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em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

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leitura <strong>de</strong>sses outros mundos e o afastamento do seu país que o aju<strong>da</strong>m a criar<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber todos os pontos negativos <strong>da</strong> cultura na China. O mesmo<br />

se passa com os personagens do romance criado por ele. Luo, o narrador e a<br />

Costureirinha só começam a questionar o mundo <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong> a partir <strong>da</strong>s leituras<br />

dos romances oci<strong>de</strong>ntais que lhe abr<strong>em</strong> os olhos. E, por que não po<strong>de</strong>ríamos<br />

afirmar que Dai Sijie também teve seus olhos abertos a partir <strong>da</strong> leitura <strong>de</strong>sses<br />

mesmos livros entre outros?<br />

Pensando no jogo <strong>de</strong> leituras que se forma no romance Balzac e a<br />

<strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong>, possivelmente as leituras feitas pelos personagens também<br />

foram feitas por Dai Sijie num momento anterior à escrita <strong>de</strong> seu livro. Assim,<br />

conseguimos evi<strong>de</strong>nciar as primeiras leituras que formam um jogo <strong>de</strong> encaixe com<br />

a existência <strong>da</strong>s outras múltiplas leituras. Essas primeiras leituras dos textos<br />

literários oci<strong>de</strong>ntais se entrelaçam às leituras r<strong>ea</strong>liza<strong>da</strong>s pelos próprios<br />

personagens do romance. Com a apropriação <strong>de</strong> tais textos por parte do escritor e<br />

dos personagens, surg<strong>em</strong> as narrativas feitas pelos contadores <strong>de</strong> histórias que se<br />

constitu<strong>em</strong> <strong>em</strong> novas leituras feitas pelos al<strong>de</strong>ões montanheses. A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

escrever um novo texto que dialogue com textos já lidos faz parte dos passos<br />

percorridos pelos leitores após estes se apropriar<strong>em</strong> do texto lido através do ato <strong>da</strong><br />

leitura, tornando-o seu texto, valendo-se <strong>de</strong> sua bagag<strong>em</strong> social, histórica e<br />

cultural.<br />

Nesse enca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> leituras t<strong>em</strong>os ain<strong>da</strong> a releitura 36 , após dois anos,<br />

do romance Balzac e a <strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong>, feita pelo próprio escritor. O <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar outras pessoas, que encontramos nos dois jovens amigos, também é<br />

encontrado como intenção do próprio escritor. Com a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ver, ler a<br />

China com um outro olhar e criticá-la, o escritor se posiciona politicamente na<br />

confecção <strong>de</strong> sua obra, pois ele <strong>de</strong>precia a i<strong>de</strong>ologia socialista <strong>chinesa</strong> ao exaltar o<br />

estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> burguesa (capitalista) oitocentista e por a reeducação <strong>chinesa</strong> como<br />

algo intelectualmente nocivo para seus conterrâneos. Aqui, entend<strong>em</strong>os que a<br />

nocivi<strong>da</strong><strong>de</strong> é percebi<strong>da</strong> a partir do novo olhar construído por Dai Sijie enquanto<br />

escritor francês <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> <strong>chinesa</strong>; é o olhar estrangeiro que o faz não só<br />

<strong>de</strong>screver suas m<strong>em</strong>órias e o t<strong>em</strong>po passado num outro lugar, mas também abrir<br />

36 Cf. cap. 2.<br />

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