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em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

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Assim, inicia-se uma renovação na história <strong>da</strong> literatura, criando-se uma base<br />

científica para a estética tradicional <strong>da</strong> produção e <strong>da</strong> representação, apoia<strong>da</strong> na<br />

estética <strong>da</strong> recepção 7 e na sua efetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Com essas diferentes perspectivas, também po<strong>de</strong>-se fazer uma classificação<br />

dos tipos <strong>de</strong> leituras <strong>em</strong> três gran<strong>de</strong>s abor<strong>da</strong>gens: num primeiro momento, a leitura é<br />

r<strong>ea</strong>liza<strong>da</strong> num fluxo unidirecional <strong>da</strong> informação, no qual o estímulo v<strong>em</strong> <strong>da</strong> página<br />

impressa para o leitor, que <strong>de</strong>codifica o texto. Isto faz com que a informação flua do<br />

texto para o leitor e as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s executa<strong>da</strong>s pelo leitor sejam <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s pelo<br />

que está escrito na página.<br />

Em oposição ao mo<strong>de</strong>lo ascen<strong>de</strong>nte, surge o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> leitura,<br />

on<strong>de</strong> a informação parte do leitor para o texto, ao qual é atribuído significado <strong>de</strong><br />

acordo com sua experiência prévia e seus objetivos. Já no que pod<strong>em</strong>os chamar <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>lo interativo <strong>de</strong> leitura, segundo Iser, a informação segue nas duas direções, do<br />

texto para o leitor e do leitor para o texto. É uma visão dialógica do significado. Esse<br />

é construído na interação leitor e escritor através do texto 8 . Pressupõe a visão <strong>da</strong><br />

leitura como fenômeno social. Leitura como processo social. Ler a partir <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> concepção, do lugar social que envolve i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> social. Nesta visão,<br />

o ato <strong>de</strong> ler envolve tanto a informação impressa na página, quanto a informação<br />

que o leitor traz para o texto, seu pré-conhecimento. Assim,<br />

[...] o texto só existe pelo ato <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong> uma consciência que o<br />

recebe, e é somente ao longo <strong>da</strong> leitura que a obra adquire seu caráter<br />

particular <strong>de</strong> processo... A obra é, portanto, a constituição do texto na<br />

consciência do leitor. (ISER, 1976, p. 49)<br />

O significado não está n<strong>em</strong> no texto, n<strong>em</strong> na mente do leitor. Ele torna-se<br />

possível no processo <strong>de</strong> interação entre o leitor e o escritor, através do texto, não<br />

tendo existência na falta <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses el<strong>em</strong>entos.<br />

7 A Estética <strong>da</strong> recepção ou também chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> Escola <strong>de</strong> Constância concentra-se no estudo do<br />

leitor. Ela surgiu no final dos anos 60 na Al<strong>em</strong>anha, como uma forma <strong>de</strong> contestação à ausência <strong>de</strong><br />

subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> na crítica, pois nos anos 60, na França surgiu um movimento crítico, o estruturalismo,<br />

que pregava a morte do autor, e <strong>em</strong> conseqüência, a morte <strong>de</strong> qualquer análise <strong>de</strong> subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> a<br />

partir <strong>da</strong> literatura. A estética <strong>da</strong> recepção resolveu contestar esse pressuposto e iniciar o estudo <strong>de</strong><br />

como uma subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> – do leitor - dá sentido a um texto.<br />

8 Wolfgang Iser, na obra O Ato <strong>de</strong> Ler: uma Teoria do Efeito Estético, postula que ler é pensar os<br />

pensamentos <strong>de</strong> outros. É uma forma <strong>de</strong> ingressar <strong>em</strong> outros modos <strong>de</strong> reflexão, <strong>de</strong> ação, <strong>de</strong> ser,<br />

que não os seus próprios. É envolver-se por momentos na insegurança do novo e, talvez,<br />

<strong>de</strong>sconhecido. Para ele, o ato <strong>de</strong> ler e ocupar-se com o pensamento <strong>de</strong> outros é importante se, além<br />

<strong>da</strong> compreensão, aju<strong>da</strong>r a <strong>de</strong>senvolver algo no leitor, levando-o a refletir sobre si mesmo e a<br />

<strong>de</strong>scobrir um mundo até então inatingível para ele.<br />

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