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em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

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Conforme observamos nas figuras retira<strong>da</strong>s do próprio filme, o caminho a<br />

percorrer, apesar <strong>da</strong> beleza natural, é árduo, sendo longo e estreito. Todo o<br />

percurso dos dois amigos à reeducação é guiado por uma melodia suave cuja letra é<br />

a seguinte:<br />

Somos a guar<strong>da</strong> vermelha do presi<strong>de</strong>nte Mao<br />

Que veio <strong>da</strong>s estepes para a Praça Tiananmen<br />

Nossas ban<strong>de</strong>iras vermelhas como um mar <strong>em</strong> chamas<br />

Nossas canções revolucionárias<br />

Ecoam no céu<br />

Nosso gran<strong>de</strong> timoneiro, o presi<strong>de</strong>nte Mao, nos conduz<br />

Nosso amado e respeitado presi<strong>de</strong>nte Mao<br />

Sol vermelho <strong>de</strong> nossos corações<br />

O povo <strong>da</strong>s estepes oferece-lhe<br />

Todo o seu amor<br />

Conduza-nos s<strong>em</strong>pre para a frente.<br />

É importante atentarmos para o significado <strong>da</strong> trilha sonora <strong>em</strong> questão, pois,<br />

analisando a letra musical, parece-nos que <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha uma função narrativa. O<br />

filme Balzac e a <strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong> inicia-se com esta narrativa. Nesse caso, a<br />

música no cin<strong>em</strong>a faz parte importante do universo cin<strong>em</strong>atográfico, servindo como<br />

ponto <strong>de</strong> referência para o momento histórico vivido. Além disso, segundo Simon<br />

Frith:<br />

(...)uma <strong>da</strong>s funções <strong>da</strong> música no cin<strong>em</strong>a é revelar nossas <strong>em</strong>oções como<br />

público(...) Os t<strong>em</strong>as musicais são assim importantes para representar a<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> (via musical marcial ou nacionalista, por ex<strong>em</strong>plo) tanto no<br />

filme quanto no público. O importante aqui é que como espectadores<br />

somos levados a nos i<strong>de</strong>ntificar não com os personagens do filme, mas<br />

com suas <strong>em</strong>oções, indica<strong>da</strong>s, principalmente pela música, que nos po<strong>de</strong><br />

oferecer a experiência <strong>em</strong>ocional diretamente. A música é fun<strong>da</strong>mental<br />

para o modo como o prazer do cin<strong>em</strong>a é ao mesmo t<strong>em</strong>po individualizado<br />

e compartilhado. (FRITH, 1986, p. 68-69)<br />

Ain<strong>da</strong> sobre as músicas escolhi<strong>da</strong>s para o filme Balzac e a <strong>costureirinha</strong><br />

<strong>chinesa</strong>, a marcha canta<strong>da</strong> para o presi<strong>de</strong>nte Mao é coloca<strong>da</strong> <strong>em</strong> oposição à sonata<br />

<strong>de</strong> Mozart. São as duas canções que serv<strong>em</strong> como trilha sonora, r<strong>em</strong>arcando ain<strong>da</strong><br />

mais a aproximação entre Oriente e Oci<strong>de</strong>nte, mesmo que <strong>de</strong> forma subversiva,<br />

pois, como alerta o personag<strong>em</strong> Ma: “Há anos to<strong>da</strong>s as obras <strong>de</strong> Mozart, assim<br />

como a <strong>de</strong> qualquer outro autor oci<strong>de</strong>ntal, estavam proibi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> todo o país.”<br />

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