em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

5 CONCLUSÃO
108
[...] ler significa sair de si mesmo, estar aberto ao outro,
estar disponível.
É o leitor que faz o papel de receptor, de discriminador
e de co-produtor.
Maria Elizabeth Chaves de Mello 126
Nos capítulos precedentes, procuramos observar e analisar, a partir do
romance Balzac e a costureirinha chinesa e do filme homônimo, de que forma se
constitui a relevância do leitor no processo de construção e significação da obra
literária. Interessou-nos também avaliar o deslocamento do eixo literário para o
cinematográfico, verificando até que ponto o espectador, assim como o leitor, é um
agente ativo no momento de atribuições de sentido e interpretações da obra.
O deslocamento em questão se faz necessário, pois, vivendo numa
sociedade midiatizada, percebemos que a imagem fílmica e até mesmo a televisiva
possuem um apelo muito forte na sociedade, fazendo com que, dentro de um mundo
pragmático, imediatista e consumista, os textos literários tenham um espaço
reduzido, deixando de ser uma prática social, sendo considerados sem função e
tornando-se uma atividade mecânica, uma vez que muitos indivíduos só leem por
obrigação.
Mesmo que, a princípio, demonstrem tantas diferenças, sendo expressões
artísticas que se apropriam de diferentes instrumentos para despertar interesse,
126 C’est le lecteur qui joue le rôle du récepteur, du discriminateur et du co-producteur de l’oeuvre.
(MELLO, 2001, p. 338) A tradução é de minha responsabilidade.