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em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

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Em 1986, num artigo intitulado Le Pacte Autobiographique (Bis), Lejeune<br />

comenta sobre o termo autoficção, afirmando que “faltava um termo do vocabulário<br />

crítico e Doubrovsky o forneceu” Para Lejeune, a autoficção se caracteriza como um<br />

espaço entre uma autobiografia que não quer ser <strong>de</strong>svela<strong>da</strong> e uma ficcionalização<br />

do próprio autor. “[...] O termo <strong>de</strong>signa a lacuna entre uma autobiografia que não se<br />

assume como tal e uma ficção que não quer se separar <strong>de</strong> seu autor” (LEJEUNE,<br />

2002, p.23).<br />

De acordo com Rodrigues (2007, p. 20), na literatura, a autobiografia se<br />

manifesta na forma <strong>de</strong> “m<strong>em</strong>órias, <strong>de</strong> diários íntimos, <strong>de</strong> romances epistolares, <strong>de</strong><br />

auto-retratos, confissões e nas diversas formas <strong>de</strong> narração <strong>em</strong> primeira pessoa”. O<br />

autor ain<strong>da</strong> esclarece que:<br />

A relação entre o passado, supostamente vivido pela personag<strong>em</strong>narradora,<br />

e a escrita que dá a esse passado revela, <strong>de</strong>clara<strong>da</strong>mente, a<br />

impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperar o t<strong>em</strong>po perdido na m<strong>em</strong>ória do presente.<br />

(RODRIGUES, 2007, p. 23)<br />

Ou seja, mesmo que consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma autobiografia, a obra apresenta uma<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> entrelaça<strong>da</strong> à ficção. Não pod<strong>em</strong>os afirmar que se trata <strong>de</strong> uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

absoluta. Ela explora paradoxos <strong>da</strong> escritura autobiográfica, tendo como base<br />

i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>s r<strong>ea</strong>is, mas:<br />

A autoficção [...], seria “uma variante ‘pósmo<strong>de</strong>rna’ <strong>da</strong> autobiografia na<br />

medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que ela não acredita mais numa ver<strong>da</strong><strong>de</strong> literal, numa<br />

referência indubitável, num discurso histórico coerente e se sabe<br />

reconstrução arbitrária e literária <strong>de</strong> fragmentos esparsos <strong>de</strong> m<strong>em</strong>ória 33 .<br />

O termo engloba to<strong>da</strong> narrativa ficcional escrita a partir <strong>de</strong> um el<strong>em</strong>ento<br />

verídico extraído do cotidiano. El<strong>em</strong>entos estes vividos pelo próprio escritor. O<br />

princípio do prazer é predominante nessa narrativa, <strong>em</strong> que o r<strong>ea</strong>l é apenas um<br />

el<strong>em</strong>ento inspirador <strong>da</strong> criação ficcional. Não sab<strong>em</strong>os ao certo se to<strong>da</strong> a história é<br />

r<strong>ea</strong>l, se todos os relatos são ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros ou receberam alguns toques pessoais e<br />

existência, colocando <strong>em</strong> evidência sua individuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e, <strong>em</strong> particular, a história <strong>de</strong> sua<br />

personali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Outro aspecto que caracteriza se a obra é autobiográfica é o autor, o narrador e o<br />

protagonista possuír<strong>em</strong> a mesma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> nominal.<br />

33 FIGUEIREDO. Régine Robin: autoficção, bioficção, ciberficção.<br />

Disponível <strong>em</strong>: http://www.revistaipotesi.ufjf.br/volumes/18/cap02.pdf. Acessado <strong>em</strong>: 30 abril 2009<br />

às 14h30.<br />

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