16.04.2013 Views

em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

torna produtor do filme homônimo. Nesse redimensionamento <strong>da</strong> obra t<strong>em</strong>os a<br />

construção <strong>de</strong> mais um jogo <strong>de</strong> leitura. No entrelaçamento <strong>da</strong>s leituras surg<strong>em</strong> três<br />

textos. O primeiro é formado pelas obras oci<strong>de</strong>ntais li<strong>da</strong>s pelas personagens e,<br />

anteriormente, pelo próprio Dai Sijie. O segundo trata <strong>da</strong> criação do próprio romance<br />

Balzac e a <strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong>. E o terceiro texto, o filme <strong>de</strong> mesmo nome,<br />

produzido por Sijie.<br />

Nessa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> leituras e escrituras, t<strong>em</strong>os a concepção <strong>de</strong> Calvino (1999,<br />

p. 198) “on<strong>de</strong> há um leitor, está também ali o ato do escritor.” Portanto, a prática <strong>de</strong><br />

leitura implica na <strong>de</strong> escrita. Além <strong>da</strong> relação entre leitor e autor, o leitor assume<br />

papel ativo e se torna coprodutor <strong>de</strong> um texto a partir <strong>de</strong> suas leituras. Quando<br />

Balzac po<strong>de</strong>ria imaginar que faria parte <strong>da</strong>s páginas <strong>de</strong> um romance <strong>de</strong> DaiSijie e<br />

participar do próprio título Balzac e a <strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong>? Po<strong>de</strong>ria Dumas ter<br />

escrito uma obra, imaginando que estaria nas páginas <strong>de</strong> um romance, que seria<br />

lido por personagens e que influenciaria na confecção <strong>da</strong>s vestimentas <strong>de</strong> um velho<br />

alfaiate chinês? Tais questionamentos nos levam a afirmar que nós, leitores, somos,<br />

sim, coautores, produzimos um novo texto ao lermos. Ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com Calvino:<br />

E quanto ao verbo ler? Po<strong>de</strong>r-se-á dizer “hoje lê” tal como se diz “hoje<br />

chove”? Pensando b<strong>em</strong>, a leitura é um ato necessariamente individual,<br />

muito mais do que o escrever. Admitindo que a escrita consegue superar<br />

as limitações do autor, ela apenas continuará a ter sentido quanto for li<strong>da</strong><br />

por uma pessoa singular e atravessar os seus circuitos mentais. Somente o<br />

fato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ser lido por um indivíduo <strong>de</strong>terminado prova que aquilo que é<br />

escrito participa do po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> escrita, um po<strong>de</strong>r bas<strong>ea</strong>do <strong>em</strong> algo que está<br />

para além do indivíduo. O universo exprimir-se-á a si mesmo até que<br />

alguém possa dizer: “Leio, logo ele escreve”. (CALVINO,1999, p. 198)<br />

73

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!