VJ DEZ 2011.p65 - Visão Judaica
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2<br />
editorial<br />
VISÃO JUDAICA • dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Publicação mensal independente da<br />
EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />
JUDAICA LTDA.<br />
Redação, Administração e Publicidade<br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
Curitiba • PR • Brasil<br />
Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />
Dir. de Operações e Marketing<br />
SHEILLA FIGLARZ<br />
Dir. Administrativa e Financeira<br />
HANA KLEINER<br />
Diretor de Redação<br />
SZYJA B. LORBER<br />
Publicidade<br />
DEBORAH FIGLARZ<br />
Arte e Diagramação<br />
SONIA OLESKOVICZ<br />
Webmaster<br />
RAFFAEL FIGLARZ<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Algumas perguntas em foco sobre o Oriente Médio<br />
ada vez mais a chamada<br />
“primavera árabe” demonstra<br />
ser, na realidade,<br />
“um inverno árabe”. Os resultados<br />
iniciais das eleições<br />
no Egito, das quais a Irmandade<br />
Muçulmana e mais um partido<br />
islâmico ainda mais radical venceram,<br />
mostram isso, preocupando<br />
meio mundo, menos o Presidente dos<br />
EUA. Obama, ainda acredita estar levando<br />
democracia à região?<br />
Na Síria, onde o governo já assassinou<br />
5 mil civis, segundo a ONU, o<br />
presidente-ditador Bashar el Assad,<br />
concedeu<br />
entrevista<br />
à jornalista<br />
Barbara<br />
Walters.<br />
Quando a<br />
americana<br />
indagou<br />
sobre a bru-<br />
Antônio Carlos Coelho, Aristide Brodeschi,<br />
Breno Lerner, David Mandel, George Chaya,<br />
Heitor De Paola, Joanna Paraszczuk, Julián<br />
Schvindlerman, Khalaf Al-Harbi, Khaled Abu<br />
Toameh, Marcelo Vieira Walsh, Morris Abadi,<br />
Mel Brooks, Morris Abadi, Petra Marquardt-<br />
Bigma, Sérgio Alberto Feldman, Tila<br />
Dubrawsky, Yaakov Katz e Yossi Groisseoign.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />
o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou comentários<br />
publicados, sejam de terceiros (mencionando a fonte) ou<br />
próprios e assinados pelos autores. O fato de publicá-los<br />
não indica que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />
dos conceitos ou dos temas.<br />
Contém termos sagrados, por isso trate<br />
com respeito esta publicação.<br />
www.visaojudaica.com.br<br />
Este jornal é um veículo independente<br />
da Comunidade Israelita do Paraná<br />
talidade<br />
contra seu<br />
povo, com<br />
Nossa capa<br />
a maior “cara de pau” ele disse:<br />
“para dizer a verdade, não acredito<br />
em você”. Walters, então, lembrouo<br />
dos relatórios da ONU, ao que, ele,<br />
prontamente, redarguiu: “e quem diz<br />
que a ONU é uma instituição confiável<br />
e honesta? Eu sou o presidente.<br />
O Estado não me pertence, assim as<br />
forcas armadas não são minhas”,<br />
disse, lavando as mãos. Como será<br />
que fica a Unesco, agora, que acaba<br />
de nomear a Síria para presidir o<br />
Comitê de Direitos Humanos? Não<br />
é a suprema das ironias?<br />
A Rússia segue abastecendo a Síria<br />
de armas, que repassa parte delas<br />
ao Hezbolá, e também se opõe<br />
às sanções ocidentais ao Irã por continuar<br />
na corrida atômica pela bomba.<br />
Dias atrás, Damasco lançou num<br />
exercício militar alguns foguetes e<br />
um míssil Scud B, de longo alcance.<br />
Estava demonstrando força para Israel,<br />
para a Turquia, ou para o Ocidente,<br />
prevenindo-se de ataques<br />
como na Líbia?<br />
A serpente botou a cabeça para<br />
A capa reproduz a obra de arte cujo título é:<br />
“Sofer” (escriba), pintada com a técnica<br />
aquarela e dimensões de 50X35 cm, criação<br />
de Aristide Brodeschi. O autor nasceu em<br />
Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista<br />
plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já<br />
desenvolveu trabalhos em várias técnicas,<br />
dentre elas pintura, gravura e tapeçaria.<br />
Recebeu premiações por seus trabalhos no<br />
Brasil e nos EUA. Suas obras estão espalhadas<br />
por vários países e tem no judaísmo,<br />
uma das principais fontes de inspiração. Ele<br />
é o autor das capas do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
(Para conhecer mais sobre o artista, visite o<br />
site www.brodeschi.com.br).<br />
Datas importantes<br />
28 de dezembro<br />
31 de dezembro<br />
5 de janeiro<br />
7 de janeiro<br />
14 de janeiro<br />
21 de janeiro<br />
28 de janeiro<br />
4 de fevereiro<br />
8 de fevereiro<br />
11 de fevereiro<br />
8º dia de Chanucá<br />
Shabat / Vayigash<br />
Jejum de 10 Tevet<br />
Shabat / Vaychi<br />
Shabat Shemot<br />
Shabat / Vaerá<br />
Shabat / Bô<br />
Shabat Shira / Beshalach<br />
Tu Bishvat<br />
Shabat / Ytrô<br />
fora da toca depois de três anos se<br />
escondendo nos porões de Beirute.<br />
Marionete de Ahmadinejad e capataz<br />
dos terroristas do Hezbolá, Hassan<br />
Nassrala, reapareceu por uns segundos<br />
no dia sagrado dos xiitas, a<br />
Ashura, para respirar ar puro, cansado<br />
da atmosfera fétida de seu bunker.<br />
Voltou ao logo ao esconderijo, de<br />
onde transmitiu pela TV mais um de<br />
seus maçantes discursos gravados,<br />
cheios de invectivas contra Israel e<br />
os EUA. O herói dos subterrâneos<br />
teme que os israelenses o matem. O<br />
objetivo de seu último e fastidioso<br />
palavrório seria o de desviar a atenções<br />
do mundo do seu aliado Assad<br />
para Israel, principalmente agora,<br />
depois das humilhantes sanções da<br />
Liga Árabe contra a Síria?<br />
De Gaza, recomeçaram os lançamentos<br />
de mísseis sobre a população<br />
civil que vive no sul de Israel. A ONU<br />
diz alguma coisa? Dirá. Quando Israel<br />
reagir com outra operação tipo Chumbo<br />
Derretido.<br />
O Fatah de Mahmud Abbas e o<br />
ACENDIMENTO DAS<br />
VELAS EM CURITIBA<br />
<strong>DEZ</strong> DE 2011 / JAN DE 2012<br />
SHABAT<br />
DATA HORA<br />
23 / 12 19h48<br />
30 / 12 19h51<br />
6 / 1 19h52<br />
13 / 1 19h53<br />
20 / 1 19h52<br />
27 / 1 19h50<br />
3 / 2 19h48<br />
10 / 2 19h44<br />
Hamas de Khaled Meshaal, anunciaram,<br />
de novo, que estão se aliando<br />
para um governo unificado dos palestinos.<br />
Mas o jornalista árabe Khaled<br />
Abu Toameh, que escreve para o Jerusalem<br />
Post afirma que a unificação<br />
nunca aconteceu nem acontecerá.<br />
Pela simples razão de que ambos não<br />
querem perder as fontes de seus recursos<br />
financeiros. Nem mesmo o ódio<br />
entranhado que sentem pelo Estado<br />
judeu é capaz de uni-los?<br />
No dia 10/12, em Estocolmo, realizou-se<br />
a entrega dos Prêmios Nobel<br />
de 2011. Dos cinco judeus que o receberam,<br />
três são de Israel. O prof.<br />
Daniel Shechtman, que levou o de<br />
Química, foi escolhido por seus pares<br />
para falar em nome de todos. No<br />
dia seguinte, na Austrália, a israelense<br />
Li Kurzits, conquistou, pela segunda<br />
vez, o titulo de campeã mundial<br />
em velas. Não é motivo de orgulho<br />
para um país tão pequeno?<br />
Lembramos aos leitores que em<br />
janeiro o <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não circula,<br />
voltando em fevereiro.<br />
Falecimentos<br />
A Redação<br />
Mário Malamut, 78 anos, dia 8 de dezembro<br />
de 2011 (12 de Kislev de 5772),<br />
em Porto Alegre, RS. Era irmão de Anais<br />
Malamud. Seu corpo foi sepultado no<br />
cemitério israelita daquela cidade,<br />
após ser velado, no dia 9/12.<br />
Humor Judaico<br />
DEDUÇÃO LÓGICA<br />
Um arqueólogo escavava no Deserto do<br />
Neguev, quando encontra um caixão contendo<br />
uma múmia, ocorrência bastante<br />
rara em Israel.<br />
Após examiná-la, ligou para o curador do<br />
Museu de Israel, em Jerusalém.<br />
“Acabei de descobrir uma múmia de<br />
3.000 anos de idade, de um homem que<br />
morreu de parada cardíaca!”, exclama o<br />
cientista.<br />
— Traga-o para cá. Vamos dar uma olhada<br />
— responde o interlocutor.<br />
Dias depois, o curador, espantado, chama<br />
o arqueólogo.<br />
— Você estava certo sobre a idade da múmia<br />
e a causa da morte. Como é que sabia?<br />
— indaga.<br />
— Fácil. Havia um pedaço de papel na<br />
mão que dizia: “10 mil shekels em Golias”<br />
— disse.
ENTRE ENTRE HERÉTICOS HERÉTICOS E E DOGMÁTICOS:<br />
DOGMÁTICOS:<br />
Sérgio Alberto Feldman *<br />
nossa sociedade caminha<br />
a passos largos para<br />
a extirpação das crendices<br />
e superstições, para<br />
a superação da ignorância<br />
pelas Luzes. Seria isto<br />
atual? Seria verdadeiro?<br />
Em muitos períodos tivemos pensadores<br />
otimistas que auguravam o avanço<br />
e o progresso como uma tendência<br />
irreversível do gênero humano. Uma<br />
destas correntes foi o Iluminismo europeu<br />
e sua versão judaica a Haskalá.<br />
Na crença dos iluministas, a Luz e a<br />
Razão superariam o obscurantismo e<br />
gerariam uma era de progresso, de cultura<br />
e, por consequência, de paz e de<br />
diálogo entre as pessoas.<br />
Esta opinião, mesmo sendo agradável<br />
de ouvir é uma ilusão. Mera ilusão.<br />
As duas grandes guerras, os diversos<br />
genocídios do século XX, entre os<br />
quais o Holocausto, fizeram esta crença<br />
se diluir como poeira em água.<br />
Estando ciente de que a Razão tem<br />
alternado pequenos avanços e enormes<br />
retrocessos, e que estamos vivendo uma<br />
era de irracionalidade, fundamentalismo<br />
e violência, retomo a senda de que<br />
ainda temos a ilusão e o desejo de dialogar,<br />
pensar e caminhar para uma sociedade<br />
racional, justa e plena de justiça.<br />
Assim sendo, faço hoje minha homenagem<br />
a um dos ilustres pensadores judeus<br />
de todos os tempos: Baruch Spinoza<br />
(1632-1677).<br />
Aproveito para homenagear também,<br />
um dos membros da Kehilá de Curitiba,<br />
já falecido, o sr. Moisés Kulish (Z”L),<br />
que tal como eu, era admirador de Spinoza.<br />
Algumas vezes, nós dois falamos<br />
sobre Spinoza e num debate promovido<br />
pela Chevra Kadisha do Paraná (nome<br />
impreciso da antiga sinagoga, pois se trataria<br />
da sociedade que cuida da sinagoga<br />
e do cemitério israelita), no início da década<br />
de noventa, fizemos, certa vez uma<br />
encenação histórica, aonde eu representei<br />
Spinoza, a convite do sr. Moisés, então<br />
presidente desta entidade. Cada um<br />
dos participantes devia debater e fazer<br />
de conta, como se ele mesmo fosse o “seu<br />
personagem”. Spinoza foi atribuído a<br />
mim. Fiquei honrado com a escolha.<br />
Eu me esforcei para encarnar este<br />
personagem da melhor forma possível.<br />
No final, o sr. Moisés, um homem culto e<br />
professor universitário, teceu-me um<br />
elogio, dizendo que eu ficava bem encenando<br />
Spinoza, pois ambos tínhamos uma<br />
forma de pensar autônoma. Sem dúvida,<br />
uma enorme honra para mim, que nem<br />
sombra poderia fazer àquele gênio pensador.<br />
Assim, minha homenagem ao<br />
grande filósofo, será feita, na forma de<br />
um breve e superficial texto. Bem pouco<br />
diante da grandeza do homenageado.<br />
O mundo judaico estava em crise. Os<br />
judeus tinham sido expulsos da Espanha<br />
em 1492, e havia uma repressão aos marranos<br />
ibéricos (cristãos novos descendentes<br />
dos judeus convertidos à força) que<br />
eram acusados de professar e/ou manter<br />
secretamente rituais judaicos, à revelia<br />
da Igreja Católica. A Inquisição ibérica<br />
(portuguesa e espanhola) fiscalizava e<br />
espionava suas vidas, obtinha delações e<br />
retirava sob a tortura, confissões de descendentes<br />
de judeus espanhóis e portugueses.<br />
Muitos já haviam deixado de ter<br />
raízes judaicas e eram falsamente denominados<br />
“judaizantes” para se extrair<br />
deles algum tipo de poder ou riqueza, já<br />
que as famílias no seio das quais houvesse<br />
“judaizantes” tinham seus bens confiscados<br />
e o acusado era torturado e punido<br />
com penas severas, que iam de chicotadas,<br />
degredo até a morte na fogueira.<br />
A Inquisição poderia persegui-los, pois<br />
haviam sido batizados, sendo, portanto<br />
cristãos “heréticos” e não judeus (infiéis).<br />
O regime de terror instaurado durou cerca<br />
de três séculos e atingiu inúmeras famílias,<br />
a maioria das quais já nem se consideravam<br />
judias, e se viam oprimidas por<br />
uma identidade e uma crença que não<br />
mais praticavam e pouco conheciam.<br />
Um destes judeus era Uriel da Costa.<br />
Nascido em 1575, no Porto (Portugal).<br />
Pertencia a uma família de cristãos-novos.<br />
Estudou Teologia e se tornou um<br />
clérigo. Insatisfeito com o cristianismo,<br />
idealizou o Judaísmo de seus ancestrais<br />
e se mudou para Amsterdam, entre os<br />
anos de 1612/1615. Converteu-se ao judaísmo,<br />
mas não encontra no judaísmo<br />
ashkenazi da comunidade judaica holandesa,<br />
o fundamento humanista que sua<br />
formação católica esperava, e então dirige<br />
sua crítica contra a tradição. Questiona<br />
as leis alimentares e a rígida doutrina<br />
dos preceitos (mitzvot), que tornavam<br />
o Judaísmo uma religião, distante<br />
do humanismo que ele almejava e a seu<br />
ver, repleto de pequenas e estreitas regras<br />
de conduta cotidiana. Tratava-se de<br />
uma severa crítica ao Judaísmo normativo,<br />
no qual regras superam a espiritualidade<br />
e fazem um cerco ao mundo externo,<br />
para impedir os contatos com um<br />
mundo hostil que visa evangelizar os<br />
judeus e torná-los cristãos. Uriel é acusado<br />
de atitudes errôneas e é anatemizado,<br />
sofrendo o chérem: isolado da comunidade<br />
e sem poder frequentar rituais,<br />
celebrações e a vida comunitária.<br />
Por anos Uriel foi criticado com violência,<br />
e viveu solitário e atormentado<br />
por sua inquietação espiritual. Isolado<br />
por cristãos e judeus — os dois grupos<br />
o consideravam um herege — Uriel da<br />
Costa se submete, finalmente, a uma<br />
cerimônia de expiação, numa sinagoga<br />
de Amsterdam, em 1640. Esta humilhação<br />
causa um enorme dano, nesta mente<br />
inquieta, que supera o limite do suportável<br />
em função de seu sofrimento<br />
moral. Profundamente desesperado<br />
escreve uma autobiografia que chama<br />
“um exemplo de vida humana” e comete<br />
o suicídio em abril de 1640.<br />
Os judeus de Amsterdam apesar de<br />
viverem num ambiente de tolerância<br />
dentro de uma das sociedades mais arejadas<br />
da Europa, que era a Holanda do<br />
século XVII, temiam a perda da unidade<br />
e da identidade. Seguir o “rebanho”<br />
era dever de todo o judeu: pensamento<br />
livre era um perigo à continuidade e<br />
a tradição. Os que haviam sido perseguidos<br />
pela Inquisição estavam sendo<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Os casos de Uriel da Costa e de Baruch Spinoza<br />
radicais com a diversidade e não permitiam<br />
dissidência. Há que se admitir<br />
que esse comportamento fosse usual<br />
entre todas as comunidades e em todas<br />
as religiões neste período. Tolerância<br />
religiosa era uma novidade. A liberdade<br />
era uma “bandeira” de setores iluministas<br />
ou pré-iluministas.<br />
Neste contexto surge o jovem Baruch<br />
Spinoza, nascido no seio de uma família<br />
judaica, a 24 de novembro de 1632, em<br />
Amsterdam, e vindo a falecer em Haia,<br />
em 1677. Sua inteligência e genialidade<br />
logo foi percebida por seus mestres, entre<br />
os quais podemos citar o renomado<br />
rabi Manasses ben Israel (1604-1657). Estudou<br />
a exegese judaica do texto bíblico<br />
tendo lido textos de muitos sábios sefaradim<br />
(originários da Espanha medieval),<br />
tais como o aragonês Hasdai Crescas (século<br />
XV) e Abraão Ibn Ezra (1092-1167),<br />
este último, um dos maiores comentadores<br />
medievais do texto bíblico. Obviamente<br />
leu e aprofundou os pensamentos<br />
de Maimônides (1135-1204), o genial<br />
sábio judeu que aproximou a religião judaica<br />
à filosofia mostrando suas conexões<br />
e interfaces. O problema é que todos estes<br />
sábios judeus sefaradim viveram integrados<br />
à vida comunitária judaica e inseridos<br />
até o âmago de suas “almas” no<br />
Judaísmo, mesmo que conhecessem e<br />
lessem os filósofos clássicos e dialogassem<br />
com suas ideias. Spinoza não se conteve<br />
na filosofia judaica.<br />
Vivendo no ambiente tolerante e<br />
aberto da Holanda do século XVII, podia<br />
ler obras de filosofia geral e discutir<br />
com pensadores não judeus. Segundo<br />
o que se acredita, conheceu um discípulo<br />
de Descartes e foi influenciado<br />
por suas ideias. Em pouco tempo, Spinoza<br />
se tornou um “livre pensador”, um<br />
filósofo. Suas posturas se tornaram críticas<br />
e logo se distanciou de uma rotina<br />
judaica da prática de preceitos (mitzvot)<br />
e começou a fazer análises e críticas às<br />
verdades “aceitas”, o que o tornaram<br />
uma ameaça à unidade e à continuidade<br />
da fé judaica. Foi advertido e conclamado<br />
a se retratar publicamente.<br />
Diferentemente de Uriel da Costa,<br />
não se incomodou. Foi excomungado e<br />
nenhum judeu se aproximou mais dele.<br />
Spinoza seguiu sobrevivendo como polidor<br />
de lentes e continuou sua vida,<br />
sem nunca se converter ao cristianismo<br />
e sem conviver mais com a comunidade<br />
judaica. Isso não era possível na<br />
Idade Média, mas na Holanda do século<br />
XVII era difícil, mas viável.<br />
Dedicou-se à escrita de obras de ética<br />
e de filosofia. Muitas de suas ideias<br />
eram inaceitáveis para as autoridades<br />
cristãs da Holanda e algumas vezes, precisou<br />
escrever anonimamente. Uma<br />
destas obras é o “Tratado Teológico Político”<br />
(c. 1670) no qual se utilizava de<br />
análises dos exegetas judeus, com Ibn<br />
Ezra, mas direcionava suas conclusões de<br />
uma maneira muito mais crítica. Nesta<br />
obra demonstrava entre outras teses<br />
que a Bíblia Hebraica não teria sido escrita<br />
por Moisés, tal como afirma a Tradição.<br />
Negava a veracidade absoluta de<br />
todo seu conteúdo, inaugurando a “crítica<br />
bíblica”. No seu entendimento, a<br />
razão de se ter escrito a Bíblia seria inculcar<br />
em seus leitores, a noção de obediência<br />
aos poderes constituídos: Estado<br />
e instituições religiosas.<br />
Isto irritou muita gente, pois questionava<br />
não só o judaísmo tradicional,<br />
mas também as doutrinas calvinistas,<br />
que era neste período, a Igreja protestante<br />
mais importante na Holanda. Assim<br />
sendo, esta obra (Tratado Teológico<br />
Político) foi censurada e proibida de<br />
circular, mas seguiu sendo editada e<br />
lida, apesar das proibições das calúnias<br />
que sofreu. Sua influência é incomensurável.<br />
Um marco na História.<br />
Spinoza nunca deixou de acreditar<br />
em D-us. Para ele só existia uma substância<br />
essencial no Universo, da qual<br />
espírito e matéria não passam de aspectos<br />
diferentes. Essa substancia única é<br />
D-us, que se identifica com a própria<br />
natureza: se trata de uma modalidade<br />
de panteísmo, mas baseava-se na Razão<br />
e não na fé. Há quem diga que serviu<br />
de inspiração a Albert Einstein.<br />
Sua ética não se distanciava em valores,<br />
da tradicional ética judaica. Negava a<br />
importância do poder, da riqueza, dos<br />
prazeres e da fama, declarando-os vãos.<br />
Buscava o “bem perfeito” capaz de prover<br />
a quem o atingisse uma felicidade irrestrita<br />
e duradoura. Concluiu que este<br />
bem perfeito seria o “amor a D-us”, a adoração<br />
da ordem e da harmonia da natureza.<br />
Os filósofos teriam de estudar e descobrir<br />
esta ordenação divina do universo<br />
respeitá-la e deixá-la seguir funcionando.<br />
Em sua visão panteísta, não descartou<br />
D-us e nunca se afastou de muitos<br />
dos princípios judaicos de vida.<br />
Spinoza era um ardente defensor da<br />
tolerância, da justiça e da vida racional.<br />
Defendia liberdade religiosa, mesmo<br />
tendo uma visão tão determinista e mecânica<br />
da natureza e das coisas. Nunca<br />
denegriu os judeus e o judaísmo, mesmo<br />
tendo sido considerado um “herético”.<br />
Os judeus que haviam sofrido nas<br />
garras da Inquisição ibérica criaram os<br />
seus próprios hereges, por temerem<br />
que o pensamento dissidente acabasse<br />
com a coesão grupal e com a unidade.<br />
Ainda não se havia atingido a modernidade<br />
no seio das comunidades.<br />
Spinoza entrou para a História da filosofia<br />
e muitos manuais citam-no, sem,<br />
contudo, lembrar suas origens judaicas e<br />
sua profunda crítica, totalmente embasadas<br />
em seus mestres Maimônides e Ibn<br />
Ezra, e mescladas com a filosofia que se<br />
expandia na Europa ocidental. Seu nome,<br />
Baruch, é traduzido por Benedito (ou<br />
Bento), aliás, uma tradução precisa, pois<br />
ambas as expressões vem de benção ou<br />
abençoar. Seu judaísmo é pleno, mas estranhamente<br />
anacrônico, pois amplia o<br />
marco do pensamento e transgride com<br />
a tradição formalista e normativa.<br />
Foi um precursor da inserção do Judaísmo<br />
no mundo amplo, na sociedade<br />
moderna e do que se configurará como<br />
Judaísmo Liberal.<br />
O genial Spinoza foi um marco na<br />
evolução do pensamento e das ideias<br />
de liberdade e de tolerância. Um dos<br />
gênios da Era moderna.<br />
3<br />
* Sérgio Alberto<br />
Feldman é doutor<br />
em História pela<br />
UFPR e professor<br />
de História Antiga<br />
e Medieval na<br />
Universidade<br />
Federal do<br />
Espírito Santo, em<br />
Vitória. Foi diretor<br />
de Cultura<br />
<strong>Judaica</strong> da Escola<br />
Israelita Brasileira<br />
Salomão<br />
Guelmann, em<br />
Curitiba.<br />
Baruch Spinoza, em<br />
tela existente na<br />
Biblioteca<br />
Herzogliche, em<br />
Wolfenbuettel,<br />
Alemanha<br />
Tela de Samuel<br />
Hirszenberg, Uriel<br />
da Costa e o jovem<br />
Spinoza (1908)
4<br />
* Heitor De Paola<br />
é médico<br />
psiquiatra e<br />
psicanalista,<br />
membro da<br />
International<br />
Psycho-Analytical<br />
Association e do<br />
Board of<br />
Directors da<br />
Drug Watch<br />
International e<br />
Diretor Cultural<br />
da BRAHA,<br />
Brasileiros<br />
Humanitários em<br />
Ação, articulista<br />
e escritor, com<br />
diversos artigos<br />
publicados no<br />
Brasil e no<br />
exterior, e um<br />
livro. No<br />
passado,<br />
pertenceu a<br />
organização<br />
Ação Popular<br />
(AP) da esquerda<br />
revolucionária.<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
A “primavera” árabe e a crise econômica<br />
europeia II: de volta ao presente 1<br />
Heitor De Paola *<br />
O bem estar do povo tem sido um<br />
excelente álibi para os tiranos<br />
Albert Camus<br />
il e quinhentos anos<br />
depois do fim do Império<br />
Romano grande<br />
parte da história europeia<br />
e do Oriente Médio<br />
(OM) ainda gira em<br />
torno do Mare Nostrum. Os países<br />
mais atingidos pela crise econômica,<br />
com exceção de Irlanda e Islândia,<br />
são os da franja ocidental e norte:<br />
Espanha, com Portugal a reboque, Itália<br />
e Grécia e as expectativas da França<br />
não são das melhores 2 . Por outro<br />
lado, os países que se vêm às voltas<br />
com a “primavera” são exatamente<br />
os das praias do sul e orientais: Tunísia,<br />
Líbia, Egito e Síria — a Argélia<br />
está sob ameaça constante, pois é<br />
uma panela de pressão prestes a explodir.<br />
Ao mesmo tempo as ameaças<br />
se estendem principalmente a Israel,<br />
abominado por todos os governos primaveris<br />
que substituíram ditadores<br />
com retórica antissemita, mas com os<br />
quais Israel podia conversar, por partidos<br />
islâmicos radicalmente antissionistas.<br />
Só não viu isto a tempo<br />
quem não conhece a história do Islã<br />
ou estava mesmerizado pela mágica<br />
da palavra democracia. Democracia<br />
de forma nenhuma é sinônimo de liberdade,<br />
não passa de uma forma variável<br />
de escolha de dirigentes e só.<br />
E o Islã é incompatível com qualquer<br />
noção de liberdade individual e, por-<br />
tanto é improvável, senão impossível,<br />
o estabelecimento de um regime semelhante<br />
às democracias ocidentais<br />
onde predominam o respeito aos direitos<br />
individuais e o rule of law.<br />
Como eu já havia previsto 3 as maiorias<br />
muçulmanas estão vencendo todas<br />
as eleições. Até mesmo na Tunísia,<br />
onde se poderia esperar algo mais<br />
parecido com a noção ocidental, o líder<br />
do partido vencedor, al-Nahda,<br />
Rashed Ghannouchi assegurou que a<br />
condenação do Sionismo consta de um<br />
acordo entre os partidos vencedores.<br />
Ghannouchi nega que tal princípio será<br />
incluído na futura Constituição, mas<br />
ele mesmo faz parte de uma União Internacional<br />
de Scholar Muçulmanos,<br />
liderada por Yussuf al-Qaradawi e<br />
apoiou a anexação do Kuwait por Saddam<br />
Hussein, além de ameaçar com<br />
ataques contra os EUA 4 .<br />
Os países em crise na Europa<br />
eram antigos colonizadores que continuaram<br />
após a descolonização, com<br />
interesses econômicos: A França, na<br />
Argélia, Líbano e Síria, a Espanha, no<br />
Marrocos, a Itália, na Líbia e a Inglaterra<br />
que está em melhor situação —<br />
melhor seria dizer ‘menos ruim’ — no<br />
Egito e no Iraque. Além de tudo estão<br />
expostas à avalanche imigratória<br />
muçulmana, o que torna o equilíbrio<br />
político interno e o diplomático numa<br />
sinuca de bico. O Egito, a maior potência<br />
regional envolvida em conflitos<br />
internos, principalmente depois<br />
das eleições em que o poder se dividiu<br />
entre a Fraternidade Muçulmana<br />
e o partido salafista Hizb al-Nour 5<br />
sofre uma influência indireta dos ali-<br />
ados EUA e União Europeia. Mas estes<br />
países jamais se atreveram a intervir<br />
militarmente como fizeram na<br />
Líbia e agora ameaçam a Síria. Quem<br />
disser que a intervenção era por razões<br />
humanitárias merece ganhar um<br />
pirulito, pois acreditam em Papai Noel<br />
– ou então são da mídia brasileira que<br />
gravita a anos luz de qualquer laivo de<br />
inteligência. Por que mataram mais<br />
civis do que todas as tropas de Kadhafi<br />
e deixaram intactos os campos de petróleo?<br />
Por que, mais recentemente, a<br />
empresa petrolífera francesa Total<br />
encerrou suas atividades na Síria “até<br />
que retorne a democracia”?<br />
Os países em crise mais aguda<br />
precisam do petróleo do OM como um<br />
bebê precisa mamar.<br />
Além disto, a crise europeia é não<br />
só econômica, mas também política:<br />
o embate entre líderes nacionalistas<br />
e europeístas. Os que vibraram com<br />
as derrotas de Zapatero e Berlusconi<br />
não sabem que Rajoy e Mario Monti<br />
não passam de sátrapas da EU e do<br />
globalismo mundial oriundos das gerações<br />
política e emocionalmente<br />
comprometidas com a ideia de uma<br />
Europa unida e o fim do nacionalismo.<br />
E estão percebendo do que os<br />
povos ainda se julgam franceses, italianos,<br />
espanhóis, etc., e ameaçam<br />
voltar às suas moedas originais, mandando<br />
o Euro, que só serve à elite<br />
europeia, às favas.<br />
O que poucos perguntam é quem<br />
está por trás desta união espúria: lamentavelmente<br />
a velha Deutschland,<br />
para sempre antissemita, de onde<br />
partiu o novo design europeu. De Ber-<br />
lim partiram as pressões para a derrubada<br />
de Papandreu e Berlusconi e<br />
o financiamento da campanha espanhola<br />
6 . Será coincidência que a Turquia<br />
esteja simultaneamente tentando<br />
restaurar o Império Otomano 7 ?<br />
Mas isto é assunto para outro artigo.<br />
NOTAS<br />
1. No artigo anterior por ato falho ou<br />
negligência pulei cinqüenta anos de<br />
história, afirmando que as colônias<br />
alemãs na África tinham se tornado<br />
independentes, quando o foram somente<br />
após a II Guerra Mundial. Na verdade<br />
foram protetorados britânicos e franceses<br />
também. Peço desculpas aos leitores.<br />
2. Quando escrevo este artigo as<br />
agências de avaliação de risco já pensam<br />
em rebaixar seu grau de confiabilidade de<br />
investimentos. Ver em http://www.<br />
lemonde.fr/election-presidentielle-2012/<br />
article/2011/12/07/sarkozy-tance-lessocialistes-et-parle-d-un-risque-dexplosion-pregnant-en-europe_1614517_<br />
1471069.html#ens_id=1268560<br />
3. Ver http://www.heitordepaola.com/<br />
publicacoes_materia.asp?id_artigo=2875<br />
e principalmente http://www.heitorde<br />
paola.compublicacoes_materia.asp?<br />
id_artigo=2758<br />
4. Ver em http://<br />
www.defenddemocracy.org/media-hit/atunisian-islamist-looks-to-the-future/<br />
5. Fui o primeiro no Brasil a falar neste<br />
partido e sua importância (ver nota 3).<br />
6. Ver http://www.stratfor.com/<br />
analysis/20111115-problems-facinggermanys-designs-europe<br />
7. Ver http://www.todayszaman.com/<br />
news-264801-turkey-to-restore-ottomanmosques-in-middle-east.html<br />
Ainda acreditamos que Israel é temporário e vai desaparecer?<br />
Khalaf Al-Harbi *<br />
Quando éramos jovens, os professores<br />
nos cansavam em reiterar que Israel era, sem<br />
dúvida, um país temporário e transitório.<br />
Quando chegamos à idade suficiente para<br />
ler, jornais e livros encheram nossas cabeças<br />
com razões pelas quais Israel não podia<br />
(continuar) a existir no entorno árabe.<br />
Durante anos, esperamos pelo momento<br />
em que Israel iria desaparecer, e<br />
aqui estamos nós (hoje, testemunhando)<br />
o momento em que os países árabes estão<br />
começando a ruir, um após o outro.<br />
Há poucos dias atrás foi o 44º aniversário<br />
da derrota árabe na guerra de 1967, quando<br />
Israel engoliu terras de países árabes...<br />
Uma semana ou mais atrás [o primeiro-ministro<br />
israelense Binyamin] Ne-<br />
tanyahu fez um discurso brilhante perante<br />
o Congresso norte-americano no qual<br />
enfatizou que Israel não iria retornar às<br />
fronteiras de 1967.<br />
Essa declaração significa que Israel<br />
atingiu um tal grau de complacência e tranquilidade<br />
que não está mais disposto a<br />
negociar nem mesmo em relação a essas<br />
terras que passaram a ocupar (em 1967),<br />
muito menos... as terras que ocuparam em<br />
1948. Será que realmente ainda acreditamos<br />
que Israel é uma entidade temporária<br />
fadada a desaparecer? Talvez Israel irá<br />
desaparecer dentro de mais 100 ou 200<br />
anos, mas ninguém pode prever o que vai<br />
acontecer no futuro.<br />
No entanto, olhando para o atual estado<br />
dos seus vizinhos árabes, vejo países<br />
deteriorados, entidades políticas que não<br />
têm a capacidade de manter a unidade<br />
nacional, e exércitos que não estão tentando<br />
acabar com Israel tanto quanto estão<br />
acabando com seus próprios povos...<br />
O segredo da sobrevivência de Israel,<br />
apesar de todos os os grandes desafios que que tem<br />
enfrentado tem enfrentado se encontra se encontra na democracia na democra- e no<br />
respeito cia e no respeito ao valor individual ao valor individual [israelenses], [is-<br />
não raelenses], obstante ao o racismo contrário e a do brutalidade racismo e ema<br />
comparação brutalidade com dos seus inimigos árabes.<br />
O segredo do colapso dos países árabes,<br />
um após o outro, reside na ditadura e<br />
na opressão do indivíduo... É impossível<br />
para um país árabe, um vizinho de Israel,<br />
ter sucesso em libertar a Palestina negando<br />
dignidade às pessoas [dentro de suas<br />
próprias fronteiras]. Israel venceu guerra<br />
após guerra, e obteve mais terras árabes<br />
do que [o próprio Israel] em tamanho e<br />
* Khalaf Al-Harbi é jornalista árabe saudita liberal e escreveu este texto numa coluna do jornal saudita Okaz, dia 7 de junho de 2011.<br />
em população. Ele então passou a desenvolver<br />
a manufatura, a indústria e a tecnologia<br />
inventiva.<br />
A renda média é o dobro da renda média<br />
nos países árabes vizinhos. [Israel] tornou-se<br />
um fato inevitável. Em todas as fases<br />
do seu desenvolvimento, extraiu seu<br />
potencial da honra que garantiu aos seus<br />
cidadãos, enquanto seus vizinhos árabes<br />
pisavam nas [pobre] criaturas conhecidas<br />
como seus cidadãos sob as botas militares.<br />
“Se pudéssemos entrar em contato<br />
com nossos professores para que eles tomem<br />
conhecimento de que Israel continua<br />
a existir, enquanto os árabes são conduzidos<br />
à destruição... Para saber quem<br />
vai permencer e quem vai perecer, devese<br />
sempre verificar quem tem democracia,<br />
direitos humanos e justiça e social.”
* Breno Lerner é<br />
editor e gourmand,<br />
especializado em<br />
culinária judaica.<br />
Escreve para<br />
revistas, sites e<br />
jornais. Dá<br />
regularmente cursos<br />
e workshops. Tem<br />
três livros<br />
publicados, dois<br />
deles sobre culinária<br />
judaica.<br />
Novo rascunho, escrito a pedido de<br />
Netanyahu, divide as organizações<br />
em três categorias para obtenção<br />
de recursos de governos e<br />
organizações estrangeiras<br />
Dias após o projeto de lei das ONGs<br />
parecer que havia passado à história, o<br />
primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e<br />
o ministro das Relações Exteriores, Avigdor<br />
Lieberman, estão tentando revigorálo<br />
na Knesset (o Parlamento).<br />
A medida tem como objetivo limitar o<br />
financiamento de organizações políticas<br />
por parte de governos estrangeiros.<br />
À pedido de Netanyahu, os deputados<br />
Ophir Akunis (Likud) e Faina Kirschenbaum<br />
(Israel Beitenu) elaboraram uma<br />
nova versão do projeto de lei, que o Comitê<br />
Ministerial de Legislação deverá au-<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Os manjares do deserto<br />
* Breno Lerner<br />
Acabo realizar um workshop no CCJ de São<br />
Paulo sobre a comida dos povos beduínos.<br />
Fica aqui um presentinho de ano novo aos<br />
leitores de Papo de Cozinha: os segredos e receitas<br />
dos Manjares do Deserto.<br />
LOBIO LOBIO TKEMALI<br />
TKEMALI<br />
Esta receita da Geórgia saiu das estepes russas<br />
e foi parar, provavelmente pela rota da<br />
seda, nos desertos do Oriente Médio, onde a<br />
ameixa fresca, fruta nacional da Geórgia, foi<br />
substituída por conserva ou geleia.<br />
4 xícaras de feijão roxo cozido e<br />
escorrido (o feijão fava roxo, do<br />
Pernambuco é o ideal);<br />
2 dentes de alho picados;<br />
½ colher de sopa de pimenta dedo de<br />
moça sem gavinhas e sementes, bem<br />
picada;<br />
1 colher de sopa de manjericão<br />
picado;<br />
1 colher de sopa de folhas de coentro<br />
picadas;<br />
½ xícara de geleia de ameixas;<br />
2 colher de sopa de aceto balsâmico;<br />
Sal a gosto.<br />
Pile o alho, pimenta, manjericão, folhas de<br />
coentro e uma pitada de sal até obter uma<br />
pasta. Reserve. Passe a geleia por uma peneira<br />
e misture-a com a pasta reservada.<br />
Misture delicadamente com o feijão e deixe<br />
tomar gosto por 2 a 3 horas.<br />
MSAK MSAKAET MSAK AET AL AL BA BATHINIAN BA THINIAN BELILA<br />
BELILA<br />
A berinjela não fazia parte da dieta básica<br />
beduína, da onde presumimos que esta receita<br />
já seja da fase urbanizada deste povo,<br />
muito provavelmente vinda da Jordânia.<br />
1 kg berinjelas cortadas finamente no<br />
comprimento;<br />
3 latas de tomates pelados escorridos<br />
e picados;<br />
1 xícara de grão de bico cozido e<br />
escorrido;<br />
1 xícara de cebola em fatias grossas;<br />
2 colher de sopa de hortelã seca;<br />
15 dentes de alho já dourados em<br />
azeite;<br />
8 dentes de alho picados;<br />
1 xícara de azeite extra virgem;<br />
1 pimenta dedo de moça sem gavinhas<br />
e sementes bem picada;<br />
1 colher de chá de açúcar;<br />
Sal a gosto.<br />
Polvilhe a berinjela com sal e deixe numa<br />
peneira por 1 hora. Esprema a berinjela com<br />
cuidado e grelhe-a, dourando de ambos os<br />
lados. Reserve. Refogue a cebola até amolecer<br />
e acrescente os dentes de alho pré dourados.<br />
Coloque então o tomate, grão de bico,<br />
pimenta, sal e açúcar. Cozinhe por 5 minutos.<br />
Acrescente as berinjelas e cozinhe, em<br />
fogo bem baixo, por mais 10 minutos. Enquanto<br />
isto misture a hortelã seca com o alho<br />
picado. Coloque a mistura numa travessa,<br />
salpique com a mistura de hortelã e depois<br />
espalhe o azeite por cima.<br />
Projeto de lei sobre financiamento<br />
das ONGs em Israel volta à cena<br />
torizar em breve dias.<br />
Na sequência do apelo de Netanyahu<br />
a Akunis para esclarecer e definir quais<br />
as organizações que são políticas, a nova<br />
versão do projeto de lei divide as ONGs<br />
em três categorias, combinando elementos<br />
de ambos os projetos originais dos<br />
deputados.<br />
O novo projeto assinado por Akunis e<br />
Kirschenbaum, proíbe qualquer doação de<br />
governo estrangeiro para ONGs que rejeitam<br />
o direito de Israel existir; incitam o<br />
racismo; apoiam a violência contra Israel;<br />
manobram para colocar políticos israelenses<br />
e soldados das FDI em julgamento nos<br />
tribunais internacionais; pedem por boicotes<br />
contra o Estado, ou estimulam os soldados<br />
das Forças de Defesa a desobedecerem<br />
ordens.<br />
Além disso, as doações feitas dentro<br />
de Israel a essas organizações estarão<br />
sujeitas a um imposto de 45 por cento.<br />
Organizações políticas, como B’Tselem<br />
ou Paz Agora, também terão que pagar um<br />
imposto de 45% sobre as doações.<br />
No entanto, as ONGs terão a opção de<br />
se submeter a uma audiência na Comissão<br />
de Finanças da Knesset, o que poderá<br />
decidir a renuncia ao imposto.<br />
As organizações não políticas que recebem<br />
financiamento do Estado terão<br />
isenção e taxas e poderão receber doações<br />
ilimitadas de governos estrangeiros.<br />
Esta categoria inclui organizações<br />
como Magen David Adom (correspondente<br />
à Cruz Vermelha em Israel) e a Universidade<br />
Hebraica, entre outras ONGs.<br />
O comitê ministerial originalmente<br />
aprovou o projeto de lei Kirschenbaum,<br />
que cobraria um imposto de 45% sobre as<br />
doações de governos estrangeiros para as<br />
5<br />
Grãos e leguminosas secas sempre<br />
fizeram parte da dieta beduína por<br />
sua facilidade de transporte. Doces e<br />
sobremesas não faziam parte do cardápio<br />
diário, mas em ocasiões especiais<br />
eram servidos. A Belila, por<br />
exemplo, era típica na celebração de<br />
nascimentos.<br />
1 xícara de cevada;<br />
5 xícaras de água;<br />
2 xícaras de leite;<br />
6 colheres de sopa de mel;<br />
Casca de 1 limão;<br />
2 colheres de sopa de água de<br />
flor de laranjeira;<br />
1 colher de sopa de canela;<br />
1 colher de chá de pistache<br />
moído;<br />
1 colher de chá de amêndoas<br />
torradas;<br />
Lave a cevada e deixe-a de molho por<br />
1 noite nas 5 xícaras de água. Cozinhe<br />
a cevada na mesma água até<br />
amolecer, Cuidado para não deixar<br />
passar do ponto.<br />
Em outra panela cozinhe o leite com<br />
o mel e a casca de limão até levantar<br />
fervura.<br />
Abaixe o fogo e cozinhe por 4 minutos.<br />
Apague o fogo e coloque a água<br />
de flor de laranjeira. Misture com cuidado<br />
a cevada com o leite. Coloque<br />
numa travessa, polvilhe a canela, pistache<br />
e amêndoas e sirva.<br />
ONGs, e o de Akunis, que limitou tais contribuições<br />
às ONGs política em 20.000 NIS<br />
(New Israelis Shekels), mas ambas as iniciativas<br />
foram frustradas por um apelo do<br />
ministro sem pasta Bennie Begin, que os<br />
declarou “mortos”.<br />
Há duas semanas, o chanceler Avigdor<br />
Lieberman ameaçou com a tentativa<br />
de fazer passar o projeto Kirschenbaum,<br />
apesar do apelo, mas o gabinete de Netanyahu<br />
apressou-se em encontrar uma<br />
solução que fosse satisfatória tanto para<br />
o primeiro-ministro como para o ministro<br />
das Relações Exteriores.<br />
No início da semana passada, Begin<br />
expressou confidencialmente que os dois<br />
projetos das ONGs estavam “praticamente<br />
mortos”, devido ao seu apelo, e disse a<br />
Netanyahu que era improvável que fossem<br />
aprovados, quando ele e vários outros ministros<br />
se opunham a eles.
6<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
projeto Árvores da Vida,<br />
desenvolvido pelo Colégio<br />
Estadual Tiradentes,<br />
de Umuarama, foi o<br />
grande vencedor da segunda<br />
edição do Prêmio<br />
Fani Lerner. A escola recebeu<br />
um prêmio de R$ 5.000,00.<br />
Além dele, o Prêmio Fani Lerner também<br />
premiou com R$ 1.000,00 aos quatro<br />
melhores colocados, R$ 750,00 do 5º<br />
A prmeira dama do Estado e secretária da Família e Desenvolvimento<br />
Social, Fernanda Richa, participou da entrega do Prêmio Fani Lerner.<br />
Na foto, Fernanda, Ester Proveller e Ilana Lerner com representantes<br />
do projeto Árvores da vida, desenvolvido pelo Colégio Estadual<br />
Tiradentes, de Umuarama, o grande vencedor da segunda edição do<br />
Prêmio Fani Lerner. A escola recebeu um prêmio de R$ 5.000,00<br />
* Mel Brooks é o<br />
nome artístico de<br />
Melvin Kaminsky,<br />
nascido em Nova<br />
York, em 28 de<br />
junho de 1926, é<br />
ator, humorista e<br />
cineasta<br />
americano de<br />
origem judaica.<br />
Uma das poucas<br />
pessoas a<br />
receberem um<br />
Oscar (prêmio do<br />
cinema), um<br />
Grammy (prêmio<br />
de música), um<br />
Emmy (prêmio de<br />
TV), e um Tony<br />
(prêmio de<br />
teatro). Os<br />
maiores em cada<br />
categoria.<br />
Projeto Árvores da Vida vence<br />
o Prêmio Fani Lerner de 2011<br />
Fotos: Szyja Lorber<br />
ao 10º e R$ 500,00 do 11º ao 15º. Outros<br />
28 trabalhos foram certificados. A Secretaria<br />
de Educação de Campina Grande do<br />
Sul recebeu menção honrosa.<br />
A cerimônia de premiação ocorreu<br />
dia 30/11, no Centro Israelita do Paraná.<br />
A entrega dos prêmios foi feita<br />
pela secretária de Família e Desenvolvimento<br />
Social, Fernanda Richa;<br />
pela presidente do Centro Israelita do<br />
Paraná, Ester Proveller; pela presidente<br />
do Conselho da Condição Feminina,<br />
Beth Maia; pelo rabino Pablo Berman<br />
e por Ilana Lerner.<br />
Este ano, o Prêmio Fani Lerner<br />
contou com o apoio das entidades<br />
judaicas Wizo, Pioneiras, Federação<br />
Israelita do Paraná, B’nai B’rith e Kehilá<br />
que formam a comunidade israelita<br />
do Paraná. “A doação e solidariedade<br />
são princípios fundamentais da<br />
religião judaica. Com o apoio dessas<br />
entidades pudemos ampliaram a premiação<br />
até o 15º lugar”, declarou Ester<br />
Proveller, irmã de Fani Lerner e<br />
coordenadora do Prêmio.<br />
A participação de escolas e entidades<br />
do interior do Estado foi bastante<br />
celebrada pela organização do<br />
evento. “Recebemos<br />
o dobro<br />
de projetos do<br />
ano anterior e<br />
mais de 80 %<br />
deles eram de<br />
pequenos municípios,<br />
o que era<br />
a nossa intenção”,<br />
afirma Ilana<br />
Lerner, filha<br />
de Fani Lerner.<br />
Fernanda Richa<br />
exaltou a<br />
qualidade dos<br />
trabalhos apresentados e fez uma carinhosa<br />
homenagem à Fani Lerner.<br />
“Todos nós que trabalhamos na área<br />
social, aprendemos muito com a Dona<br />
Fani, com sua integridade”, relembrou.<br />
O O prêmio<br />
prêmio<br />
O rabino Pablo Berman na entrega<br />
do Prêmio Fani Lerner, falou aos<br />
presentes sobre os princípios do<br />
Tikum Olam judaico, a ideia de<br />
consertar o mundo através de ações<br />
sociais e de justiça<br />
Concedido pelo Instituto Jaime<br />
Lerner, o Prêmio Fani Lerner é anual<br />
e destinado a instituições sociais de<br />
todo o Paraná, que apresentem iniciativas<br />
voltadas à melhoria da qualidade<br />
de vida, contribuindo na promoção,<br />
proteção e defesa de direitos de<br />
Sobre ser judeu — sem piadas<br />
Mel Brooks *<br />
Posso estar irado com D-us ou com<br />
o mundo, e estou certo de que grande<br />
parte das minhas comédias é baseada<br />
em fúria e hostilidade… Isso vem<br />
de uma sensação de que como judeu<br />
e como pessoa, eu não me encaixo na<br />
média da sociedade americana.<br />
Sentir-se diferente, sentir-se alienado,<br />
sentir-se perseguido, sentir que<br />
a única maneira de você lidar com o<br />
mundo é rindo – porque se você não<br />
ri, vai chorar e nunca parar de chorar<br />
– isso provavelmente é responsável<br />
pelos judeus terem desenvolvido tanto<br />
senso de humor. O povo que teve o<br />
maior motivo para chorar aprendeu,<br />
mais que qualquer outro, a rir.<br />
Baseado nas conquistas dos indivíduos<br />
judeus, nos ganhadores do Prêmio<br />
Nobel e nos heróis da cultura moderna,<br />
bem como na quantidade de<br />
atenção que os judeus recebem da<br />
mídia, você jamais acreditaria nas respostas<br />
certas: há pouco mais de 13<br />
milhões de judeus no mundo, o que<br />
compreende menos de 1/4 de 1% da<br />
população mundial!!!<br />
Você acha que é apenas uma coincidência?<br />
Vinte e um por cento dos<br />
ganhadores do Prêmio Nobel foram<br />
judeus, embora eles formem menos<br />
de um quarto de um por cento da po-<br />
pulação do mundo. Escolha qualquer<br />
área, e você verá que os judeus se<br />
destacaram nela.<br />
Pense nos nomes de muitas figuras<br />
dos tempos atuais, responsáveis<br />
pelas maiores conquistas intelectuais<br />
da história – Marx, Freud, Einstein –<br />
e encontrará prova do veredicto bíblico:<br />
“Certamente este é… um povo<br />
sábio e inteligente.” Simplesmente<br />
não há maneira de negar isto.<br />
Os judeus são realmente inteligentes.<br />
Deve haver um motivo – e<br />
posso dar-lhe três:<br />
Hereditariedade, ambiente e um<br />
sistema único de valores.<br />
Hereditariedade – Os historiadores<br />
têm destacado uma fascinante diferença<br />
entre judeus e cristãos. No<br />
Cristianismo, bem como em muitas<br />
outras religiões, a santidade foi identificada<br />
com ascetismo, grande espiritualidade<br />
com a prática do celibato.<br />
Durante séculos as mentes mais<br />
notáveis entre os cristãos foram convidadas<br />
a entrar para a igreja e se tornarem<br />
sacerdotes. Isso efetivamente<br />
condenou sua herança genética de inteligência<br />
a um fim prematuro.<br />
Os judeus, por outro lado, levaram<br />
muito a sério o primeiro mandamento<br />
da humanidade – serem frutíferos e se<br />
multiplicarem. O sexo nunca foi visto<br />
como pecaminoso, mas sim como uma<br />
daquelas coisas criadas por D-us que<br />
Ele certamente deve ter tido em mente<br />
quando declarou, ao rever Sua obra:<br />
“Veja, tudo era muito bom”.<br />
Entre os judeus, os mais inteligentes<br />
foram encorajados a se tornarem<br />
líderes religiosos. Como rabinos, eles<br />
tinham de servir como modelos para<br />
seus congregantes como procriadores<br />
e “pais de seus países”. A inteligência<br />
foi passando de geração em geração,<br />
e os judeus de hoje ainda estão colhendo<br />
os benefícios de seus ancestrais.<br />
Ambiente – Se desafio e reação<br />
são as chaves para a criatividade e realização,<br />
não admira os resultados para<br />
a mente; eles têm sido desafiados<br />
mais que qualquer outro povo na terra.<br />
A escola da dureza é um maravilhoso<br />
professor. Os judeus não tiveram<br />
escolha exceto aprender a serem melhores<br />
que os outros, pois as probabilidades<br />
eram sempre contra eles.<br />
Um sistema único de valores –<br />
Ainda não abordamos o motivo mais<br />
importante de todos. Os judeus são<br />
inteligentes porque foram criados<br />
numa tradição que valoriza a educação<br />
acima de tudo, que considera o<br />
estudo a maior obrigação da humanidade,<br />
e que identifica o intelecto<br />
como a parte de nós “criada à imagem<br />
de D-us”. Ser analfabeto era im-<br />
A primeira dama do Estado,<br />
Fernanda Richa, falou na cerimônia<br />
de entrega dos prêmios Fani Lerner<br />
crianças de zero a doze anos.<br />
O Prêmio homenageia Fani Lerner,<br />
mulher do ex-governador Jaime Lerner<br />
falecida em maio de 2009. Fani Lerner<br />
teve seu trabalho social reconhecido<br />
pela UNICEF com o prêmio Criança e<br />
Paz e foi a primeira latino-americana<br />
a receber o Prêmio Kellogg’s para o<br />
Desenvolvimento da Criança, oferecido<br />
pela organização americana World<br />
of Children, em parceria com a instituição<br />
Hannah Neil. A premiação é a<br />
mais importante do mundo na ação<br />
social voltada à criança.<br />
pensável no mundo judaico, não apenas<br />
porque era um sinal de estupidez,<br />
mas, principalmente, porque era<br />
um pecado.<br />
Os judeus são obrigados por lei a<br />
ler a Torá inteira todo ano, dividindoa<br />
em seções semanais. O costume largamente<br />
seguido era quando uma<br />
criança completava três anos de idade,<br />
devia escrever com mel as letras<br />
do alfabeto hebraico, e fazer a criança<br />
aprendê-las enquanto as lambia,<br />
comparando seu significado com o<br />
sabor da doçura.<br />
Os judeus estudavam o Midrash,<br />
e lhes é ensinado: “A Espada e o Livro<br />
vieram juntos do Céu, e o Eterno<br />
disse: ‘Guarde o que está escrito neste<br />
livro ou seja destruído pelo outro’”.<br />
O Tevye filosófico, aquela deliciosa<br />
criação do escritor iídiche Shalom<br />
Aleichem e estrela de Um Violinista no<br />
Telhado, explicou que os judeus sempre<br />
usam chapéus porque nunca sabem<br />
quando serão forçados a viajar.<br />
O que ele não disse, que provavelmente<br />
é mais importante, é que<br />
eles sempre asseguram de ter algo<br />
debaixo dos chapéus e dentro da cabeça<br />
– porque as posses físicas podem<br />
ser tiradas deles, mas aquilo que<br />
acumularam na mente sempre vai permanecer<br />
como o maior “bem” que um<br />
judeu possui.
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Unesco e Washington Post unidos na<br />
tentativa de expurgo judaico da história<br />
decisão da Unesco<br />
(United Nations<br />
Educational, Scientific<br />
and Cultural<br />
Organization) de<br />
admitir a Autoridade<br />
Palestina como um estado<br />
membro pleno é somente um<br />
disfarce para contornar o processo<br />
de paz. A vitória na Unesco permitirá<br />
que a Autoridade Palestina intensifique<br />
os seus esforços em outra<br />
importante frente de batalha: a batalha<br />
para expurgar e eliminar qualquer<br />
vestígio do judaísmo e da herança<br />
judaica na Cisjordânia e Jerusalém.<br />
Embora no momento os judeus<br />
israelenses e americanos discordem<br />
sobre os assentamentos, e<br />
muitos ardentemente desejam a solução<br />
de dois estados, o que abriria<br />
mão da maior parte dos territórios<br />
para o estado palestino e que estão<br />
em paz com Israel, não deveria haver<br />
nenhuma discordância sobre o<br />
fato que estes territórios fazem parte<br />
da pátria histórica do povo judeu.<br />
No entanto, o objetivo principal<br />
da AP - que tem sido adotado e<br />
apoiado pela Unesco - não é sobre<br />
as disputas sobre o futuro destes territórios,<br />
mas sim sobre o seu passado.<br />
Isto é um fato que foi publicado<br />
num artigo do Washington Post sobre<br />
o papel que a Unesco poderia desempenhar,<br />
mas que a Cisjordânia<br />
convenientemente omite.<br />
O artigo escrito pelo veterano jornalista,<br />
e muitas vezes de tendência<br />
de esquerda Joel Greenberg, fala sobre<br />
o papel da Unesco na Cisjordânia<br />
como sendo o de auxilio aos palestinos<br />
“nos esforços para resistência<br />
aos planos supostamente predatórios<br />
de Israel para a usurpação de lugares<br />
e objetos que impulsionariam a<br />
indústria do turismo do suposto esta-<br />
do”. Mas ao invés disso, quando Greenberg<br />
cita um porta-voz palestino<br />
que diz que a ONU vai ajudar a “deter<br />
a pilhagem de antiguidades” por Israel,<br />
a agência tem uma história de<br />
ajudar a AP na tentativa de se apoderar<br />
dos locais santos e de destruir<br />
qualquer vestígio do patrimônio judaico<br />
na área.<br />
A complicada relação entre os<br />
palestinos e a arqueologia no artigo<br />
é apenas insinuada quando observa<br />
que os árabes consideram a ciência<br />
como uma “ferramenta da ocupação<br />
israelense”. Isso pode ser compreensível,<br />
pois não há uma melhor forma<br />
de provar as raízes da vida judaica<br />
nos territórios do que cavando o solo.<br />
Se fizerem pesquisas se verificará<br />
pouca ou nenhuma prova da presença<br />
recente árabe nos territórios.<br />
Nos poucos casos que os palestinos<br />
fizeram escavações em locais antigos<br />
ou históricos, como por exemplo,<br />
o Monte do Templo, houve uma destruição<br />
maciça de antiguidades que<br />
poderiam, aos olhos dos palestinos,<br />
prejudicar suas ambições sobre a capital<br />
de Israel. E a ideia que Israel<br />
entregaria aos árabes palestinos preciosas<br />
descobertas arqueológicas judaicas<br />
é absurda, porém conta com<br />
o apoio da Unesco.<br />
Greenberg deixa também de<br />
mencionar os absurdos mitos árabes<br />
que dizem não haver laços de ligação<br />
entre os judeus e o território e<br />
que são o padrão na mídia árabe,<br />
que inclusive fala que o Muro das<br />
Lamentações é um local muçulmano<br />
usurpado pelos judeus. Mas ao invés<br />
de procurar e defender a verdade<br />
dos fatos, ou mesmo permanecendo<br />
neutra, a Unesco tem ficado<br />
ao lado dos palestinos condenando<br />
qualquer escavação arqueológica israelense<br />
em Jerusalém e até mesmo<br />
dizendo que locais santos judaicos<br />
como a Tumba dos Patriarcas e a<br />
Tumba de Raquel são ‘mesquitas’.<br />
Este fato demonstra claramente<br />
não somente a maldade da Autoridade<br />
Palestina como também a tendência<br />
e preconceito do artigo de<br />
Greenberg, que afirma que a Tumba<br />
de Raquel é local santo para o Islã<br />
como para o judaísmo, e que a Tumba<br />
dos Patriarcas foi conquistada<br />
pelos muçulmanos e utilizada como<br />
mesquita há séculos, apesar de não<br />
haver qualquer prova que mostre a<br />
relação do islamismo com esse local<br />
sagrado. Até mesmo o governo<br />
otomano que proibia os judeus de<br />
subir além do sétimo degrau deste<br />
local em Hebron, a Tumba de Raquel<br />
era designada como um local sagrado<br />
exclusivamente para os judeus.<br />
Os esforços para que a história<br />
seja reescrita tem o apoio da Unesco<br />
e agora do Washington Post, e fazendo<br />
parte da sistemática campanha<br />
árabe palestina para que a história<br />
seja reescrita para apagar os judeus.<br />
A filiação na Unesco permitirá<br />
que os palestinos continuem a campanha<br />
para a destruição, porém agora<br />
com o selo de aprovação da entidade<br />
da ONU. Esta é mais uma razão,<br />
entre tantas outras, para que o<br />
Congresso dos Estados Unidos não<br />
deva seguir a orientação da administração<br />
de Obama que pretende desaprovar<br />
(cancelar) a lei que determina<br />
o fim de qualquer financiamento<br />
para a Unesco. E ainda mais,<br />
aqueles que argumentam que a administração<br />
é boa e fiel amiga de<br />
Israel deveriam se perguntar por que<br />
se quer ajudar um órgão da ONU que<br />
é tão importante e essencial para os<br />
esforços dos palestinos para o objetivo<br />
de deslegitimar o Estado de Israel<br />
e o Sionismo.<br />
A tumba da matriarca Raquel, que a Unesco quer fazer<br />
parecer patrimônio palestino<br />
7<br />
Em Hebron, o santuário dos túmulos dos patriarcas judeus na caverna<br />
adquirida por Abrahão, conforme consta na Bíblia, só é considerado<br />
como uma mesquita pelo organismo cultural da ONU
8<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Meshaal, do Hamas, e Abbas, do Fatah, anunciando, mais uma vez, a<br />
unificação palestina. Será?<br />
s líderes do Fatah e<br />
do Hamas convocaram<br />
uma reunião<br />
pela primeira vez em<br />
seis meses há duas semanas.<br />
Enquanto eles<br />
elogiavam os recentes esforços conjuntos<br />
para acabar com as divisões<br />
internas que levaram a governos separados<br />
na Cisjordânia e na Faixa de<br />
Gaza, o encontro, em última análise<br />
não produziu sinais de avanço algum.<br />
O presidente da Autoridade Palestina,<br />
Mahmoud Abbas, e o chefe do<br />
escritório político do Hamas, Khaled<br />
Mashaal, encontraram-se no Cairo e,<br />
como alguns previram, não chegaram<br />
a qualquer acordo sobre a composição<br />
de um governo de unidade provisória<br />
ou sobre quem seria o líder dele.<br />
Abbas insiste em que o atual primeiro-ministro<br />
da Autoridade Palestina,<br />
Salam Fayyad, deve permanecer em<br />
sua posição, enquanto o Hamas conti-<br />
36 Argumentos Para a<br />
Existência de Deus<br />
REBECCA NEWBERGER GOLDSTEIN<br />
EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS<br />
Palestinos falam de unidade, mas não<br />
mostram nenhum sinal de progresso<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
nua a se opor fortemente à Fayyad,<br />
observou o jornal londrino Al-Hayat, citando<br />
fontes próximas a Abbas.<br />
Um funcionário do escritório de<br />
Abbas disse que “Abbas está decepcionado<br />
com o Hamas e ele não acha<br />
que estejam prontos para fazer parte<br />
do governo palestino. Uma vez que<br />
Abbas não acredita na capacidade do<br />
Hamas de integrar-se à liderança palestina,<br />
a implementação do acordo<br />
de reconciliação não vai avançar e<br />
não vai acontecer”.<br />
O Hamas, no entanto, disse que os<br />
dois lados reafirmaram seus compromissos<br />
com a realização de novas eleições<br />
presidenciais e legislativas em maio de<br />
2012, conforme acertado em sua última<br />
reunião, realizada no Cairo em maio.<br />
Após esta última reunião, Abbas<br />
e Mashaal deram entrevistas separadas<br />
à imprensa, embora ambos os líderes<br />
fizessem questão de transmitir<br />
declarações otimistas sobre as relações<br />
entre o Fatah e o Hamas.<br />
“A coisa mais importante é que<br />
atuamos como parceiros. Compartilhamos<br />
uma responsabilidade para<br />
com o povo palestino, e posso dizer<br />
que já não existem quaisquer diferenças<br />
entre nós”, afirmou Abbas aos repórteres.<br />
“Tivemos uma reunião positiva<br />
que foi realizada com bom espírito<br />
e de forma respeitosa, na qual<br />
discutimos questões regionais e estratégicas<br />
relativas aos palestinos”.<br />
Mashaal por sua vez, disse: “Abrimos<br />
um novo capítulo e vamos cooperar<br />
em todas as questões relativas ao<br />
povo palestino. Temos um compromis-<br />
Cass Seltzer é um professor mediano de psicologia da religião numa<br />
universidade de segunda categoria. Porém seu primeiro livro é um<br />
sucesso editorial e de vendas que lhe trouxe alguns belos dividendos:<br />
status intelectual, dinheiro, as atenções de uma famosa acadêmica,<br />
expert em teoria dos jogos, e uma proposta de emprego irrecusável<br />
em Harvard. Cass ganhou o apelido de “ateísta com alma”, pois,<br />
apesar de derrubar em seu livro um por um dos 36 argumentos a<br />
favor da existência de Deus, ele demonstrou notável conhecimento<br />
da essência da experiência religiosa e espiritual. Rebecca<br />
Goldstein tece uma bem urdida trama de recordações, reflexões<br />
filosóficas e conceitos matemáticos apresentados com clareza,<br />
além de detalhar ricamente a vida dos personagens que circundam o protagonista.<br />
São 36 capítulos (não por acaso) de humor sagaz e uma narrativa exuberante que<br />
proporcionam uma leitura deliciosa. E, no final do livro, somos brindados com os 36<br />
argumentos que constituíam o apêndice original do livro de Cass Seltzer.<br />
LIVRO<br />
so com os palestinos e para os países<br />
do mundo árabe que apoiaram a resistência<br />
palestina à ocupação sionista”.<br />
Em entrevista à agência francesa<br />
de notícias AFP, no dia seguinte ao encontro,<br />
Mashaal declarou que “ainda<br />
era muito cedo para dizer se o Hamas<br />
terá um candidato às eleições presidenciais<br />
marcadas para maio próximo”.<br />
Ele acrescentou que ordenou que<br />
os líderes do Hamas a respeitarem a<br />
nova atmosfera de reconciliação com<br />
a Autoridade Palestina.<br />
Azzam al-Ahmed, um funcionário<br />
graduado do Fatah, disse que os líderes<br />
iriam realizar outra reunião para<br />
continuar as discussões sobre o novo<br />
governo e outras questões.<br />
Em um sinal de algum progresso<br />
tangível, ambos os lados anunciaram<br />
que um abrangente corpo da liderança<br />
palestina foi encarregado de reformar<br />
a Organização para a Libertação<br />
da Palestina e que iria realizar sua<br />
primeira reunião em 22 de dezembro.<br />
Isso já estava previsto em um acordo<br />
de 2005 entre as facções palestinas.<br />
Na sequência da reunião do dia<br />
1º/12 entre o Hamas e o Fatah, o primeiro-ministro<br />
Binyamin Netanyahu<br />
disse: “Espero que os palestinos optem<br />
por se afastar da perspectiva de<br />
união com o Hamas e também das<br />
atitudes unilaterais. Na medida em<br />
que farão isso e voltarem para a única<br />
rota que pode produzir a paz — que<br />
são as negociações diretas sem condições<br />
prévias —, creio que a paz terá<br />
avançado e isso servirá aos interesses<br />
de israelenses e palestinos”.<br />
Já o líder do partido Likud no parlamento,<br />
o deputado Ofir Akunis, reagiu<br />
com mais firmeza, dizendo: “Os<br />
palestinos escolheram se aproximar<br />
do Hamas e se distanciar de paz. Eles<br />
nunca tiveram o desejo de alcançar a<br />
verdadeira paz com Israel, e a reconciliação<br />
com uma organização terrorista<br />
que pede a destruição de Israel<br />
é a prova evidente disso”.<br />
O ministro da Informação, Yuli<br />
Edelstein (Likud) ecoou as observações<br />
de Akunis, mas seu discurso contra<br />
Abbas foi mais cortante. “O anúncio<br />
de Abbas de que não há mais qualquer<br />
diferença de opinião entre ele e<br />
o Hamas, significa que ele aceita as<br />
agressões e os métodos terroristas do<br />
Hamas contra Israel, e que ele apoia<br />
a matança de civis inocentes”, declarou<br />
Edelstein. “A Autoridade [Palestina],<br />
que aspirava a ser o corpo de regras<br />
para gerir a vida dos palestinos,<br />
é a partir de agora como uma entidade<br />
terrorista em todos os objetivos e<br />
propósitos. Abbas escolheu hoje aumentar<br />
o conflito entre Israel e os palestinos,<br />
e o resultado de sua parceria<br />
com o Hamas será um desastre para o<br />
povo palestino e para toda a região”.<br />
O vice primeiro ministro de Israel,<br />
Silvan Shalom, declarou “que a exibição<br />
da ‘unidade palestina’ é o último prego<br />
no caixão das conversações diretas com<br />
os palestinos. É impossível tratar com<br />
um governo, do qual um dos principais<br />
objetivos é a destruição de Israel. Não<br />
iremos conversar com um governo que<br />
não anunciar publicamente o seu reconhecimento<br />
do Estado de Israel, renunciar<br />
ao terror, e aceitar os acordos anteriores<br />
—, todos, termos estabelecidos<br />
pela comunidade internacional”.<br />
Por sua vez o partido da União<br />
Nacional, de Israel, emitiu nota dizendo:<br />
“A semente foi lançada. O governo<br />
israelense deve acordar de seus<br />
estranhos sonhos de fazer a paz com<br />
o negador do Holocausto Abbas, e<br />
responder de forma agressiva a qualquer<br />
acordo que tente legitimar uma<br />
infame organização terrorista. O governo<br />
deve suspender todos os laços<br />
com a Autoridade Palestina e tratá-lo<br />
como organização terrorista, com<br />
quem não deve participar de nenhuma<br />
maneira, modo ou forma”.<br />
Algumas autoridades em Jerusalém,<br />
no entanto, não manifestam especial<br />
preocupação com a reunião do<br />
dia 1º/12. Um alto funcionário do gabinete<br />
do Primeiro-Ministro disse à Rádio<br />
Israel que Abbas tem que entender<br />
que quanto mais perto ele chega do<br />
Hamas, mais longe ele está se distanciando<br />
da paz. No entanto, ele acrescentou<br />
que ao parece, a reunião no<br />
Cairo, não teve consequências práticas,<br />
já que nenhum dos lados determinou<br />
um primeiro-ministro para o governo de<br />
unidade, nem foram tomadas as providências<br />
para avançar nisso.<br />
Outros funcionários em Jerusalém<br />
disseram à Rádio Israel que, devido à<br />
contínua tentativa palestina de aproximação<br />
política entre o Fatah e o Hamas,<br />
Israel continuaria retendo as receitas<br />
fiscais que recolhe em nome da<br />
Autoridade Palestina. Dias depois. Netanyahu<br />
tomou a decisão de liberar a<br />
transferência de fundos, para aliviar a<br />
situação da AP, que não dispõe de recursos<br />
nem mesmo para a folha de pagamento<br />
de seus funcionários, e isso<br />
acabaria gerando problemas para a<br />
população, o que Israel não deseja. A<br />
receita da AP que Israel arrecada gira<br />
em torno de US$ 100 milhões a cada<br />
mês. Isso ocorre, pois segundo os acordos<br />
de paz interinos, Israel recolhe as<br />
taxas aduaneiras de fronteira, e alguns<br />
impostos de renda em nome dos palestinos<br />
e os transfere mensalmente para<br />
o seu governo na Cisjordânia.<br />
Israel parou de transferir os fundos<br />
para a Autoridade Palestina depois<br />
que a Unesco reconheceu a Palestina<br />
como um dos seus Estados<br />
membros. (Reuters e Israel Hayom).
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Temas jurídicos: falindo a jihad global<br />
Joanna Paraszczuk *<br />
Processos judiciais nos<br />
tribunais dos EUA expõem a<br />
responsabilidade dos<br />
internacionais no<br />
financiamento do terrorismo<br />
m uma recente decisão,<br />
que surpreendeu<br />
o mundo financeiro<br />
ocidental, a Corte do<br />
Distrito de Nova York<br />
revelou que a Clearstream,<br />
uma subsidiária do banco<br />
Deutsche Borse em Luxemburgo, está<br />
sendo processada por mil vítimas de<br />
ataques terroristas internacionais,<br />
como parte de uma grande ação judicial<br />
contra o Irã.<br />
Os demandantes no processo,<br />
conhecidos como Peterson versus Irã,<br />
estão processando Teerã devido ao<br />
seu suposto apoio financeiro à Jihad<br />
Islâmica, através do Hezbolá, o grupo<br />
paramilitar que em 1983 perpetrou<br />
o atentado terrorista à bomba contra<br />
os alojamentos da Marinha dos EUA<br />
em Beirute. Eles alegam que a Clearstream,<br />
uma das maiores depositários<br />
do mundo de títulos mobiliários internacionais<br />
e de transações de valores<br />
entre fronteiras, ajudou o Irã a movimentar<br />
milhões de dólares em ativos<br />
congelados para fora do sistema bancário<br />
dos Estados Unidos.<br />
Segundo o The Wall Street Journal,<br />
os documentos do tribunal estavam<br />
resguardados, até recentemente,<br />
por razões de segurança nacional<br />
e para honrar as normas bancárias<br />
estritas de Luxemburgo.<br />
O processo, impetrado nos EUA<br />
com base na legislação antiterror, é<br />
um de uma série de ações em curso<br />
que os especialistas jurídicos dizem<br />
que estão expondo o papel desempenhado<br />
pelos bancos internacionais na<br />
ajuda financeira ao terror.<br />
Um dos maiores e mais influentes<br />
casos jurídicos do financiamento<br />
ao terror é Almog versus Arab Bank,<br />
movido por sobreviventes e familiares<br />
das vítimas de ataques dos grupos<br />
que incluem o Hamas, Jihad Islâmica<br />
Palestina e a Frente Popular para<br />
a Libertação da Palestina (FPLP).<br />
Normalmente só os cidadãos norte-americanos<br />
podem dar entrada de<br />
queixas nos tribunais dos EUA, mas<br />
no caso do Arab Bank o juiz permitiu<br />
que cidadãos de outros países — inclusive<br />
de Israel, Rússia, Ucrânia e<br />
França — participem também.<br />
O Arab Bank, que tem sede em<br />
Amã, capital da Jordânia, é acusado de<br />
ajudar a cometer crimes atos terroristas,<br />
fornecendo amplos serviços bancários<br />
para várias organizações que<br />
entregaram dinheiro para famílias de<br />
terroristas-suicidas.<br />
Entre essas organizações está o<br />
Comitê Saudita (Saudi Committee),<br />
que é acusado de ter encaminhado<br />
mais de US$ 100 milhões, arrecadados<br />
em uma campanha do governo<br />
saudita em apoio a grupos terroristas<br />
palestinos.<br />
Segundo o professor Reuven Paz,<br />
um especialista israelense em organizações<br />
islâmicas, que esteve envolvido<br />
em 18 dos processos judiciais<br />
contra financiamento ao terror,<br />
o Arab Bank agiu como um “oleoduto”<br />
que canalizava fundos para contas<br />
bancárias de Gaza.<br />
“O Arab Bank transferiu dinheiro para<br />
as famílias dos ‘mártires’ do Hamas, mortos<br />
na Segunda Intifada”, disse Paz.<br />
De acordo com a queixa-crime<br />
contra o Arab Bank, o Comitê Saudita<br />
depositou dinheiro em uma conta daquele<br />
banco árabe aberta para a família<br />
de Izz ad-Din Shuhail Ahmad al-<br />
Masri, o homem-bomba do Hamas que<br />
matou 15 pessoas e feriu outras 130<br />
na explosão de 2001 da Pizzaria Sbarro,<br />
em Jerusalém.<br />
O Arab Bank também é acusado de<br />
ter criado um processo administrativo<br />
pelo qual os parentes dos homensbomba<br />
recebiam certificação oficial do<br />
status de “mártir” do seu familiar falecido,<br />
antes de receber os fundos.<br />
Para o advogado Richard D. Heideman<br />
— cuja firma de Washington,<br />
Heideman Nudelman e Kalik, PC, representa<br />
vítimas americanas do terror<br />
americano em várias ações civis —<br />
embora o Arab Bank apresentasse um<br />
pedido de anulação do processo no<br />
Tribunal Distrital de Nova York, o juiz<br />
rejeitou-o em parecer publicado e permitiu<br />
que o caso prosseguisse. Espera-se<br />
que vá a julgamento.<br />
Independentemente do resultado<br />
final dessas ações judiciais em termos<br />
de danos determinados para as<br />
vítimas do terror e suas famílias, advogados<br />
e peritos concordam que é a<br />
conscientização do público sobre o<br />
alcance global de financiamento do<br />
terror que fará com que se torne cada<br />
vez mais difícil para o Hamas e o Hezbolá<br />
obter financiamento através de<br />
bancos internacionais.<br />
“Acreditamos que estes processos<br />
são de crucial importância, porque eles<br />
colocam fatos sobre o terrorismo, o<br />
financiamento e o patrocínio de organizações<br />
terroristas em exposição pública<br />
nos tribunais”, disse Heideman.<br />
A advogada Nitsana Darshan-Leitner<br />
da ONG Israel Law Center (Centro<br />
da Lei de Israel), sediada em Tel<br />
Aviv, que participa de uma série de<br />
processos cíveis contra patrocinadores<br />
do terror em tribunais dos EUA,<br />
concorda com Heideman que os processos<br />
contra o “financiamento do<br />
terror” são eficazes.<br />
“As ações judiciais enviaram uma onda<br />
surpresa e choque através da comunidade<br />
bancária internacional”, disse ela.<br />
Ela também apontou vários bancos<br />
do Reino Unido, incluindo o Barclays<br />
e o Lloyds TSB, que forneceram<br />
contas para instituições de caridade<br />
que repassaram dinheiro para grupos<br />
terroristas.<br />
“Essas contas foram fechadas”,<br />
disse Darshan-Leitner. “Como resultado<br />
das ações judiciais, os bancos<br />
pararam de fornecer serviços financeiros<br />
em áreas onde atuam grupos<br />
terroristas, como em Gaza. Assim,<br />
essas ações também afetaram as<br />
operações do ‘governo’ do Hamas lá<br />
porque agora o grupo não pode obter<br />
dinheiro para suas atividades”.<br />
Paz acredita que a ação do Arab<br />
Bank é de longe o mais eficaz dos processos<br />
cíveis, em termos de impacto<br />
no financiamento ao terror.<br />
“Uma das lutas mais bem-sucedidas<br />
contra a jihad mundial está definitivamente<br />
no mundo das finanças”,<br />
disse ele. “E um dos resultados<br />
é que os grupos terroristas se tornaram<br />
mais cautelosos sobre suas atividades<br />
financeiras”.<br />
Ainda que o Arab Bank negue estar<br />
conscientemente apoiando as atividades<br />
terroristas, teve que congelar<br />
as contas do Comitê Saudita.<br />
“O Arab Bank está em pânico”,<br />
acrescentou Paz. “É um banco privado<br />
muito grande no mundo árabe, e é uma<br />
base muito importante da economia<br />
jordaniana. Ele eventualmente teve<br />
até relações com o Banco de Israel.<br />
Se o Arab Bank ruir, vai causar prejuízos<br />
à Jordânia e à Margem Ocidental”.<br />
Segundo Paz, o processo do Arab<br />
Bank também tem sido eficaz com<br />
impacto em outros governos dos Estados<br />
do Golfo.<br />
“Governos como da Jordânia, Arábia<br />
Saudita, Qatar e de outros países do<br />
Golfo têm medo de ser prejudicados econômica<br />
e financeiramente”, disse ele. “E<br />
também, é claro, estão ligados econômica<br />
e financeiramente aos EUA”.<br />
Na medida em que os próprios<br />
bancos estão preocupados, Paz disse<br />
que as ações os forçaram a olhar mais<br />
atentamente ao que os seus clientes<br />
são ou fazem.<br />
“O problema é provar o envolvimento<br />
do banco nas transferências”, acrescentou.<br />
“Em muitos casos os bancos são<br />
apenas indiferentes e passivos”.<br />
A natureza global das operações<br />
bancárias significa que, mesmo fora<br />
dos EUA os bancos devem enfrentar<br />
as consequências da transferência de<br />
fundos a grupos terroristas ou a ONGs<br />
ligadas a eles.<br />
Vários outros bancos ocidentais<br />
também estão enfrentando processos<br />
por financiamento ao terror.<br />
De acordo com Heideman, em uma<br />
ação separada, o banco alemão Commerzbank<br />
também está sendo processado<br />
por supostamente fornecer serviços<br />
financeiros para o Hezbolá por<br />
meio de várias organizações de fachada.<br />
Nesta ação, o Commerzbank é acusado<br />
de fornecer serviços financeiros<br />
para o Projeto Órfãos do Líbano na<br />
Alemanha, que demandantes denunciam<br />
a coleta de fundos e transferência<br />
para a Fundação dos Mártires, uma<br />
fachada do Hezbolá libanês.<br />
“O juiz rejeitou o pedido de anulação<br />
formulado pelo Commerzbank,<br />
e por isso, aguarda-se o início do julgamento”,<br />
observou Heideman.<br />
Depois que a ação do Arab Bank<br />
revelou que até mesmo os bancos do<br />
Oriente Médio estão vulneráveis aos<br />
processos judiciais por financiamento<br />
do terror, algumas das operações financeiras<br />
do Hamas foram mudadas<br />
para a China, onde o Hamas não é considerado<br />
um grupo terrorista.<br />
Entretanto, no que tem sido chamado<br />
de um precedente gigantesco<br />
para as vítimas israelenses do terrorismo,<br />
um juiz na Suprema Corte do<br />
Estado de Nova York recentemente<br />
deu luz verde a uma ação judicial contra<br />
o Banco da China por 84 vítimas<br />
de ataques de foguetes do Hamas.<br />
Os demandantes nesta ação alegam<br />
que um influente membro do<br />
Hamas manteve uma conta bancária<br />
em Pequim, através da qual ele transferiu<br />
grandes somas de dinheiro para<br />
contas do Hamas em Gaza.<br />
Inicialmente as autoridades chinesas<br />
se recusaram a congelar as<br />
contas, já que o país não considera o<br />
Hamas uma organização terrorista. No<br />
entanto, a política da China em relação<br />
ao Hamas não impede que o Banco<br />
da China esteja sendo processado<br />
nos tribunais dos EUA pela legislação<br />
antiterror norte-americana.<br />
“O Banco da China tem uma filial<br />
em Nova York, e dessa forma deve agir<br />
de acordo com as leis vigentes nos<br />
EUA em matéria de financiamento ao<br />
terror, e, como resultado desta ação<br />
judicial, a China fechou a conta do<br />
Hamas”, acrescentou Darshan-Leitner.<br />
9<br />
* Joanna<br />
Paraszczuk é<br />
escritora e<br />
jornalista.<br />
Trabalha no The<br />
Jerusalem Post.<br />
Nasceu nos<br />
Estados Unidos,<br />
mas vive em Israel.
10<br />
* George Chaya<br />
nasceu no Líbano,<br />
é licenciado em<br />
Direito, jornalista,<br />
professor e<br />
analista político<br />
internacional. É<br />
especialista em<br />
terrorismo e<br />
conflitos religiosos,<br />
conferencista<br />
titular da<br />
International<br />
Consulting in<br />
Politics Affaires on<br />
Middle Eastern and<br />
Hispanic America e<br />
especializado em<br />
Oriente Médio.<br />
Integra o Conselho<br />
Acadêmico de<br />
vários meios<br />
internacionais de<br />
comunicação. É<br />
membro fundador<br />
do Conselho<br />
Mundial da<br />
Revolução dos<br />
Cedros, consultor e<br />
assessor de<br />
governos da<br />
América Latina em<br />
matéria do Oriente<br />
Médio. Publicado<br />
no El Diário<br />
Exterior em 6/12/<br />
2011.<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Que “primavera árabe”?<br />
George Chaya * to democracia real e liberdade como consciência para jornalistas, escrito-<br />
m matéria de revoluções<br />
e democracia, o<br />
Oriente Médio continua<br />
na direção negativa.<br />
Não voltarei aos<br />
vários dos meus artigos<br />
e escritos publicados desde<br />
fevereiro deste ano, mas absolutamente<br />
todas as análises que fiz desde<br />
aqueles dias, ocorreram. Hoje,<br />
quase 10 meses do inicio das revoltas<br />
continuamos vendo as turbas<br />
queimarem edifícios no Egito e o<br />
exército matando civis sem nenhum<br />
freio e controle. Ao mesmo tempo, o<br />
presidente Obama continua citando<br />
Martin Luther King: “É algo na alma das<br />
personas que clama pela liberdade”,<br />
disse em reiteradas oportunidades enquanto<br />
os líderes desta “transformação<br />
democrática” leem Mein Kampf.<br />
Para qualquer pessoa de mínima<br />
compreensão das crises sociopolíticas<br />
do mundo árabe, está claro que a<br />
“primavera revolucionária” se transformou<br />
num inverno de morte e destruição<br />
que deixou moribunda a pretensa<br />
reativação de suas sociedades, e tudo<br />
o que trouxe foi instabilidade, ódio e<br />
enfrentamentos entre sunitas e xiitas,<br />
assassinatos, matanças e perseguições,<br />
violência sectaria e problemas<br />
descomunais para os refugiados.<br />
as conhecidas no Ocidente. O que se<br />
observa, contudo, é um “despertar<br />
islamista e radical” no qual os únicos<br />
ganhadores são a Irmandade Muçulmana,<br />
Hamas, Hezbolá e Irã. Não<br />
perceber que a Irmandade e seus sócios<br />
jihadistas estão se preparando<br />
para tomar o controle absoluto do<br />
poder no Egito, Líbia, Jordânia, Iêmen,<br />
Síria, Tunísia e a Margem Ocidental<br />
no momento que se lhes apresente<br />
oportuno, é um erro que um estudante<br />
de primeiro ano de Ciências Políticas<br />
não comete.<br />
Se o presidente Obama e os dirigentes<br />
europeus estão sob a ilusão<br />
de que a democracia liberal emergirá<br />
deste caos, só precisam consultar a<br />
mais recente pesquisa do Gallup no<br />
Egito, onde 77% dos egípcios dizem<br />
que a Sharia deve ser a única fonte<br />
de legislação em seu país, algo que<br />
com as próximas votações programadas,<br />
coloca perto o dia da instauração<br />
e isso é mostrado pela limpeza<br />
étnica dos coptas, a hostilidade à influência<br />
ocidental, a obrigatoriedade<br />
do véu para as mulheres, os assassinatos<br />
de honra que aterrorizam a população<br />
feminina, a execução de homossexuais,<br />
prostitutas e apóstatas,<br />
assim como a proibição da música e<br />
de dança entre homens e mulheres<br />
em lugares públicos sem deixar de<br />
res, artistas e o castigo aos meios de<br />
comunicação que estão no direito de<br />
discordar do governo, ou a prática de<br />
qualquer outra religião que não seja<br />
o Islã (testemunha disso são os recentes<br />
ataques às igrejas dos cristãos<br />
coptas no Egito, o tratamento aos hindus<br />
no Paquistão e o mesmo com os<br />
Baháis no Irã).<br />
Quando os ocidentais falam de<br />
democracia, assumem infantilmente<br />
que significa o mesmo para todos os<br />
povos em toda parte. A hipótese que<br />
sustentam é que o poder popular<br />
está de mãos dadas com a liberdade<br />
e a tolerância às minorias em todos<br />
os lugares do mundo. Isso é uma suposição<br />
infundada sobre a história<br />
ou razão alguma para ser aplicada<br />
no mundo árabe e configura nada<br />
mais que uma mera ilusão. No Oriente<br />
Médio e em outras áreas do<br />
mundo onde o radicalismo vigora, a<br />
ideologia jihadista funciona como<br />
uma tirania democrática sempre e<br />
quando a maioria esteja de acordo<br />
com suas premissas básicas. Mas se<br />
o resto da população discorda, especialmente,<br />
as minorias não islâmicas,<br />
então estas minorias serão reprimidas,<br />
perseguidas e encherão os<br />
cárceres do país que seja. A ideia do<br />
respeito aos direitos e sua preservação<br />
por parte do governo, não<br />
A mal chamada primavera árabe mencionar a explosão de lojas de li- está, nem esteve jamais presente<br />
oferece todo tipo de endemias, excecores, a proibição da liberdade de naquela região do planeta e não po-<br />
O vice primeiro ministro de Israel,<br />
Moshé Yaalon, denunciou que o Irã está<br />
criando, com a conivência de Venezuela,<br />
uma “infraestrutura terrorista” na<br />
América Latina para atentar contra os<br />
Estados Unidos, Israel e seus aliados.<br />
“A ideia é montar uma infraestrutura<br />
terrorista que durante um tempo esteja<br />
adormecida e que em seu momento<br />
possa atacar interesses dos Estados<br />
Unidos ou nos Estados Unidos”, assim<br />
como interesses “israelenses ou judeus<br />
ou de qualquer outro país que se oponha<br />
à sua postura política”, observou.<br />
Yaalon, que culminou em Montevidéu<br />
uma visita ao Uruguai na qual se reuniu<br />
com o vice-presidente do país, Danilo Astori,<br />
entre outras autoridades, colocou como<br />
exemplo dessa estratégia o complô para<br />
atentar contra o embaixador saudita nos<br />
Estados Unidos, revelado recentemente.<br />
Esse caso, no qual os EUA acusaram<br />
o Irã, que foi condenado no dia 18/<br />
11pela Assembleia Geral da ONU, não<br />
Irã traz terrorismo para América<br />
Latina com o apoio de Chavez<br />
Ministro israelense acusa Teerã de preparar ataques contra interesses dos EUA e de Israel<br />
é o único, como demonstram outros episódios<br />
do passado, assinalou.<br />
“Este tipo de infraestrutura terrorista<br />
já atuou em 1992 contra a Embaixada de<br />
Israel em Buenos Aires, e em 1994, contra<br />
a associação mutual judaica da AMIA”,<br />
também na capital argentina, detalhou.<br />
Segundo Yaalon, a estratégia faz<br />
parte dos planos de Teerã de “exportar<br />
a revolução iraniana, primeiro aos países<br />
vizinhos”, como Iraque, Afeganistão,<br />
Líbano, e o território palestino, “e depois<br />
ao Ocidente”.<br />
O vice primeiro ministro, que na década<br />
de 90 foi chefe da inteligência militar,<br />
explicou que os dados que seu<br />
país dispõe revelam que na América<br />
Latina “este tipo de infraestrutura recruta<br />
elementos muçulmanos que existem<br />
na área e também se apoia nos<br />
barões do narcotráfico”.<br />
Yalon disse ainda que “também se<br />
respalda na imunidade dos diplomatas<br />
iranianos da região”, além de “aprovei-<br />
tar muito bem a forma hospitaleira como<br />
são recebidos pelo presidente (da Venezuela<br />
Hugo) Chávez e dessa forma entram<br />
em todo o continente”, afirmou,<br />
observando que os passaportes iranianos<br />
não precisarem de visto de entrada<br />
na Venezuela”, país que rompeu relações<br />
com Israel em 2009 pela situação<br />
em Gaza, e isso abriu as portas para o<br />
ingresso em toda a América Latina”.<br />
O vice primeiro ministro indicou também<br />
que não entende por que o Mercosul,<br />
o bloco econômico formado pela Argentina,<br />
Brasil, Paraguai e Uruguai (com<br />
a Venezuela em processo de adesão),<br />
pretende firmar em 20/12 o acordo comercial<br />
com a Autoridade Palestina.<br />
“Qual é o significado especial do<br />
acordo entre o Mercosul e a Palestina,<br />
quando a única coisa que os palestinos<br />
exportam são atos de terrorismo e mísseis”,<br />
indagou-se. Não obstante, lembrou<br />
que Israel tem esse mesmo convênio<br />
com os quatro países em separado<br />
derá ser enxertada artificialmente.<br />
Os governos ocidentais derivam<br />
da cultura do próprio Ocidente, mas<br />
isto jamais será assim na visão doutrinária<br />
dos regimes jihadistas. Qualquer<br />
país que não educa e ensina a<br />
ler livremente suas crianças ou que<br />
não pode empregar graduados de<br />
suas próprias universidades, dificilmente<br />
terá futuro de modernidade e<br />
seu destino só será aspirar a ser um<br />
Estado falido. E não são poucos os<br />
países do Oriente Médio que estão<br />
próximos desta caracterização. Por<br />
tanto, o presidente Obama e os presidentes<br />
europeus não deveriam esperar<br />
democracia, pluralismo e respeito<br />
pelos direitos civis, políticos<br />
e humanos da “mal chamada primavera<br />
árabe”. Tudo que vi e ouvi a respeito<br />
de parte dos governos norteamericano<br />
e europeus não se trata<br />
mais do que uma fantasia pouco<br />
convincente.<br />
A única possibilidade que os EUA<br />
e a Europa têm na região para alcançar<br />
o êxito, é buscar “um novo começo”<br />
adotando políticas realistas e<br />
equilibradas (ou seja, uma política<br />
menos pró-islamista) que definam<br />
realmente o que e quem são os inimigos<br />
da democracia e da forma de vida<br />
ocidental. Felizmente, o povo norteamericano<br />
e várias sociedades europeias<br />
já estão vendo assim, pelo que<br />
é se esperar que seus dirigentes políticos<br />
atuem em consequência.<br />
e com o bloco em seu conjunto, e detalhou<br />
que em sua visita ao Uruguai, o<br />
país que tem a presidência semestral<br />
do grupo, pretendeu explicar às autoridades<br />
locais sua visão sobre a situação<br />
no Oriente Médio.<br />
“Tenho esperança de que com meu<br />
vínculo aqui possamos estender pontes<br />
para chegar a uma posição comum misto”,<br />
acrescentou.<br />
Yaalon se referiu também ao ataque<br />
perpetrado contra a Embaixada do Reino<br />
Unido em Teerã como uma demonstração<br />
de que “o inimigo não é o Estado<br />
de Israel”, mas “o mundo ocidental, o<br />
mundo livre”.<br />
Além disso, advertiu que Israel pretende<br />
“convencer” o regime iraniano de<br />
anular seu suposto plano armamentista<br />
com energia nuclear, “mas se isto não<br />
for possível” realizará pressões para que<br />
os iranianos “decidam se querem criar<br />
a bomba nuclear ou existir como Estado”.<br />
(Efe/Terra/Veja Online).
o final de outubro, a<br />
Unesco, a Organização<br />
das Nações Unidas<br />
para a Educação,<br />
Ciência e Cultura,<br />
desconcertou muita<br />
gente quando renunciou<br />
voluntariamente a 22% de seu orçamento<br />
para receber o inexistente Estado<br />
da Palestina em seu seio. Alguém<br />
pode entender a motivação palestina<br />
em ser integrada ali; é um pouco<br />
mais difícil compreender a decisão<br />
do organismo da ONU em outorgar<br />
isso com semelhante custo.<br />
Desde os anos setenta, a Organização<br />
para a Libertação de Palestina<br />
(OLP) lançou uma campanha agressiva<br />
de penetração política de quase<br />
todo o sistema da ONU com o objetivo<br />
de ganhar legitimidade institucional.<br />
A Unesco tem sido tradicionalmente<br />
receptiva às inquietações palestinas,<br />
e assim estendeu-lhe o posto<br />
de observador já em 1974. O então<br />
líder Yasser Arafat decidiu expandir o<br />
êxito para outras agências do foro<br />
multilateral chegando, inclusive, anos<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
A Unesco supera a si própria<br />
Julián Schvindlerman *<br />
Dirigindo uma cerimônia em homenagem<br />
à memória do pai-fundador<br />
de Israel, David Ben Gurion, o primeiro<br />
ministro Binyamin Netanyahu<br />
lembrou que há 63 anos, Ben Gurion<br />
ao declarar a independência do Estado<br />
de Israel, desafiou as pressões<br />
da maioria dos líderes ocidentais e<br />
de uma maioria de seu próprio partido.<br />
Eles o advertiram de que ele iria<br />
desencadear um ataque árabe combinado<br />
árabe para destruir o jovem<br />
Estado, apenas três anos após o fim<br />
da Segunda Guerra Mundial.<br />
Mas, felizmente para nós, disse<br />
o primeiro-ministro Netanyahu, Ben<br />
Gurion foi adiante enfrentando as<br />
pressões e tomou sua decisão. Caso<br />
não tivesse feito isso, Israel não estaria<br />
aqui hoje.<br />
“Há tempos”, disse Netanyahu,<br />
depois — em 1988, a declarar a independência<br />
palestina na Argélia — ao<br />
postular o Estado palestino fictício à<br />
admissão como Estado na Unesco, à<br />
Organização Mundial da Saúde e à<br />
Organização Mundial do Trabalho.<br />
Então, Washington advertiu que cortaria<br />
seus aportes monetários a toda<br />
agencia da ONU que desse à OLP o<br />
grau equivalente ao de um Estado. A<br />
iniciativa palestina fracassou.<br />
Décadas depois, a OLP obteve<br />
sua revanche. Este ano, o sucessor de<br />
Arafat no mando da OLP, Abu Mazen,<br />
requereu, com êxito, a Palestina como<br />
membro pleno na Unesco. Washington<br />
cumpriu com sua palavra e assim<br />
um ente criado para promover a<br />
cultura, a ciência e a educação perdeu<br />
ao redor de oitenta milhões de<br />
dólares que já não poderá destinar<br />
a essas nobres missões, em troca de<br />
brindar uma vitória diplomática simbólica<br />
à OLP.<br />
Há pouco tempo a Unesco tomou<br />
outra decisão surpreendente, conforme<br />
reportou a United Nations Watch<br />
(Sentinela das Nações Unidas) na Suíça.<br />
No mês passado, sua Junta Executiva<br />
escolheu por unanimidade a Síria<br />
de Bashar al-Assad para dois comitês,<br />
um dos quais aborda temas humanitários.<br />
Isso foi estranho em vários sentidos.<br />
A Junta compreende vários países<br />
ocidentais (Estados Unidos, França<br />
e Grã Bretanha entre outros) que<br />
usualmente pressionam a ONU contra<br />
a adoção de resoluções condenatórias<br />
contra países violadores de normas<br />
humanitárias, e a Síria — neste momento<br />
especialmente — se levantou<br />
como um violador abissal de tais normas<br />
humanitárias ao assassinar mais<br />
de quatro mil e quinhentos de seus próprios<br />
cidadãos só neste ano segundo<br />
estimativas da própria ONU. Não menos<br />
inexplicável foi fato de que as nações<br />
que escolheram a Síria para esses<br />
dois comitês da Unesco eram árabes,<br />
que no dia seguinte a essa eleição,<br />
reunidas na Liga Árabe votaram<br />
a favor de suspensão da Síria de seu<br />
seio precisamente por não deter a feroz<br />
repressão.<br />
Alguns dias antes deste acontecimento,<br />
a Unesco incorreu em outra<br />
conduta bizarra para os padrões do<br />
universo ONU. Em 4 de novembro, o<br />
jornal da esquerda israelense Haaretz<br />
publicou uma caricatura que mostrava<br />
o premiê Binyamin Netanyahu, secundado<br />
por seu ministro da Defesa<br />
Ehud Barak, dizendo a pilotos da Força<br />
Aérea a ponto de voar ao Irã para<br />
destruir seu programa nuclear: “E no<br />
seu regresso, atacarão a sede da<br />
Unesco em Ramala!”. Claramente, o<br />
diário estava zombando do que entedia<br />
como uma atitude prepotente do<br />
governo israelense em relação ao Irã<br />
e a Unesco. Mas os funcionários do<br />
organismo tomaram isso de outro<br />
modo e a Diretora Geral fez convocar<br />
o embaixador israelense para dar explicações.<br />
“Uma caricatura como esta<br />
põe em perigo as vidas de diplomatas<br />
desarmados e vocês têm a obrigação<br />
de protegê-los”, disse Eric Falt,<br />
Em discurso, Netanyahu responde às<br />
críticas feitas pelo governo Obama<br />
“em que uma decisão pode ter um<br />
preço muito alto, mas o preço por<br />
não decidir, pode ser ainda mais<br />
pesado”.<br />
“Eu quero acreditar”, disse ele,<br />
“que sempre teremos a coragem e a<br />
determinação das decisões certas<br />
para salvaguardar o nosso futuro e<br />
a nossa segurança.”<br />
Embora ele não tenha mencionado<br />
o Irã, não foi difícil deduzir que o<br />
primeiro-ministro estava se referindo<br />
à decisão da opção do exercício<br />
militar de Israel contra o programa<br />
nuclear do Irã, diante da pressão esmagadora<br />
de Washington e dos conselhos<br />
insistentes de alguns veteranos<br />
israelenses da segurança.<br />
Algumas horas mais tarde, Netanyahu<br />
“soltou uma bomba” no cenário<br />
político interno: Ele anunciou<br />
que seu partido, o Likud iria realizar<br />
eleições, incluindo as primárias, antes<br />
de 31 de janeiro de 2012 — dois<br />
anos antes do previsto e um ano antes<br />
das próximas eleições gerais em<br />
Israel. Como líder de um dos governos<br />
de coalizão mais estáveis e de<br />
longa duração que Israel já teve, ele<br />
não está sob nenhuma pressão interna<br />
de uma demonstração de liderança<br />
neste momento.<br />
Nas últimas duas semanas, o<br />
governo de Netanyahu foi submetido<br />
a críticas mordazes por parte<br />
de funcionários da administração<br />
Obama. Eles apresentaram Israel<br />
como tendo caído nas mãos de extremistas<br />
de direita que estão envolvidos<br />
em uma corrida louca para<br />
suprimir o sistema judiciário e diminuir<br />
os direitos civis das mulheres<br />
e crianças — para não mencio-<br />
diretor geral adjunto para as Relações<br />
Exteriores e Informação Pública ao<br />
embaixador israelense Nimrod Barkan.<br />
Estupefato, o embaixador teve<br />
que explicar ao oficial que seu governo<br />
não controla o que a imprensa israelense<br />
publica. Após ser informada<br />
do caso, a chancelaria israelense<br />
fez chegar uma carta às autoridades<br />
da Unesco na qual perguntou: “O<br />
que é exatamente que a Unesco quer<br />
de nós, que enviemos os nossos melhores<br />
rapazes para defender o staff<br />
da Unesco ou que fechemos o jornal?”.<br />
Touché.<br />
Dado o zelo da Unesco em preservar<br />
a integridade de seus diplomatas<br />
e em resguardar sua imagem institucional,<br />
poderia tomar nota desta<br />
caricatura (detectada pela UNW) publicada<br />
em 30 de setembro passado<br />
no jornal Al-Watan do Qatar. Se bem<br />
me recordo, o governo do Qatar controla<br />
sim a imprensa local.<br />
nar os dos palestinos.<br />
Fazendo coro<br />
com essas críticas a<br />
secretária de Estado<br />
norte-americana, Hillary<br />
Clinton, extrapolou<br />
os limites ao<br />
comparar Israel ao<br />
Irã por causa de grupos<br />
ultraortodoxos<br />
em alguns dos subúrbios<br />
de Jerusalém e em Bnei<br />
Brak, que estavam se manifestando<br />
contra o governo e os tribunais pela<br />
separação no transporte público.<br />
Em Israel, há quem tenha observado<br />
que ela fez isso com o objetivo<br />
de minar as credenciais democráticas<br />
do governo de Netanyahu — procurando<br />
atingir sua legitimidade moral<br />
— e impedir assim um ataque ao Irã<br />
para deter sua corrida nuclear.<br />
Binyamin Netanyahu<br />
11<br />
* Julián<br />
Schvindlerman é<br />
analista político<br />
internacional.<br />
Publicado no<br />
Boletim<br />
Comunidades, na<br />
Argentina em 7/<br />
12/2011.
12<br />
* Petra<br />
Marquardt-<br />
Bigman é<br />
pesquisadora,<br />
escritora freelancer<br />
de<br />
cidadania alemã e<br />
israelense. Possui<br />
PhD em História<br />
Contemporânea<br />
com foco na<br />
opinião pública<br />
europeia em<br />
relação ao Oriente<br />
Médio, terrorismo<br />
islâmico, os EUA e<br />
Israel. Vive em<br />
Israel e seu atual<br />
trabalho enfoca o<br />
conflito do Oriente<br />
Médio. Ela mantém<br />
um blog ‘O Espelho<br />
Distorcido’, no<br />
website do jornal<br />
The Jerusalem<br />
Post, e também<br />
contribui<br />
ocasionalmente<br />
para o The<br />
Guardian e outras<br />
publicações. Este<br />
artigo foi<br />
originalmente<br />
publicado no blog<br />
The Wraped<br />
Mirror (O Espelho<br />
Distorcido do<br />
Jerusalem Post).<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Mensagem muçulmana para cristãos em Nazaré<br />
Petra Marquardt-Bigman *<br />
“E quem quer que procure outra<br />
religião que não o islã, nunca<br />
será aceito por Ele, e no Além se<br />
tornará um dos perdedores.”<br />
sta mensagem dura,<br />
em árabe e em inglês,<br />
cumprimenta<br />
cristãos peregrinos<br />
e turistas de todo o<br />
mundo, quando chegam<br />
à famosa Igreja da Anunciação,<br />
em Nazaré, lugar onde se<br />
acredita ser o lugar em que o arcanjo<br />
Gabriel anunciou à Virgem<br />
Maria que ela daria à luz Jesus.<br />
Tirei a foto da placa (com a Igreja<br />
da Anunciação à direita, veja<br />
abaixo) no final de junho, durante<br />
uma visita a Nazaré, e me lembrei<br />
dela quando li a recente coluna de<br />
Ray Hanania, colaborador do The Jerusalem<br />
Post (www.jpost.com/Opinion/<br />
Columnists/Article. aspx?id=230114),<br />
que escreveu sobre a iniciativa da Jordânia<br />
em convencer os cristãos do<br />
Oriente Médio em não abandonar a<br />
região onde se originou a sua fé.<br />
Hanania observa que “o percentual<br />
de cristãos entre as populações<br />
do Oriente Médio caiu de<br />
20 por cento há 100 anos atrás<br />
para cerca de 5% hoje”.<br />
Em sua opinião, “as ameaças<br />
de extremistas, judeus e muçulmanos,<br />
que atingem os cristãos<br />
por suas opiniões moderadas”,<br />
constituem a “maior ameaça à<br />
minoria cristã árabe”.<br />
Hanania também lamenta a<br />
fraqueza dos grupos de apoio cristão,<br />
argumentando que “ao longo<br />
das duas últimas décadas, com a<br />
ascensão do nacionalismo judeu<br />
em Israel e a política islamista no<br />
mundo árabe, as organizações cristãs<br />
têm sido deixados de lado”.<br />
Eu acho que Hanania está certo<br />
em apontar que o êxodo cris-<br />
Placa com a advertência muçulmana aos cristãos, colocada ao lado<br />
da entrada da Igreja da Anunciação, em Nazaré<br />
tão do Oriente Médio é, infelizmente,<br />
uma questão amplamente<br />
negligenciada, mas eu diria que<br />
uma das razões para essa negligência<br />
é demonstrada pelo próprio<br />
Hanania quando ele insiste numa<br />
equivalência completamente falsa<br />
entre judeus e extremistas muçulmanos<br />
e o nacionalismo judeu e a<br />
política islamista.<br />
Como Hanania sabe muito bem,<br />
não por acaso que Israel é o único<br />
país do Oriente Médio em que a população<br />
cristã aumentou nas últimas<br />
seis décadas, passando de 34<br />
mil em 1948 para cerca de 160 mil<br />
atualmente. Em todos os países<br />
muçulmanos houve um decréscimo<br />
acentuado. Citando um relatório<br />
do Departamento de Estado<br />
norte-americano, Giulio Meotti<br />
observou num artigo apropriadamente<br />
intitulado “Oriente Médio<br />
sem cristãos”, que “o número dos<br />
cristãos na Turquia caiu de dois<br />
milhões para 85.000; no Líbano<br />
eles passaram de 55% para 35% da<br />
população; na Síria, da metade da<br />
população que eles representavam,<br />
foram reduzidos para 4%; na Jordânia,<br />
caíram de 18% para 2%. No<br />
Iraque, eles serão exterminados”.<br />
Em todos esses casos, obviamente,<br />
nem extremistas judeus,<br />
nem os nacionalistas judeus são<br />
culpado por estes desenvolvimentos,<br />
que são devidos ao islamismo<br />
e à supremacia muçulmana que se<br />
reflete também na placa que eu<br />
fotografei, em Nazaré. Enquanto a<br />
causa-raiz do problema for abafada,<br />
é difícil resolver o problema de<br />
forma eficaz.<br />
Inevitavelmente, algumas pessoas<br />
bem-intencionadas perguntar-se-ão<br />
se a placa de Nazaré e<br />
sua mensagem devam ser talvez<br />
atribuídas a algum grupo marginal<br />
que não parte da corrente predominante<br />
das crenças muçulmanas.<br />
Se este fosse o caso, eu não teria<br />
escrito sobre isso. Primeiro,<br />
deve-se notar que a placa já estava<br />
colocada para o feriado da Páscoa<br />
deste ano, como documentado<br />
no blog Elder of Ziyon (http://<br />
elderofziyon.blogspot.com/2011/<br />
04/muslim-intimidation-of-christians-in.html),<br />
em abril.<br />
O post do blog tem um link<br />
para uma história sobre uma placa<br />
anterior, que foi exibida no mesmo<br />
lugar no Natal de 2008. De<br />
acordo com um relato Catholic<br />
News Service (http://www.catho<br />
licnews.com/data/stories/cns/<br />
0806418.htm), “a facção nortista<br />
do Movimento Islâmico Fundamentalista<br />
faz a troca [isto é, da<br />
placa] de vez em quando, com diferentes<br />
passagens do Alcorão”. Os<br />
moradores de Nazaré e os funcionários<br />
aparentemente sentem<br />
que, enquanto essas placas não incitarem<br />
à violência, é melhor não<br />
reagir à provocação, claramente<br />
subentendida.<br />
Sem dúvida uma atitude prudente<br />
— e sem dúvida que, se houvesse<br />
cartazes semelhantes expressando<br />
a supremacia cristã próximos<br />
de importantes locais sagrados<br />
muçulmanos, como a mesquita<br />
Al Aqsa, qualquer tipo de violência<br />
que pudesse advir disso, a culpa<br />
seria de quem colocou o cartaz.<br />
Mas vamos dar uma olhada<br />
mais atenta à mensagem exibida<br />
atualmente em Nazaré: “E quem<br />
quer que procure outra religião<br />
que não o islã, nunca será aceito<br />
por Ele, e no Além será um dos perdedores.”<br />
A placa diz que esta é<br />
uma citação do Alcorão, o que é<br />
confirmado por um site dedicado<br />
a explicar o islã aos não muçulmanos<br />
(http://www.islam-guide.com<br />
/ch3-5.htm) em vários idiomas.<br />
Entre os muitos outros sites<br />
que apresentam tal citação, um o<br />
faz sob o lema “Ganhe Paz... através<br />
do islã” [sic] (http://gainpeace.com/index.php?option<br />
=com<br />
_content&view=article&id=75:islam-the-religion-of-all-prophets-<br />
&catid=34:what-is-islam&Itemid-<br />
=107), e rapidamente afirma que<br />
o islã é “o ápice final e cumprimento<br />
da mesma verdade básica de<br />
que ALÁ (D-us) revelou através de<br />
todos os Seus profetas para todos<br />
os povos;” isso também significa<br />
que “todos os profetas [especificamente<br />
Abraão, José, Jacó e Jesus]<br />
eram de fato muçulmanos<br />
porque eles eram verdadeiros servos<br />
da vontade de ALÁ, o Criador”.<br />
[maiúsculas no original.]<br />
O grupo GainPeace descreve-se<br />
como “uma organização sem fins lucrativos,<br />
cujo principal objetivo é educar<br />
o público em geral sobre o Islã e<br />
esclarecer muitos equívocos que ele<br />
pode conter” — e ninguém tão inclinado<br />
também pode consultar o site<br />
do grupo, a fim de esclarecer quaisquer<br />
“equívocos” sobre Jesus.<br />
Mais uma vez, dificilmente este<br />
grupo pode ser considerado marginal,<br />
uma vez que afirma trabalhar<br />
“sob o guarda-chuva do Círculo<br />
Islâmico da América do Norte”,<br />
que foi criado no fim da década<br />
de 1960 e se descreve como “a<br />
principal organização de grupos<br />
base na comunidade muçulmana<br />
americana”, embora a Liga Anti-Difamação<br />
acuse o grupo de colabo-<br />
ração em eventos que promovem<br />
o antissemitismo e o extremismo.<br />
Dado o fato de que a mensagem<br />
da supremacia islâmica exibida em<br />
Nazaré ser tão provocativa também<br />
ser amplamente caracterizada nos<br />
sites muçulmanos de língua inglesa,<br />
talvez seja hora de questionar<br />
se é realmente tão prudente ignorar<br />
esta mensagem, a fim de manter<br />
uma fachada de convivência. De<br />
fato, uma recente pesquisa da Pew<br />
(http://pewglobal.org/2011/07/21/<br />
muslim-western-tensions-persist/)<br />
sem surpresa, descobriu que “públicos<br />
muçulmanos e ocidentais<br />
continuam a ver as relações entre<br />
eles, geralmente ruins”; e previsivelmente,<br />
a pesquisa Pew também<br />
afirma que “ambos os lados [ainda]<br />
mantêm os estereótipos negativos<br />
um do outro”.<br />
Mas não é um “estereótipo<br />
negativo” acreditar que a supremacia<br />
muçulmana é predominante,<br />
porque este é um fato facilmente<br />
documentado. E até mesmo<br />
a Pew foi obrigada a reconhecer<br />
que “como no passado, os muçulmanos<br />
expressam mais opiniões<br />
desfavoráveis sobre os cristãos<br />
do que os americanos ou<br />
europeus expressam sobre os muçulmanos”.<br />
E desnecessário será<br />
dizer que, há “de forma uniforme”<br />
um baixo conceito dos judeus entre<br />
os muçulmanos.<br />
Por outro lado, muitos muçulmanos<br />
sentem “que os americanos<br />
e os europeus são hostis em<br />
relação aos muçulmanos”, e aqueles<br />
que consideram as relações<br />
com o Ocidente tão ruins “preponderantemente<br />
culpam o Ocidente<br />
por isto” — e entre os americanos<br />
e europeus, na verdade, “um número<br />
significativo”, aceita a culpa.<br />
Muitos dos americanos e europeus<br />
que estão ansiosos por levar<br />
a culpa das más relações com o<br />
mundo muçulmano podem ser<br />
progressistas seculares que não se<br />
importam muito com a religião, e<br />
alguns deles podem estar cientes<br />
da reivindicação sobre a supremacia<br />
islâmica predominante refletida<br />
na placa de Nazaré.<br />
Mas, enquanto essas reivindicações<br />
continuam a fazer parte das<br />
correntes principais das crenças<br />
muçulmanas, os esforços ocidentais<br />
para melhorar as relações com<br />
os muçulmanos nunca satisfazem<br />
aqueles que nutrem um sentimento<br />
permanente de ressentimento<br />
porque judeus e cristãos rejeitam<br />
a noção de que o Islã de alguma<br />
forma invalidou suas crenças e<br />
transformou seus profetas retroativamente<br />
em muçulmanos.
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Quem promove o Apartheid<br />
no Oriente Médio?<br />
Por décadas, Israel vem sendo acusado de promover o apartheid contra os<br />
árabes palestinos. A Palestina foi dividida em 1948 pela ONU para a<br />
criação de dois estados, um judeu e, outro árabe. Este, já poderia ser<br />
independente, mas o ódio, os fanáticos e o terrorismo, só trouxeram<br />
sofrimento e destruição. Para ambos os povos. Eis aqui alguns fatos que<br />
tornam irrefutáveis quaisquer denúncias de apartheid contra Israel. E<br />
mostra quem realmente o pratica.<br />
13
14<br />
* Morris Abadi é<br />
administrador de<br />
empresas,<br />
consultor de<br />
gestão de riscos e<br />
data fusion.<br />
* Marcelo Vieira<br />
Walsh é professor<br />
(Msc), mestre em<br />
História das<br />
Relações<br />
Internacionais<br />
(UNB), especialista<br />
em Ensino da<br />
História do<br />
Holocausto (Yad<br />
Vashem, Israel) e<br />
pesquisador do<br />
LEI-USP.<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Morris Abadi *<br />
uito se fala do quanto<br />
os membros do povo<br />
judeu são responsáveis<br />
um pelo outro. Não vou<br />
aqui elaborar a este respeito,<br />
com citações de<br />
rabinos, ou das pérolas de sabedoria<br />
que datam de tempos imemoriais, e<br />
muito menos iniciar um debate teológico<br />
a este respeito – o debate envolveria<br />
aspectos de Halachá, Midrash,<br />
tradições, mas, confesso, adoraria<br />
fazê-lo. Meu foco aqui é outro.<br />
E chegaremos à conclusão, lá na frente,<br />
mais para o final destas histórias.<br />
O que não posso deixar de mencionar,<br />
é que aconteceram comigo, não<br />
faz muito tempo. Vamos lá.<br />
A primeira – eu estava na direção<br />
do meu carro, voltando para casa<br />
pela Marginal Pinheiros. Uma boa<br />
definição para a Marginal Pinheiros,<br />
em São Paulo, em um dia de congestionamento<br />
caprichado, é apenas e<br />
tão somente “os portais do inferno”.<br />
Fiz uma tremenda barbeiragem. Quase<br />
provoquei um acidente dos feios.<br />
Graças ao bom D-us, nada de mal<br />
aconteceu. Mas o motorista do outro<br />
carro insultou-me muito. Um pouco<br />
depois, no congestionamento, emparelhamos.<br />
Ele viu que eu estava de<br />
O bispo britânico Richard Nelson Williamson,<br />
em 2009, negou publicamente,<br />
na Argentina, a real dimensão da Shoá,<br />
denegando também a existência das câmaras<br />
de gás e a política estatal nazista<br />
de extermínio de mais de seis milhões<br />
de judeus. A declaração do negacionista<br />
da Shoá foi antecedida pela entrevista<br />
que concedeu a TV sueca e à revista alemã<br />
Der Spiegel sobre o mesmo assunto.<br />
Após fortes protestos internos e externos,<br />
o governo da Argentina expulsou formalmente<br />
o bispo britânico.<br />
Ele pertence à Fraternidade Sacerdotal<br />
São Pio X (FSPX), opositora extre-<br />
Nossa responsabilidade<br />
kipá. Eu abri a janela, fiz sinal para<br />
que ele abrisse a dele também. Ele o<br />
fez, e continuou xingando. Chamoume,<br />
inclusive, de “judeu de m...”. Eu<br />
esperei ele acabar e apenas pedi desculpas,<br />
admiti que fizera uma barbeiragem,<br />
e mais uma vez me desculpei.<br />
Ele “desarmou” e aí me pediu desculpas<br />
por ter me insultado.<br />
A segunda – eu estava voltando<br />
para casa da sinagoga, um sábado de<br />
manhã, quando de repente, sou abordado<br />
por um senhor, na casa dos seus<br />
50 anos. Ele estava visivelmente<br />
transtornado. Perguntou-me o que significava,<br />
para mim, a kipá que eu usava.<br />
Falei um pouco dos vários motivos<br />
pelos quais a usamos. Em um dado<br />
momento, ele me disse que, no sábado<br />
passado, ele havia conversado com<br />
um senhor da mesma “tribo” a que eu<br />
pertencia. Disse que o senhor falou<br />
longamente ao sair “do mesmo lugar<br />
que você saiu, e usava kipá igual a<br />
você”. E que tinha prometido resolver<br />
assuntos (negócios) no domingo seguinte,<br />
e que tinha dado sua palavra.<br />
E no dia seguinte, o senhor, da mesma<br />
“tribo” que eu, desistira de tudo,<br />
sem mais explicações. Aquele que<br />
me abordou, o transtornado, concluiu<br />
assim: “nós temos palavra; vocês judeus<br />
não têm palavra; eu não gostei<br />
mada contra Concílio Vaticano II (1961-<br />
1965) — as suas inovações temporais e<br />
teológicas, a liberdade religiosa, o diálogo<br />
ecumênico, o diálogo católico-judaico,<br />
etc. — tendo exercido a função<br />
de diretor da entidade em Buenos Aires.<br />
O Papa Bento XVI afirmara depois<br />
que a negação histórica da Shoá é totalmente<br />
inadmissível e ordenou, ainda<br />
sem sucesso, que o sacerdote Williamson<br />
revisse suas posições 1 .<br />
A FSPX foi fundada, em 1970, na<br />
Suíça, pelo falecido arcebispo francês<br />
Marcel Lefebvre, pró-Vichy, pró-Frente<br />
Nacional, de Jean-Marie Le Pen, e<br />
defensor do mito da conspiração mundial<br />
judaico-maçônica. Esse sacerdote<br />
francês participara e ratificara todas as<br />
resoluções do Concílio Vaticano II, incluindo<br />
a Declaração Nostra Aetate,<br />
que regula as relações entre católicos<br />
e judeus. No entanto, progressivamente,<br />
sua entidade sacerdotal começou a<br />
desenvolver oposição sistemática aos<br />
documentos conciliares e a entrar em<br />
conflito direto contra a Santa Sé. Em<br />
1988, o Papa João Paulo II declarou a<br />
excomunhão de Lefebvre e dos bispos<br />
por ele ordenados, incluindo, Williamson.<br />
Porém, no intuito de reconciliar, o<br />
atual Papa Bento XVI revogou, em 2009,<br />
a excomunhão 2 .<br />
Williamson compartilha também o<br />
Revisionismo defendido pelo neona-<br />
disse”. E foi embora.<br />
A terceira – eu estava resolvendo<br />
alguns assuntos em uma cidade do<br />
interior paulista. Essa cidade tem<br />
como característica, ser um centro<br />
evangélico enorme. A quantidade de<br />
templos é impressionante, fazendo<br />
parte integrante da cor local. Ousaria<br />
dizer que se todos estes templos<br />
fechassem é capaz da cidade fechar<br />
junto. Quando estava para entrar em<br />
meu carro, um grupo de pessoas parou<br />
do meu lado. E me perguntaram:<br />
“o senhor é pastor em que igreja?”<br />
Não se esqueçam: eu uso kipá. Eu<br />
respondi com um sorriso, que na verdade,<br />
eu sou judeu, que eu não era<br />
pastor de nenhuma igreja; e disse que<br />
eu era apenas um fiel, em uma sinagoga<br />
de São Paulo. Eles retribuíram o<br />
sorriso, e disseram “que bacana que<br />
eu era judeu” (!?!?!). Falaram entre<br />
si que eu era “daquele povo”, que eu<br />
carregava bênçãos, imaginem! E me<br />
pediram bênçãos. Eu então disse a<br />
eles que não poderia, por não estar<br />
preparado, nem me sentia capaz para<br />
tanto. Então eles disseram: “que você<br />
seja então abençoado”. E eu respondi:<br />
“muito obrigado e que vocês sejam<br />
igualmente abençoados”. E cada<br />
um seguiu seu caminho.<br />
Sim, cada judeu é responsável<br />
O negacionismo do bispo Richard Williamson<br />
Marcelo Vieira Walsh *<br />
O neonazista e revisionista britânico David Irving com o bispo<br />
negacionista Richard Williamson (ao fundo), numa festa promovida<br />
na casa do primeiro<br />
zista e pseudo-historiador britânico<br />
David Irving, amigo pessoal do criminoso<br />
nazista Albert Speer. Processado<br />
e preso diversas vezes, fez-se representar<br />
pela revisionista britânica Michele<br />
Renouf, na International Conference<br />
on Review of the Holocaust, promovida<br />
pelo regime fundamentalista<br />
islâmico do Irã e por seu presidente<br />
Mahmoud Ahmadinejad, em Teerã, em<br />
dezembro de 2006 3 .<br />
O bispo está na contramão do Concílio<br />
Vaticano II e da História Contemporânea:<br />
1º) Ele não expressa o pensamento<br />
da Igreja Católica; 2º) Existe uma<br />
total incompatibilidade entre o catolicismo<br />
e o nazismo (pensamento totalitário<br />
político baseado no ocultismo pagão<br />
germânico) (vide a Encíclica Mit<br />
Brennender Sorge, do Papa Pio XI); 3º)<br />
Apesar do levantamento da excomunhão,<br />
em 2009, Williamson não revisou<br />
sua postura negacionista e a instituição<br />
ainda não demonstrou sua plena adesão<br />
ao Concílio Vaticano II; 4º) O diálogo<br />
católico-judaico, apesar do episódio,<br />
segue fielmente as linhas traçadas pelo<br />
Papa João XXIII e fortalece-se; 5º) A<br />
Shoá ou Holocausto — extermínio de<br />
mais de seis milhões de judeus e cinco<br />
milhões de não judeus pelo Terceiro<br />
Reich nazista — foi o maior dos genocídios<br />
do século XX e também o mais amplamente<br />
documentado 4 .<br />
pelo outro judeu. Mas como eu disse,<br />
não estou falando do que nossos ancestrais<br />
e sábios nos ensinam. Estou<br />
falando que isto é a prova viva de que<br />
os judeus carregam, sim, uma responsabilidade<br />
enorme nos aspectos éticos<br />
e comportamentais. Somos constantemente<br />
vigiados e avaliados.<br />
Quando fazemos a coisa certa, não<br />
fazemos mais do que nossa obrigação.<br />
Só que, quando fazemos a coisa<br />
errada, quem ‘paga o pato’ não é só<br />
aquele que fez a coisa errada. A má<br />
impressão, a má opinião e a crítica<br />
são dirigidas ao povo judeu como um<br />
todo, e a todos os judeus em geral. E<br />
notem, que, lá na segunda história, eu<br />
poderia, talvez, deveria ter respondido,<br />
que uma vez uma pessoa da “tribo”<br />
daquele senhor deixou de pagar<br />
uma duplicata, e eu poderia ter generalizado<br />
dizendo a ele que “seria por<br />
isso que vocês todos são caloteiros?”.<br />
Acontece que isso não é a resposta.<br />
A resposta é: tome cuidado, lembre-se<br />
de quantos irmãos e irmãs<br />
você vai acabar prejudicando se você<br />
fizer a coisa errada. Lembre-se desta<br />
responsabilidade. Devemos ter em<br />
mente que, sim, somos todos responsáveis<br />
uns pelos outros. Ainda mais<br />
nestes tempos muito turbulentos, e<br />
que se pintam tão perigosos.<br />
NOTAS<br />
1. Blog Holocausto. “Argentina expulsa<br />
bispo que negou Holocausto”. Disponível<br />
em: < http://holocaustodoc.blogspot.com/2009/02/argentinaexpulsa-bispo-que-negou-o.html>.<br />
Acessado em 29/11/2011).<br />
2. LEFEBVRE, Marcel (1987). Open Letter<br />
to Confused Catholics. Kansas City, Mo.:<br />
Angelus Press, 1987.<br />
3. FOXMAN, Abraham. Nunca mais? – A<br />
Ameaça do Novo Anti-Semitismo. São<br />
Paulo: Francis, 2005.<br />
4. Anti-Defamation League (ADL).<br />
“Holocaust Denial”. Disponível: http://<br />
www.adl.org/hate-patrol/ holocaust.asp.<br />
Acessado em 12/10/2011. Intelligence and<br />
Terrorism Information Center At The<br />
Center For Special Studies (CSS). “<br />
Intelligence and Terrorism Information<br />
Center at the Center for Special Studies<br />
(C.S.S). “Holocaust denial as a tool of<br />
Iranian policy”. Disponível em: http://<br />
www.terrorism-info.org.il/<br />
malam_multimedia/English/eng_n/html/<br />
holocaust_denial_e.htm Acessado em<br />
10/10/2011. As Forças Negras<br />
desencadeadas pelo Terceiro Reich. São<br />
Paulo: Madras, 2009. TORNELLI, Andrea.<br />
Pio XII – O Papa dos Judeus. Porto:<br />
Civilização, s.d.. GILBERT, Martin. O<br />
Holocausto: História dos Judeus na Europa<br />
na Segunda Guerra Mundial. São Paulo:<br />
HUCITEC, 2010.
HAMAS HAMAS E E FA FATAH FA AH<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
O governo de unidade que não é — e nem será<br />
*Khaled Abu Toameh<br />
ada vez que o Fatah e<br />
o Hamas anunciam<br />
que estão perto de terminar<br />
sua disputa, os<br />
palestinos descobrem,<br />
rapidamente, que os<br />
dois partidos rivais não estão<br />
dizendo a verdade. Em muitos sentidos,<br />
o status quo não está tão mal<br />
para o Fatah e o Hamas. Os dois partidos<br />
têm, de fato, um interesse comum<br />
em mantê-lo enquanto podem.<br />
Para o Fatah, que está no controle<br />
de grandes faixas de terra da Cisjordânia,<br />
a situação não poderia ser melhor.<br />
Graças à contínua ajuda financeira<br />
dos Estados Unidos e da União<br />
Europeia, a economia da Cisjordânia<br />
é relativamente boa, e dezenas de<br />
milhares de funcionários civis da Autoridade<br />
Palestina estão recebendo<br />
seus salários em dia. Aqueles que<br />
pensam que o Fatah faria de tudo<br />
para voltar à Faixa de Gaza estão enganando<br />
a si próprios.<br />
Desde que foi expulso da Faixa de<br />
Gaza, no verão de 2007, o Fatah já<br />
não se faz mais responsável pelo que<br />
Ambos sabem que a unidade significa a perda de respaldo financeiro de seus patrocinadores<br />
acontece nessa região. A liderança do<br />
Fatah já não está mais se sentindo<br />
culpada pelos ataques com foguetes<br />
e mísseis lançados de lá, e ninguém<br />
acusa Mahmoud Abbas e Salam<br />
Fayyad de não melhorar as condições<br />
de vida dos 1,5 milhões de palestinos<br />
que vivem ali.<br />
Antes de 2007, a Autoridade Palestina,<br />
dominada pelo Fatah, era responsável<br />
por tudo o que acontecia de<br />
errado na Faixa de Gaza, incluindo os<br />
ataques terroristas contra Israel. O<br />
Fatah já não é responsabilizado pela<br />
pobreza ou pelo contrabando de armas,<br />
através dos túneis subterrâneos<br />
do Egito para a Faixa de Gaza. Agora,<br />
ele está assentado na Cisjordânia e<br />
se beneficia dos milhões de dólares<br />
que são depositados em seus cofres<br />
todos os meses.<br />
Ironicamente, a presença da segurança<br />
de Israel na Cisjordânia é<br />
uma das principais razões pelas quais<br />
Abbas e Fayyad seguem no poder. Os<br />
líderes do Fatah sabem que o dia em<br />
que Israel se retirar dali, o Hamas<br />
voltará a ser tão forte a ponto de tomar<br />
o controle da região em questão<br />
de dias ou semanas.<br />
Para o Hamas, por sua vez, o status<br />
quo é bom porque o movimento<br />
islâmico segue controlando a Faixa de<br />
Gaza sem ter que enfrentar desafios<br />
reais. Cinco anos de sanções econômicas,<br />
bloqueios e operações militares<br />
não conseguiram minar o controle<br />
ferrenho do Hamas na Faixa de Gaza.<br />
A “primavera árabe”, que parece<br />
ter sido sequestrada pela Irmandade<br />
Muçulmana e seus aliados no mundo<br />
árabe, assim como o recente acordo<br />
de troca de prisioneiros com Israel, só<br />
reforçaram a posição do Hamas entre<br />
seus eleitores na Faixa de Gaza. Tanto<br />
o Fatah como o Hamas têm seus<br />
próprios governos e forças de segurança<br />
nas zonas sob seu controle na<br />
Cisjordânia e na Faixa de Gaza respectivamente.<br />
Eles, inclusive, têm suas<br />
próprias prisões, onde mantêm e torturam<br />
mutuamente os prisioneiros.<br />
Enquanto Abbas e Fayyad estão<br />
recebendo dinheiros dos norte-americanos<br />
e europeus, o Hamas tem recebido<br />
ajuda financeira do Irã e de<br />
alguns países do Golfo. Tanto o Fatah<br />
como o Hamas, sabem que a unidade<br />
significa perder respaldo financeiro<br />
de seus patrocinadores do oci-<br />
dente, de Teerã e do mundo árabe. É<br />
por isso que não eles têm pressa em<br />
chegar a algum acordo para formar<br />
um governo de unidade. Quem precisa<br />
de um governo quando os palestinos<br />
já têm dois governos?<br />
Abbas e o líder do Hamas, Khaled<br />
Meshaal, mentiram aos palestinos<br />
duas vezes nos últimos seis meses. A<br />
primeira vez foi em março, quando os<br />
dois homens anunciaram, no Cairo,<br />
que haviam chegado a um “histórico”<br />
acordo de reconciliação para pôr fim<br />
às suas diferenças e formar um governo<br />
de unidade. A segunda vez foi<br />
semana retrasada, quando se reuniram<br />
novamente na capital egípcia e<br />
declararam que tinham entrado em<br />
acordo de abrir uma nova página em<br />
suas relações, além de trabalharem<br />
como sócios.<br />
Muitos palestinos se mantêm céticos<br />
sobre as intenções de Fatah e<br />
Hamas. Sabem que os dois partidos<br />
prefeririam manter o status quo que<br />
arriscar perder a ajuda financeira por<br />
causa de um governo de unidade.<br />
Quanto ao que se refere ao Hamas e<br />
ao Fatah, dois Estados palestinos são<br />
melhores que um.<br />
15<br />
* Khaled Abu<br />
Toameh Toameh é<br />
jornalista árabeisraelense,<br />
correspondente na<br />
Margem Ocidental<br />
dos jornais The<br />
Jerusalem Post e<br />
U.S. News and<br />
World Report. Foi<br />
um dos editores do<br />
The Jerusalem<br />
Report e produziu<br />
diversos<br />
documentários<br />
sobre os palestinos<br />
para a BBC e<br />
muitas outras<br />
redes. Tradução:<br />
Jônatha<br />
Bittencourt, editor<br />
de CessarFogo.com<br />
e De Olho na Jihad.<br />
Embaixador de Israel na ONU dá uma aula de história<br />
Em 1977 a ONU determinou que a cada<br />
em 29 de novembro deve ser celebrado o<br />
“Dia de Solidariedade com o Povo Palestino”.<br />
Atualmente, isso é feito na Assembleia<br />
Geral, com um debate sobre a Palestina<br />
e a tentativa de adotar decisões<br />
anti-israelenses.<br />
Ron Prosor, embaixador de Israel na<br />
ONU, dirigiu seu discurso na Assembleia,<br />
constituindo-se uma verdadeira<br />
aula de história:<br />
“Para distorcer a história, só é preciso<br />
a maioria automática na ONU e imprecisões<br />
nas evidências. Permitam-me recordar-lhes<br />
o que, na verdade, ocorreu hoje,<br />
há 64 anos. A ONU votou a Partilha e decidiu<br />
por dois estados para dois povos; um,<br />
judeu e o outro, árabe. Israel aceitou a<br />
decisão enquanto os árabes, a recusaram<br />
e iniciaram uma guerra para a eliminação<br />
do novo Estado judeu.<br />
O embaixador Prosor criticou os países<br />
árabes pela análise do problema dos<br />
refugiados palestinos: A guerra gerou refugiados<br />
nos dois povos. Enquanto Israel<br />
absorveu os refugiados judeus dos países<br />
árabes e integrou-os à sua sociedade, o<br />
mundo árabe escolheu manter, e potencializar,<br />
a condição dos palestinos como<br />
refugiados. Os países árabes, solidários<br />
Dan Prosor criticou os árabes por tentarem negar o passado judaico<br />
com seus irmãos palestinos,<br />
ainda negam aos refugiados<br />
os direitos civis<br />
básicos.<br />
No Líbano a lei proíbe<br />
os palestinos de ser donos<br />
de terras e trabalhar no<br />
setor público. No Kuwait,<br />
a população palestina foi<br />
expulsa de seu território<br />
em 1991 e, só em agosto<br />
deste ano, cerca de 5 mil<br />
palestinos tiveram que<br />
fugir quando o presidente<br />
Assad, lançou gases em suas casas, na<br />
Síria, com ajuda da marinha síria”.<br />
"Binyamin Ben Eliezer, chegou a Israel<br />
em 1950 como refugiado do Iraque,<br />
foi ministro de Defesa no governo de<br />
Ariel Sharon.<br />
Vinte e cinco vezes, menciona a histórica<br />
Resolução da ONU de 29 de novembro,<br />
o termo ‘Estado judeu’. Os dirigentes<br />
palestinos se negam a reconhecer, obstinadamente,<br />
os vínculos do povo judeu com<br />
a Terra de Israel. Há dois meses, a Assembleia<br />
Geral advertiu Abu Mazen por seu discurso<br />
de negação. Os vínculos do povo judeu<br />
com a Terra de Israel não podem ser<br />
postos em dúvida. Chegou o momento dos<br />
Embaixador de Israel na ONU, Ron<br />
Prosor<br />
palestinos e dos países árabes<br />
de reconhecerem esta<br />
simples verdade”.<br />
Prosor, numa grave<br />
crítica à ONU, disse: “Durante<br />
décadas, a ONU<br />
avalizou todo o capricho<br />
palestino. A Partilha, que<br />
determinou dois estados<br />
para dois povos, se tornou<br />
um plano que perpetuou o<br />
ao invés de promover a<br />
paz. A ONU promove uma<br />
posição unilateral e exibe<br />
uma versão distorcida da historia. A busca<br />
da autodeterminação palestina virou<br />
uma tentativa de burla, humilhação e negação<br />
da legitimidade do Estado de<br />
Israel. No dia em que a ONU continua<br />
apegada a velhos rituais e celebra o Dia<br />
da Solidariedade com o Povo Palestino,<br />
onde está a solidariedade para com os<br />
milhões de cidadãos de Israel que vivem<br />
sob o terror e os disparos de mísseis lançados<br />
partir da Faixa de Gaza? Onde está<br />
a solidariedade para com os civis, que vivem<br />
soba repressão e que são assassinados,<br />
todos os dias, por sua demanda<br />
de liberdade? Onde está a solidariedade<br />
que promove os princípios da paz?<br />
O dia que enfoca o povo palestino,<br />
deveria ter um debate sobre se o governo<br />
do Hamas, que reprime seus cidadãos,<br />
escraviza suas mulheres e usa suas<br />
crianças como terroristas suicidas e escudos<br />
humanos; deveria haver um debate<br />
sobre a provocação na Cisjordânia e<br />
na Faixa de Gaza, onde ensinam às novas<br />
gerações, que os terroristas suicidas<br />
são heróis, denominam suas praças e ruas<br />
com os nomes de terroristas suicidas e<br />
dão dinheiro aos assassinos libertados<br />
em troca de Shalit. A paz estável deve<br />
começar com a educação para a tolerância<br />
e a coexistência, nos lares, nas escolas<br />
e meios de comunicação.<br />
Faço um apelo à Assembleia Geral e a<br />
todos os representantes e diplomatas presentes<br />
na sala para que adotem soluções<br />
pragmáticas e não decisões automáticas;<br />
falem com transparência sem humilhar,<br />
enfrentando uma nova visão e não as velhas<br />
diferenças”.<br />
Por fim o embaixador recordou que “um<br />
por cento da população de Israel morreu<br />
em combate por sua independência, durante<br />
o ataque de cinco exércitos. Pensem<br />
no preço”, sublinhou Prosor. “Seria o equivalente<br />
a 850 mil soldados mortos na França<br />
de hoje, 3 milhões nos Estados Unidos,<br />
ou 13 milhões na China”.
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
16 OLHAR<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
HIGH-TECH<br />
Energia alternativa em Júpiter?<br />
Pesquisadores israelenses dizem<br />
que Júpiter, Vênus e Saturno têm<br />
tempestades de raios conhecidas<br />
como sprites que são mil vezes<br />
mais poderosas do que as da Terra.<br />
Os cientistas já haviam descoberto<br />
sprites localizadas entre 50<br />
a 90 quilômetros acima da superfície<br />
da Terra, mas os pesquisadores<br />
da Universidade de Tel Aviv<br />
dizem que tempestades mais poderosas<br />
em outros planetas poderiam<br />
até ser um sinal de vida extraterrestre.<br />
Daria Dubrovin, estudante<br />
com PhD recriou atmosferas<br />
planetárias no laboratório com a<br />
ajuda de seus supervisores do Departamento<br />
de Geofísica e Ciências<br />
Planetárias, da Universidade<br />
Aberta de Israel e de colaboradores<br />
de uma universidade da Holanda.<br />
(Notícias da Rua <strong>Judaica</strong>).<br />
Energia alternativa II<br />
Apesar de ser um fenômeno atmosférico<br />
pouco conhecido os<br />
sprites são bastante comuns na<br />
Terra, diz Dubrovin. Ocorrem na<br />
mesosfera, uma camada da atmosfera<br />
que não é normalmente<br />
observada por satélites e muito<br />
alta para ser alcançada por balões<br />
atmosféricos. A descoberta dessas<br />
descargas elétricas, que são<br />
de cor vermelha e duram apenas<br />
algumas dezenas de milissegundos<br />
foi por acaso. Dubrovin e seus<br />
colegas pesquisadores recriaram<br />
a atmosfera de Júpiter, Saturno e<br />
Vênus em pequenos containeres.<br />
Um circuito que cria fortes pulsos<br />
de voltagem produziu uma descarga<br />
que imita os sprites naturais.<br />
As imagens destas descargas, conhecido<br />
como streamers foram tiradas<br />
por uma câmera extremamente<br />
rápida e sensível e, em<br />
seguida analisados. “Estamos<br />
produzindo sprites engarrafados”<br />
brincou a pesquisadora Dubrovin.<br />
(Notícias da Rua <strong>Judaica</strong>).<br />
Projeto constrói nave<br />
espacial robótica<br />
O presidente de Israel, Shimon Peres,<br />
foi o mestre de cerimônias no<br />
lançamento do projeto “Space IL”,<br />
destinado a lançar uma nave espacial<br />
israelense robótica que<br />
aterrisse na lua. Peres inaugurou<br />
esta iniciativa em um complexo<br />
militar próximo à localidade de<br />
Yehud, no centro do país, ato que<br />
contou com a participação de Rona<br />
Ramon, viúva do astronauta israelense<br />
da Nasa Ilan Ramon, morto<br />
no desastre da nave Columbia em<br />
2003. O objetivo é enviar uma nave<br />
robótica à Lua e ao mesmo tempo<br />
operar o aparelho na superfície<br />
lunar e transmitir vídeo, imagens<br />
e dados para Terra.(Uol.com).<br />
Nave espacial robótica II<br />
A Space IL é uma organização sem<br />
fins lucrativos integrada por uma<br />
equipe multidisciplinar de especialistas<br />
israelenses em espaço e<br />
criada com o objetivo de concorrer<br />
com outras equipes internacionais<br />
no Google Lunar X Prize,<br />
um concurso de prospecção lunar,<br />
informou um comunicado do projeto.<br />
O modelo israelense é uma<br />
opção nano-satelital cujo desenho<br />
foi apresentado na cerimônia inaugural.<br />
(Uol.com).<br />
Iluminação pública<br />
com energia solar<br />
A companhia israelense Globe Light<br />
and Water Systems (GLW) desenvolveu<br />
uma estrutura de iluminação<br />
autônoma que se baseia exclusivamente<br />
em energia solar,<br />
que foi chamada de Orion. As unidades<br />
de iluminação não exigem<br />
qualquer conexão externa a uma<br />
fonte elétrica, apenas dos componentes<br />
necessários para criar a<br />
energia: a luz solar, baterias e lâmpadas<br />
de LED. “Ao contrário de iluminação<br />
pública atual, que mantém<br />
o mesmo nível de emissão de<br />
luz a todo o momento, a capacidade<br />
de nosso sistema de diminuir a<br />
quantidade de luz conforme a necessidade<br />
serve de economia de<br />
energia”, explica Zeev Jakoby, diretor<br />
da GLW. (Jornal Alef).<br />
Iluminação pública<br />
com energia solar II<br />
De acordo com a empresa, os raios<br />
solares batem nos painéis fotovoltaicos<br />
do Orion carregando o sistema<br />
de bateria interna, produzindo<br />
energia suficiente para ligar<br />
automaticamente as lâmpadas,<br />
mesmo após o por do sol. Em<br />
áreas sem luz solar, a empresa<br />
criou um “painel guarda-chuva” que<br />
consiste em painéis horizontais que<br />
são capazes de absorver a energia<br />
do Sol de ângulos e direções diferentes.<br />
As vantagens do sistema de<br />
iluminação incluem custos operacionais<br />
e de manutenção baixos: a<br />
bateria localizada dentro do Orion<br />
dura até cinco anos e o sistema requer<br />
a substituição da lâmpada a<br />
cada 12 anos, que exige uma instalação<br />
física simples. (Jornal Alef).<br />
Livni repreendida por se<br />
reunir com Abbas<br />
“Se os palestinos querem negociar, a única<br />
maneira de fazer isso é com o governo<br />
eleito de Israel,”, disse ao telefone o primeiro<br />
ministro de Israel, Binyamin Netanyahu,<br />
à líder da oposição Tzipi Livni, após cancelar<br />
uma audiência com ela.<br />
A repreensão do primeiro-ministro ocorreu<br />
em função da líder da oposição Tzipi Livni<br />
ter se reunido com o presidente da Autoridade<br />
Palestina Mahmoud Abbas, na quarta-feira,<br />
30/11.<br />
Netanyahu ligou para Livni no dia seguinte,<br />
para lhe dizer que “se os palestinos<br />
querem negociar, a única maneira de<br />
fazer isso é com o governo eleito de Israel,”<br />
declarou o gabinete do primeiro-ministro<br />
em um comunicado.<br />
Em seguida, o partido Kadima divulgou<br />
uma nota a respeito do telefonema, relatando<br />
que Livni disse a Netanyahu que “a segurança<br />
de Israel e sua capacidade de defender-se<br />
o obriga a entrar imediatamente em negociações<br />
sérias apoiadas pelo mundo, ao invés<br />
de causar o isolamento de Israel”.<br />
Livni ainda acrescentou em entrevistas<br />
que: “eu não vou negociar no lugar do governo,<br />
mas vou tentar libertar Israel do seu<br />
isolamento internacional e eu vou trabalhar<br />
para aumentar sua legitimidade em agir militarmente<br />
contra o terror e fortalecer o campo<br />
dos moderados no Oriente Médio — o<br />
campo que está se dissipando durante o<br />
mandato deste governo”, criticou.<br />
Netanyahu havia previamente convida-<br />
Segundo um estudo divulgado pela Business<br />
Software Alliance (BSA), a principal associação<br />
do setor de tecnologias da informação<br />
e da comunicação a nível mundial, de um total<br />
de seis países da União Europeia (UE), Israel<br />
está situado entre os dez mais competitivos<br />
do mundo no âmbito da tecnologia da informação<br />
e da comunicação (TI). Os Estados Unidos<br />
se mantêm no primeiro posto a nível global,<br />
seguido da Finlândia, Singapura, Suécia,<br />
Reino Unido, Dinamarca, Irlanda, Austrália,<br />
Holanda e Israel.<br />
A edição de 2011 do índice de competitividade<br />
na indústria da tecnologia da informação<br />
é a quarta desde que se iniciou em 2007. Cataloga<br />
66 países de todo o mundo segundo uma<br />
série de indicadores que abarcam áreas críticas<br />
para a inovação no campo da TI: o clima empresarial,<br />
a infraestrutura, o capital humano, a pesquisa<br />
e o desenvolvimento (I+D), o meio legal e<br />
o apoio público a esta indústria. Segundo o informe<br />
deste ano, os países que tradicionalmente<br />
são mais fortes no âmbito das TI mantêm suas<br />
posições de liderança devido aos “sólidos cimentos”<br />
que criaram através de anos de investimento<br />
em inovação, de maneira que seguem<br />
recolhendo seus frutos. Em troca, o estudo as-<br />
do Livni a se encontrar com ele na noite de<br />
quinta-feira (1º/12) para se inteirar de seu<br />
encontro com Abbas, porém cancelou a reunião<br />
imediatamente após a notícia ter sido<br />
relatada à Rádio Israel. O telefonema entre<br />
os dois adversários e suas declarações subsequentes,<br />
vieram logo depois.<br />
O primeiro-ministro disse que cancelou<br />
a reunião devido a problemas de agenda e<br />
que a reunião seria remarcada nos próximos<br />
dias, segundo a Rádio Israel.<br />
Livni afirmou em sua entrevista à imprensa<br />
na quarta-feira, logo após a reunião com<br />
Abbas que ela tinha inteirado Netanyahu, o<br />
presidente Shimon Peres e o ministro das Relações<br />
Exteriores Avigdor Lieberman sobre<br />
seu encontro para a negociação.<br />
O jornal israelense Israel Hayom informou<br />
na quinta-feira que Livni ligou de Amã<br />
alguns minutos antes da reunião com Abbas,<br />
que o primeiro-ministro não viu como um<br />
método adequado de coordenar a iniciativa<br />
diplomática com o governo.<br />
Em julho de 2010, Livni se reunira com<br />
ex-primeiro-ministro palestino Ahmed Qorei<br />
no Hotel King David de Jerusalém antes<br />
de uma conferência em que ambos foram<br />
palestrantes.<br />
Livni, ex-ministra das Relações Exteriores,<br />
havia se abstido de se reunir com funcionários<br />
palestinos desde que Netanyahu<br />
formou seu governo, porque ela não queria<br />
que isso fosse visto como tentativa de minar<br />
os esforços diplomáticos do governo.<br />
Israel entre os mais<br />
competitivos em TI<br />
sinala que cada vez há mais países, especialmente<br />
economias em desenvolvimento, que apostam<br />
na inovação e se esforçam em cumprir com<br />
os padrões dos países líderes.<br />
“Está claro que o investimento nas bases<br />
de tecnologia da inovação paga enormes dividendos<br />
a longo prazo”, destacou em um comunicado<br />
o presidente de BSA, Robert Holleyman.<br />
Na opinião dele, além disso, nenhum país tem<br />
o monopólio na tecnologia da informação. “Vemos<br />
que as economias que crescem rápido no<br />
mundo em desenvolvimento investem muito<br />
em áreas como a pesquisa, o desenvolvimento<br />
e o capital humano”, indicou, e afirmou que<br />
essa circunstância faz com que cada vez haja<br />
“mais centros de poder de tecnologia da informação<br />
no mundo”. Desde o último informe de<br />
2009, o país que mais avançou foi a Malásia,<br />
que ascendeu onze postos, seguido da Índia,<br />
que subiu dez. Outros países como Singapura,<br />
México, Áustria, Alemanha ou Polônia mostraram<br />
avanços em vários níveis no que se refere<br />
ao apoio à TI. “Num momento em que a economia<br />
global começa a se recuperar, o mais importante<br />
é que os governos adotem uma visão<br />
a longo prazo da indústria da tecnologia da informação”,<br />
enfatizou Holleyman.
O milagre de Chanucá<br />
Antônio Carlos Coelho * velas de Chanucá são acesas em local tado: seja pela proibição de práticas re-<br />
vitória dos macabeus<br />
sobre os sírios seleucidas<br />
recuperou o Templo<br />
profanado por ordem<br />
de Antíoco IV. Foi<br />
no ano de 164 a.e.c. que<br />
o Templo de Jerusalém, centro<br />
da religião e símbolo da nacionalidade<br />
judaica, retornou para as mãos do<br />
povo judeu. Para os vitoriosos macabeus<br />
a reconquista do Templo significou<br />
mais do que a possibilidade da realização<br />
do culto ao único D-us; representava,<br />
também, a recuperação da integridade<br />
e a liberdade do seu povo<br />
que, desde a queda do Reino de Judá<br />
em 587, não experimentou total liberdade,<br />
uma vez que sempre estivera sob<br />
o domínio de uma ou outra potência.<br />
público. Em cada uma dessas cidades<br />
as luzes das chanukiot marcam a presença<br />
judaica e, mais do que isso, anunciam<br />
a cada ano, a presença da Torá<br />
como fonte da ética, da justiça e caminho<br />
para a redenção.<br />
Chanucá, a Festa das Luzes, guarda<br />
forte caráter histórico, bem lembrado<br />
pelos costumes de se comer sonhos e<br />
latkes, nas canções que lembram os<br />
heróis de Modiim e no jogo de dreidel.<br />
Mas, quem conhece a história judaica<br />
sabe muito bem que a profanação<br />
do Templo de Jerusalém se repetiu pelos<br />
séculos seguintes. Não falo exatamente<br />
da destruição do grande edifício<br />
que acolhia o culto dirigido pelos cohanim<br />
e que abrigava a grande menorá<br />
com as sete lâmpadas. Falo da nova forma<br />
de templo e de local de realização<br />
ligiosas, pelas conversões forçadas,<br />
pelo impedimento de desempenhar livremente<br />
a profissão, pela impossibilidade<br />
de obter imóveis, pela limitação<br />
social e cultural, ou ainda, através da<br />
imposição ao isolamento em bairros,<br />
guetos e shtetlach. Enfim, de várias<br />
maneiras, o judeu foi impedido da sua<br />
realização plena, de viver integramente<br />
e em liberdade.<br />
Por outro lado, nunca faltaram heróis<br />
que, por sua presença junto às comunidades,<br />
iluminaram e aqueceram a<br />
alma judaica, não permitindo que as<br />
adversidades levassem ao esmorecimento<br />
e ao abandono da fé e das tradições.<br />
Tivemos pessoas grandiosas com<br />
diferentes formas de atuação, nomes<br />
que estão registrados nossos livros da<br />
religião, da história, da música, da lite-<br />
Em nossa Curitiba, há 25 anos temos de sacrifícios: o judeu, como indivíduo ratura, das ciências e da política. Tive-<br />
a alegria de acompanhar o acendimen- e como comunidade. E, esse novo temmos também nomes, que não recebeto<br />
das oito velas em praça pública. Tamplo não passou um século sequer, sem ram o mesmo destaque, mas que, por<br />
bém, em muitas cidades do mundo, a que fosse, de alguma forma, desrespei- sua luta diária nas sinagogas, nos che-<br />
A British Advertising Standards<br />
Authority (ASA) proíbe missão diplomática<br />
da AP de usar um mapa que mostra<br />
‘Palestina’ no lugar de Israel<br />
PERGUNTE AO RABINO<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
derim, nos guetos, nas comunidades,<br />
mantiveram a chama judaica mesmo<br />
onde os ventos sopravam mais fortes.<br />
Não seriam esses também os macabeus<br />
da história, que por suas ações garantiram<br />
o milagre da continuidade e da unidade<br />
judaica?<br />
Quando, daqui a alguns dias, as luzes<br />
de Chanucá se acenderem nas praças<br />
e janelas em tantas cidades, teremos<br />
a certeza de que o milagre ocorrido<br />
há 2.174 anos em Jerusalém continua<br />
acontecendo e, que D-us continua<br />
fazendo milagres, através do esforço de<br />
cada um dos seus. Veremos o brilho da<br />
existência judaica e da sua intervenção<br />
na ordem do mundo. Num tempo em<br />
que os valores são relativos, em que o<br />
certo e o errado se confundem, e nos<br />
confundem, em que as virtudes são regidas<br />
pelas leis de mercado e do poder,<br />
e em que a efemeridade das relações<br />
humanas determina casamentos e relações<br />
familiares, brilha com força a luz<br />
dos valores eternos da Torá.<br />
Publicidade palestina que “varre Israel do mapa”<br />
é proibida na Inglaterra por grupo regulamentador<br />
Tzvi Ben Gedalyahu *<br />
A British Advertising Standards Authority<br />
(ASA) proibiu a missão diplomática da<br />
Autoridade Palestina de usar um mapa que<br />
mostra todo o território de Israel como sendo<br />
a ’Palestina’.<br />
O mapa no site “Descubra a Palestina”<br />
mostrava Israel — desde a fronteira com o<br />
Líbano até a fronteira egípcia — com as cores<br />
da bandeira palestina e incluía links de<br />
turismo sem se referir ao Estado de Israel.<br />
A ASA concordou com as reclamações<br />
públicas de que o mapa que estava sendo<br />
exibido, declarando Israel como se fosse um<br />
país inexistente e considerou-o enganoso.<br />
P: Quero convidar uma amiga que come casher<br />
para minha casa, mas não sei como fazer pois a<br />
minha casa ainda não é casher. Será que ela vai se<br />
ofender se eu oferecer recebê-la ?<br />
R: Hoje você tem vários recursos e maneiras de<br />
receber uma pessoa casher na sua casa mesmo<br />
ainda não sendo cem por cento casher. E por que<br />
não retribuir a gentileza de um convite que ela te<br />
O presidente da AP, Mahmoud Abbas, declarou<br />
a uma audiência de fala inglesa que<br />
ele iria reconhecer Israel com base nas Linhas<br />
do Armistício Temporário de 1949, mas<br />
não como um Estado judeu. No entanto, a<br />
mídia de língua árabe da AP e as declarações<br />
oficiais descrevem todo o país como<br />
sendo a “Palestina”.<br />
“Consideramos que o consumidor médio<br />
pode inferir a partir do mapa e das informações<br />
referidas que a área total representada<br />
pelo mapa são os territórios palestinos<br />
ocupados. Como este não é o caso,<br />
concluímos que o site era enganoso”, regulamentou<br />
a ASA.<br />
A missão diplomática da Autoridade Palestina<br />
argumentou que mudou o título do<br />
mapa para “Palestina em 1948”, alegando<br />
que ele representa a “Palestina histórica”.<br />
Na verdade, o termo “palestinos”, em referência<br />
aos árabes de Israel foi criado anos<br />
depois daquela data.<br />
A Autoridade Palestina nos últimos anos<br />
tem educado as crianças e dito ao público<br />
em geral que todas as cidades israelenses<br />
são “palestinas”, e o mapa na Grã-Bretanha<br />
se refere ao antigo porto de Jaffa (Yafo)<br />
como “uma cidade árabe palestina... militarmente<br />
ocupada por Israel desde 1948”.<br />
Haifa também foi listada como sendo<br />
parte da “Palestina”.<br />
O mapa da Autoridade Palestina também<br />
apresentava uma “Jerusalém árabe unida”,<br />
sem sequer se preocupar em separar a cidade<br />
de acordo com as linhas do armistício.<br />
A autoridade da publicidade britânica<br />
disse: “Notamos que esta seção do site não<br />
fez nenhuma referência à Jerusalém Oriental<br />
ou Jerusalém Oeste ou ao fato do estatuto<br />
da cidade ter sido objeto de muita disputa<br />
internacional. Consideramos que o site sugeria<br />
que toda a cidade fazia parte dos territórios<br />
ocupados da Palestina. Assim, como<br />
entendemos que esse não era o caso, con-<br />
* Tzvi Ben Gedalyahu é jornalista do canal de TV israelense Arutz 7 e do Israel National News (INN).<br />
estendeu? Todos gostam de comer fora. Basta se<br />
informar direitinho para não infringir alguma lei.<br />
Tem dezenas de produtos disponíveis hoje em qualquer<br />
supermercado, que foram liberados para o<br />
consumidor casher. Que podem ser servidos se forem<br />
frios em qualquer utensílio limpo. Alimentos<br />
quentes terão de serem preparados em cozinha e<br />
panela casher e depois poderão ser embalados em<br />
Se você tiver dúvida sobre alguma questão envie a sua pergunta para: pergunteaorabino@chabadcuritiba.com ou visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
Israel apagado do mapa. Foto do site<br />
Palestina-net.com“<br />
17<br />
* Antônio Carlos<br />
Coelho é professor<br />
universitário,<br />
escritor, diretor do<br />
Instituto de<br />
Ciência e Fé e<br />
colaborador do<br />
jornal <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong>.<br />
cluímos que o site era enganoso”.<br />
O mapa também reescreveu a história<br />
relativa a Hebron, que foi descrita como<br />
“uma das mais antigas cidades da Palestina”.<br />
Hebron é onde fica a Caverna Patriarcas, registrada<br />
na Bíblia como sendo comprada por<br />
Abrahão por uma enorme quantia de dinheiro<br />
— “400 peças de prata”.<br />
dois invólucros para serem esquentados na sua casa<br />
em forno ainda não casher e servido em pratos<br />
novos ou descartáveis.<br />
As coisas são menos complicados do que você imagina.<br />
Alimento casher pode ser consumido por todos.<br />
E ótimo poder confraternizar sabendo que todos<br />
podem desfrutar da companhia uns dos outros<br />
e dos mesmos pratos saborosos e casher.<br />
BS"D
18<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
O CIP se prepara para o Réveillon 2012, dia<br />
31/12, às 22h30 estreando o novo salão de<br />
festas da Kehilá, com o buffet especial dos<br />
chefs José e Rebeca Jakobson. Haverá DJ,<br />
fogos de artifício, recreação para crianças.<br />
O traje será passeio, de preferência<br />
branco. Os ingressos são limitados e maiores<br />
informações pelo telefone 3024-7575.<br />
A escritora Miriam Halfim tomou posse<br />
na Cadeira 33 da Academia Carioca de<br />
Letras. É a primeira judia a se tornar<br />
membro desta instituição.<br />
Inúmeras “Marias” brasileiras ajudaram<br />
famílias judaicas a preservar<br />
suas raízes. Algumas dessas apaixonantes<br />
histórias estão ilustradas em<br />
“Cozinha <strong>Judaica</strong> da Maria”. São comoventes<br />
depoimentos que relatam como<br />
a culinária é capaz de estreitar relacionamentos<br />
e transformar culturas. Prefaciado<br />
por Arnaldo Niskier, membro<br />
da Academia Brasileira de Letras, a<br />
obra chega às livrarias de todo o país<br />
este mês, pela Editora Alaúde.<br />
Ela reúne a deliciosa trajetória de 21<br />
famílias judias que construíram uma<br />
história de vida ao lado de afetuosas<br />
brasileiras oriundas de todo o país,<br />
não por acaso batizadas de “Maria”.<br />
O evento de lançamento aconteceu<br />
dia 29/11, no Centro da Cultura <strong>Judaica</strong>/São<br />
Paulo, durante workshop sobre<br />
culinária comandado por Breno Lerner.<br />
O livro, idealizado pelo empresário<br />
Léo Steinbruch, foi escrito por Viviane<br />
Lessa e é ilustrado com imagens fotográficas<br />
de Chris Ceneviva.<br />
Segundo a autora, a ideia é revelar os<br />
segredos das cozinheiras brasileiras:<br />
“São segredos que, misturados a histórias<br />
e sabores de terras estrangeiras,<br />
trazidos por tantas bobes (avós<br />
judias) - e aos temperos e adaptações<br />
de nossas “Marias”, muitas vezes,<br />
deram origem a novos sabores; outras,<br />
mantiveram intacta a tradição”.<br />
O livro traz ainda um DVD com alguns<br />
registros de histórias, receitas<br />
e bastidores da obra. Trata-se<br />
de um retrato da mistura entre as<br />
culturas judaica e brasileira, feito<br />
através de histórias, costumes e<br />
receitas transmitidos de geração<br />
em geração. “A intenção é homenagear<br />
estas 'Marias' que vêm preservando<br />
as raízes de um povo que<br />
não foi apenas influenciado pela<br />
cultura brasileira, mas também foi<br />
importante parte da formação de<br />
nossa tão diversificada sociedade”,<br />
explica Viviane.<br />
Bela Rebeca Hertz lançou dia 9/12 seu livro<br />
“A herança judaica na vida e obra de Viktor<br />
Emil Frankl”, caprichado trabalho de pesquisa<br />
em Psciologia, pela Editora Juruá. A<br />
tarde de autógrafos foi na sede das Faculdades<br />
Facet, em<br />
Curitiba, na Av.<br />
Marechal Floriano<br />
Peixoto, 470.<br />
A autora é psicóloga, com formação<br />
em psicologia clínica, especialização<br />
em logoterapia e atua também no<br />
ramo empresarial. É natural de São<br />
Paulo, no bairro judaico do Bom Retiro,<br />
onde teve uma educação judaica.<br />
Discípula do professor Viktor Frankl,<br />
e apaixonada pela logoterapia que é<br />
uma psicoterapia centrada no sentido<br />
da vida, partindo do pressuposto de que o homem é basicamente<br />
um ser em busca de sentido, Bela se aprofundou na logoterapia<br />
e percebeu uma forte base na filosofia judaica. Pesquisou<br />
a vida e os antecedentes de Frankl, que, segundo ela, viveu e<br />
faleceu como um judeu convicto. Então resolveu escrever o livro.<br />
O vencedor do 2º Concurso Universitário “Conheça Israel”<br />
foi Rafael Stern, que recebeu como prêmio uma<br />
viagem de uma semana para Israel. Ele recebeu as passagens<br />
das mãos do conselheiro da Embaixada de Israel<br />
nem Brasília, Leo Vinovezky. Participaram do certame 600<br />
estudantes universitários inscritos de todo o Brasil.<br />
O tema deste ano foi “Israel Verde – Agricultura e Meio<br />
Ambiente” e contou com o apoio da KKL (Keren Kayemet<br />
LeYisrael) ou Fundo Nacional Judaico. Fundada em<br />
1901, a KKL é uma organização sem fins lucrativos e até<br />
hoje já plantou mais de 240 milhões de árvores no país.<br />
Além disso, o KKL construiu cerca de 180 represas e<br />
reservatórios, desenvolveu cerca de 1000 km² de terra<br />
e construiu mais de mil parques. Em 2002, recebeu o<br />
“Prêmio Israel” (Israel Prize) pelas conquistas no país e<br />
por sua contribuição à sociedade e ao Estado de Israel.<br />
Com apoio da Confederação Israelita do Brasil/Conib e da Embaixada<br />
do Brasil em Israel, a Universidade Hebraica de Jerusalém<br />
promoveu, de 11 a 13 de dezembro, o seminário internacional<br />
“A Emergência do Brasil como ator global: explicações<br />
históricas, conquistas recentes e futuros desafios”. O evento,<br />
que visa mostrar aos israelenses a crescente relevância do<br />
Brasil no cenário internacional, será a primeira conferência de<br />
tal magnitude sobre o país realizada no Estado judeu.<br />
Participaram o jornalista Eugênio Bucci, o demógrafo Sergio<br />
Della Pergola, os professores Antonio Carlos Lessa, Renato<br />
Lessa, Tullo Vigevani e Luis Edmundo Souza Moraes; o jornalista<br />
Ricardo Lessa (Globo News); Henry Chmelnitsky, vicepresidente<br />
da Conib; Jaime Spitzcovsky, diretor de Relações<br />
Institucionais da Conib; Jayme Blay, presidente da Sociedade<br />
dos Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém; além de<br />
outros acadêmicos brasileiros e israelenses em diversas áreas.<br />
Entre os temas em debate: “O Brasil no Oriente Médio” e “A<br />
comunidade judaica brasileira”.<br />
A construção de um novo aeroporto em Israel<br />
está prevista para ser concluída dentro<br />
de três anos perto da cidade de Eilat. O custo<br />
total do projeto é estimado em 300 milhões<br />
de euros e deve atender cerca de 1,5 milhões<br />
de pessoas todos os anos com vôos internacionais<br />
e domésticos. De acordo com o Ministério<br />
dos Transportes a quantidade de passageiros<br />
que circulam pelo Aeroporto Internacional<br />
Ben Gurion, aumenta entre 3 e 5% ao<br />
ano. Em 2010, 11.485.509 passageiros voaram<br />
internacionalmente e cerca de 674.830 fizeram<br />
voos domésticos.<br />
A Escola Israelita Brasileira “Salomão Guelmann”<br />
anunciando que iniciou um trabalho<br />
de planejamento estratégico para os próximos<br />
anos. Também estão sendo investidos<br />
recursos no quadro funcional, que terá sua<br />
estrutura reforçada no início de 2012.<br />
O prédio da escola, projetado pelo arquiteto<br />
Jaime Lerner há mais de 40 anos, passará<br />
reformas e melhorias, para adequarse<br />
às necessidades atuais, ganhando mais<br />
beleza e funcionalidade.<br />
Mais jovens ex-alunos da Escola Israelita Brasileira<br />
Salomão Guelmann conseguiram aprovação nos vestibulares<br />
deste ano. O <strong>VJ</strong> parabeniza os aprovados,<br />
seus pais e a EISBG. Mazal Tov.<br />
São eles: Amit Kremer Swissa – Administração, Betina<br />
Barbalat - Engenharia Civil, Bruna Frenkel - Design<br />
Gráfico, Bruna Cruz de Oliveira – Nutrição, Bruno<br />
Feldman – Direito, Cecília Troib – Direito, Luiz Guilherme<br />
Siqueira Mehl - Análise de Sistemas, Marina<br />
Schulmann – Arquitetura e Nicole Faigenblum Nudelman<br />
- Design Gráfico.<br />
O vice-prefeito de Ramat-Gan, Rami Fadlon (ao centro),<br />
com a vereadora Teresa Bergher (à direita); Osias Wurman,<br />
cônsul de Israel no Rio de Janeiro, e Sarita Schaffel,<br />
presidente da Federação Israelita do Rio (FIERJ)<br />
Dia 5/12 ocorreu na Câmara Municipal do Rio de<br />
Janeiro a sessão solene de assinatura do protocolo<br />
que torna irmãs as cidades do Rio de Janeiro<br />
e Ramat-Gan (Israel). A cerimônia, uma iniciativa<br />
da vereadora Teresa Bergher, foi prestigiada<br />
pela comitiva israelense, liderada pelo viceprefeito<br />
de Ramat-Gan, Rami Fadlon; por Carlos<br />
Alberto Muniz, vice-prefeito do Rio de Janeiro;<br />
e por Osias Wurman, cônsul de Israel no<br />
Rio de Janeiro, entre outras autoridades e dirigentes<br />
comunitários.<br />
Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br
Paulina Hirsch e a jovem Flávia Grupenmacher foram as vencedoras<br />
do Concurso Literário Moacyr Scliar, respectivamente nas<br />
categorias adulto e juvenil, promovido pelo Departamento Cultural<br />
da Kehilá. Um total de 24 textos foram recebidos e a comissão<br />
julgadora foi formada por Antônio Carlos Coelho, Clotilde<br />
de Lourdes Branco Germiniani, Szyja Lorber e Zalmen Chamecki.<br />
O anúncio dos vencedores e a entrega dos prêmios foi feita no dia<br />
27/11, no CIP, num evento que contou com a presença da presidente<br />
da Kehilá, Ester Proveller e aberto pela diretora do Departamento<br />
Cultural, Fany Reicher. Na abertura, Vera Scliar Sasson, parente<br />
do escritor homenageado, leu um texto escrito por ele e falou do<br />
saudoso médico e autor, uma das principais personalidades da<br />
literatura brasileira moderna, que deixou mais de 70 obras.<br />
O tema do concurso foi “A alma judaica”. Além, de Paulina Hirsch<br />
e Flávia Grupenmacher, foram premiadas também na categoria<br />
juvenil Débora Bekin (2º lugar) e Ilana Stein Newman (3º<br />
lugar). Na categoria adultos, o segundo e o terceiro lugares ficaram<br />
com Telma Mazer e Leon Knopfholz.<br />
Após a premiação houve uma mesa redonda, com acalorado debate<br />
a sobre o sentimento de ser judeu e vida judaica na diáspora<br />
e até política de Israel. Fany Reicher, observou que há intenção e<br />
publicar um caderno com todas as redações inscritas.<br />
O Grupo Apoio Saul Schulman apresentou<br />
no teatro João Luiz Fiani<br />
(Shopping Novo Batel) o “Musical<br />
Café Concerto com a Turma do Baú”.<br />
Com a plateia lotada e muita gente em<br />
pé, os artistas se revelaram excelentes<br />
comediantes e às vezes até dramaturgos.<br />
A diretora do espetáculo, Geni<br />
Aisenberg, conseguiu aproveitar o que<br />
cada um dos atores tinha de melhor.<br />
Parabéns à todos e podem repetir a<br />
dose que vão ter público garantido.<br />
Dia 26/11 casaram Karine Rose<br />
Guelmann e Emilio Parron<br />
Vengrus. A noiva é filha do casal<br />
Douglas e Dora Guelmann.<br />
A todos, Mazal Tov.<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
Homicídio<br />
FILME<br />
TÍTULO ORIGINAL: HOMICIDE<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Direção: David Mamet<br />
Gênero: Drama, Policial, Thriller<br />
Origem: EUA<br />
Duração: 102 minutos<br />
Tipo: DVD colorido<br />
Ano da produção: 1991<br />
Estúdio/Distribuição: J & M Entertainment /<br />
Spot Filmes<br />
ELENCO<br />
Joe Mantegna, William H. Macy, Natalija Nogulich,<br />
Ving Rhames, Vincent Gustaferro,<br />
Rebecca Pidgeon, Jack Wallace, J.J. Johnston,<br />
Lionel Mark Smith, Roberta Custer, Charles<br />
Stransky, Bernard Gray, Paul Butler.<br />
Jaime Lerner, Rogério<br />
Chor, Jaime Lerner, Patrícia<br />
Amorim e Sérgio<br />
Besserman foram alguns<br />
dos palestrantes<br />
do seminário “Cidade<br />
em debate: o processo<br />
de crescimento urbano<br />
do Rio de Janeiro e suas<br />
consequências” que<br />
ocorreu dias 12 e 13/12,<br />
no Hotel Sheraton, do<br />
Rio de Janeiro.<br />
Não se esqueçam, só voltamos<br />
em fevereiro porque,<br />
como sempre faz, o <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />
não circula em janeiro.<br />
Um bom ano novo a todos.<br />
SINOPSE<br />
Detetive de polícia judeu, Bob Gold tem de capturar um assassino que nem<br />
mesmo o FBI conseguiu encontrar. Contudo, mesmo antes de começar a investigação,<br />
ele é designado para outro caso, o de uma senhora que havia sido<br />
morta num bairro tipicamente negro. As provas apontam para um grupo de<br />
judeus. Surpreendentemente, Bob encontra ligações entre os dois casos.<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
COLABORADORES DE VISÃO<br />
ALEXANDRE LEON TEIG E FAMÍLIA<br />
ARI ZUGMAN E FAMÍLIA<br />
ARTUR GRYNBAUM<br />
AVRAM FISELOVICI E FAMÍLIA<br />
BORIS E GENY AISENBERG<br />
BUNIA FINKEL<br />
GAL CZERNY E FAMÍLIA<br />
HAROLDO JACOBOVICZ E FAMÍLIA<br />
HELCIO KRONBERG E FAMÍLIA<br />
IDA LERNER E FAMÍLIA<br />
ISMAR STRACHMAN E FAMÍLIA<br />
JAIME ARON TEIG E FAMÍLIA<br />
JAIME GUELMANN E FAMÍLIA<br />
JAIME INGBERMAN E FAMÍLIA<br />
JAYME NUDELMAN E FAMÍLIA<br />
JAYME ZLOTNIK E FAMÍLIA<br />
JOSÉ SCHWEIDSON E FAMÍLIA<br />
JULIO ZUGMAN E FAMÍLIA<br />
LINA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />
MAURÍCIO SCHULMAN E FAMÍLIA<br />
MAURÍCIO FRISCHMANN E FAMÍLIA<br />
MIGUEL KRIGSNER E FAMÍLIA<br />
RUBENS LICHTENSTEIN E FAMÍLIA<br />
SABINE WAHRHAFTIG<br />
SALIM IBRAHIM BELACIANO<br />
SAMUEL GRYNBAUM E FAMÍLIA<br />
SARA BURSTEIN<br />
SAUL ZUGMAN E FAMÍLIA<br />
SULAMITA P. MACIORO E FAMÍLIA<br />
SULAMITA PACIORNIK E FAMÍLIA<br />
TÂNIA MARIA BAIBICH-FARIA<br />
VERGIL TRIFAN E FAMÍLIA<br />
VICTOR RICARDO HERTZ E FAMÍLIA<br />
VITCIA E BETY ITZCOVICH<br />
ZALMEN CHAMECKI E FAMÍLIA<br />
ANÔNIMOS<br />
19
20<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
UN Watch (Observador da<br />
ONU) fez um apelo ao<br />
conselho executivo da<br />
Unesco, que inclui os<br />
EUA, França, Reino Unido<br />
e outras democracias ocidentais,<br />
para reverterem a<br />
escolha unânime da Síria para dois comitês<br />
— um deles diretamente ligado<br />
com questões de direitos humanos —<br />
lembrando que o regime de Bashar al-<br />
Assad mantém uma violenta campanha<br />
contra seus próprios cidadãos.<br />
O grupo árabe na Unesco indicou<br />
a Síria para os comitês e, apesar de<br />
58 membros aprovarem a escolha por<br />
consenso, em 11 de novembro, a<br />
agência ainda não publicou os resultados<br />
em seu site.<br />
Eleição da Síria veio apenas um<br />
dia antes da Liga dos Estados Árabes<br />
suspender a Síria como membro<br />
de seu corpo.<br />
“A suspensão da Liga Árabe da Síria<br />
não tem qualquer significado quando<br />
seus estados membros elevam a<br />
Síria para o comitê de direitos humanos<br />
da ONU”, diz Hillel Neuer, diretor-<br />
David Mandel *<br />
Mahmoud Abbas, o presidente da<br />
Autoridade Palestina, exige que a capital<br />
da Palestina seja Jerusalém Oriental,<br />
onde vivem 300.000 palestinos. O<br />
governo de Israel se opõe, mas a exigência<br />
de Abbas é internacionalmente<br />
vista com simpatia, incluindo países que<br />
têm amizade com Israel.<br />
O que não é muito sabido e, até agora,<br />
não é levado em conta, é o fato de<br />
Unesco elege Síria para o<br />
comitê de direitos humanos<br />
A UN Watch apela para reverter a decisão<br />
executivo de monitoramento da ONG<br />
UN Watch baseado em Genebra.<br />
“É vergonhoso para a principal<br />
agência da ONU para a ciência, cultura<br />
e educação pegar um país que<br />
está atirando em seu próprio povo e<br />
fortalecê-lo dando-lhe condições de<br />
decidir sobre questões de direitos<br />
humanos em escala global. Lamentavelmente,<br />
a pressão para curvar-se ao<br />
consenso — parte da tradição da ONU<br />
de continuar para alcançar — pode<br />
arrastar todos para baixo pela vontade<br />
do menor denominador comum”,<br />
disse Neuer.<br />
Ele destaca que a decisão do conselho<br />
executivo não deveria surpreender<br />
dado o fato de que o organismo<br />
“acolheu recentemente uma série<br />
de violadores dos direitos humanos<br />
como novos membros, como a<br />
Arábia Saudita, Cuba, Paquistão e<br />
Rússia”. A Síria já estava no conselho<br />
executivo, observou Neuer, “assim<br />
como outros países com pobre histórico<br />
de direitos humanos, incluindo a<br />
Venezuela, Zimbábue, Belarus, China,<br />
Vietnã e a Argélia”.<br />
A própria ONU diz que repressão<br />
da Síria aos protestos<br />
da oposição já deixou cinco<br />
mil pessoas mortas nos últimos<br />
oito meses.<br />
“Ao premiar o regime assassino<br />
da Síria com emblemas<br />
da legitimidade internacional,<br />
a Unesco coloca em<br />
perigo os interesses fundamentais<br />
dos EUA e seus aliados,<br />
o que prejudica a segurança<br />
nacional, a estabilidade<br />
regional e os valores democráticos”.<br />
A Síria irá cumprir um<br />
mandato de dois anos, na Comissão<br />
de 30 membros sobre as Convenções<br />
e Recomendações, que examinam...<br />
as comunicações relativas ao exercício<br />
dos direitos humanos, segundo o<br />
site da Unesco na Internet. A Síria<br />
também se junta à Comissão de 23<br />
membros sobre Organizações Não-Governamentais<br />
Internacionais, que têm<br />
como missão incentivar grupos de ativistas<br />
aprovados para ajudar ainda<br />
mais os objetivos gerais da Unesco.<br />
Numa tentativa de isolar a administração<br />
da Unesco das críticas, a<br />
diretora executiva da agência, Irina<br />
Bokova, insiste em dizer que suas<br />
mãos estavam atadas. Ela tem até<br />
mesmo quebrado o protocolo, ao comentar<br />
que a escolha da diretoria não<br />
foi boa.<br />
“A diretora-geral e o secretariado<br />
estão atados pelas decisões dos Estados<br />
membros e não deveria comentar<br />
sobre eles”, disse Sue Williams,<br />
porta-voz chefe Unesco.<br />
“No entanto, dada a evolução na<br />
Síria, a diretora-geral não vê como<br />
esse país possa contribuir para o trabalho<br />
das comissões”.<br />
Os Estados membros têm criticado<br />
os passos dados por Bokova, em<br />
nome da Unesco, para superar o corte<br />
repentino no financiamento dos<br />
EUA à agência, após outra decisão<br />
polêmica, o voto para a admissão da<br />
Palestina como membro pleno.<br />
Os Estados Unidos pagava 22 por<br />
cento dos orçamentos de todas as<br />
agências da ONU, e cortaram sua ajuda<br />
à Unesco por causa da legislação<br />
dos EUA, de longa data, que proíbe o<br />
financiamento de qualquer agência da<br />
ONU que admita a Palestina, por não<br />
ser reconhecida pela ONU como um<br />
país independente.<br />
Além disso, Bokova também provocou<br />
manchetes no início deste mês,<br />
quando um de seus altos diretores de<br />
comunicação convocou o embaixador<br />
de Israel na Unesco para reclamar de<br />
um cartoon publicado no jornal israelense<br />
Haaretz.<br />
O Haaretz observou que o cartoon<br />
era uma óbvia crítica mordaz à irritação<br />
do governo israelense sobre<br />
a decisão de admitir a Palestina.<br />
Ileana Ros-Lehtinen, que preside<br />
a Comissão dos Assuntos Exteriores da<br />
Câmara dos Deputados dos EUA, comentou<br />
sobre os desenvolvimentos na<br />
Unesco, dizendo que a agência “continua<br />
a superar-se com um comportamento<br />
surpreendente e perigoso”.<br />
Enquanto os Estados Unidos e alguns<br />
aliados-chave, incluindo a Grã-<br />
Bretanha e França, são membros do<br />
conselho da Unesco, as democracias<br />
ocidentais estão em minoria no organismo.<br />
O Canadá, que se juntou aos<br />
Estados Unidos na oposição à integração<br />
palestina na Unesco, mas não<br />
é um membro do conselho executivo,<br />
disse à UN Watch que lamenta a ação<br />
para dar à Síria no comitê de direitos<br />
humanos.<br />
“Embora o Canadá não estivesse<br />
envolvido nessa decisão, achamos<br />
profundamente perturbador que a Síria<br />
tenha sido designada pelo grupo<br />
árabe regional na Unesco como membro<br />
da Comissão das Convenções e<br />
Recomendações, dada a violação contínua<br />
e repetida do regime de Assad<br />
aos direitos humanos”, disse Joe Lavoie,<br />
porta-voz canadense do ministro<br />
dos Assuntos Estrangeiros John Baird.<br />
“O Canadá forte e firmemente continua<br />
a pedir que Assad deixe o poder”.<br />
Um Estado palestino! Queremos viver nele?<br />
que um apreciável percentual dos árabes<br />
residentes em Jerusalém, a população<br />
mais diretamente afetada, se opõe<br />
a que Jerusalém Oriental seja parte de<br />
um futuro Estado palestino.<br />
Um estudo, financiado pelo Instituto<br />
Washington e realizado entre os dias<br />
4 e 10 de setembro deste ano, pelo Centro<br />
Palestino de Opinião Pública de Belém,<br />
dirigido pelo palestino Nabil Kukali,<br />
descobriu que um considerável número<br />
de palestinos residentes em Jerusalém<br />
não está de acordo com Abbas.<br />
A pesquisa mostrou que 42% dos palestinos<br />
de Jerusalém Oriental dizem que<br />
eles se mudariam para Israel se o bairro<br />
onde hoje residem passasse a fazer parte<br />
do Estado palestino. E 39% diz que<br />
preferem ter a cidadania israelense do<br />
que a cidadania do Estado palestino. Estes<br />
resultados são iguais aos estudos realizados<br />
no mês de novembro de 2010,<br />
para o U.S. Council on Foreign Relations.<br />
(Conselho para as Relações Exteriores<br />
dos EUA).<br />
As razões que deram para explicar<br />
sua preferência em ser cidadãos israelenses<br />
incluem: maiores rendas, trabalhos<br />
melhores, seguro médico, pensões,<br />
liberdade de movimento, educação, serviços<br />
básicos como água e eletricidade.<br />
Também têm razões negativas para<br />
preferir Israel: temor de perder a liberdade<br />
de expressão no Estado palestino,<br />
e rejeição à corrupção dos funcionários<br />
palestinos.<br />
* David Mandel, judeu peruano que vive em Israel é o autor do Blog Mi Enfoque (Meu Enfoque). Publicou este texto na edição nº 395, de 25 de novembro, 2011, e que pode ser encontrado no original em www.mandeldavid.com
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Britânicos fecham embaixada no Irã e<br />
expulsam representantes desse país<br />
Reino Unido considerou<br />
o governo iraniano<br />
responsável<br />
pela “falha muito<br />
grave” na segurança<br />
que permitiu o assalto<br />
à em-baixada britânica no Irã, fechou<br />
sua representação em Teerã, expulsou<br />
os diplomatas iranianos em Londres<br />
e advertiu que a atitude terá<br />
“sérias consequências”.<br />
O Ministério das Relações Exteriores<br />
do Reino Unido recomendou aos seus<br />
cidadãos que evitem as viagens não essenciais<br />
ao Irã e pediu ao pequeno número<br />
de britânicos que se encontravam<br />
naquele país que ficassem em casa. Mas<br />
muitos já foram retirados.<br />
Em um comunicado, o ministro<br />
das Relações Exteriores, William Hague,<br />
disse que todo o pessoal britânico<br />
da embaixada em Teerã e suas<br />
famílias (um total de 24 pessoas) foram<br />
localizados e posteriormente retirados<br />
do país.<br />
Dizendo ser estudantes islâmicos,<br />
uma turba invadiu em três ocasiões a<br />
missão diplomática britânica em Teerã<br />
e a residência do embaixador em<br />
protesto pelas novas sanções de Londres<br />
ao Irã.<br />
Ao término de uma manifestação,<br />
várias dezenas de jovens içaram a<br />
bandeira iraniana no mastro do edifício<br />
britânico, queimaram o emblema<br />
do Reino Unido e invadiram nas dependências,<br />
onde saquearam documentos<br />
e destruíram um retrato da<br />
rainha Elizabeth II.<br />
Hague, que falou no Parlamento,<br />
fez uma declaração sobre o Irã, e disse<br />
que o governo daquele país é “responsável<br />
pela sua falha” ao não tomar<br />
“as medidas adequadas para pro-<br />
teger nossa embaixada, como é obrigado<br />
pela Convenção de Viena”.<br />
Em Londres, enquanto o primeiroministro<br />
britânico, David Cameron,<br />
convocava uma reunião de seu Gabinete<br />
de emergência, William Hague<br />
transmitia ao ministro iraniano das<br />
Relações Exteriores seus mais enérgicos<br />
protestos sobre o ocorrido e pediu<br />
ao governo de Teerã a devolução<br />
dos bens tomados na embaixada.<br />
“Claramente vai haver outras consequências<br />
mais sérias”, indicou Hague,<br />
que acrescentou: neste assalto<br />
“irresponsável” em Teerã, participaram<br />
centenas de pessoas, que puseram<br />
em risco os diplomatas britânicos<br />
e suas famílias e causaram “graves<br />
danos” nos dois recintos da embaixada,<br />
apontou.<br />
A tensão entre Irã e o Reino Unido<br />
aumentou depois de que no dia 21/<br />
Explosão no Irã atingiu instalações<br />
de enriquecimento de urânio<br />
Imagens de satélite confirmam que instalação nuclear de Isfahan foi abalada por<br />
explosão, relata o The Times, citando inteligência israelense<br />
Imagens de satélite “mostrando<br />
claramente fumaça e destruição”<br />
provam que uma explosão<br />
ocorreu dia 28/11 e danificou uma<br />
usina nuclear na cidade iraniana<br />
de Ifsahan, de acordo com reportagem<br />
do jornal The Times, de<br />
Londres, de 30/11.<br />
A reportagem citou funcionários<br />
da inteligência israelense,<br />
dizendo que não havia “nenhuma<br />
dúvida” de que a explosão danificou<br />
um local de enriquecimento<br />
de urânio, e afirmou que “não foi<br />
acidente”.<br />
Funcionários em Isfahan negaram<br />
que a cidade tenha sido atingida<br />
por uma explosão.<br />
Mohammad-Mahdi Esma’ili,<br />
vice-governador de Isfahan para<br />
assuntos políticos e de segurança,<br />
chamou as reportagens de<br />
“pura mentira” de acordo com a<br />
agência de notícias Irna. Um funcionário<br />
do Corpo de Bombeiros<br />
da cidade também negou que tivesse<br />
havido uma explosão.<br />
A misteriosa explosão de 28/<br />
11 abalou a cidade iraniana de Isfahan,<br />
que sedia uma instalação<br />
nuclear envolvida no processamento<br />
de urânio para alimentar a<br />
unidade de enriquecimento de<br />
combustível de Natanz.<br />
A imagem do satélite mostra que a explosão destruiu a central nuclear de Isfahan<br />
A origem e o destino da explosão<br />
não estavam inicialmente claros.<br />
Alguns relatos alegam que<br />
teve lugar numa base militar e<br />
outros disseram que era uma explosão<br />
de gás.<br />
Duas semanas antes, em 12<br />
de novembro, outra explosão atingiu<br />
uma base militar iraniana perto<br />
da cidade de Kaneh, matando<br />
17 membros da Guarda Revolucionária<br />
e o general Hassan Moghaddam,<br />
arquiteto-chefe do programa<br />
de mísseis balísticos. O<br />
Mossad, de Israel, tem sido acusado<br />
de orquestrar a explosão.<br />
O chefe da Diretoria de Pes-<br />
quisa da inteligência Militar israelense<br />
brigadeiro-general Ita<br />
Brum disse ao Comitê de Defesa<br />
e dos Assuntos Estrangeiros da<br />
Knesset que a explosão de 12 novembros<br />
na base de mísseis poderia<br />
retardar o desenvolvimento<br />
de mísseis de longo alcance Teerã”.<br />
A explosão no local de desenvolvimento<br />
de mísseis superfície-superfície<br />
de mísseis pode<br />
parar ou retardar as atividades<br />
naquele local, mas é preciso ressaltar<br />
que o Irã tem em curso de<br />
desenvolvimento outros projetos<br />
além daquele setor”, disse Brum.<br />
(Yaakov Katz e equipe do The Jerusalem<br />
Post).<br />
11 Londres decidiu suspender todas<br />
as transações financeiras com os bancos<br />
iranianos incluindo o Banco Central<br />
do Irã, por causa do seu programa<br />
nuclear.<br />
21<br />
Invasão da embaixada britânica em Teerã, dia 29/11. À esquerda, a<br />
bandeira do Reino Unido arrancada e substituída pela dos<br />
manifestantes, sob as vistas dos impassíveis policiais iranainos. Os<br />
atacantes, apresentados como estudantes, seriam na verdade<br />
elementos da milicia Bassij<br />
Promotoria alemã<br />
investiga planos do Irã<br />
de atacar bases dos EUA<br />
A justiça alemã abriu investigações<br />
sobre presumidos<br />
planos por parte do Irã<br />
de atentar contra bases militares<br />
dos Estados Unidos<br />
na Alemanha, informou o promotor<br />
federal Harald Range.<br />
As investigações se baseiam<br />
em presumidos planos<br />
das autoridades de Teerã<br />
de atacar instalações do<br />
exército norte-americano na<br />
Alemanha, no caso de que<br />
os EUA lancem um ataque<br />
contra o Irã.<br />
Segundo o departamento<br />
federal da Polícia Criminal<br />
(BKA), e de acordo com as investigações<br />
em curso, não há<br />
perigo iminente de atentado.<br />
Range confirmou as informações<br />
ao jornal popular<br />
Bild, sobre a abertura dessas<br />
investigações.<br />
De acordo com o jornal,<br />
que cita fontes internas da<br />
Promotoria, o objetivo de<br />
Teerã seria destruir a logística<br />
operacional e administrativa<br />
das bases dos EUA<br />
na Alemanha.<br />
Ainda segundo a publicação,<br />
as suspeitas recaem<br />
concretamente sobre um em-<br />
Foto: AFP/Atta Kenare<br />
presário alemão, que mantém<br />
“contatos conspiradores”<br />
com a embaixada do Irã em<br />
Berlim e que supostamente<br />
planeja “ações de sabotagem”<br />
sem especificá-las.<br />
A Promotoria ordenou,<br />
em princípios de novembro,<br />
a vigilância da casa do suspeito,<br />
acrescentou o meio.<br />
O promotor responsável<br />
pela BKA, Jörg Ziercke, evitou<br />
dar mais detalhes acerca<br />
desses planos presumidos<br />
e só confirmou a existência<br />
dessas investigações.<br />
As informações coincidem<br />
com um momento de<br />
grande tensão entre Berlim e<br />
Teerã, depois que o ministro<br />
das Relações Exteriores, Guido<br />
Westerwelle, chamou<br />
para consultas o embaixador<br />
alemão no Irã, por causa da<br />
invasão da embaixada do<br />
Reino Unido.<br />
Berlim, como Londres,<br />
deseja que sejam adotadas<br />
novas sanções contra o Irã,<br />
concretamente contra seu<br />
setor financeiro, e expressou<br />
seu total respaldo à reação<br />
do Reino Unido após os ataques<br />
contra sua embaixada.
22<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
VISÃO<br />
Sobrevivente mais antiga<br />
do Holocausto tem 108 anos<br />
(com informações das agências AP,<br />
Reuters, AFP, EFE, jornais Alef na internet,<br />
Jerusalem Post, Haaretz, Notícias da Rua<br />
Judaíca e IG)<br />
panorâmica<br />
Alice Herz-Sommer,<br />
conhecida<br />
como a mais antigasobrevivente<br />
do Holocausto,<br />
completou<br />
seu 108º aniversário<br />
dia 20/11,<br />
Natural de Praga,<br />
comemorou o<br />
feito em Londres,<br />
no dia 25/11. Era uma jovem pianista<br />
profissional, quando ela, seu marido<br />
e o filho foram enviados ao campo nazista<br />
de Terezin em 1943, que era usado<br />
para iludir a Cruz Vermelha. Ali<br />
tocou em mais de 150 concertos enquanto<br />
os judeus eram enviados para<br />
a morte. O marido de Herz-Sommer,<br />
também músico, não sobreviveu à<br />
guerra, mas seu filho, Raphael que, da<br />
mesma forma, participou dos concertos<br />
em Terezin, conseguiu. Herz-Sommer<br />
nadava diariamente até 97 anos<br />
de idade, e continua a tocar seu piano<br />
todos os dias, de acordo com as<br />
reportagens. Ela também gosta de<br />
jogar Scrabble, um jogo de tabuleiro<br />
em que 2 a 4 jogadores procuram<br />
marcar pontos formando palavras interligadas<br />
usando pedras com letras<br />
num painel com 225 quadros. (JTA).<br />
Alice Herz-Sommer, a mais<br />
antiga sobrevivente do<br />
Holocausto<br />
Foto: Chris Keane<br />
Gingrich e os palestinos<br />
O candidato Newt Gingrich<br />
Newt Gingrich, favorito à indicação<br />
republicana para a corrida presidencial<br />
à Casa Branca, que é historiador,<br />
qualificou os palestinos de “povo inventado”<br />
e “grupo de terroristas”, em<br />
entrevista concedida ao The Jewish<br />
Channel. Ele ainda criticou o governo<br />
Obama, declarando: “ser imparcial entre<br />
uma democracia que respeita o Estado<br />
de direito e um grupo de terroristas<br />
que lança foguetes diariamente,<br />
não é imparcialidade, é favorecer<br />
os terroristas”. Além disto, acusou a<br />
Autoridade Palestina de compartilhar<br />
com o Hamas “um desejo enorme de<br />
destruir Israel”. Para Gingrich, o presidente<br />
Obama e seu governo “se iludem”<br />
sobre a situação no Oriente<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
• Yossi Groisseoign •<br />
Médio. “Estamos na presença de um<br />
povo palestino inventado, que foi um<br />
povo árabe e historicamente fez parte<br />
da comunidade árabe”. (Jornal<br />
Alef/The Jewish Channel/Reuters).<br />
Sarney e os palestinos<br />
O senador José Sarney, presidente do<br />
Congresso Nacional realizou sessão<br />
solene “em homenagem ao povo palestino<br />
pelo Dia Internacional de Solidariedade<br />
ao Povo Palestino”. Foi no<br />
dia 5/12 no Plenário do Senado, embora<br />
a data seja 29/11. De iniciativa<br />
dos deputados Inácio Arruda e Manuela<br />
D’Ávila, ambos do PCdoB, e subscrita<br />
pela líder do PSol, senadora<br />
Marinor Brito, mostra o que a dicotomia<br />
da ONU produziu ao instituir a<br />
data da Nakba (Catástrofe, em árabe),<br />
justamente no dia em que a própria<br />
ONU aprovou a Partilha da Palestina<br />
(29/11), criando dois novos estados,<br />
um judeu e outro árabe. Os judeus<br />
aceitaram, os árabes não. Moveram<br />
guerras contra Israel e perderam fragorosamente.<br />
Passados mais de 60<br />
anos, ao invés de negociarem um<br />
acordo de paz, ainda sonham com a<br />
destruição do vizinho. O Brasil, país<br />
que reconheceu a Palestina, embora<br />
seja um estado inexistente, é um<br />
exemplo daqueles que se curvaram às<br />
pressões árabes. A solenidade teve<br />
convites, discursos e tudo o mais,<br />
porém, ninguém ali foi capaz de dizer<br />
aos palestinos: “negociem a paz”. (<strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong>).<br />
Novas sanções contra a Síria<br />
A Liga Árabe aprovou novas e mais<br />
drásticas sanções econômicas contra<br />
a Síria, devido à violenta repressão<br />
contra os protestos no país que já<br />
matou mais de 4.000 cidadãos, dados<br />
confirmados pela ONU, sem que haja<br />
no Brasil nenhum discurso ou artigo<br />
reclamando disso. E o ditador Assad<br />
continua a promover ataques contra<br />
os manifestantes. No dia 27/11, 19<br />
dos 22 países-membros da Liga Árabe<br />
aprovaram as sanções, entre elas<br />
a suspensão de transações com o Banco<br />
Central sírio e de auxílio financeiro<br />
para projetos no país. Por unanimidade<br />
foram aprovadas medidas contra o<br />
governo sírio, entre elas o congelamento<br />
das relações com o país, assim<br />
como das contas sírias no exterior, a<br />
suspensão de voos e a proibição de<br />
viagens de membros do regime sírio.<br />
Com as medidas, a Liga pretende se<br />
antecipar a eventuais ações dos países<br />
ocidentais, como aconteceu em relação<br />
à Líbia. (Agências).<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Condenado o segundo<br />
assassínio da família Fogel<br />
Um tribunal militar condenou Amjad<br />
Awad, o segundo assassino confesso<br />
de cinco membros da família Fogel em<br />
Itamar. Ele e seu primo, Hakim Awad,<br />
já julgado e condenado, trucidaram<br />
furiosamente há 8 meses os membros<br />
da família Fogel, incluindo os pais<br />
Ehud, 36, e Ruti Fogel, 35, juntamente<br />
com três de seus filhos: Yoav (11), Elad<br />
(4), e Hadas (dois meses de idade). A<br />
pena de Amjad Awad ainda não foi divulgada,<br />
mas Hakim Awad foi sentenciado<br />
a 130 anos de prisão. O deputado<br />
Michael Ben-Ari e os ativistas judeus<br />
Itamar Ben-Gvir e Baruch Marzel<br />
estiveram na sessão para pedir a pena<br />
de morte aos assassinos. (Arutz 7).<br />
Terra do leite, do mel e... do petróleo<br />
Artigo assinado por Eduardo Araia, da<br />
Revista Planeta revela: “Israel possui<br />
uma das maiores reservas de xisto betuminoso<br />
da Terra, e a quantidade de<br />
petróleo extraível do querogênio existente<br />
nessas rochas praticamente rivaliza<br />
com a da Arábia Saudita. O país<br />
pode conquistar a independência<br />
energética e mudar o xadrez político<br />
do Oriente Médio. Mas o custo ambiental<br />
é alto. Nos próximos meses<br />
Israel deverá decidir qual caminho<br />
seguir nessa encruzilhada”. Para se<br />
ter uma ideia, de acordo com especialistas,<br />
em uma estimativa conservadora,<br />
cerca de 250 bilhões de barris<br />
de petróleo estão contidos no xisto<br />
israelense, provavelmente o segundo<br />
ou terceiro maior depósito de todo o<br />
mundo. (B’nai B’rith).<br />
Katyushas disparados<br />
contra o norte de Israel<br />
Pelo menos quatro foguetes Katyushas<br />
foram disparados do sul do<br />
Líbano durante a noite contra o norte<br />
de Israel, dia 29/11. As Forças de Defesa<br />
de Israel (FDI) responderam com<br />
fogo de artilharia contra “a origem dos<br />
disparos”. Não houve feridos, mas alguns<br />
prédios ficaram danificados.<br />
Bombeiros apagaram o fogo produzido<br />
pelos projéteis. A polícia e os militares<br />
fizeram uma varredura na área a<br />
procura de mais foguetes. O presidente<br />
do Líbano, Michel Suleiman, condenou<br />
o lançamento de foguetes desde<br />
seu país contra o norte de Israel e rejeitou<br />
que esse tipo de ataques sirva à<br />
causa palestina. (Efe / Aurora).<br />
Katyushas II<br />
O grupo terrorista Brigadas de Abdalá<br />
Azam, vinculado à Al Qaeda, reivindicou<br />
o ataque dos Katyushas contra<br />
Israel em um comunicado divulgado<br />
na internet que não pode ser verificado.<br />
As Brigadas de Abdalá Azam,<br />
que levam o nome do mentor de Osama<br />
bin Laden, têm uma célula ativa<br />
no norte do Líbano e levaram já a cabo<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
atentados na Jordânia e no Golfo Pérsico.<br />
Em comunicado, a Força Interina<br />
da ONU (Finul), informou que os<br />
“radares detectaram lançamento de<br />
foguetes na região de Rmeish, no sul<br />
do Líbano”. A área é controlada em<br />
grande parte pelo grupo terrorista xiita<br />
libanês Hezbolá. (Efe / Aurora).<br />
Explosão em base do<br />
Hezbolá no sul do Líbano<br />
Uma enorme explosão foi registrada<br />
no sul do Líbano em novembro, num<br />
local que se acredita ser um depósito<br />
ilegal de armas do Hezbolá. A explosão<br />
ocorreu dez dias após uma explosão<br />
similar na base da Guarda Revolucionária<br />
do Irã, próxima de Teerã,<br />
que deixou 17 guardas mortos. Uma<br />
fonte da segurança libanesa disse ao<br />
jornal Daily Star que os militares foram<br />
incapazes de se aproximar do local<br />
da explosão perto de Siddiqin na<br />
cidade costeira meridional de Tiro,<br />
porque os membros do Hezbolá isolaram<br />
a área. O Hezbolá declarou ao<br />
jornal que não tinha comentários a<br />
fazer. Também não foi informado se<br />
houve feridos. O Hezbolá é considerado<br />
uma organização terrorista por<br />
Israel, EUA e vários países europeus.<br />
O grupo está proibido de manter armas<br />
ao sul do rio Litani — incluindo a<br />
área onde ocorreu a explosão, de<br />
acordo com a Resolução 1701, que<br />
pôs fim à guerra de 2006 entre Israel<br />
e o grupo xiita. (Israel Hayom).<br />
Alperovich assume Senado argentino<br />
A senadora argentina Beatriz Alperovich<br />
assumiu a presidência da Câmara Alta<br />
Beatriz Rojkés de Alperovich, senadora<br />
argentina, foi proclamada dia 30/<br />
11, como presidente daquela Câmara<br />
Alta. Passou, assim, à segunda na escala<br />
da sucessão presidencial daquele<br />
país. Representante de Tucumán, e de<br />
origem judia, Alperovich tornou-se a<br />
primeira mulher a assumir a presidência<br />
do Senado. Ela declarou que é “um<br />
grande orgulho, uma grande responsabilidade,<br />
mas isso é fruto da lealdade<br />
que tenho ao projeto político de<br />
Nestor e Cristina Kirchner”. Ela é esposa<br />
do governador de Tucumán, José<br />
Alperovich. (Tiempo Argentino).<br />
Paraná sanciona lei da Ficha Limpa<br />
O governador do Paraná, Beto Richa,<br />
sancionou dia 7/12 a Lei da Ficha Limpa,<br />
de autoria dos deputados Ney Leprevost,<br />
César Silvestre Filho, Stephanes<br />
Júnior, André Bueno e Marcelo Rangel.<br />
A Lei da Ficha Limpa Paraná amplia
as sanções previstas pela lei federal<br />
da Ficha Limpa, que vale apenas<br />
para impedir candidaturas a<br />
cargos eletivos de pessoas que venham<br />
a sofrer condenação judicial<br />
em segunda instância. O deputado<br />
Ney Leprevost explica que a lei<br />
do Paraná veda a ocupação de cargos<br />
públicos de provimento em<br />
comissão – como secretários de<br />
Estado e diretores de empresas<br />
estatais – por pessoas que tenham<br />
sido condenadas por crimes<br />
contra a economia popular, a fé<br />
pública, o sistema financeiro, o<br />
meio ambiente e a saúde pública.<br />
Mas também ficam impedidos de<br />
ocupar cargos no Paraná os que<br />
tiverem sentença condenatória<br />
transitada em julgado por tortura,<br />
racismo, tráfico de entorpecentes,<br />
terrorismo, escravidão e formação<br />
de quadrilha. “Essa lei é<br />
um avanço fantástico para a administração<br />
pública. Sua aplicação<br />
irá, literalmente, impedir<br />
que as raposas cuidem do galinheiro”,<br />
afirma Leprevost. (Assembleia<br />
Legislativa do Estado).<br />
Arqueólogos encontram moedas<br />
romanas sob o Kotel<br />
Arqueólogosisraelensesdescobriram<br />
moedas da<br />
época dos<br />
romanos<br />
debaixo do<br />
Muro das<br />
Lamenta-<br />
Uma das 17 moedas<br />
encontradas sob o Muro<br />
das Lamentações<br />
ções (Kotel), em Jerusalém. Elas<br />
foram cunhadas por volta do<br />
ano 15 d.e.c. e podem mudar as<br />
teorias sobre a construção do<br />
Muro, há cerca de 2 mil anos.<br />
Durante séculos, se pensou que<br />
o muro havia sido construído<br />
pelo rei Herodes. Porém, Herodes<br />
morreu em 4 a.e.c., cerca de<br />
20 anos antes da produção das<br />
moedas. Isso indica que o Muro<br />
foi finalizado por seus sucessores.<br />
(Jornal Alef).<br />
Israel desbloqueia fundos da AP<br />
Israel desbloqueou os fundos da<br />
Autoridade Palestina que estavam<br />
retidos desde 1º/11, em represália<br />
ao reconhecimento do<br />
Estado palestino pela Unesco,<br />
anunciou a rádio pública israelense.<br />
A decisão foi adotada pelos<br />
ministros do governo de Netanyahu,<br />
com exceção do ministro<br />
das Relações Exteriores, Avigdor<br />
Lieberman, que votou contra.<br />
Os fundos, proveem das tarifas<br />
alfandegárias e do tributos<br />
arrecadados de mercadorias nos<br />
territórios palestinos que chegam<br />
através dos portos e aeroportos<br />
israelenses. (AFP).<br />
23 BH<br />
...Por Teus milagres, por Tuas<br />
maravilhas e por Tuas salvações<br />
Tila Dubrawsky *<br />
ma pessoa com deficiência<br />
física teve uma visão na<br />
qual ascendeu aos mundos<br />
superiores. Ali, entrou<br />
em certa câmara onde havia<br />
grande tumulto; miríades<br />
de anjos corriam para cá e para lá. Ele<br />
perguntou, “Que câmara é esta?” Disseram-lhe<br />
que aquela era o Central de<br />
Solicitações para Salvações, e os anjos<br />
estavam encaminhando as preces aos<br />
endereços diferentes.<br />
O homem passou a uma segunda câmara.<br />
Lá também testemunhou um alvoroço,<br />
com dezenas de milhares de<br />
anjos se agitando em todas as direções.<br />
Novamente indagou o que passava ali<br />
e foi informado de que aquela era a Câmara<br />
dos Pedidos Atendidos. Os anjos<br />
estavam se apressando para entregar<br />
as salvações.<br />
O homem, agora saudável e ágil no<br />
mundo espiritual, continuou a uma terceira<br />
câmara. Ali não havia nenhuma<br />
atividade, nenhum movimento, apenas<br />
alguns anjos se arrastando de um canto<br />
para o outro. Indagou sobre a finalidade<br />
desta câmara. Responderam-lhe que,<br />
infelizmente, aquela que devia ser a mais<br />
movimentada, pois sua área sublime se<br />
destinava aos agradecimentos oferecidos<br />
por aqueles que receberam salvação para<br />
suas tribulações, estava bem calma. Os<br />
anjos ministrantes suspiraram e disseram:<br />
pois é, as pessoas frequentemente<br />
ignoram as dádivas e bondades que recebem,<br />
ainda que prestem muita atenção<br />
àquilo que lhes falta....<br />
Isso me lembra a piada do judeu que<br />
circulava pelo centro da cidade procurando<br />
uma vaga de estacionamento.<br />
Começa negociar com D-us prometendo<br />
uma grande soma de Tsedacá (caridade)<br />
se Ele lhe ajudar a achar um lugar<br />
para deixar o seu veiculo, pois estava<br />
atrasado para uma reunião importante<br />
de negócios. Após alguns minutos de<br />
frustração ele aumentou a oferta. Ao<br />
avistar logo um carro saindo alguns<br />
metros dali ele, exuberantemente, manobrou<br />
o seu carro dentro do espaço<br />
murmurando para D-us: “esqueça o que<br />
falei antes, obrigado, mas não preciso<br />
mais de Sua ajuda”.<br />
Hacarta Hatov, a gratidão, é um<br />
valor judaico de grande significância.<br />
Uma das finalidades da nossa Tefilá<br />
(prece) em geral é o humilde reconhecimento<br />
a D-us por suas infinita bondade<br />
para conosco. Começamos o dia com<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Mode Ani, agradecendo a D-us pela dádiva<br />
de mais um dia com novas energias.<br />
Na oração de Amida três vezes ao<br />
dia recitamos o Modim, reconhecendo<br />
"Teus milagres que estão conosco diariamente<br />
e Tuas maravilhas e benevolências<br />
a todo momento”. O Talmud diz<br />
que: “Ein baal haness makir benisso” -<br />
que muitas vezes somos beneficiários<br />
de milagres e nem reparamos. Mas,<br />
certamente, por aqueles que conhecemos,<br />
devemos expressar fervorosamente<br />
os nossos agradecimentos. As bênçãos<br />
diárias (matinais, nas orações e antes<br />
e depois de se alimentar) servem para<br />
enraizar a gratidão em nosso caráter. O<br />
nosso exemplo apreciativo impacta muito<br />
nas atitudes dos nossos esposos, filhos,<br />
alunos, funcionários e todos os que<br />
convivem conosco e em nosso redor.<br />
A Torá nos ensina a cultivar a gratidão<br />
até para objetos inanimados que<br />
nos prestam conforto, prazer e utilidade.<br />
Moshe Rabenu não podia bater com<br />
seu cajado nas águas do Nilo para transformá-las<br />
em sangue, tendo de passar<br />
esta tarefa a seu irmão Aharão, uma vez<br />
que estas mesmas águas haviam-no<br />
protegido quando infante, ao flutuar<br />
dentro de um cesto de papiro revestido<br />
com asfalto e piche entre os juncos,<br />
perto da margem do rio. Temos a expressão:<br />
“Não cuspa no prato de onde<br />
comeu”. Até as roupas que vestimos<br />
merecem um trato especial.<br />
É da natureza humana focalizar o que<br />
nos falta, o que está errado e deficiente<br />
na nossa vida. Podemos desfrutar de<br />
muitas coisas boas durante o dia, ainda<br />
assim o que prenderá a nossa atenção,<br />
geralmente, é um aspecto negativo, algo<br />
que não deu tão certo quanto queríamos.<br />
Também em nossos relacionamentos,<br />
com marido, esposa, pais, irmãos ou<br />
amigos. Eles podem nos prestar inúmeros<br />
favores, nos estender bondade, conselhos,<br />
solidariedade, hospitalidade, etc,<br />
e, ainda assim, basta ter algum malentendido,<br />
ver um gesto ou ouvir uma palavra<br />
que julgamos inapropriado ou não<br />
considerado e pronto! Já é suficiente<br />
para esquecer todo o bem e passar a ter<br />
um relacionamento frio e carrancudo.<br />
Devemos nos acostumar a agradecer<br />
a cada pessoa que nos presta algum<br />
serviço ou favor, independentemente<br />
se a remuneramos ou não, e expressar<br />
palavras de elogio às pessoas mais próximas.<br />
Sim, meu marido faz apenas a<br />
obrigação dele em pagar as contas de<br />
casa, mas, ele pode ser apreciado por<br />
isso! Sim, minha esposa não faz mais<br />
do que a obrigação dela ao administrar<br />
a limpeza da casa e as refeições, mas,<br />
uma palavra carinhosa é musica aos ouvidos<br />
de quem a recebe! Certo, o rabino<br />
não faz mais do que sua obrigação<br />
em conduzir as rezas, oficiar momentos<br />
religiosos ou oferecer conselhos,<br />
mas ele pode ser valorizado por doar o<br />
seu tempo e seu calor humano! A lista<br />
é infindável!<br />
Somos Yehudim. Este título deriva<br />
de Yehudá, que recebeu seu nome<br />
quando a Matriarca Lea, sua mãe, disse:<br />
“Hapaam ode et Hashem”- “Esta vez<br />
agradecerei ao Eterno” (Bereshit<br />
29:35). O Talmud Brachot 7b ensina que<br />
desde o dia em que o Santíssimo, bendito<br />
seja, criou Seu mundo, não houve<br />
nenhum homem que agradeceu a Ele,<br />
até que veio Lea e deu-Lhe graças. Pois,<br />
Lea sabia por inspiração Divina, que Yaacov<br />
teria doze filhos com suas quatro<br />
esposas e assumiu, portanto, que a ela<br />
caberiam três. Quando teve o quarto<br />
filho (Yehudá), agradeceu especialmente<br />
por haver recebido mais do que lhe<br />
tocava de acordo com a conta. Ninguém<br />
havia agradecida a Hashem, até<br />
então, de forma tão intensa assim como<br />
fez Lea. Segue então que a essência de<br />
um Yehudi, (judeu) é sua humilde capacidade<br />
em reconhecer as dádivas ao seu<br />
redor, não procurar ver somente os seus<br />
direitos e o que ainda lhe falta, mas<br />
enxergar onde está D-us, e através d’Ele,<br />
o mundo que nos cerca e nos favorece,<br />
trazendo-nos satisfação, muitas vezes<br />
além do nossos merecimentos.<br />
A festa de Chanucá que celebraremos<br />
nos próximos dias nos ajuda a focar<br />
os milagres de outrora e as dádivas<br />
de hoje. Logo após o acendimento das<br />
velas de Chanukiá recitamos: “Nós acendemos<br />
estas luzes para comemorar os<br />
atos salvadores, os milagres e as maravilhas<br />
que Tu fizeste com nossos antepassados,<br />
naqueles dias, nesta época...<br />
E não nos é permitido usá-las (as velas)<br />
apenas observá-las, para agradecer e<br />
louvar o teu grande nome por Teus milagres,<br />
por Tuas maravilhas e por Tuas<br />
salvações.” Um dos objetivos da Chanukiá<br />
é focar a luz das velas e conscientizar-nos<br />
dos milagres bayamim hahem,<br />
naqueles dias e bizman haze, em nossa<br />
época também. Vamos fixar o nosso<br />
olhar na luz e nas bênçãos na nossa vida.<br />
Trabalhando o atributo de Hacarat Hatov,<br />
salientando a gratidão para tudo e<br />
a todos em nosso redor, melhoraremos<br />
a qualidade de nossos relacionamentos<br />
e chegaremos a sentir o verdadeiro agradecimento<br />
a D-us pelas múltiplas bênçãos<br />
com quais nos cumula.<br />
* Tila Dubrawsky é a rebetzin, esposa do Rabino Yossef Dubrawsky, diretor do Beit Chabad de Curitiba, mãe, avó, coordenadora de programas educacionais e culturais,<br />
orientadora de pureza e harmonia familiar para noivas e mulheres de todas as idades.
24<br />
VISÃO JUDAICA dezembro de 2011 Kislev / Tevet 5772<br />
Goldstone: Não há apartheid em Israel<br />
acusação de que Israel é<br />
um Estado de apartheid é<br />
falsa e maliciosa, e impede<br />
— ao invés de promover<br />
— a paz e a harmonia”,<br />
sublinhou o juiz Richard Goldstone<br />
em um artigo de opinião publicado<br />
no jornal The New York Times.<br />
Goldstone, cujo relatório da ONU<br />
sobre a Operação Chumbo Derretido<br />
contra o grupo terrorista islâmico Hamas<br />
na Faixa de Gaza se transformou<br />
num símbolo da diatribe anti-israelense<br />
em todo o mundo, publicou outro<br />
artigo de opinião a favor de Israel.<br />
Em abril, Goldstone pareceu se<br />
retratar de seu relatório em um artigo<br />
de opinião publicado no jornal Washington<br />
Post, onde afirmou que o relatório<br />
elaborado pela comissão que<br />
liderou teria sido um documento muito<br />
diferente “se tivesse sabido então<br />
o que sei agora”.<br />
Goldstone, que desempenhou<br />
funções na Corte Suprema de Justiça<br />
da África do Sul durante a época<br />
do apartheid, declarou: “Se bem que<br />
o ‘apartheid’ possa ter um significado<br />
muito amplo, seu uso aponta para<br />
a situação da África do Sul anterior<br />
a 1.994. É uma calúnia injusta e imprecisa<br />
contra Israel, urdida para<br />
atrasar ao invés de avançar nas negociações<br />
de paz”.<br />
“Em Israel”, sublinha Goldstone,<br />
“não há apartheid. Nada ali se aproxima<br />
da definição de apartheid segundo<br />
o Estatuto de Roma de 1.998”.<br />
O juiz sul-africano faz distinção<br />
entre os árabes israelenses e os palestinos:<br />
“Os árabes israelenses votam,<br />
têm partidos políticos e representantes<br />
na Knesset (Parlamento) e<br />
ocupam posições de reconhecimento,<br />
inclusive na Corte Suprema de Justiça.<br />
Nos hospitais de Israel, os pacientes<br />
árabes têm leitos junto dos<br />
pacientes judeus, e recebem tratamento<br />
idêntico”.<br />
Goldstone não ignora os problemas,<br />
e até mesmo a discriminação<br />
sofrida pelos árabes israelenses.<br />
“Mas isso não é apartheid, que consagra<br />
conscientemente a separação<br />
como um ideal”, ressalta.<br />
No que diz respeito à<br />
Cisjordânia, Goldstone<br />
destaca que a situação é<br />
mais complexa. “Mas também<br />
neste caso não há nenhuma<br />
intenção de manter<br />
um regime institucionalizado<br />
de opressão e dominação<br />
sistemática de um grupo<br />
racial. Esta é uma distinção<br />
fundamental, inclusive<br />
quando Israel age ali<br />
opressivamente contra os<br />
palestinos”, acrescenta.<br />
O juiz também saiu em defesa das<br />
medidas contraterroristas de Israel.<br />
“Enquanto os cidadãos israelenses<br />
permanecerem sob a ameaça de ataques<br />
da Cisjordânia e de Gaza, Israel<br />
considerará os postos de controle nas<br />
estradas e outras medidas similares<br />
como necessárias para a autodefesa,<br />
ainda que os palestinos se sintam<br />
oprimidos”.<br />
O que com frequência tem sido<br />
qualificado pelos ativistas de esquer-<br />
Israel lançará sua primeira TV em árabe<br />
O grupo israelense Hala TV obteve a<br />
concessão da licença para a operação<br />
de um canal a cabo e por satélite em língua<br />
árabe que deverá entrar no ar em<br />
janeiro. O canal estará disponível gratuitamente<br />
através de cabo ou por satélite.<br />
O Hala TV pode solicitar também o<br />
serviço de transmissão digital.<br />
De acordo com o presidente executivo<br />
do novo canal, José Atrash, a empresa<br />
já vem produzindo programas-piloto<br />
por vários meses. Jafar Farah, um<br />
dos sócios da empresa operadora infor-<br />
mou que a empresa já produziu três<br />
episódios-piloto de um programa de<br />
estilo de vida, e está escolhendo um<br />
apresentador. Pilotos já têm sido feitos<br />
também para um programa de notícias,<br />
um programa infantil e séries para jovens<br />
que terão início com um concurso<br />
para a escolha dos apresentadores adolescentes<br />
para os shows.<br />
Na cerimônia da concessão de licença,<br />
o presidente Ziad Omari, da Hala,<br />
solicitou ao ministro das Comunicações<br />
Moshe Kahlon o financiamento para a<br />
produção de um programa de notícias<br />
locais em língua árabe, de modo que o<br />
novo canal possa produzir o próprio noticiário.<br />
O grupo Hala TV inclui tanto<br />
parceiros árabes como judeus, entre<br />
eles o editor da revista Panorama, Jabber<br />
Bassem, a empresa de publicidade<br />
3 Sectors (a maior da comunidade árabe),<br />
bem como a franquia Reshet do<br />
Canal 2, o conteúdo e a empresa de produção<br />
Ananey Communications, e várias<br />
pessoas físicas.<br />
A Ananey Comunicações já tinha<br />
Richard Goldstone<br />
da, como um muro do apartheid é, na<br />
realidade, segundo Goldstone, “uma<br />
barreira de segurança, construída<br />
para deter os implacáveis ataques terroristas;<br />
ainda que tenha causado<br />
grandes dificuldades em alguns lugares,<br />
a Corte Suprema de Israel tem<br />
ordenado ao Estado em muitos casos<br />
alterar seu traçado para minimizar o<br />
sofrimento injustificado”.<br />
(Publicado dia 1º/11/2011 no jornal<br />
The New York Times).<br />
tentado anteriormente estabelecer um<br />
canal árabe em 2005. Mas após ganhar<br />
a concorrência decidiu devolver a licença,<br />
alegando que não era economicamente<br />
viável manter o canal. Os esforços<br />
atuais do Conselho para a Difusão<br />
por Cabo e Satélite para a criação de<br />
um canal em árabe começaram em<br />
2009, com o edital da concorrência sofrendo<br />
numerosos e grandes ajustes. O<br />
Conselho atualmente está preparando<br />
propostas para mais dois canais dedicados,<br />
sendo um canal de notícias e um<br />
canal de conteúdo judaico.