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em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

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Pensando no romance, centro <strong>de</strong> nossas análises, tais características <strong>da</strong><br />

literatura são abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s ao longo <strong>da</strong> trama. A bagag<strong>em</strong> <strong>de</strong> leitura do escritor se<br />

entrelaça à dos três jovens personagens e o enredo nos aponta caminhos para se<br />

pensar uma nova China a partir <strong>da</strong>s leituras <strong>da</strong>s obras proibi<strong>da</strong>s, on<strong>de</strong> os atores<br />

sociais são colocados a refletir sobre seus papéis na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, s<strong>em</strong>pre diante <strong>da</strong><br />

leitura <strong>de</strong> um livro.<br />

Utilizando-nos <strong>da</strong>s palavras <strong>de</strong> Iser:<br />

Não consi<strong>de</strong>ramos o texto aqui como um documento sobre algo, que existe<br />

– seja qual for a sua forma -, mas sim como uma reformulação <strong>de</strong> uma<br />

r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> já formula<strong>da</strong>. Através <strong>de</strong>ssa reformulação advém algo ao mundo<br />

que antes nele não existia. (ISER, 1996, p.16)<br />

Compreend<strong>em</strong>os que as pr<strong>em</strong>issas e interesses do autor ganham espaço na<br />

elaboração <strong>de</strong> sua obra. Dessa mesma forma, no momento <strong>de</strong> leitura, acontece a<br />

interação entre texto e mundo extra-textual, surgindo assim a elaboração <strong>de</strong> um<br />

novo texto naquele que o recebe. Retomando o ex<strong>em</strong>plo do escritor Dai Sijie,<br />

observamos que, ao escrever o romance Balzac e a <strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong>, o autor já<br />

imprime na narrativa seu modo <strong>de</strong> pensar, sua i<strong>de</strong>ologia, crenças e valores. Ao<br />

produzir o romance para o cin<strong>em</strong>a, surge um novo texto, pois Sijie já está numa<br />

outra posição – a <strong>de</strong> leitor -, a apreensão está num novo contexto, os interesses são<br />

outros e passamos <strong>da</strong> r<strong>ea</strong>ção <strong>de</strong> um autor ao mundo para a r<strong>ea</strong>ção <strong>de</strong> um leitor ao<br />

texto. Por isso, o próprio autor e produtor, quando mu<strong>da</strong> <strong>de</strong> posição para leitor, acha<br />

bizarro o efeito causado, <strong>da</strong>ndo a impressão que a obra é <strong>de</strong> outro.<br />

Vale aqui ressaltar que a sétima arte impulsiona a entra<strong>da</strong> do romance na<br />

China. Enquanto <strong>em</strong> muitos outros lugares do mundo, as pessoas já se encantavam<br />

e pr<strong>em</strong>iavam 38 Dai Sijie pela criação do romance, as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>chinesa</strong>s resistiram<br />

ao contato <strong>da</strong> população <strong>chinesa</strong> com a história que <strong>de</strong>nunciava a violência dos<br />

anos <strong>da</strong> Reeducação Cultural imposta por Mao Tse Tung e a pobreza física e<br />

intelectual, tal como a China é pinta<strong>da</strong> no livro e no filme. A resistência permaneceu<br />

com a versão cin<strong>em</strong>atográfica. Apesar <strong>da</strong> liberação para ro<strong>da</strong>r as filmagens <strong>em</strong><br />

território chinês, Dai Sijie sofreu com a proibição para exibir seu filme.<br />

38 Em 2000, Dai Sijie recebeu o prêmio Roland <strong>de</strong> Jouvenel e o prêmio Relay.<br />

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