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em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

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No texto literário, t<strong>em</strong>os a impressão <strong>de</strong> que algo ain<strong>da</strong> ficou por ser dito.<br />

Esse ain<strong>da</strong> não era o final. É como se o leitor tivesse uma página <strong>em</strong> branco para<br />

<strong>da</strong>r fim à obra ou <strong>de</strong>svelar o não-dito. Neste contexto, Umberto Eco (2003, p.12)<br />

explica: “As obras literárias nos convi<strong>da</strong>m à liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> interpretação, pois<br />

propõ<strong>em</strong> um discurso com muitos planos <strong>de</strong> leitura” (ECO, 2003, p.12).<br />

A gran<strong>de</strong> lição, no final, é <strong>de</strong> que a leitura possui um po<strong>de</strong>r transformador e<br />

nos serve como instrumento <strong>de</strong> construção e elaboração do sujeito. O que falta para<br />

isso ficar mais evi<strong>de</strong>nte <strong>em</strong> nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> é as pessoas se conscientizar<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

que o sentido do texto não está pre<strong>de</strong>terminado nele mesmo, não <strong>de</strong>vendo o leitor<br />

ser um mero receptáculo. O que falta é o texto ser visto como um palimpsesto,<br />

sendo necessário o leitor ir além <strong>da</strong>s marcas linguísticas para perceber aquilo que<br />

está implícito.<br />

O ato <strong>de</strong> ler outorga ao leitor o direito <strong>de</strong> acesso ao outro, ocasionando o<br />

contato com a plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural, como acontece <strong>em</strong> Balzac e a Costureirinha<br />

Chinesa. O encontro com o outro permite ao leitor se compreen<strong>de</strong>r e reconhecer o<br />

seu en<strong>torno</strong>, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhando um melhor entendimento do lugar que assume<br />

socialmente, ou questionando essa posição.<br />

Sendo assim, a leitura é uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para um trabalho <strong>de</strong> comparação<br />

entre o “eu” e o “outro”, exercendo uma função transformadora, pois possibilita que o<br />

leitor recrie, transgri<strong>da</strong> e <strong>de</strong>sconstrua os padrões já existentes na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

contribuindo para a formação <strong>de</strong> um ci<strong>da</strong>dão crítico e lúcido.<br />

É com essas características muito peculiares <strong>de</strong> abstração e subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />

tessitura narrativa que os textos literários <strong>de</strong>rrubam pare<strong>de</strong>s entre r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> e ficção,<br />

sugam seus leitores para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmos, fazendo com que, num processo <strong>de</strong><br />

ruminação, estes se reelabor<strong>em</strong>, se reconstruam a ca<strong>da</strong> leitura.<br />

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