16.04.2013 Views

em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

cá tudo mudou na história cin<strong>em</strong>atográfica. A gramática do cin<strong>em</strong>a passou a ser<br />

feita com imagens <strong>em</strong> movimentos, som, luz, fala <strong>de</strong> personagens e, com a era <strong>da</strong><br />

informática, os efeitos especiais tomaram conta <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s telas.<br />

Enquanto o cin<strong>em</strong>a passa por tamanha evolução e a ca<strong>da</strong> dia ganha uma<br />

nova roupag<strong>em</strong>, a literatura acabou per<strong>de</strong>ndo lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque e prestígio numa<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> audiovisual midiatiza<strong>da</strong>. São poucos aqueles que hoje <strong>em</strong> dia perceb<strong>em</strong><br />

a literatura como distração, momento <strong>de</strong> lazer e prazer, assim como o faziam, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, as mulheres do século XVIII.<br />

Atualmente, <strong>em</strong> nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, ver filmes se <strong>torno</strong>u uma prática social tão<br />

importante quanto ler textos literários. São milhões <strong>de</strong> pessoas que t<strong>em</strong> acesso aos<br />

meios <strong>de</strong> comunicação. Em se tratando do cin<strong>em</strong>a, também são muitos os sujeitos<br />

sociais que ficam horas a frente <strong>de</strong> uma tela, fascinados pela imag<strong>em</strong> e pelo som. O<br />

público do cin<strong>em</strong>a se <strong>torno</strong>u muito maior do que o <strong>da</strong> leitura. Isso é explicável pelo<br />

fato <strong>de</strong>:<br />

Diferente <strong>da</strong> escrita, cuja compreensão pressupõe domínio dos códigos e<br />

estruturas gramaticais convencionados, a linguag<strong>em</strong> do cin<strong>em</strong>a está ao<br />

alcance <strong>de</strong> todos e não precisa ser ensina<strong>da</strong>, sobretudo <strong>em</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

audiovisuais, <strong>em</strong> que a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> para interpretar os códigos e signos<br />

próprios <strong>de</strong>ssa arte <strong>de</strong> narrar é <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo. A maior<br />

parte <strong>de</strong> nós apren<strong>de</strong> a ver filmes pela experiência, ou seja, vendo (na<br />

telona ou na telinha) e conversando sobre eles com outros espectadores.<br />

(DUARTE, 2002, p. 38)<br />

Nossa protagonista, Costureirinha, e seu pai 119 , o velho alfaiate, não estão<br />

n<strong>em</strong> nessa mesma categoria n<strong>em</strong> dos que têm acesso aos livros, por apresentar<strong>em</strong><br />

uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> limitação, ou não dominar<strong>em</strong> os códigos <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong>. Ambos<br />

são ótimos ex<strong>em</strong>plos para pensarmos <strong>em</strong> modos <strong>de</strong> driblamos as barreiras entre os<br />

não-escolarizados e os textos literários. As histórias conta<strong>da</strong>s por Luo e o narrador<br />

já garant<strong>em</strong>, um pouco, que tais personagens sejam tocados <strong>de</strong> alguma forma pelos<br />

textos. Eles le<strong>em</strong> os livros com os olhos <strong>de</strong> outros.<br />

Já na experiência com o cin<strong>em</strong>a, “B<strong>em</strong> no meio <strong>da</strong> sessão, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> meia<br />

hora <strong>de</strong> filme, ela virou-se e me sussurrou uma frase que me <strong>de</strong>ixou todo <strong>de</strong>rretido:<br />

_Fica muito mais interessante quando você conta.” (SIJIE, 2000, p. 72) Ao afirmar o<br />

gosto pelas sessões <strong>de</strong> narração, ficam evi<strong>de</strong>ntes as diferentes sensações<br />

119 No filme, ele é apresentado como avô <strong>da</strong> Costureirinha<br />

86

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!