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em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

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O ato criador é apenas um momento incompleto e abstrato <strong>da</strong> produção <strong>de</strong><br />

uma obra; se o autor existisse sozinho, ele po<strong>de</strong>ria escrever tanto quanto<br />

quisesse, jamais a obra como objeto veria a luz[...] a operação <strong>de</strong> escrever<br />

implica a <strong>de</strong> ler como o seu correlato dialético. (SARTRE, 1993, p. 37)<br />

Desta forma, a leitura se constitui na interação <strong>de</strong> três pólos: autor – texto –<br />

leitor, on<strong>de</strong> o movimento no ato <strong>de</strong> ler é s<strong>em</strong>pre dialógico, sendo mediado pelo texto<br />

lido e coproduzido por seu leitor, além <strong>de</strong> ser uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> transformadora do<br />

sujeito.<br />

De acordo com Proust:<br />

O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> nossa sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> nossa inteligência, só pod<strong>em</strong>os<br />

<strong>de</strong>senvolvê-lo <strong>em</strong> nós mesmos, nas profun<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> nossa vi<strong>da</strong> espiritual.<br />

Mas é nesse contato com os outros espíritos, que chamamos <strong>de</strong> leitura,<br />

que se faz a educação do espírito. (PROUST, 1993, p.51)<br />

Marcel Proust comenta sobre a educação dos “modos” do espírito e trata o<br />

ato <strong>de</strong> leitura como um instrumento essencial na formação do ser humano. O teórico<br />

Iser retoma as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Proust ao afirmar que no ato <strong>de</strong> leitura o leitor se ocupa <strong>de</strong><br />

outras experiências que ain<strong>da</strong> não conhecia. “Daí a impressão <strong>de</strong> viver uma<br />

transformação durante a leitura” (ISER, 1999, p. 90).<br />

Nessa <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um novo mundo pelo leitor e a transformação do sujeito<br />

a partir <strong>da</strong> leitura <strong>de</strong> textos literários, t<strong>em</strong>os como ex<strong>em</strong>plo o romance Balzac e a<br />

<strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong>. É a partir <strong>da</strong> paixão <strong>de</strong> narrar histórias a uma jov<strong>em</strong><br />

costureira, o fascínio dos montanheses pelas narrativas, a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um tesouro<br />

– a valise secreta com livros “proibidos” –, o misto entre produção literária e<br />

cin<strong>em</strong>atográfica que nasce o jogo <strong>de</strong> leituras presente no romance Balzac e a<br />

<strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong>, primeiro livro publicado <strong>de</strong> autoria do escritor chinês Dai Sijie,<br />

que migrou para a França no ano <strong>de</strong> 1984. Nascido <strong>em</strong> 1954, o autor passou sua<br />

infância e juventu<strong>de</strong> na China Comunista <strong>de</strong> Mao Tse Tung, sendo vítima <strong>da</strong><br />

opressão <strong>de</strong> um regime ditatorial e intolerante. Seu romance, lançado <strong>em</strong> 2000,<br />

atingiu sucesso absoluto <strong>em</strong> ven<strong>da</strong>s e críticas, sendo traduzido para mais <strong>de</strong> 25<br />

idiomas, atingindo leitores <strong>em</strong> todo o mundo.<br />

A história do romance Balzac e a <strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong> se passa no fim <strong>da</strong><br />

déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960, quando o lí<strong>de</strong>r chinês Mao Tse Tung, fun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> República<br />

Popular <strong>da</strong> China, importante teórico do comunismo do século XX e um dos<br />

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