em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...
em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...
em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
experiências junto ao Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Monte-Cristo e <strong>de</strong> dia mantinham a resistência para<br />
o trabalho. A ca<strong>da</strong> ponto <strong>de</strong>cisivo <strong>da</strong> história, o narrador fazia uma pausa, um<br />
suspense. Passava horas contando, mantendo os mecanismos <strong>da</strong> narrativa. No<br />
momento <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s pausas, Luo lhe segredou que o amigo o havia superado e<br />
que já po<strong>de</strong>ria ser um escritor.<br />
Ao fim <strong>da</strong> terceira noite <strong>de</strong> narrativa, o narrador e seus ouvintes foram<br />
surpreendidos pelo chefe <strong>da</strong> al<strong>de</strong>ia. Enquanto eles viajavam na narrativa <strong>de</strong> Dumas<br />
e do jov<strong>em</strong> narrador, o chefe se mantinha do lado <strong>de</strong> fora ouvindo to<strong>da</strong> a história.<br />
Classifica<strong>da</strong> pelo chefe como safa<strong>de</strong>zas r<strong>ea</strong>cionárias, ele estava inconformado e<br />
<strong>de</strong>nunciaria o narrador para a Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública, local que significava<br />
tortura física e inferno para aqueles consi<strong>de</strong>rados inimigos do povo.<br />
Mais uma vez a retórica dos jovens consegue inverter o jogo. Eles concor<strong>da</strong>m<br />
<strong>em</strong> cui<strong>da</strong>r dos <strong>de</strong>ntes do chefe que estão cariados <strong>em</strong> troca do narrador não ser<br />
<strong>de</strong>nunciado. O trabalho foi feito com uma agulha <strong>de</strong> máquina <strong>de</strong> costura <strong>de</strong> aço<br />
cromado que era movimenta<strong>da</strong> pelo pe<strong>da</strong>l <strong>da</strong> máquina do velho alfaiate. Com a<br />
obturação concluí<strong>da</strong>, o chefe cumpriu sua palavra e não incomodou mais os jovens<br />
durante as outras seis noites nas quais as narrações prosseguiriam.<br />
Algum t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>pois, Luo é chamado à ci<strong>da</strong><strong>de</strong> por telegrama. O motivo <strong>de</strong><br />
sua parti<strong>da</strong>, que o <strong>de</strong>ixará um mês longe <strong>da</strong> montanha Fênix, é o estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> sua mãe. O rapaz parte, mas <strong>de</strong>ixa seu amigo com a difícil missão <strong>de</strong> proteger a<br />
Costureirinha e <strong>de</strong> ler livros para ela. Com a intenção <strong>de</strong> não <strong>de</strong>cepcionar Luo, o<br />
jov<strong>em</strong> passava os dias inteiros com a moça lendo-lhe histórias e aju<strong>da</strong>ndo <strong>em</strong><br />
algumas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s domésticas. Ela, por sua vez, não fazia i<strong>de</strong>ia que estava sob<br />
proteção e o consi<strong>de</strong>rava como um amigo e como leitor substituto <strong>de</strong> Luo.<br />
Depois <strong>de</strong> três meses <strong>de</strong> um aborto b<strong>em</strong> sucedido e do re<strong>torno</strong> <strong>de</strong> Luo à<br />
montanha, t<strong>em</strong>os a parti<strong>da</strong> <strong>da</strong> Costureirinha. Luo, <strong>em</strong>briagado, resolve por fim<br />
àqueles que a aju<strong>da</strong>ram a abrir os olhos e a se transformar. A maior parte dos<br />
tesouros encontrados na valise <strong>de</strong> Quatro-olhos foram incendiados. Sua parti<strong>da</strong><br />
causou um gran<strong>de</strong> impacto no pai e nos dois amigos. Eles percebiam que com o<br />
passar do t<strong>em</strong>po, a Costureirinha se aproximava ca<strong>da</strong> vez mais <strong>da</strong>s moças <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Havia costurado um sutiã, o primeiro <strong>da</strong> montanha. Depois encurtou os<br />
cabelos, pediu ao pai que lhe comprasse um par <strong>de</strong> tênis brancos e alterou os cortes<br />
<strong>da</strong>s roupas <strong>de</strong> seu guar<strong>da</strong>-roupa. A aparência era <strong>de</strong> uma jov<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rna com<br />
roupas que só podiam ser usa<strong>da</strong>s por jovens <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. A transformação <strong>da</strong><br />
27