em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...
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amoroso formado por Luo, o narrador e a Costureirinha não era o enfoque central do<br />
texto. São numerosas as estratégias narrativas que um texto po<strong>de</strong> oferecer.<br />
Umberto Eco (1994, p.9) chega a afirmar que: “Diria que um texto é um jogo <strong>de</strong><br />
estratégias mais ou menos como po<strong>de</strong> ser a disposição <strong>de</strong> um exército para uma<br />
batalha.”<br />
A criação <strong>de</strong> uma obra traduz-se na elaboração <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> que<br />
faz<strong>em</strong> parte as previsões dos movimentos dos outros, ou seja, um texto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
sua geração, <strong>de</strong>ve prever as atitu<strong>de</strong>s do seu leitor- mo<strong>de</strong>lo. Sobre o leitor-mo<strong>de</strong>lo,<br />
Eco (1994, p. 14-15) faz questão <strong>de</strong> diferenciá-lo do leitor <strong>em</strong>pírico.<br />
O leitor <strong>em</strong>pírico é você, eu, todos nós, quando l<strong>em</strong>os um texto. Os leitores<br />
<strong>em</strong>píricos pod<strong>em</strong> ler <strong>de</strong> várias formas, e não existe lei que <strong>de</strong>termine como<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ler, porque <strong>em</strong> geral utilizam o texto como um receptáculo <strong>de</strong> suas<br />
próprias paixões, as quais pod<strong>em</strong> ser exteriores ao texto ou provoca<strong>da</strong>s<br />
pelo próprio texto. (ECO, 1994, p.14-15)<br />
Um texto, mesmo provocando inúmeras interpretações, <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
seu próprio corpo um processo <strong>de</strong> seleção. Daí, a interpretação impor seus limites.<br />
Ela não po<strong>de</strong> ser entendi<strong>da</strong> como um mero ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificação, mas como um<br />
espaço <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> sentido para o qual um signo na literatura ou no cin<strong>em</strong>a<br />
exprime uma organização <strong>de</strong> significantes, que, além <strong>de</strong> ter como função <strong>de</strong>signar<br />
um objeto-significado, <strong>de</strong>signam também instruções para produção <strong>de</strong> um<br />
significado.<br />
Já o conceito <strong>de</strong> leitor implícito, <strong>de</strong>senvolvido por Wolfgang Iser, representa<br />
uma conquista importante para as teorias do efeito estético. Em O ato <strong>de</strong> ler, Iser<br />
afirma que “o conceito <strong>de</strong> leitor implícito é, portanto, uma estrutura textual prevendo<br />
a presença <strong>de</strong> um receptor (...) s<strong>em</strong> necessariamente <strong>de</strong>fini-lo” Saber <strong>da</strong> existência<br />
do leitor é fato, mas ter consciência do que ele fará com o texto <strong>em</strong> mãos, nunca um<br />
autor conseguirá prever. Balzac iria prever que a leitura <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus textos levaria<br />
à construção do primeiro sutiã numa al<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> montanha Fênix? Jamais o autor<br />
po<strong>de</strong>ria prever tal atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua leitora, que foi capaz <strong>de</strong> confeccionar a peça,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>da</strong> <strong>de</strong>scrição feita pelo escritor Balzac.<br />
Jauss parte <strong>da</strong> noção <strong>de</strong> concretização que se traduz <strong>em</strong> duas vertentes: a do<br />
horizonte implícito <strong>de</strong> expectativas, lança<strong>da</strong> pela obra, <strong>de</strong> caráter (intra)literário. Isso<br />
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