em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

3.1. A TAREFA DO RECEPTOR-RECRIADOR ENQUANTO SUJEITO ATIVO NO
PROCESSO DE LEITURA
Ler e escrever são dois lados de uma mesma moeda, cabendo ao leitor
consolidar o que está escrito. Temos a recepção como lugar de produção de
sentidos a partir do intercâmbio entre os organismos emissores e o próprio suporte
de informação, os receptores e os contextos em que as mensagens circulam.
Rompendo com a noção de texto enquanto objeto estanque e colocando a
leitura como processo de reconstrução do texto, dissolvem-se as antigas motivações
de fazer a interpretação certa, de descobrir o que o autor quis dizer com
determinado texto, as quais passam a ser mais pessoais, livres do objetivo de
alcançar a leitura correta. No caso das personagens do romance e do filme Balzac e
a costureirinha chinesa, observamos que o texto é posto em movimento por seus
leitores.
Nossa costureirinha, ao entrar em contato com as obras balzaquianas,
conhece os elementos da cultura civilizada, sendo o sutiã o maior símbolo da
civilização. Ela é a primeira mulher da montanha Fênix a ter um. O modelo foi criado
a partir da sua descrição num romance do escritor Balzac. Outro marco de
civilização está nas palavras pronunciadas pela costureirinha referentes à leitura de
uma outra obra balzaquiana: “Os homens selvagens têm sentimentos. Os homens
civilizados têm sentimentos e idéias.” Os conhecimentos gerados através da leitura
eram disseminados entre os aldeões.
_Sabem o que é isso?
_Uma camiseta.
_Não, não é. É outra coisa. Pensem outra vez.
_Uma peça curta?
_Vocês gostam?
_É lindo.
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