em torno de balzac ea costureirinha chinesa - Repositório da ...

Sobre as projeções que são feitas da ficção para a vida real a partir da
interação entre texto e leitor, é importante retomarmos a fala de Marcel Proust, que
serve como epígrafe desse capítulo.
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Na realidade, todo leitor, quando lê, é o leitor de si mesmo. A obra do
escritor não passa de uma espécie de instrumento óptico que ele oferece
ao leitor a fim de permitir que este distinga aquilo que, sem o livro, talvez
não pudesse ver em si mesmo. (PROUST, 1958, p. 153)
Então, nos jogos de leituras constituídos no romance Balzac e a costureirinha
chinesa e no filme homônimo, o pensamento de Proust é facilmente reconhecido no
desfecho da narrativa, onde a costureirinha lê os textos literários, principalmente do
autor Balzac, relendo a si mesma a todo instante. Nesse ponto, as transformações
sofridas pela personagem convergem em direção ao próprio autor e produtor Dai
Sijie, porque, lendo o romance para o cinema, ele, no processo de escrita e leitura,
constrói a leitura de si mesmo. Ambos conhecem a transformação pela leitura, e a
transformação sofrida pela Costureirinha é aquela que também mais se aproxima da
sofrida pelo autor.
_Quem a transformou?
_Balzac.