamim hahem,<br />

naqueles dias e bizman haze, em nossa<br />

época também. Vamos fixar o nosso<br />

olhar na luz e nas bênçãos na nossa vida.<br />

Trabalhando o atributo de Hacarat Hatov,<br />

salientando a gratidão para tudo e<br />

a todos em nosso redor, melhoraremos<br />

a qualidade de nossos relacionamentos<br />

e chegaremos a sentir o verdadeiro agradecimento<br />

a D-us pelas múltiplas bênçãos<br />

com quais nos cumula.<br />

* Tila Dubrawsky é a rebetzin, esposa do Rabino Yossef Dubrawsky, diretor do Beit Chabad de Curitiba, mãe, avó, coordenadora de programas educacionais e culturais,<br />

orientadora de pureza e harmonia familiar para noivas e mulheres de todas as idades.


24<br />

VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />

Goldstone: Não há apartheid em Israel<br />

acusação de que Israel é<br />

um Estado de apartheid é<br />

falsa e maliciosa, e impede<br />

— ao invés de promover<br />

— a paz e a harmonia”,<br />

sublinhou o juiz Richard Goldstone<br />

em um artigo de opinião publicado<br />

no jornal The New York Times.<br />

Goldstone, cujo relatório da ONU<br />

sobre a Operação Chumbo Derretido<br />

contra o grupo terrorista islâmico Hamas<br />

na Faixa de Gaza se transformou<br />

num símbolo da diatribe anti-israelense<br />

em todo o mundo, publicou outro<br />

artigo de opinião a favor de Israel.<br />

Em abril, Goldstone pareceu se<br />

retratar de seu relatório em um artigo<br />

de opinião publicado no jornal Washington<br />

Post, onde afirmou que o relatório<br />

elaborado pela comissão que<br />

liderou teria sido um documento muito<br />

diferente “se tivesse sabido então<br />

o que sei agora”.<br />

Goldstone, que desempenhou<br />

funções na Corte Suprema de Justiça<br />

da África do Sul durante a época<br />

do apartheid, declarou: “Se bem que<br />

o ‘apartheid’ possa ter um significado<br />

muito amplo, seu uso aponta para<br />

a situação da África do Sul anterior<br />

a 1.994. É uma calúnia injusta e imprecisa<br />

contra Israel, urdida para<br />

atrasar ao invés de avançar nas negociações<br />

de paz”.<br />

“Em Israel”, sublinha Goldstone,<br />

“não há apartheid. Nada ali se aproxima<br />

da definição de apartheid segundo<br />

o Estatuto de Roma de 1.998”.<br />

O juiz sul-africano faz distinção<br />

entre os árabes israelenses e os palestinos:<br />

“Os árabes israelenses votam,<br />

têm partidos políticos e representantes<br />

na Knesset (Parlamento) e<br />

ocupam posições de reconhecimento,<br />

inclusive na Corte Suprema de Justiça.<br />

Nos hospitais de Israel, os pacientes<br />

árabes têm leitos junto dos<br />

pacientes judeus, e recebem tratamento<br />

idêntico”.<br />

Goldstone não ignora os problemas,<br />

e até mesmo a discriminação<br />

sofrida pelos árabes israelenses.<br />

“Mas isso não é apartheid, que consagra<br />

conscientemente a separação<br />

como um ideal”, ressalta.<br />

No que diz respeito à<br />

Cisjordânia, Goldstone<br />

destaca que a situação é<br />

mais complexa. “Mas também<br />

neste caso não há nenhuma<br />

intenção de manter<br />

um regime institucionalizado<br />

de opressão e dominação<br />

sistemática de um grupo<br />

racial. Esta é uma distinção<br />

fundamental, inclusive<br />

quando Israel age ali<br />

opressivamente contra os<br />

palestinos”, acrescenta.<br />

O juiz também saiu em defesa das<br />

medidas contraterroristas de Israel.<br />

“Enquanto os cidadãos israelenses<br />

permanecerem sob a ameaça de ataques<br />

da Cisjordânia e de Gaza, Israel<br />

considerará os postos de controle nas<br />

estradas e outras medidas similares<br />

como necessárias para a autodefesa,<br />

ainda que os palestinos se sintam<br />

oprimidos”.<br />

O que com frequência tem sido<br />

qualificado pelos ativistas de esquer-<br />

Israel lançará sua primeira TV em árabe<br />

O grupo israelense Hala TV obteve a<br />

concessão da licença para a operação<br />

de um canal a cabo e por satélite em língua<br />

árabe que deverá entrar no ar em<br />

janeiro. O canal estará disponível gratuitamente<br />

através de cabo ou por satélite.<br />

O Hala TV pode solicitar também o<br />

serviço de transmissão digital.<br />

De acordo com o presidente executivo<br />

do novo canal, José Atrash, a empresa<br />

já vem produzindo programas-piloto<br />

por vários meses. Jafar Farah, um<br />

dos sócios da empresa operadora infor-<br />

mou que a empresa já produziu três<br />

episódios-piloto de um programa de<br />

estilo de vida, e está escolhendo um<br />

apresentador. Pilotos já têm sido feitos<br />

também para um programa de notícias,<br />

um programa infantil e séries para jovens<br />

que terão início com um concurso<br />

para a escolha dos apresentadores adolescentes<br />

para os shows.<br />

Na cerimônia da concessão de licença,<br />

o presidente Ziad Omari, da Hala,<br />

solicitou ao ministro das Comunicações<br />

Moshe Kahlon o financiamento para a<br />

produção de um programa de notícias<br />

locais em língua árabe, de modo que o<br />

novo canal possa produzir o próprio noticiário.<br />

O grupo Hala TV inclui tanto<br />

parceiros árabes como judeus, entre<br />

eles o editor da revista Panorama, Jabber<br />

Bassem, a empresa de publicidade<br />

3 Sectors (a maior da comunidade árabe),<br />

bem como a franquia Reshet do<br />

Canal 2, o conteúdo e a empresa de produção<br />

Ananey Communications, e várias<br />

pessoas físicas.<br />

A Ananey Comunicações já tinha<br />

Richard Goldstone<br />

da, como um muro do apartheid é, na<br />

realidade, segundo Goldstone, “uma<br />

barreira de segurança, construída<br />

para deter os implacáveis ataques terroristas;<br />

ainda que tenha causado<br />

grandes dificuldades em alguns lugares,<br />

a Corte Suprema de Israel tem<br />

ordenado ao Estado em muitos casos<br />

alterar seu traçado para minimizar o<br />

sofrimento injustificado”.<br />

(Publicado dia 1º/11/2011 no jornal<br />

The New York Times).<br />

tentado anteriormente estabelecer um<br />

canal árabe em 2005. Mas após ganhar<br />

a concorrência decidiu devolver a licença,<br />

alegando que não era economicamente<br />

viável manter o canal. Os esforços<br />

atuais do Conselho para a Difusão<br />

por Cabo e Satélite para a criação de<br />

um canal em árabe começaram em<br />

2009, com o edital da concorrência sofrendo<br />

numerosos e grandes ajustes. O<br />

Conselho atualmente está preparando<br />

propostas para mais dois canais dedicados,<br />

sendo um canal de notícias e um<br />

canal de conteúdo judaico.

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