em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

1 INTRODUÇÃO
“O verbo ler não suporta o imperativo. É uma aversão
que compartilha com outros: o verbo amar… o verbo
sonhar… É evidente que se pode sempre tentar.
Vejamos: “Ama-me!” “Sonha!” “Lê!”. “Lê, já te disse,
ordeno-te que leias!”
- Vai para o teu quarto e lê!
Resultado?
Nada.
Ele adormeceu sobre o livro (…).
- Ele acha que as descrições são demasiado longas.
Temos de o compreender, estamos no século do
audiovisual, evidentemente, os autores do século XIX
tinham de descrever tudo…
- Mas isso não é razão para o deixarmos saltar metade
das páginas!”
Daniel Pennac
Minha incursão pelo mundo da leitura, ou melhor, pela leitura literária,
começou com Fernão Capelo Gaivota 1 . Naquela época, aos 10 anos, o livro me foi
dado como presente para criar o hábito da leitura. Lembro-me de que da história, o
universo das gaivotas me encantou e fiquei triste quando Fernão, a ave, foi expulso
de seu bando por ser diferente. Após a primeira leitura, o livro ocupou a prateleira
junto aos outros, sendo esquecido logo depois.
Ao mesmo tempo em que começava a nutrir o gosto pela leitura, uma outra
paixão me mantinha acordada por horas: os filmes. Cinema e literatura sempre me
atraíram. Achava ótima a idéia de ler um romance e conferir como aquela história
tinha sido transposta para o cinema. Perguntava a mim mesma: Como apareceriam
1 Referência ao livro de Richard Bach, publicado em 1970.