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em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

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assistidos pelos jovens na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Yong Jing, eram consi<strong>de</strong>rados, por eles, filmes<br />

<strong>de</strong> agressivo r<strong>ea</strong>lismo proletariado, já faziam parte <strong>da</strong> educação cultural dos dois<br />

amigos. Por isso, não os achavam interessantes. Já os romances <strong>de</strong>scobertos<br />

recent<strong>em</strong>ente e proibidos se aproximavam muito mais dos <strong>de</strong>sejos humanos, do<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro sofrimento e, sobretudo, <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Vi<strong>da</strong>s estas que eram representa<strong>da</strong>s<br />

por personagens nas histórias e que vinham <strong>de</strong> um mundo exterior ao <strong>de</strong>les. É nos<br />

textos literários que os jovens apren<strong>de</strong>ram sobre o <strong>de</strong>spertar dos <strong>de</strong>sejos, o amor,<br />

as pulsões, etc. T<strong>em</strong>as que jamais ouviram falar.<br />

Durante todo o mês <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, <strong>de</strong>pois do roubo b<strong>em</strong>-sucedido, fomos<br />

tentados, invadidos, conquistados pelo mistério do mundo exterior,<br />

sobretudo o <strong>da</strong> mulher, do amor, do sexo, que os escritores oci<strong>de</strong>ntais<br />

nos revelavam, dia após dia, página após página, livro após livro. (SIJIE,<br />

2000, p. 95.)<br />

Zilberman (2001, p. 55) ain<strong>da</strong> afirma que: “[...] o único t<strong>em</strong>or que a leitura<br />

po<strong>de</strong> inspirar é o <strong>de</strong> que seus usuários sejam levados a alterar sua visão <strong>de</strong><br />

mundo, sonh<strong>em</strong> com as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> transformar a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e não se<br />

conform<strong>em</strong> ao já existente”. Nesta afirmativa, a autora enfoca a leitura como ato<br />

reflexivo, assim como Foucambert (1994) a apresenta <strong>em</strong> seu texto. Para ele, ler é<br />

questionar o mundo e ser por ele questionado; é questionar-se a si mesmo. Ler<br />

significa também construir uma resposta que integra parte <strong>da</strong>s novas informações<br />

ao que já se é; significa, também, ter condições <strong>de</strong> questionar o texto escrito e <strong>de</strong><br />

construir um juízo sobre ele. É na insatisfação e no questionamento do mundo <strong>em</strong><br />

que viv<strong>em</strong> que Luo e o narrador pretend<strong>em</strong> abrir novos caminhos, transformando a<br />

si e a al<strong>de</strong>ã Costureirinha com as leituras dos textos literários. “Com estes livros,<br />

vou transformar a Costureirinha. Ela nunca mais será uma simples montanhesa.”<br />

(SIJIE, 2000, p. 88)<br />

Luo estava certo ao afirmar que transformaria a jov<strong>em</strong>. Ao final do romance<br />

Balzac e a <strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong>, observamos a r<strong>ea</strong>lização <strong>da</strong> metamorfose<br />

causa<strong>da</strong> pela literatura. Enquanto os jovens, oficialmente, passam pela reeducação<br />

cultural <strong>chinesa</strong>, a <strong>costureirinha</strong> passou pela reeducação balzaquiana. “_Não foram<br />

inúteis as leituras que fiz<strong>em</strong>os durante esses meses.” (SIJIE, 2000, p. 160)<br />

As mu<strong>da</strong>nças podiam ser observa<strong>da</strong>s <strong>em</strong> tudo, na Costureirinha. As longas<br />

tranças <strong>de</strong>ram lugar a um cabelo curto, na altura <strong>da</strong>s orelhas; as roupas<br />

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