em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...
em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...
em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
3 ENTRE O LEITOR E O ESPECTADOR<br />
51<br />
Assim do livro ao filme não sinto que alguma coisa <strong>de</strong><br />
fun<strong>da</strong>mental se per<strong>de</strong>sse para a intenção com que o<br />
r<strong>ea</strong>lizei - como sinto que alguma coisa <strong>de</strong> novo se criou<br />
para lá <strong>da</strong> arte <strong>da</strong> imag<strong>em</strong> <strong>em</strong> que se transfigura.<br />
Vergílio Ferreira<br />
Embora o romance Balzac e a <strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong> tenha chegado à China<br />
apenas no ano <strong>de</strong> 2003, ou seja, três anos após sua publicação, pod<strong>em</strong>os supor que<br />
alguns chineses já conheciam aquele enredo que seria apresentado no livro. Isso se<br />
explica porque, <strong>em</strong> 2002, Dai Sijie apresenta uma releitura <strong>de</strong> sua obra para o<br />
cin<strong>em</strong>a. Falamos <strong>em</strong> releitura, porque mesmo as obras literárias já têm orig<strong>em</strong> numa<br />
<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> leitura que o próprio autor faz do mundo, pois segundo Iser:<br />
O texto literário se origina <strong>da</strong> r<strong>ea</strong>ção <strong>de</strong> um autor ao mundo e ganha o<br />
caráter <strong>de</strong> acontecimento à medi<strong>da</strong> que traz uma perspectiva para o mundo<br />
presente que não está nele conti<strong>da</strong>. Mesmo quando um texto literário não<br />
faz senão copiar o mundo presente, sua repetição no texto já o altera, pois<br />
repetir a r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> a partir <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista já é excedê-la.<br />
(ISER, 1996, p.11)<br />
Nesse âmbito, o texto se mostra como processo, não se fechando apenas na<br />
r<strong>ea</strong>ção do autor ao mundo, nas seleções e combinações feitas por este, mas<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os entendê-lo como um processo integral que parte <strong>da</strong> leitura do mundo feita<br />
pelo autor, chegando aos efeitos causados no leitor. Esta última s<strong>em</strong>pre acarreta