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Helicobacter pylori: Etiologia, Diagnóstico e Tratamento - Inesul

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<strong>Helicobacter</strong> <strong>pylori</strong>: <strong>Etiologia</strong>, <strong>Diagnóstico</strong> e <strong>Tratamento</strong><br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Graziele Balani Hanysz, Lígia Carla F. Gallhardi<br />

A <strong>Helicobacter</strong> <strong>pylori</strong> foi isolada pela primeira vez por Marshall e Warren<br />

(1984), sua descoberta se deu a partir de fragmentos de biópsia gástrica de<br />

pacientes com fortes dores estomacais, diagnosticadas como gastrite crônica e<br />

úlceras pépticas (TONELLI e FREIRE, 2000).<br />

Trata-se de uma bactéria gram-negativa, microaerófila e espiralada, cuja<br />

mobilidade é rápida e em forma de saca-rolhas proporcionados por seus flagelos<br />

polares (HARVEY et al., 2008). Coloniza especificamente a mucosa gástrica e<br />

microvilosidades das células epiteliais provocando a destruição das mesmas por<br />

produzir enzimas tóxicas, que em conseqüência disso desregula as células de<br />

defesa do epitélio estomacal (OPLUSTIL et al., 2001).<br />

A ocorrência e prevalência da infecção por H. <strong>pylori</strong> está diretamente<br />

relacionada ao grau de desenvolvimento do país, incluindo fatores como renda,<br />

condições de moradia, nível de instrução e higiene, sendo os principais meios de<br />

transmissão o fecal-oral e oral-oral (MARSCHALL, 2000; SILVA et al., 2004).<br />

A colonização da bactéria no tecido gástrico é quase sempre acompanhada<br />

por processo inflamatório agindo como resposta imunológica do corpo frente à<br />

bactéria. Esse patógeno é o fator etiológico da grande maioria das gastrites. O pH<br />

(potencial hidrogeniônico) gástrico causa inicialmente inflamação leve e superficial<br />

no antro gástrico. Com o tempo a inflamação vai se estendendo, resultando na<br />

redução da secreção e, às vezes, na perda de células parietais, causando atrofia<br />

gástrica. Em conseqüência disso, a inflamação pode passar de gastrite superficial<br />

para câncer gástrico (SUERBAUM e MICHETTI, 2002).<br />

O segundo tipo de câncer mais ocorrente é o gástrico sendo este<br />

1


considerado maior causador de óbitos cancerígenos no mundo (CORREIA, 1996;<br />

NEWNHAM et al., 2003). Mesmo com alto índice de patogênia, somente uma<br />

pequena porcentagem dos indivíduos infectados desenvolve neoplasias relatadas<br />

pela presença da bactéria, indicando a existência de vários fatores interferentes e<br />

dependentes que estão relacionados com a sua fisiopatoge nia, entre eles está a<br />

aquisição na infância, grau de virulência das cepas da bactéria, predisposição<br />

genética do hospedeiro, como também o meio ambiente em que vive (WISNIEWSKI<br />

e PEURA, 1997; NEWNHAM et al., 2003).<br />

Dados expressos pela Organização Mundial de Saúde classificam a H. <strong>pylori</strong><br />

como agente carcinogênico do grupo I para a ocorrência de neoplasias gástricas<br />

(IARC, 1994). Um ínfimo número de pessoas desenvolve câncer gástrico, o risco é<br />

de cerca de 1% nos indivíduos infectados (FORMAN, 1991).<br />

Desta forma, cepas diferentes da bactéria com padrões de virulência<br />

distintos, atuam de forma diferenciada no hospedeiro, levando a distintos graus de<br />

inflamação da mucosa do estômago, incluindo a produção de urease, a citotoxina<br />

vacuolizante e a presença de flagelos (THOMAZINI et al., 2006).<br />

O diagnóstico da infecção pela presença da bactéria geralmente é feito na<br />

fase avançada da doença, o que dificulta a eficácia dos procedimentos terapêuticos<br />

e prognóstico dos pacientes (CHEN-WUN; CHIN-WEN; WEN-CHANG, 2002).<br />

Testes encontrados para o diagnóstico da infecção por H. <strong>pylori</strong>, são aqueles<br />

que dependem da realização de métodos invasivos e não-invasivo para coletas de<br />

biópsia, teste da urease, histologia, cultura, sorologia e PCR (Reação em Cadeia da<br />

Polimerase) (TONELLI e FREIRE, 2000) .<br />

Para o tratamento é necessária a combinação de dois ou mais antibióticos<br />

isto para que se evite o surgimento de novas cepas resistentes no decorrer do<br />

tratamento (HARVEY et al., 2008).<br />

Nos últimos anos, nota-se um aumento do número de pacientes com<br />

infecção por H. <strong>pylori</strong> associado ao aparecimento de cepas resistentes aos<br />

medicamentos disponíveis (HITOSHI et al., 2008). De acordo com a organização<br />

mundial de saúde (OMS) 70% da população dos países em desenvolvimento e 20 –<br />

30% dos países desenvolvidos estão infectados por esta bactéria (WHO, 2008), só<br />

nos Estados Unidos, mais de 50% das pessoas acima de 60 anos apresentam a<br />

2


infecção, sendo responsável por 60% a 80% dos casos de úlceras gástricas e 70% a<br />

90% das úlceras duodenais (HILDRETH et al., 2008). No Brasil, diversos estudos<br />

mostram índices elevados, variando entre 59,5 e 96% a prevalência desta infecção<br />

entre indivíduos sadios e de risco (compartilham talheres, fumantes, alcoólatras,<br />

etc.) (LADEIRA et al., 2003). Em um estudo realizado por Vergueiro e colaboradores<br />

(2008), analisando apenas indivíduos saudáveis, residentes em zonas urbanas do<br />

município de São Paulo, Brasil, foi verificado uma prevalência da H. <strong>pylori</strong> de 48,8%,<br />

índice comparável à dos países desenvolvidos. A rota de transmissão fecal-oral<br />

aparece como o maior problema da prevalência da infecção, mantendo a H. <strong>pylori</strong><br />

como um grave problema de saúde pública tanto em países desenvolvidos e em<br />

desenvolvimento (QUAGLIA et al., 2009). Considerando a importância desta<br />

infecção, o presente trabalho aborda aspectos etiológicos da H. <strong>pylori</strong>, as formas de<br />

contaminação, câncer gástrico, diagnósticos e tratamentos.<br />

2 OBJETIVO<br />

Realizar um levantamento bibliográfico sobre a <strong>Helicobacter</strong> <strong>pylori</strong><br />

fornecendo informações sobre seus aspectos etiológicos, formas de contaminação,<br />

diagnóstico e tratamento.<br />

2.1 Objetivos específicos<br />

Levantar informações sobre a etiologia da bactéria;<br />

Discutir sobre mecanismo de ação da bactéria, diagnóstico e<br />

tratamentos;<br />

Caracterizar a evolução da infecção e alterações carcinogênicas.<br />

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

3.1 Classificação<br />

Certamente um dos maiores avanços da gastroenterologia foi a descoberta<br />

3


em 1983, por Warren e Marshall, da bactéria <strong>Helicobacter</strong> <strong>pylori</strong>, que já havia sido<br />

observada por Warren, desde 1979, como uma bactéria curva em amostras de<br />

tecido gástrico obtidas através de biópsia e submetidas a exame histológico<br />

(GOODWIN et al., 1987; DUNN et al., 1997; BLASER, 1993). Warren descobriu que<br />

organismos semelhantes haviam sido descritos por patologistas europeus no século<br />

XIX, mas o isolamento destes nunca ocorreu, portanto, foram ignorados e<br />

esquecidos por várias gerações de pesquisadores (DUNN et al., 1997).<br />

De início, a classificação dos microorganismos isolados se deu como<br />

pertencentes ao gênero Campylobacter, gênero de bactérias gram-negativas com<br />

forma de vírgula, sendo positivas para oxidase e catalase, com locomoção através<br />

de um flagelo polar. Desta forma, foram primeiramente denominados “gastric<br />

Campylobacter like organism” (GCLO), recebendo, depois, as denominações<br />

Campylobacter <strong>pylori</strong>dis, Campylobacter <strong>pylori</strong>cus e Campylobacter <strong>pylori</strong> (MURRAY<br />

et al., 1998).<br />

A partir de 1989, o microorganismo recebeu a denominação de <strong>Helicobacter</strong><br />

<strong>pylori</strong> (GOODWIN et al., 1989; MURRAY et al., 1998) através de análise da<br />

seqüência de ácidos nucléicos e os estudos ultra-estruturais da bactéria que<br />

possibilitam sua diferenciação do gênero anteriormente denominado Campylobacter<br />

(bastão curvado), para o novo gênero, denominado <strong>Helicobacter</strong> (forma helicoidal).<br />

A denominação <strong>pylori</strong> é pelo fato da bactéria ser mais comumente encontrada na<br />

mucosa do antro gástrico, próxima ao piloro (GOODWIN et al.,1989).<br />

Com o isolamento do microorganismo iniciou-se investigações sobre sua<br />

atuação no organismo humano, e seu relacionamento com o desenvolvimento da<br />

gastrite, úlceras gástricas e duodenais, além do surgimento da forma mais comum<br />

de câncer gástrico – o adenocarcinoma (SULLIVAN et al., 1990; PARSONET et al.,<br />

1991; DEV et al., 1998; KODAIRA et al., 2002).<br />

A distribuição da bactéria é de caráter universal, mais da metade da<br />

população é acometida pelo microorganismo, sendo considerado um importante<br />

problema de saúde pública. A infecção pela H. <strong>pylori</strong> é adquirida principalmente na<br />

infância (PARENTE et al., 2003) e se caracteriza pela cronicidade, fato que<br />

predispõe ao desenvolvimento de afecções, como carcinoma gástrico e úlcera<br />

péptica em adultos. Sua prevalência é significativamente maior nos países em<br />

4


desenvolvimento, em todas as faixas etárias (KODAIRA et al., 2002).<br />

A descoberta da bactéria <strong>Helicobacter</strong> <strong>pylori</strong> foi de tanta valia para a<br />

medicina que rendeu a seus pesquisadores – Barry Marshall e Robin Warren – o<br />

Prêmio Nobel de Medicina do ano de 2005.<br />

3.2 <strong>Helicobacter</strong> <strong>pylori</strong><br />

Figura 1 - <strong>Helicobacter</strong> <strong>pylori</strong> (disponível online em www.cience.org.au)<br />

A H. <strong>pylori</strong> (Figura 1) é uma bactéria gram-negativa, espiralada,<br />

microaerófila, que possui flagelos polares, monotríqueos ou lofotríqueos; de<br />

crescimento lento, com grande atividade na produção de toxinas principalmente a<br />

ureásica, ou seja, produz muita urease ativa degradando uréia, que se une a essa<br />

bactéria para formação de amônia. Por esse motivo, acaba deixando o pH do meio<br />

alcalino nas proximidades onde a bactéria se instala o que permite a sua<br />

sobrevivência no ambiente gástrico (AGUILAR; AYALA; FIERROS-ZÁRATE, 2001).<br />

O gênero <strong>Helicobacter</strong> foi definido por estudos de composição do RNA ribossômico,<br />

5


de seqüenciamento e hibridação do DNA (Ácido Desoxirribonucléico) da bactéria<br />

(GOODWIN et al., 1989). Este gênero, juntamente com outros (Campylobacter,<br />

Arcobacter e Wolinella), constitui a superfamília VI de bactérias gram-negativas<br />

definidas por Vandamme et al. (1991).<br />

Atualmente o gênero é composto por cerca de 27 espécies que<br />

compartilham propriedades comuns, especialmente aquelas relacionadas com a vida<br />

no estômago, onde podem localizar-se no fundo e no corpo, mas é principalmente<br />

no antro onde as bactérias são encontradas em maior densidade (BLASER e BERG,<br />

2001). A H. <strong>pylori</strong> pode distribuir-se de maneira focal, segmentar ou difusa ao longo<br />

da mucosa gástrica, localizando-se no interior ou sob a camada de muco que<br />

recobre o epitélio da superfície ou das fovéolas que fazem o revestimento da<br />

mucosa gástrica. É considerada uma bactéria não-invasiva induzindo a migração e<br />

ativação das células do sistema imune (HARVEY et al., 2008).<br />

A morfologia da H. <strong>pylori</strong>, observada à microscopia ótica e eletrônica, é<br />

homogênea, apresentando-se com estrutura encurvada ou espiralada, de superfície<br />

lisa e extremidades arredondadas. Mede aproximadamente 0,5µm a 0,1µm de<br />

largura e 3µm de comprimento, possuindo de quatro a seis flagelos unipolares<br />

embainhados e bulbos terminais nas extremidades lisas. Essa bactéria, também,<br />

tem sido associada com dispepsia ulcerativa e não-ulcerativa, embora essa<br />

associação ainda não seja determinada. Sua morfologia em espiral, associada a<br />

flagelos, facilita sua locomoção através da camada de muco que é um dos<br />

mecanismos de defesa da mucosa gástrica (EISIG e SILVA, 2002; TRABULSI,<br />

2002).<br />

3.3 Patogenicidade e fatores de virulência<br />

Os mecanismos pelo qual a bactéria produz diferentes quadros patológicos<br />

no estômago e no duodeno não são totalmente conhecidos. Presumivelmente,<br />

fatores da bactéria, do hospedeiro e fatores ambientais contribuem para estabelecer<br />

evoluções clínicas diversas. Dentre os principais mecanismos patogênicos<br />

envolvidos estão os fatores de virulência do microrganismo, a resposta imune da<br />

mucosa e a alteração da secreção ácida gástrica. A virulência da H. <strong>pylori</strong> tem sido<br />

6


elacionada a diferentes fatores, incluindo a produção de urease, a presença de<br />

flagelos e a citotoxina vacuolizante (LADEIRA, 2003).<br />

A bactéria possui capacidade excepcional de aderência (THOMSEN; GAVIN;<br />

TASMAN-JONES, 1990). Sua adaptação é para colonizar somente mucosas<br />

gástricas, raramente foram observadas em áreas de metaplasia intestinal. Já no<br />

duodeno, a colonização em áreas de metaplasia gástrica, é fator agravante para seu<br />

papel na patogênese da úlcera péptica duodenal. A afinidade da H. <strong>pylori</strong> pelas<br />

células mucíparas gástricas deve-se à composição neutra do muco gástrico,<br />

diferente dos mucopolissacarídeos ácidos produzidos pelas células caliciformes da<br />

metaplasia intestinal (QUEIROZ e MENDES, 1993).<br />

Sua capacidade de aderir à mucosa gástrica propriamente dita por meio de<br />

adesinas é uma forma da bactéria não ser eliminada pelo peristaltismo gástrico e,<br />

assim, poder provocar inflamação (gastrite) e colonizar focos de metaplasia gástrica<br />

no duodeno, promovendo inflamação (duodenites) e facilitando a ulceração da<br />

mucosa duodenal, conforme mostrado na Figura 2 (EISIG e SILVA, 2002;<br />

TRABULSI, 2002).<br />

Figura 2 - Úlcera gástrica estomacal e duodenal provocadas por H. <strong>pylori</strong><br />

(disponível online em www.elico.com.br)<br />

A H. <strong>pylori</strong> também tem sido associada com dispepsia ulcerativa e não-<br />

ulcerativa, embora essa associação ainda não seja determinada (EISIG e SILVA,<br />

2002; TRABULSI, 2002).<br />

7


As bactérias com sua aderência celular epitelial podem penetrar à célula<br />

(Figura 3) atuando como patógeno da lesão direta, possibilitando que substâncias<br />

tóxicas produzidas pela bactéria atinjam as proximidades das células epiteliais<br />

atuando como estimulante na produção de citotoxicinas pela própria célula epitelial<br />

(MAHDAVI et al., 2002).<br />

Figura 3 - Invasão das células epiteliais pela H. <strong>pylori</strong> (Disponível online em<br />

www.cience.org.au)<br />

A H. <strong>pylori</strong> parece se adaptar facilmente ao ambiente hostil do estômago, e<br />

há evidências de que, dentre outros danos, ela provoca o bloqueio do mecanismo<br />

natural da mucosa gástrica de concentrar e secretar o ácido ascórbico para o lúmen<br />

do estômago, além de aumentar a taxa de proliferação do epitélio gástrico e reduzir<br />

o nitrato a nitrito, o que é visto em algumas espécies de H. <strong>pylori</strong> (SOBALA et al.,<br />

1989; TAYLOR e BLASER, 1991).<br />

Seus flagelos propiciam a locomoção da bactéria através da mucosa<br />

gástrica até alcançar o pH mais alcalino abaixo da mucosa. Essa propriedade<br />

também serve como defesa da bactéria contra as contrações que regulam o<br />

estômago vazio (AGUILAR; AYALA; FIERROS-ZÁRATE, 2001, TRABULSI, 2002).<br />

8


A potente atividade de secreção ureásica desempenha papel fundamental<br />

na sobrevivência da H. <strong>pylori</strong> em meio ácido. A urease que é liberada hidrolisa a<br />

uréia presente no estômago produzindo íons amônia e CO2 (VOLAND et al., 2003).<br />

Os íons de amônia alcalinizam o ácido do estômago nas proximidades da bactéria,<br />

fato que possibilita a sua multiplicação (HARVEY et al., 2008). A atividade citotóxica<br />

da amônia aumenta a permeabilidade das células epiteliais para prótons, desta<br />

forma podendo contribuir como mediador de resposta imunológica no local, pois é<br />

um potente ativador de macrófagos in vitro (GOBERT et al., 2002).<br />

Grande quantidade da urease que a H. <strong>pylori</strong> sintetiza encontra-se em seu<br />

citoplasma. A produção de amônia é definida de acordo com a quantidade de uréia<br />

que entra na bactéria e é controlada por uma proteína de membrana sensível ao pH.<br />

A codificação desta proteína é feita por um gene da família urease, conhecido como<br />

ureI (LADEIRA et al., 2003). Cepas da H. <strong>pylori</strong> com deleção de ureI não sobrevivem<br />

em pH ácido. O controle de entrada de uréia na bactéria é acelerada em pH 5 e<br />

diminuída em pH 7 (WEEKS, et al., 2000). A seletividade de entrada da uréia é<br />

altamente específica, não sendo facilmente saturada, e independe de temperatura e<br />

energia. Desta forma a H. <strong>pylori</strong> detém de um mecanismo que permite a liberação do<br />

substrato uréia sobre a urease em condições em que é necessária a alcalinização<br />

local do meio ambiente. A proteína UreI atua como portão de um canal, que também<br />

permite o refluxo de urease, aumentando o pH periplasmático e do microambiente<br />

próximo, prevenindo acúmulo tóxico de uréia dentro da bactéria (WALSH, 2000;<br />

WEEKS e SACHS, 2001).<br />

A ação da citotoxina é produzida por aproximadamente 50% dos casos<br />

isolados de H. <strong>pylori</strong> e sua presença está associada epidemiologicamente com<br />

destruição dos tecidos e úlceras pépticas. O gene vacA (vacuolating cytotoxin gene<br />

A) é inicialmente traduzido como uma pró-toxina que, subseqüentemente, sofre<br />

processos tanto na porção N-terminal, como C-terminal para se tornar um monômero<br />

maduro. A habilidade de induzir vacúolos está localizada não inteiramente neste<br />

primeiro fragmento, uma vez que o segundo fragmento é mais envolvido em célula-<br />

alvo (MÜLLER et al., 2002).<br />

Todas as cepas da bactéria são portadoras do gene vacA, no entanto<br />

apenas algumas cepas são produtoras da citotoxina vacuolizante que é secretada<br />

9


pela H. <strong>pylori</strong>, esta por sua vez é responsável por efeitos citopáticos no epitélio<br />

(ARTHERTON et al., 1997).<br />

Como atividade funcional a VacA promove a difusão da uréia através do<br />

epitélio. Variações desta atividade podem afetar o crescimento e virulência da<br />

bactéria. Há uma heterogeneidade entre tipos de H. <strong>pylori</strong> com relação à produção<br />

de CagA (cytotoxin-associated gene A), uma proteína antigênica (MÜLLER et al.,<br />

2002).<br />

Em recentes estudos foram observados que pacientes com infecção por H.<br />

<strong>pylori</strong> apresentaram danos no DNA das células epiteliais da mucosa gástrica, que se<br />

correlacionaram com a intensidade da resposta inflamatória na mucosa e também<br />

com genótipos patogênicos CagA e VacA da H. <strong>pylori</strong> (LADEIRA et al., 2004).<br />

O primeiro gene a ser identificado na H. <strong>pylori</strong> foi o cepa-específica cagA, o<br />

qual está associado intensamente ao risco para o desenvolvimento do câncer<br />

gástrico (PEEK et al., 1999). Tipos de H. <strong>pylori</strong> que expressam CagA provocam<br />

inflamação na mucosa gástrica e infecções com esses tipos têm sido relatado mais<br />

comumente em úlcera péptica, atrofia gástrica e adenocarcinoma gástrico<br />

(MAGALHÃES, 2000) cepas Cag tendem a ser mais virulentas e induzem níveis<br />

mais altos de expressão de citocinas, tais como IL-1B e IL-8 (BLASER e BERG,<br />

2001).<br />

Estudos realizados demonstram que pacientes infectados com as cepas que<br />

expressam CagA são três vezes mais susceptíveis para o desenvolvimento do<br />

câncer gástrico do que aqueles infectados por cepas CagA-. O gene cagA é<br />

considerado marcador da ilha de patogenicidade cag (cag-PAI), que possui de 35 a<br />

40 Kb, composta de 31 genes e encontrada em cerca de 60% das cepas ocidentais<br />

(PARSONNET et al. 1997).<br />

A H. <strong>pylori</strong> tem como componente do seu genoma a ilha cag-PAI que contém<br />

genes homólogos de outras bactérias que codificam componentes do sistema de<br />

secreção do tipo IV, que atuam como “agulha” e serve para introduzir moléculas<br />

efetoras da bactéria na célula hospedeira, permitindo que a bactéria module vias do<br />

metabolismo da célula hospedeira, incluindo a expressão de proto-oncogenes<br />

(COVACCI; RAPPUOLI; TYROSINE, 2000).<br />

O sistema de secreção do Cag-PAI tem sido associado ao transporte da<br />

10


CagA para dentro das células epiteliais, onde é fosforilada a um resíduo de tirosina.<br />

Há relatos de que a CagA é uma tirosina-fosforilada e induz mudanças no estado de<br />

fosforilação da tirosina de distintas proteínas nas células epiteliais gástricas. A<br />

fosforilação da tirosina do CagA está associada com rearranjo do citoesqueleto.<br />

Outros relatos têm demonstrado que a CagA é processada em dois fragmentos na<br />

célula do hospedeiro, cujas funções não estão esclarecidas. O complexo cagA<br />

compreende aproximadamente 40kb de DNA contendo mais de 30 genes e fornece<br />

um aparelho de entrega para fatores de virulência. O cagA está presente em torno<br />

de 50 a 70% dos tipos de H. <strong>pylori</strong> e, virtualmente, todos produzem uma detectável<br />

resposta local e sistêmica com anticorpos-CagA no hospedeiro humano. (HIRATA et<br />

al., 2002).<br />

3.4 Colonização do microorganismo<br />

A mucosa gástrica é colonizada pela bactéria através de um complexo<br />

processo adaptativo. O fator-chave, que permite à bactéria sobreviver à acidez<br />

gástrica e atravessar o lúmen do estômago, é a enzima urease, que converte a uréia<br />

em amônia e bicarbonato (TOMBOLA et al., 2001). Para isso é necessária a<br />

produção da citotoxina VacA, que induz a formação de canais seletivos de ânions<br />

nas células epiteliais, levando à exsudação de uréia para a luz da mucosa gástrica.<br />

A VacA é considerada importante fator de virulência, visto que contribui para a<br />

produção de alcalóides pela urease, que podem induzir danos no DNA (DEBELLIS,<br />

et al., 2001). O gene vacA está presente em todas as cepas da H. <strong>pylori</strong> e<br />

compreende duas seqüências variáveis, “S” e “M”. A região “S”, responsável por<br />

codificar o sinal peptídico, está localizada no final da cadeia 5' e possui dois alelos,<br />

S1 ou S2, sendo que para o alelo S1 existem três subtipos: S1a, S1b e S1c; a região<br />

média (M) possui os alelos M1 ou M2 (ATHERTON et al., 1995).<br />

3.5 Resposta imune do hospedeiro<br />

No processo de colonização da mucosa gástrica pela H. <strong>pylori</strong> a resposta<br />

inflamatória subjacente é bastante decorrente. A infecção em sua fase aguda<br />

11


geralmente não é diagnosticada na pratica médica. Após a contaminação pela H.<br />

<strong>pylori</strong> em poucos dias instala-se um quadro histopatológico com denso infiltrado de<br />

neutrófilos e um exsudado aderente à superfície epitelial gástrica. Simultaneamente<br />

ocorre hipocloridria com retorno da secreção acida gástrica após alguns meses<br />

(VAIRA, et al. 2002).<br />

O infiltrado inflamatório agudo passa a ser considerado gastrite crônica<br />

superficial ativa, de intensidade leve a grave, tendo maior densidade de células<br />

inflamatórias no antro de que no corpo gástrico, que é seguida por alterações<br />

epiteliais. A infecção causada pela bactéria geralmente não é erradicada de forma<br />

natural pelo hospedeiro, a inflamação no local durante anos pode levar a progressão<br />

da gastrite crônica superficial do antro às porções mais próximas do estômago com<br />

conseqüente gastrite atrófica e metaplasia intestinal (KODAIRA et al., 2002).<br />

Alterações histopatológicas em crianças com infecção pela H. <strong>pylori</strong> são<br />

pouco diversas em relação a adultos. O infiltrado inflamatório é muitas vezes mais<br />

leve e consiste principalmente de linfócitos e células plasmáticas. Neutrófilos podem<br />

estar ausentes em crianças de países desenvolvidos, já em crianças de países em<br />

desenvolvimento o infiltrado de neutrófilos é maior, porém de menor intensidade com<br />

relação aos adultos (TONELLI; FREIRE, 2000).<br />

3.6 Danos diretos ao hospedeiro<br />

As cepas da H. <strong>pylori</strong> apresentam diversidade genotípica que acionam o<br />

processo inflamatório por meio de mediadores e citocinas, levando a diferentes<br />

graus de resposta inflamatória do hospedeiro e resultando em diferentes sítios<br />

patológicos. Cepas de H. <strong>pylori</strong> com o gene de patogenicidade cag induzem<br />

resposta inflamatória mais grave, através da ativação da transcrição de genes,<br />

aumentando o risco para desenvolvimento de úlcera péptica e câncer gástrico. O<br />

estresse oxidativo e nitrosativo induzido pela reposta inflamatória desempenha<br />

importante papel na carcinogênese gástrica como mediador da formação ou<br />

ativação de cancerígenos, danos no DNA, bem como de alterações da proliferação<br />

celular e da apoptose. (LADEIRA et al., 2003).<br />

Os portadores de úlceras pépticas, câncer gástrico e linfoma gástrico<br />

12


apresentam independentemente de sua situação social, taxas de infecção pela H.<br />

<strong>pylori</strong> próximas a 100% (EISIG e SILVA, 2002). Na maioria dos indivíduos infectados<br />

pela H. <strong>pylori</strong> a inflamação é confinada à mucosa do antro gástrico. No entanto em<br />

alguns indivíduos, a inflamação pode comprometer o corpo gástrico, levando à<br />

pangastrite, que pode evoluir para vários graus de atrofia, com conseqüente redução<br />

da produção de ácido clorídrico. Estes eventos são presumivelmente precursores do<br />

câncer gástrico (EL-OMAR et al., 2000).<br />

Existem também indicações de que a ingestão ou a formação intragástrica<br />

de compostos nitrosos ou outras substâncias genotóxicas, assim como o refluxo de<br />

bile em indivíduos com gastrite por H. <strong>pylori</strong>, induzem ao aparecimento da<br />

metaplasia intestinal e de lesões neoplásicas (DANI, 1998).<br />

Infecções positivas para H. <strong>pylori</strong> podem também resultar em acloridria ou<br />

hipocloridria e na diminuição ou ausência da secreção ácida, removendo a barreira<br />

gástrica para patógenos ingeridos oralmente, possibilitando aumento no risco de<br />

infecção entérica, que resultaria numa diminuição da absorção de ferro e vitamina<br />

B12, assim, aumentando o risco de câncer gástrico (GRAHAM, 2000; EL-OMAR et<br />

al., 2000).<br />

3.7 Transmissão e epidemiologia<br />

A gastrite por H. <strong>pylori</strong> é uma das infecções mais comuns entre os seres<br />

humanos, comprometendo cerca da metade da população mundial (BLASER e<br />

BERG, 2001). A bactéria é cosmopolita, sendo, portanto, encontrada em habitantes<br />

dos cinco continentes (FOX e WANG, 2002 e PETERSON, 2002) e sua presença<br />

está relacionada a fatores como o fumo, o consumo de bebidas alcoólicas, dietas,<br />

exposições ocupacionais, práticas de higiene, densidade populacional, fatores<br />

sociais e históricos familiar de doenças gástricas (BROWN, 2000).<br />

A prevalência da infecção por H. <strong>pylori</strong> está diretamente relacionada ao grau<br />

de desenvolvimento do país, no qual incluem fatores como renda, condições de<br />

moradia, nível de instrução e higiene, sendo os principais meios de transmissão o<br />

fecal-oral e oral-oral (MARSCHALL, 2000; SILVA et al., 2004).<br />

13


Em países desenvolvidos a infecção por H. <strong>pylori</strong> ocorre após os três ou<br />

cinco anos de idade; já em países em desenvolvimento, crianças com menos de um<br />

ano podem estar contaminadas. A contaminação primária em adultos, ou reinfecção<br />

após a erradicação da bactéria, também ocorre, mas é incomum, em média uma<br />

incidência anual que varia de 0,3 a 0,7% nos países desenvolvidos e de 6 a 14%<br />

nos países em desenvolvimento (LOGAN e WALKER, 2001).<br />

Em estudos realizados no Brasil as prevalências encontradas foram: 59,5%<br />

no Rio de Janeiro (RJ); 76,3% em São Paulo (SP); 83% em Santa Maria (RS);<br />

84,7% em Nossa Senhora do Livramento (MT); 85,18% em Botucatu (SP); 87% em<br />

Araçuaí (MG); 89,6% em Campinas (SP) e 96% em São Luís (MA) (LADEIRA,<br />

2003).<br />

Embora cerca de 50% da população mundial estejam contaminados pela H.<br />

<strong>pylori</strong>, os mecanismos de transmissão constituem motivo de muita controvérsia. As<br />

vias oral-oral e fecal-oral parecem ser as principais formas de transmissão<br />

(MARSCHALL, 2000).<br />

Na contaminação oral-oral, a cavidade bucal tem sido proposta como<br />

reservatório de infecção e reinfecção pela H. <strong>pylori</strong>, a regurgitação do suco gástrico<br />

pode contaminar a boca, predispondo a colonização por essa bactéria por tempo<br />

indeterminado. Dentre as principais fontes de infecção oral incluem a saliva, a placa<br />

dental, o conteúdo do refluxo gástrico e o vômito (BROWN, 2000).<br />

Já na contaminação fecal-oral, o isolamento da bactéria das fezes em meios<br />

de cultura foi realizado por vários pesquisadores do mundo todo, (KELLY et al.,<br />

1994), no entanto o isolamento da bactéria das fezes é dificultado pela necessidade<br />

de utilização de fezes não armazenadas por longos períodos para a obtenção de<br />

melhores resultados (BROWN, 2000).<br />

Estudos recentes aceitam vias de transmissão fecal-oral da bactéria como<br />

predominantes em países em desenvolvimento e a transmissão oral-oral em países<br />

desenvolvidos, nos quais a água poderia ser um veículo (DAS e PAUL, 2007).<br />

Queralt e Araujo (2007) estudaram a sobrevivência da H. <strong>pylori</strong> em água<br />

usando técnicas de cultura em meio, análises morfológicas e métodos moleculares.<br />

A partir de uma cultura pura de H. <strong>pylori</strong> isolada de leite, realizaram uma suspensão<br />

com 8 mL de água mineral estéril. Em seguida, 4 mL dessa suspensão foi inoculada<br />

14


em 46 mL de água comercial esterilizada armazenada em garrafa de vidro para<br />

avaliar o tempo de sobrevivência da bactéria neste ambiente. Os pesquisadores<br />

observaram que a H. <strong>pylori</strong> sobrevive na água, porém, por microscopia eletrônica,<br />

verificaram que rapidamente perde sua morfologia e após 5 dias perdem a<br />

capacidade de serem cultivadas em laboratório. Somente o material genético<br />

permanece viável durante muito tempo sendo possível detectar, por exemplo, o<br />

gene ureA por PCR com 3 meses de cultivo concluindo que a bactéria pode ser<br />

considerada agente patogênico fluvial, desde que esteja em seu período viável, e,<br />

portanto, a sua acidental presença na água potável pode ser um fator de risco para<br />

sua transmissão.<br />

O isolamento da bactéria no suco gástrico de pacientes H. <strong>pylori</strong> positivos<br />

varia de 0% a 58% das amostras analisadas, esse fluido é rico em bactérias,<br />

servindo como fonte de infecção, principalmente durante o ato de procedimentos<br />

diagnósticos realizados por endoscopia. A infecção pela bactéria pode ser<br />

transmitida por materiais instrumentais utilizados durante o procedimento do exame<br />

endoscópico, caso estes não tenhas sua assepsia feita de forma adequada<br />

(KODAIRA, 2002).<br />

3.8 <strong>Diagnóstico</strong> laboratorial<br />

O diagnóstico da infecção pela bactéria pode ser através de diversas<br />

metodologias e são classificados em indiretos ou não-invasivos, quando o teste é<br />

com base na evidência indireta da presença do microrganismo, e diretos ou<br />

invasivos, quando existe a necessidade de endoscopia digestiva alta e retirada de<br />

fragmentos da mucosa gástrica por biópsia (MÉGRAUD, 1996; THIJS et al., 1996;<br />

CZINN, 2005).<br />

O método a ser utilizado para a realização do diagnóstico da infecção pela<br />

bactéria depende, na maioria dos casos, das informações clínicas encontradas e da<br />

disponibilidade do local e do custo dos testes individuais (DUNN et al., 1997).<br />

3.8.1 Métodos diagnósticos invasivos<br />

15


a. Teste da Urease<br />

É realizado com fragmentos de tecidos e tem por base a atividade ureásica<br />

produzida pela H. <strong>pylori</strong>. Tem alta especificidade e sensibilidade, sendo o teste mais<br />

usado para o diagnóstico endoscópicos. Após a coleta de um fragmento de biópsia<br />

do antro ou um fragmento do antro e outro do corpo gástrico, estes são<br />

imediatamente introduzidos em um substrato de uréia e um indicador de pH. A<br />

urease hidrolisa a uréia em amônia e dióxido de carbono, como conseqüência tem-<br />

se o aumento do pH do meio e mudança na coloração de amarelo para rosa. A<br />

positividade do teste se dá quando a ocorrência de mudança de coloração ocorre<br />

dentro das primeiras 24 horas (ORNELLAS et al., 2000).<br />

Este teste é bastante utilizado na clínica, no entanto não fornece<br />

informações sobre o grau de intensidade inflamatória. Devido à possibilidade de<br />

contaminação por bactérias produtoras de urease como Proteus sp e Pseudomonas<br />

sp que também podem alterar a coloração do teste durante a estocagem é<br />

preconizado que a preparação da uréia e o marcador sensível de pH seja feitos<br />

diariamente (NG, 1997).<br />

b. Histologia<br />

Esta técnica confirma a presença da H. <strong>pylori</strong> nas amostras obtidas por<br />

endoscopia e possibilita a detecção da intensidade da inflamação da mucosa<br />

gástrica, presença de metaplasia intestinal e atrofia (THIJS et al., 1996). Geralmente<br />

é realizada após a endoscopia com coleta de fragmento. Várias colorações<br />

histopatológicas como Giemsa, hematoxilina e eosina são utilizadas para a detecção<br />

da H. <strong>pylori</strong>. O resultado é obtido após algumas horas ou em até 48 horas. Fatores<br />

que podem contribuir para ocorrência de falhas e inconveniências no processo são a<br />

falta de visibilidade e identificação da área mais afetada, coletas efetuadas em locais<br />

inadequados, decorrentes da distribuição desigual da bactéria na mucosa gástrica<br />

(ROCHA, 1996).Índice de sensibilidade e especificidade (tabela 2).<br />

c. Cultura<br />

16


As amostras obtidas através de biópsia gástrica (FIGURA 4), geralmente do<br />

antro, passam por processo de homogeneização e são colocados em meio de<br />

cultura enriquecidos e sob condições de microaerofilia. Esta técnica é cara e exige<br />

laboratório especializado, portanto poucos centros no Brasil trabalham com esta<br />

técnica. Índice de sensibilidade (tabela 2). Seu maior uso geralmente é no âmbito de<br />

pesquisa (TONELLI e FREIRE, 2000).<br />

Figura 4 - Biópsia gástrica de <strong>Helicobacter</strong> <strong>pylori</strong> (disponível online em<br />

www.medskul.com)<br />

3.8.2 Métodos diagnósticos não-invasivos<br />

a. Sorologia<br />

O contato com o microorganismo estimula uma resposta imune humoral que<br />

persiste em conseqüência da exposição contínua às bactérias (THIJS et al., 1996;<br />

MURRAY et al., 1998; CZINN, 2005). Este método diagnóstico é baseado na<br />

identificação de anticorpos específicos IgG (imunoglobulina G) contra a bactéria,<br />

presentes em amostras de soros de pacientes H. <strong>pylori</strong> positivos, (tabela 1). A<br />

técnica de ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) ou látex-aglutinação são<br />

17


as mais utilizadas. Crianças, idosos e imunodeprimidos que não produzem<br />

respostas imunológicas contra a infecção pelo patógeno podem apresentar<br />

resultados falso-negativos (PORTORREAL; KAWAKAMI, 2002). A infecção é restrita<br />

a mucosa gástrica, em alguns pacientes a estimulação antigênica pode ser lenta e<br />

ocorrer resultados falso-negativos em um curto período de tempo, poucas semanas<br />

ou meses após a nova infecção (MÉGRAUD, 1996).<br />

b. Teste da Respiração com Uréia Marcada<br />

Este teste é realizado em adultos com finalidade de diagnosticar e averiguar<br />

resultados do tratamento antimicrobiano (CZINN, 2005). Sua execução consiste na<br />

ingestão pelo paciente de uma solução contendo uréia marcada com Carbono 13<br />

(C13) ou 14 (C14). Se houver presença da bactéria no estômago, a urease, enzima<br />

produzida pela H. <strong>pylori</strong>, irá hidrolisar a uréia em amônia e gás carbônico (CO 2 ). Na<br />

respiração o átomo de carbono marcado é exalado e mensurado (PETERSON et al.,<br />

2001; CZINN, 2005).<br />

A especificidade deste método é bastante alta (tabela 1), mas resultados<br />

falso-positivos podem vir a ocorrer devido à possível presença no estômago de<br />

outras bactérias produtoras de urease como a <strong>Helicobacter</strong> heilmannii que causa<br />

infecções em animais como cães, gatos e porcos (MÉGRAUD et al., 1996).<br />

3.8.3 Método Molecular<br />

a. Detecção de H. <strong>pylori</strong> por PCR<br />

A técnica da PCR, inicialmente proposta por Kary Mullis em 1985 (SAIKI et<br />

al., 1985), proporciona a detecção e amplificação in vitro de uma seqüência<br />

específica de DNA. Apresenta altíssima sensibilidade e especificidade para detecção<br />

da H. <strong>pylori</strong> (tabela 2), sua realização pode ser através diretamente de biópsias<br />

gástrica ou duodenal, do suco gástrico, da placa dentária, da saliva, da cultura e até<br />

mesmo das fezes. Além disso, por sua alta sensibilidade, a PCR é muito utilizada em<br />

estudos epidemiológicos ligados à identificação de reservatórios ambientais, e<br />

18


também em trabalhos de determinação do modo de transmissão desta bactéria<br />

(LEHOURS et al., 2003).<br />

Os genes utilizados para identificação da bactéria H. <strong>pylori</strong> são o rRNA 16s,<br />

o ureA e o glmM. A extração do DNA para realização da PCR pode ser feita por kits<br />

comerciais como para fragmentos de tecido humano. Atualmente existem diversos<br />

protocolos padronizados para a detecção de H. <strong>pylori</strong> por PCR e também são<br />

encontrados na literatura diversos estudos comparando a eficiência da PCR em<br />

relação às técnicas convencionais. Alguns autores classificam o teste da PCR como<br />

o mais sensível dos métodos diagnósticos para H. <strong>pylori</strong>. Clayton e colaboradores<br />

em 1992, utilizaram o par de primers (iniciadores) que amplificam o gene da urease<br />

A em pacientes adultos e verificaram que a PCR foi capaz de identificar o maior<br />

número de pacientes com <strong>Helicobacter</strong> <strong>pylori</strong>. Esse teste foi positivo em 65% das<br />

amostras, a cultura de tecido em 30%, o exame histológico em 47% e o teste de<br />

urease em 13% ((LEHOURS et al., 2003).<br />

Tabela 1 - Métodos não-invasivos utilizados para o diagnóstico de H. <strong>pylori</strong><br />

Método Sensibilidade/<br />

Especificidade<br />

(%)<br />

Vantagens Desvantagens<br />

Teste respiratório de > 90 / > 90 Realização rápida, Administração de<br />

depuração da<br />

acompanhamento radioisótopos,<br />

urease<br />

precoce, avaliação resultados falso-<br />

de resposta positivos, influência<br />

terapêutica após 4 de medicamentos,<br />

a 8 semanas. baixa densidade<br />

bacteriana.<br />

Testes sorológicos >80 / > 90 Baixo custo, Não distinção entre<br />

simplicidade, infecção pregressa<br />

rapidez.<br />

e atual; título de<br />

anticorpos não se<br />

correlaciona com a<br />

gravidade da<br />

doença nem com a<br />

resposta ao<br />

tratamento.<br />

19


Tabela 2 - Métodos invasivos utilizados para o diagnóstico de H. <strong>pylori</strong><br />

Método Sensibilidade/<br />

Especificidade<br />

Teste<br />

rápido da<br />

urease<br />

Exame<br />

histológico<br />

(%)<br />

Vantagens Desvantagens<br />

80 – 95 / 95 - 100 Simplicidade;<br />

resultados disponíveis<br />

em até duas horas;<br />

baixo custo.<br />

80 – 90 / > 95 Fornece informações<br />

sobre o tecido.<br />

Cultura Sensibilidade > 95<br />

(somente em<br />

laboratórios<br />

especializados)<br />

Reação<br />

em cadeia<br />

da<br />

Polimerase<br />

Avaliação da<br />

suscetibilidade<br />

microbiana;<br />

caracterização<br />

detalhada dos isolados<br />

bacterianos.<br />

100 / 100 Rápido, sensível e<br />

específico;<br />

simplicidade de<br />

execução;<br />

possibilidade de<br />

genotipagem dos<br />

produtos obtidos;<br />

identificação de<br />

diferentes cepas de<br />

uma determinada<br />

Falso-negativos durante<br />

ou após tratamento com<br />

inibidores da bomba de<br />

prótons, antibióticos e<br />

medicamentos contendo<br />

bismuto; diminuição da<br />

sensibilidade 6 meses<br />

após tratamento<br />

erradicante; falsopositivos<br />

na presença de<br />

outras bactérias.<br />

Resultado demorado e<br />

dependente do<br />

observador; baixa<br />

sensibilidade para<br />

detectar número<br />

pequeno de bactérias.<br />

Exame demorado; alto<br />

custo; resultados falsonegativos<br />

(erros na<br />

obtenção, armazenagem<br />

ou transporte da<br />

amostra); contaminação.<br />

Alto custo dos reagentes;<br />

possibilidade de<br />

contaminação das<br />

amostras (facilmente<br />

evitável com normas de<br />

biossegurança).<br />

20


3.9 <strong>Tratamento</strong><br />

espécie; uso de<br />

materiais<br />

introspectivos em<br />

pesquisas<br />

epidemiológicas.<br />

Diversos antimicrobianos são usados para o esquema de tratamento de<br />

pacientes H. <strong>pylori</strong> positivos com variações nas associações, e tempo de<br />

tratamentos diversos, mas o tratamento ideal ainda é motivo de estudos. Para a<br />

ação eficaz se faz necessário a ingestão de uma droga com secreção salivar ou<br />

gástrica que poderia ser metronidazol e a claritromicina em conjunto a drogas de<br />

ação luminal que seria o bismuto, amoxacilina, tetraciclina e furazolidona. A eficácia<br />

do tratamento será de acordo com a porcentagem de cepas da bactéria que são<br />

resistentes a amoxacilina e metronidazol (GONZAGA et al., 2000).<br />

Fatores como localidade, raça e uso desses medicamentos são interferentes<br />

na sensibilidade da bactéria, a eficácia de tratamento em uma determinada<br />

comunidade não justifica a generalização de resultados (GRAHAM, 1998). Estudos<br />

de sensibilidade microbiana ou dados prévios de índice de resistência da bactéria na<br />

comunidade seriam fatos ideais para basear o tratamento, no entanto obter estes<br />

dados em grandes centros no Brasil é praticamente impossível (HAN et al., 1999).<br />

<strong>Tratamento</strong>s com drogas antimicrobianas geralmente não obtém sucesso.<br />

Esquemas duplos de antimicrobianos testados em pediatria tinham duração mínima<br />

de vinte e oito dias e suas associações eram de bismuto com amoxacilina ou<br />

ampicilina, ou também amoxacilina com tinidazol (KIM et al. 2003). No âmbito<br />

hospitalar é encontrado considerável percentual de cepas resistentes a imidazólicos,<br />

o que pode comprometer a eficácia de um esquema duplo contendo estas drogas<br />

(LIND, 1999).<br />

21


O esquema terapêutico atualmente usado seria um inibidor de bomba<br />

protônica que poderia ser omeprazol 20mg, lansoprazol 30mg, pantoprazol 40mg em<br />

associação a amoxacilina 1000 mg e claritromicina 500mg como antimicrobianos<br />

(SILVA et al., 2004). O esquema tríplice de agentes inibidores de atividade secretora<br />

com um esquema quádruplo é mais eficaz quando o inibidor da bomba de prótons é<br />

utilizado como agente inibidor de atividade secretora, desta forma tendo melhor<br />

resposta que um antagonista do receptor de H2 (KATE; ANANTHAKRISHNAN,<br />

2001).<br />

É importante saber que o sucesso terapêutico para a erradicação da<br />

bactéria, independentemente, não se dá devido à susceptibilidade das linhagens ao<br />

efeito dos antimicrobianos usados no tratamento, mas este sim é um fator chave,<br />

desta forma, se tem os maiores índices de cura em pacientes H. <strong>pylori</strong> positivos com<br />

linhagens sensíveis ao tratamento com estas drogas. Sendo observado em alguns<br />

estudos, que o índice de erradicação da bactéria é menor em pacientes com gastrite<br />

em relação às pacientes com úlceras. Assim, o esquema terapêutico poderá sofrer<br />

interferência da ação dos fatores de virulência (KIM et al. 2003).<br />

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A H. <strong>pylori</strong> coloniza o estômago de mais da metade da população mundial, e<br />

desempenha papel chave na patogênese de diversas doenças gastroduodenais.<br />

Sua aquisição pode acontecer ainda na infância e é caracterizada pelo grau de lesão<br />

que provoca, contribuindo seriamente para a progressão de ulcerações pépticas,<br />

conseqüentemente, carcinoma gástrico em adultos. Fatores de virulência, cepas<br />

infectantes e resposta imunológica (inflamatória) do hospedeiro são diferenciais na<br />

infecção por H. <strong>pylori</strong>.<br />

Na epidemiologia da infecção pela bactéria alguns conceitos já foram<br />

esclarecidos, entretanto, alguns outros permanecem incertos, com destaque<br />

absoluto para os relacionados à via de transmissão da H. <strong>pylori</strong>. Justificando a<br />

dificuldade na elaboração de normas para a prevenção da doença.<br />

É necessária uma melhor interpretação dos aspectos gerais das infecções<br />

causadas em pacientes H. <strong>pylori</strong> positivos, onde pesquisas sobre sua genética<br />

22


podem contribuir fortemente para a precisão do diagnóstico e adoção de protocolos<br />

de tratamento eficientes. Pesquisas recentes estão focadas em traçar o mapa<br />

genômico da bactéria, buscando a produção de vacinas seletivas de amplo espectro<br />

e grande eficácia. No entanto cada vez mais surgem cepas da bactéria resistentes a<br />

esquema tríplices e quádruplos de tratamentos, influenciando de forma significativa<br />

a aplicação terapêutica em pacientes imunossuprimidos, HIV positivos e portadores<br />

de câncer gástrico em estado avançado.<br />

23


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