em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...
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<strong>ea</strong>lizado na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense. Com a leitura do romance, tive<br />
certeza que havia encontrado um gran<strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> tudo aquilo que acreditava ser<br />
a relação entre o leitor e o texto no ato <strong>de</strong> leitura. Inúmeras são as razões que me<br />
levaram a optar por trabalhar com Balzac e a <strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong> no mestrado.<br />
Primeiro, por ter um enredo que cont<strong>em</strong>pla o t<strong>em</strong>a <strong>de</strong> nossa investigação e reflexão:<br />
o efeito transformador causado no leitor pela leitura literária; segundo, pelo fato do<br />
autor do romance ter r<strong>ea</strong>lizado uma releitura <strong>de</strong> sua obra para o cin<strong>em</strong>a, tornandose<br />
leitor <strong>de</strong> si mesmo e produtor <strong>de</strong> um novo texto, <strong>de</strong>ssa vez, cin<strong>em</strong>atográfico; e<br />
terceiro, por ser uma obra que causa um impacto como <strong>de</strong>scrito por Dostoievski<br />
sobre quando se lê um livro e t<strong>em</strong>os a sensação <strong>de</strong> o termos escrito, <strong>de</strong> nos<br />
<strong>de</strong>scobrirmos num outro ser, mesmo sendo nós mesmos.<br />
Deixa-me dizer-te, meu caro, po<strong>de</strong> b<strong>em</strong> acontecer que vás através <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />
s<strong>em</strong> saber que <strong>de</strong>baixo do teu nariz existe um livro no qual a tua vi<strong>da</strong> é<br />
<strong>de</strong>scrita <strong>em</strong> todo o <strong>de</strong>talhe. Aquilo do qual nunca te <strong>de</strong>ste conta antes,<br />
vais rel<strong>em</strong>brando aos poucos, assim que comeces a ler esse livro, e<br />
encontras e <strong>de</strong>scobres... alguns livros tu lês e lês e não lhe consegues<br />
encontrar qualquer sentido ou lógica, por mais que tentes. São tão<br />
'espertos' que não consegues perceber uma palavra <strong>da</strong>quilo que diz<strong>em</strong>...<br />
Mas esse livro que talvez esteja logo <strong>de</strong>baixo do teu nariz, tu lês e senteste<br />
como se tivesses sido tu próprio a escrevê-lo, tal como - como é que hei<strong>de</strong><br />
dizer? - tal como tivesses tomado posse do teu próprio coração -<br />
qualquer que este possa ser - e o tivesse virado do avesso <strong>de</strong> forma que as<br />
pessoas o consigam ver, e <strong>de</strong>scrito com todos os <strong>de</strong>talhes - tal e qual como<br />
ele é!<br />
E como isto é simples, meu Deus! Porque, eu próprio po<strong>de</strong>ria ter<br />
escrito este livro! Porque, <strong>de</strong> fato, por que é que eu próprio não<br />
escrevi este livro! (DOSTOIEVSKI, 1963, grifo nosso)<br />
Dostoievski nos apresenta uma forma <strong>de</strong> ler que perpassa pela simples<br />
<strong>de</strong>codificação dos códigos <strong>da</strong> língua e se eleva à alteri<strong>da</strong><strong>de</strong> 5 , como afirma Chartier<br />
(1999, p. 16) “A leitura não é somente uma operação abstrata <strong>de</strong> intelecção; ela é<br />
engajamento do corpo, inscrição num espaço, relação consigo e com os outros”,<br />
sendo esse um dos aspectos que procuramos ver <strong>de</strong> perto nos personagens <strong>da</strong> obra<br />
literária e cin<strong>em</strong>atográfica Balzac e a <strong>costureirinha</strong> <strong>chinesa</strong>.<br />
Como forma <strong>de</strong> abarcar todos os aspectos <strong>da</strong> leitura que nos propomos<br />
analisar, adotamos como metodologia a pesquisa bibliográfica, através <strong>da</strong> qual<br />
selecionamos autores que discorr<strong>em</strong> sobre as práticas leitoras e os efeitos durante o<br />
5 Alteri<strong>da</strong><strong>de</strong> no sentido <strong>de</strong> se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, com consi<strong>de</strong>ração,<br />
valorização, i<strong>de</strong>ntificação e dialogar com o outro.<br />
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