em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

modificações à etapa que a precedeu, ou seja, no texto já produzido pelo autor
inserem-se pontos de vista do escritor, e, ao passar pelas experiências do leitor, a
perspectiva já é outra. Chegando ao ponto de, como afirma Dai Sijie em entrevista
concedida para a parte de extras do DVD de seu filme, mesmo sendo uma história
que já conhecemos muito bem, uma vez que terminamos escrever ou rodar um filme
e vemos a cena a distância, parece ser a história de outro. Isso, Dai Sijie denomina
de um efeito muito bizarro.
Visualizamos esses aspectos no romance Balzac e a costureirinha chinesa.
Num primeiro momento, recuperamos a obra a partir da leitura do mundo feita pelo
escritor Dai Sijie. Vemos no texto as interpretações e imagens da China
contrapondo-se com o Ocidente mostrado apenas nos textos literários de autores,
como: Balzac, Dumas, Flaubert, Baudelaire, Rousseau, Tostoi, Victor Hugo,
Stendhal, Romain Rolland, Gogol, Dostoievski, Dickens, Kipling, Emily Bronte...
Teriam esses autores sido citados ao acaso? O envolvimento dos
personagens do romance com tais escritores através dos livros, nos mostra que Dai
Sijie, antes de seus personagens, também foi leitor de todos os textos relacionados
acima. Os efeitos causados em Luo, o narrador e a Costureirinha nos leva a crer
que, antes de servirem de conteúdo para o romance Balzac e a costureirinha
chinesa, foram instrumentos de elaboração de um novo Dai Sijie. Nossa hipótese é
confirmada pela seguinte confissão do próprio escritor em entrevista concedida para
Revue Delirium:
Eu queria escrever um pequeno romance para homenagear a literatura que
marcou minha vida. Apenas rememoro as lembranças pelos livros. Cada
período da minha vida é marcada por romances que li 37 .(Revue Delirium,
agosto-setembro, 2000)
Ao afirmar que foi a literatura que ritmou sua vida, Sijie nos confirma que o
texto literário é capaz de intervir no mundo, nas estruturas sociais e na própria
literatura, ativando um potencial reformulador e transformador das obras literárias.
Também em entrevista apresentada na parte de extras do DVD do filme, o autor
confirma que a literatura lhe deu os maiores prazeres, mais que o cinema.
37 Je tenais à écrire un petit roman pour rendre hommage à la littérature qui a rythmé ma vie. Je ne
me remémore les souvenirs que par les livres. Chaque période de ma vie est marquée par les romans
que j’ai lus. (Revue Delirium août-septembre 2000 apud Parcours Littéraires Francophones.
Disponível em: http://crdp.ac-paris.fr/parcours/index.php/category/dai. Acessado em: 20 junho 2009
às 19h54) A tradução é de minha responsabilidade.
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