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CAPÍTULO 2 - Minerva.ufpel.tche.br

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<strong>CAPÍTULO</strong> 2<<strong>br</strong> />

CARACTERÍSTICAS MAGNÉTICAS DOS MATERIAIS.<<strong>br</strong> />

CIRCUITOS MAGNÉTICOS<<strong>br</strong> />

Na maior parte das vezes os campos magnéticos, antes de constituírem em um fim<<strong>br</strong> />

em si mesmo, são um meio utilizado para alcançar um resultado; em outras palavras,<<strong>br</strong> />

geralmente não há sentido em gerar um campo magnético sem que este se destine à<<strong>br</strong> />

obtenção de algum outro tipo de fenômeno.<<strong>br</strong> />

Uma das maiores utilidades de um campo magnético é servir como "intermediário"<<strong>br</strong> />

para a transformação de energia elétrica em mecânica – e vice-versa -, em um processo<<strong>br</strong> />

conhecido como conversão eletro-mecânica de energia, presente nas máquinas elétricas.<<strong>br</strong> />

No caso de um gerador, por exemplo, a energia mecânica fornecida por uma fonte externa<<strong>br</strong> />

(digamos, um motor a gasolina) é transformada em energia elétrica, como mostra a Fig. 2.1;<<strong>br</strong> />

é o campo magnético quem propicia esta transformação, como veremos no próximo<<strong>br</strong> />

capítulo.<<strong>br</strong> />

Figura 2.1 - Fluxo de energia em um gerador elétrico<<strong>br</strong> />

Máquinas que utilizam campos magnéticos têm seus elementos constitutivos<<strong>br</strong> />

projetados de forma a proporcionar uma otimização na distribuição espacial destes campos.<<strong>br</strong> />

Esses dispositivos se constituem em verdadeiros circuitos magnéticos, distribuindo os<<strong>br</strong> />

fluxos magnéticos de maneira adequada ao bom funcionamento da máquina.<<strong>br</strong> />

2.1 PERMEABILIDADE MAGNÉTICA<<strong>br</strong> />

A permeabilidade magnética, simbolizada pela letra grega , é uma grandeza<<strong>br</strong> />

característica de cada material e se refere à sua capacidade em "aceitar" a existência de<<strong>br</strong> />

linhas de indução em seu interior. Assim, quanto maior for a permeabilidade de um<<strong>br</strong> />

material, mais facilmente se "instalarão" linhas de indução em seu interior.<<strong>br</strong> />

A permeabilidade magnética de um material pode ser comparada à condutância de<<strong>br</strong> />

um corpo: enquanto esta exprime o grau de "facilidade" com que a corrente elétrica<<strong>br</strong> />

percorre este corpo, aquela mede o grau de "facilidade" com que o fluxo magnético se<<strong>br</strong> />

estabelece no interior de um material.


Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

Figura 2.2 - Distribuição das linhas de indução geradas pela corrente i em um enrolamento:<<strong>br</strong> />

(a) com núcleo de ar; (b) com núcleo de material de alta permeabilidade magnética relativa.<<strong>br</strong> />

Denomina-se permeabilidade magnética relativa (r) de um material à relação<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

(2.1)<<strong>br</strong> />

r<<strong>br</strong> />

onde é a permeabilidade do material e o = 4 10 -7 Wb/A.m é a permeabilidade<<strong>br</strong> />

magnética do vácuo. Então, um material com r = 1.000 é capaz de aceitar em seu interior<<strong>br</strong> />

um número de linhas mil vezes maior que o vácuo.<<strong>br</strong> />

Para melhor visualizar esta propriedade, observe-se a Fig. 2.2, que mostra dois<<strong>br</strong> />

casos de distribuição de linhas de indução geradas pela corrente i que circula num<<strong>br</strong> />

enrolamento. Em (a) não existe núcleo 1 e as linhas se espalham por todo o espaço em torno<<strong>br</strong> />

do enrolamento; já em (b), as linhas de indução se concentram no interior do núcleo em<<strong>br</strong> />

torno do qual é feito o enrolamento, graças à elevada permeabilidade relativa do material,<<strong>br</strong> />

resultando em um fluxo magnético mais intenso. As poucas linhas que "escapam" através<<strong>br</strong> />

do espaço em torno do núcleo constituem o chamado fluxo de dispersão.<<strong>br</strong> />

A classificação magnética dos materiais é feita de acordo com sua permeabilidade<<strong>br</strong> />

magnética (ver Tab. 2.1):<<strong>br</strong> />

a) Materiais paramagnéticos são aqueles que cuja permeabilidade relativa é pouco<<strong>br</strong> />

maior que 1. Tais substâncias são levemente atraídas por campos magnéticos<<strong>br</strong> />

excepcionalmente fortes, porém esta atração é tão fraca que são consideradas nãomagnéticas.<<strong>br</strong> />

Nessa classe se encontra um grande número de substâncias, como o ar, o<<strong>br</strong> />

alumínio, o alumínio e a madeira.<<strong>br</strong> />

b) Materiais diamagnéticos, como o bismuto, o co<strong>br</strong>e e a água, possuem<<strong>br</strong> />

permeabilidade relativa um pouco menor que 1, sendo levemente repelidos por campos<<strong>br</strong> />

magnéticos muito fortes. Também aqui estas forças são muito fracas, sendo esses materiais<<strong>br</strong> />

considerados não-magnéticos.<<strong>br</strong> />

1 Ou, como se costuma dizer, a bobina tem núcleo de ar.<<strong>br</strong> />

13<<strong>br</strong> />

0


Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

c) Materiais ferromagnéticos, ou simplesmente materiais magnéticos, possuem<<strong>br</strong> />

permeabilidade relativa muito maior que 1, sendo fortemente atraídos por campos<<strong>br</strong> />

magnéticos em geral. Nesta categoria se incluem substâncias como o ferro, o cobalto, o<<strong>br</strong> />

níquel e algumas ligas industriais.<<strong>br</strong> />

Material<<strong>br</strong> />

Permeabilidade magnética relativa<<strong>br</strong> />

(R)<<strong>br</strong> />

Classificação<<strong>br</strong> />

magnética<<strong>br</strong> />

Bismuto 0,999833 diamagnética<<strong>br</strong> />

Água 0,999991 diamagnética<<strong>br</strong> />

Co<strong>br</strong>e 0,999995 diamagnética<<strong>br</strong> />

Ar 1,000000 paramagnética<<strong>br</strong> />

Oxigênio 1,000002 paramagnética<<strong>br</strong> />

Alumínio 1,000021 paramagnética<<strong>br</strong> />

Cobalto 170 ferromagnética<<strong>br</strong> />

Níquel 1.000 ferromagnética<<strong>br</strong> />

Ferro 7.000 ferromagnética<<strong>br</strong> />

Permalloy 1 100.000 ferromagnética<<strong>br</strong> />

(1) Liga composta por ferro (17%), molibdênio (4%) e níquel (79%).<<strong>br</strong> />

A Tab. 2.1 mostra o valor da permeabilidade magnética relativa de alguns materiais.<<strong>br</strong> />

É importante observar que se tratam de valores médios de permeabilidade, já que, como se<<strong>br</strong> />

verá adiante, esta pode variar significativamente de acordo com a intensidade dos campos<<strong>br</strong> />

magnéticos a que são submetidos os materiais.<<strong>br</strong> />

2.2. TEORIA DE GAUSS-EWING<<strong>br</strong> />

Embora sejam usadas há muito tempo, as propriedades magnéticas dos materiais até<<strong>br</strong> />

hoje não são perfeitamente explicadas. Acredita-se que a "fonte" do magnetismo está no<<strong>br</strong> />

movimento orbital dos elétrons em torno dos núcleos, gerando campos magnéticos<<strong>br</strong> />

infinitesimais.<<strong>br</strong> />

A chamada Teoria de Gauss-Ewing postula que em grande parte dos materiais esses<<strong>br</strong> />

campos se cancelam mutuamente devido ao movimento desordenado dos elétrons; nos<<strong>br</strong> />

materiais ferromagnéticos, entretanto, certos grupos de átomos estão "pareados", de forma<<strong>br</strong> />

que seus campos se somam, formando o que se chama de domínios magnéticos, cada um<<strong>br</strong> />

dos quais pode ser representado por um dipolo magnético semelhante a um ímã. Porém,<<strong>br</strong> />

numa dada amostra de material ferromagnético, o alinhamento dos domínios é também<<strong>br</strong> />

desordenado, como se mostra na Fig. 2.3(a), de forma que o material como um todo não<<strong>br</strong> />

apresenta qualquer característica magnética 2 .<<strong>br</strong> />

No entanto, se um campo magnético externo de intensidade H for aplicado à<<strong>br</strong> />

amostra, os domínios tendem a se alinhar por ele, como se vê na Fig. 2.3(b), reforçando<<strong>br</strong> />

assim as propriedades magnéticas do material. A amostra comporta-se como um ímã, cujos<<strong>br</strong> />

pólos são mostrados na figura; como se verá na Seção 2.3, esta "imantação" poderá ou não<<strong>br</strong> />

2 Uma exceção seria um mineral conhecido como magnetita, que naturalmente apresenta-se magnetizado; é,<<strong>br</strong> />

portanto, o único ímã natural que se conhece.<<strong>br</strong> />

14


Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

ser permanente, isto é, subsistir após a retirada do campo externo, dependendo do valor do<<strong>br</strong> />

mesmo.<<strong>br</strong> />

Figura 2.3 - Domínios em uma amostra de material: (a) não-magnético ou nãomagnetizado;<<strong>br</strong> />

(b) magnetizado pela aplicação de um campo magnético externo H<<strong>br</strong> />

Esta teoria explica satisfatoriamente algumas características dos materiais<<strong>br</strong> />

magnéticos:<<strong>br</strong> />

imãs naturais (ver nota de rodapé) já teriam os domínios naturalmente alinhados, de<<strong>br</strong> />

forma a produzir os efeitos magnéticos sem a necessidade de campo externo;<<strong>br</strong> />

não se consegue isolar os pólos de um ímã: se um desses for partido ao meio obtém-se<<strong>br</strong> />

dois ímãs completos, cada um com um pólo N e outro S;<<strong>br</strong> />

quando um ímã é submetido a choque mecânico ou aquecimento, pode perder sua<<strong>br</strong> />

imantação: é que a energia fornecida ao material nesses casos pode ser suficiente para<<strong>br</strong> />

desarranjar a orientação dos domínios;<<strong>br</strong> />

para se magnetizar uma agulha deve-se "esfregá-la" com o pólo de um ímã passado<<strong>br</strong> />

sempre no mesmo sentido: o ímã produz o papel de campo externo necessário e a<<strong>br</strong> />

movimentação constante promove um alinhamento dos domínios sempre no mesmo<<strong>br</strong> />

sentido.<<strong>br</strong> />

Quando um material magnético é submetido a um campo externo H , a indução<<strong>br</strong> />

magnética B é dada pela soma dos efeitos devidos ao campo externo e ao vetor chamado<<strong>br</strong> />

polarização magnética M , isto é:<<strong>br</strong> />

B o(H M)<<strong>br</strong> />

equação que, em módulo, pode ser colocada sob a forma<<strong>br</strong> />

M<<strong>br</strong> />

B o 1M H<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

O termo entre parênteses representa a permeabilidade magnética relativa do material,<<strong>br</strong> />

portanto<<strong>br</strong> />

B0 rH<<strong>br</strong> />

portanto, de acordo com a Eq. 2.1<<strong>br</strong> />

B H<<strong>br</strong> />

(2.2)<<strong>br</strong> />

que é a mesma Eq. 1.12 do capítulo anterior.<<strong>br</strong> />

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Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

2.3. CURVAS DE MAGNETIZAÇÃO<<strong>br</strong> />

Medidas realizadas em laboratório mostram que a relação B H dada pela Eq. 2.2 é<<strong>br</strong> />

essencialmente não-linear: se for traçado um gráfico relacionando o campo externo H com<<strong>br</strong> />

a indução magnética B no material, obtém-se uma curva do tipo mostrado na Fig. 2.4,<<strong>br</strong> />

conhecida como curva de magnetização ou característica BH do material.<<strong>br</strong> />

A Teoria de Gauss-Ewing também explica o comportamento dessas curvas:<<strong>br</strong> />

Na região I acontece um crescimento<<strong>br</strong> />

dos domínios favoravelmente<<strong>br</strong> />

alinhados com o campo externo.<<strong>br</strong> />

Nessa região as alterações são<<strong>br</strong> />

reversíveis: se o campo externo for<<strong>br</strong> />

retirado, os domínios voltarão a sua<<strong>br</strong> />

situação original, sem haver<<strong>br</strong> />

"fixação" das características<<strong>br</strong> />

magnéticas na amostra.<<strong>br</strong> />

Se H for aumentado até a região II, o<<strong>br</strong> />

aumento dos domínios é<<strong>br</strong> />

acompanhado de uma tendência de<<strong>br</strong> />

alinhamento de outros domínios com<<strong>br</strong> />

o campo externo. A partir dessa<<strong>br</strong> />

região, os efeitos magnéticos<<strong>br</strong> />

tornam-se irreversíveis, de forma que<<strong>br</strong> />

o material fica magnetizado mesmo<<strong>br</strong> />

se o campo externo for anulado.<<strong>br</strong> />

Figura 2.4 - Curva de magnetização típica de<<strong>br</strong> />

materiais magnéticos<<strong>br</strong> />

Na região III, a maioria dos domínios já está alinhada com o campo externo, de modo<<strong>br</strong> />

que é necessário um grande incremento de H para se conseguir um discreto aumento de<<strong>br</strong> />

B.<<strong>br</strong> />

Na região IV, todos os domínios da amostra estão alinhados com o campo externo; portanto<<strong>br</strong> />

um aumento de H não produz qualquer alteração de B. Diz-se que, nesta situação, o<<strong>br</strong> />

material atingiu a saturação magnética.<<strong>br</strong> />

Se for estabelecida uma pequena alteração H no valor do campo magnético, haverá<<strong>br</strong> />

um correspondente incremento B na indução magnética. A Eq. 2.2 permite concluir que<<strong>br</strong> />

B<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

H<<strong>br</strong> />

Se H 0, esta equação se transforma em uma derivada, que pode ser representada<<strong>br</strong> />

geometricamente pela tangente à curva BH em cada ponto. Vê-se, então, que a<<strong>br</strong> />

permeabilidade magnética não pode ser considerada uma constante: no ponto a mostrado na<<strong>br</strong> />

Fig. 2.4 a permeabilidade é maior que no ponto b. A exceção é feita para o vácuo, onde a<<strong>br</strong> />

permeabilidade é considerada constante e igual a 4 10 -7 Wb/A.m.<<strong>br</strong> />

Na Fig. 2.5 são mostradas as curvas de magnetização de alguns materiais<<strong>br</strong> />

magnéticos usados em aplicações comerciais.<<strong>br</strong> />

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Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

Figura 2.5 -- Curvas de magnetização de alguns materiais magnéticos comerciais<<strong>br</strong> />

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Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

2.4. HISTERESE<<strong>br</strong> />

Suponha-se que uma amostra de material magnético seja submetida a um campo<<strong>br</strong> />

magnético de intensidade H variável com o tempo (este é o caso típico de núcleos em torno<<strong>br</strong> />

dos quais são feitos enrolamentos excitados por CA). Se a amostra estiver inicialmente<<strong>br</strong> />

desmagnetizada e o campo for aumentando até o valor H1, a curva B H segue a linha 0a<<strong>br</strong> />

mostrada na Fig. 2.6. Caso o valor de H1 seja suficientemente elevado para atingir a região<<strong>br</strong> />

II da curva de magnetização, quando o campo externo decrescer a curva seguirá pela linha<<strong>br</strong> />

ab, de modo que para H = 0 o valor de B será dado pela ordenada 0b; este valor é chamado<<strong>br</strong> />

de magnetização residual, pois é a magnetização que "resta" no material após o campo<<strong>br</strong> />

externo ter-se reduzido a zero.<<strong>br</strong> />

Para desmagnetizar a amostra será necessário inverter o sentido do campo e<<strong>br</strong> />

aumentar sua intensidade até H2, valor conhecido<<strong>br</strong> />

como força coercitiva 3 . Se o campo continuar<<strong>br</strong> />

aumentando até o valor – H1 (isto é, no sentido<<strong>br</strong> />

contrário ao inicial), a curva B B seguirá a linha<<strong>br</strong> />

cd. No semiciclo seguinte o raciocínio é o mesmo,<<strong>br</strong> />

de forma que após completado um ciclo obtém-se<<strong>br</strong> />

uma curva semelhante à mostrada na Fig. 2.6,<<strong>br</strong> />

chamada curva de histerese.<<strong>br</strong> />

A forma do laço de histerese de um dado<<strong>br</strong> />

material depende do máximo valor do campo<<strong>br</strong> />

atingido no ciclo (H1). A curva obtida pela ligação<<strong>br</strong> />

dos vértices dos laços de histerese obtidos para<<strong>br</strong> />

diferentes valores de H1é chamada curva normal de<<strong>br</strong> />

magnetização,.<<strong>br</strong> />

Quando um material é submetido a um campo<<strong>br</strong> />

magnético externo alternado, seus domínios estarão<<strong>br</strong> />

em contínuo movimento, buscando alinhar-se com<<strong>br</strong> />

H. Isso causa um "atrito" entre os domínios,<<strong>br</strong> />

aquecendo o material e ocasionando as chamadas<<strong>br</strong> />

perdas por histerese. Demonstra-se que essas<<strong>br</strong> />

perdas são proporcionais à área encerrada na curva<<strong>br</strong> />

de histerese.<<strong>br</strong> />

Comprova-se experimentalmente que a<<strong>br</strong> />

potência dissipada por unidade de volume de<<strong>br</strong> />

Figura 2.6 – Formação do laço de<<strong>br</strong> />

material durante um ciclo de histerese é dada por<<strong>br</strong> />

histerese<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

Ph K h.f.B M<<strong>br</strong> />

(2.3)<<strong>br</strong> />

onde Kh e n são constantes que dependem do<<strong>br</strong> />

material e da própria densidade do campo<<strong>br</strong> />

magnético, enquanto f é a freqüência do campo magnético (em Hz) e BM é o máximo valor<<strong>br</strong> />

de B alcançado durante o ciclo.<<strong>br</strong> />

3 Este termo é derivado do verbo coagir, que significa o<strong>br</strong>igar, forçar. De fato este valor de H2 o<strong>br</strong>iga o<<strong>br</strong> />

material a se desmagnetizar.<<strong>br</strong> />

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Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

2.5. CIRCUITOS MAGNÉTICOS<<strong>br</strong> />

Nos dispositivos eletromecânicos – e aí se incluem geradores, motores, contactores,<<strong>br</strong> />

relés, etc. – a utilização de enrolamentos e núcleos objetiva o estabelecimento de fluxos<<strong>br</strong> />

magnéticos como meio de acoplamento na transformação de energia elétrica em mecânica,<<strong>br</strong> />

ou vice-versa. Nesses dispositivos, a função do núcleo é "canalizar" para os pontos<<strong>br</strong> />

desejados as linhas de indução do campo magnético geradas pelos enrolamentos. Fazendo<<strong>br</strong> />

uma analogia com os circuitos elétricos, os enrolamentos seriam como fontes, os fluxos<<strong>br</strong> />

magnéticos equivaleriam a correntes e os núcleos fariam o papel de condutores.<<strong>br</strong> />

Para tornar mais evidente esta analogia, tome-se um núcleo toroidal, como o da Fig.<<strong>br</strong> />

2.7(a), com seção transversal circular de raio r, confeccionado com um material de elevada<<strong>br</strong> />

permeabilidade magnética . Em torno do mesmo é feito um enrolamento de N espiras<<strong>br</strong> />

onde circula a corrente constante I, gerando um campo magnético. Como a permeabilidade<<strong>br</strong> />

do material magnético é muito maior que a do ar que o circunda, é válido pensar que as<<strong>br</strong> />

linhas de indução estará confinadas ao núcleo.<<strong>br</strong> />

Figura 2.6 - Bobina toroidal: (a) aspecto físico; (b) circuito elétrico análogo<<strong>br</strong> />

Pode-se deduzir que o campo magnético no interior desse núcleo não é uniforme, já<<strong>br</strong> />

que as espiras estão mais próximas entre si na parte interna do que na externa, o que<<strong>br</strong> />

significa que o campo vai enfraquecendo em direção à parte exterior do núcleo. Para<<strong>br</strong> />

contornar esse problema, que dificulta o processo de cálculos, toma-se a linha de indução<<strong>br</strong> />

correspondente a um raio médio R, representada por uma linha tracejada na Fig. 2.7(a) e<<strong>br</strong> />

aplica-se a Lei de Ampère (Eq. 1.13). Como cada uma das espiras transporta a corrente I e<<strong>br</strong> />

contribui para a formação do campo no interior do núcleo, a corrente total é NI, então<<strong>br</strong> />

H dl<<strong>br</strong> />

Hl<<strong>br</strong> />

NI<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

onde l = 2R corresponde ao comprimento médio do núcleo.<<strong>br</strong> />

Uma vez que a corrente no enrolamento é a "fonte" geradora do magnetismo, o<<strong>br</strong> />

termo NI é chamado de força magnetomotriz (a<strong>br</strong>eviadamente f.m.m.), simbolizada por F.<<strong>br</strong> />

Então<<strong>br</strong> />

F NI Hl<<strong>br</strong> />

(2.4)<<strong>br</strong> />

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Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

As principais unidades de f.m.m. são:<<strong>br</strong> />

Ampère-espira (A-e) – usada no Sistema Internacional<<strong>br</strong> />

e Gilbert = 0,7958 A-e.<<strong>br</strong> />

O fluxo magnético no interior do núcleo será<<strong>br</strong> />

ou, ainda<<strong>br</strong> />

S<<strong>br</strong> />

BS HS<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

1 l <<strong>br</strong> />

F <<strong>br</strong> />

(2.5)<<strong>br</strong> />

S <<strong>br</strong> />

O termo entre parênteses nessa equação lem<strong>br</strong>a a expressão para o cálculo da resistência<<strong>br</strong> />

elétrica R de um corpo, dada por<<strong>br</strong> />

1 l<<strong>br</strong> />

R <<strong>br</strong> />

S<<strong>br</strong> />

onde é a condutividade elétrica do material, l é o comprimento do condutor e S é a área<<strong>br</strong> />

de sua seção transversal. Por esta razão, denomina-se relutância (R) à relação<<strong>br</strong> />

1 l<<strong>br</strong> />

R <<strong>br</strong> />

(2.6)<<strong>br</strong> />

S<<strong>br</strong> />

cuja unidade no Sistema Internacional é o Ampère-espira/Webber (A-e/Wb). Assim, a<<strong>br</strong> />

Eq. 2.5 pode ser reescrita como<<strong>br</strong> />

F R <<strong>br</strong> />

(2.7)<<strong>br</strong> />

que é a chamada Lei de Ohm para circuitos magnéticos, dada sua semelhança com a lei<<strong>br</strong> />

homônima para circuitos elétricos.<<strong>br</strong> />

A semelhança entre os circuitos magnéticos e elétricos é evidente. Na Tab. 2.2<<strong>br</strong> />

mostra-se a analogia entre as grandezas mais comumente encontradas em um e outro tipo<<strong>br</strong> />

de circuito. O circuito elétrico análogo ao da Fig. 2.7(a) é mostrado na Fig. 2.7(b).<<strong>br</strong> />

Tabela 2.1 - Analogia entre grandezas dos circuitos elétricos e magnéticos<<strong>br</strong> />

Circuito elétrico Circuito magnético<<strong>br</strong> />

Grandeza Símbolo Grandeza Símbolo<<strong>br</strong> />

Corrente I Fluxo magnético <<strong>br</strong> />

Densidade de corrente J Densidade de fluxo magnético B<<strong>br</strong> />

Força eletromotriz (tensão) V Força magnetomotriz F<<strong>br</strong> />

Intensidade de campo elétrico E Intensidade de campo magnético H<<strong>br</strong> />

Condutividade elétrica Permeabilidade magnética <<strong>br</strong> />

Resistência R Relutância R<<strong>br</strong> />

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Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

Exemplo 2.1<<strong>br</strong> />

Uma bobina é confeccionada com 500 espiras enroladas em torno de um núcleo<<strong>br</strong> />

toroidal semelhante ao da Fig. 2.7(a), sendo a = 11 cm e b = 9 cm. Desejando-se<<strong>br</strong> />

estabelecer no interior desse núcleo um fluxo magnético médio igual a 0,2 mWb,<<strong>br</strong> />

determinar a corrente I necessária, supondo-se que o material é: (a) plástico; (b) ferro<<strong>br</strong> />

fundido; (c) aço fundido.<<strong>br</strong> />

Solução<<strong>br</strong> />

O circuito elétrico análogo é mostrado na Fig. 2.7(b), Pelas dimensões dadas, seguese<<strong>br</strong> />

que o raio médio é R = 10 cm = 0,1 m e o comprimento médio do núcleo é<<strong>br</strong> />

l 2R 0,63 m<<strong>br</strong> />

Como o raio da área de seção transversal é r = 1 cm = 0,01 m, a área desta seção será<<strong>br</strong> />

2 4<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

S r 3,14 10 m<<strong>br</strong> />

Qualquer que seja o material do núcleo, a indução magnética em seu interior é dada pela<<strong>br</strong> />

Eq. 1.2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

B 0,64 T<<strong>br</strong> />

S<<strong>br</strong> />

(a) No caso de plástico, bem como qualquer material não-magnético, pode-se considerar o<<strong>br</strong> />

valor da permeabilidade magnética muito próxima ao do vácuo; logo, conforme a Eq. 1.13<<strong>br</strong> />

B A e<<strong>br</strong> />

H 506.862,88<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

Então<<strong>br</strong> />

Hl<<strong>br</strong> />

F NI Hl<<strong>br</strong> />

I 638,65 A<<strong>br</strong> />

N<<strong>br</strong> />

(b) Na curva de magnetização do ferro-fundido (Fig. 2.5) vê-se que a saturação é atingida<<strong>br</strong> />

para valores de B ligeiramente superiores a 0,4 T; assim, um núcleo desse material, com as<<strong>br</strong> />

dimensões dadas, não é capaz de atingir o valor desejado de 0,64 T, o que significa, em<<strong>br</strong> />

outras palavras, que não é possível obter-se o fluxo de 0,2 mWb nesse núcleo.<<strong>br</strong> />

(c) Na curva de magnetização do aço fundido, para B = 0,64 T H = 420 A-e/m, logo<<strong>br</strong> />

420 0,63<<strong>br</strong> />

I 0,53 A<<strong>br</strong> />

500<<strong>br</strong> />

Em circuitos magnéticos práticos, tais como em máquinas elétricas, normalmente<<strong>br</strong> />

existem peças móveis, de modo que os núcleos possuem espaços livres chamados<<strong>br</strong> />

entreferros. Ao cruzarem o entreferro, as linhas de indução se deformam - criando o<<strong>br</strong> />

chamado efeito de espalhamento – devido ao aumento da relutância neste trecho, como se<<strong>br</strong> />

vê na Fig. 2.8(a). Na maioria das situações esse efeito pode ser desconsiderado; porém, se<<strong>br</strong> />

forem necessários cálculos mais precisos pode-se corrigir a influência dessa deformação<<strong>br</strong> />

somando-se à cada uma das dimensões relativas à seção do entreferro o comprimento do<<strong>br</strong> />

mesmo. Assim, se a e b forem respectivamente a largura e a profundidade do núcleo e g for<<strong>br</strong> />

o comprimento do entreferro, como se mostra na Fig. 2.8(b), a seção reta do entreferro será<<strong>br</strong> />

dada por<<strong>br</strong> />

S = (a + g) (b + g) (2.8)<<strong>br</strong> />

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Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

Figura 2.7 - Efeito de espalhamento: (a) deformação das linhas de indução no entreferro;<<strong>br</strong> />

(b) dimensões usadas para a correção.<<strong>br</strong> />

Outro fator que deve ser considerado em cálculos mais precisos é o fluxo de<<strong>br</strong> />

dispersão, já mencionado na Seção 2.1. Porém, desde que o material tenha permeabilidade<<strong>br</strong> />

magnética relativa muito alta, este fluxo tem valor muito baixo e sua influência nos<<strong>br</strong> />

resultados é desprezível.<<strong>br</strong> />

Um último aspecto a ser considerado nos<<strong>br</strong> />

cálculos em circuitos magnéticos é que<<strong>br</strong> />

Figura 2.8 - Laminação do núcleo<<strong>br</strong> />

normalmente os núcleos são laminados, como<<strong>br</strong> />

forma de redução das correntes parasitas. Então, a<<strong>br</strong> />

espessura do isolamento que separa cada par de<<strong>br</strong> />

lâminas deve ser descontada no cálculo da área; em<<strong>br</strong> />

outras palavras, a área efetivamente disponível para<<strong>br</strong> />

o fluxo (Sf) é menor que a área total do núcleo (S).<<strong>br</strong> />

A relação entre essas duas áreas é chamada de fator de empilhamento 4 (f), isto é<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

f (2.9)<<strong>br</strong> />

valor que também pode ser expresso em termos percentuais.<<strong>br</strong> />

A analogia entre os circuitos magnéticos e elétricos pode ser estendida. A relutância<<strong>br</strong> />

ao longo de um dispositivo eletromagnético pode variar, devido à mudança de dimensões,<<strong>br</strong> />

de permeabilidade (quando se usam materiais diferentes, por exemplo) ou à existência de<<strong>br</strong> />

entreferros. Então, a relutância de cada um desses trechos pode ser considerada um<<strong>br</strong> />

"elemento", de sorte que haverá circuitos série ou paralelo.<<strong>br</strong> />

a) Circuito magnético série: quando todos os elementos são "atravessados" pelo mesmo<<strong>br</strong> />

fluxo magnético . Se n for o número de elementos associados em série, a f.m.m. total será<<strong>br</strong> />

dada pela soma das f.m.m. parciais, isto é<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

22<<strong>br</strong> />

S<<strong>br</strong> />

S<<strong>br</strong> />

F F F ... F<<strong>br</strong> />

1 2<<strong>br</strong> />

n<<strong>br</strong> />

(2.10)<<strong>br</strong> />

4 Est relação também é conhecida como fator de ferro ou fator de laminação.


Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

que equivale à Lei das Tensões de Kirchoff dos circuitos elétricos<<strong>br</strong> />

Exemplo 2.2<<strong>br</strong> />

O circuito magnético da Fig. 2.10(a) tem enrolamento de 1.500 espiras. Determinar<<strong>br</strong> />

a corrente I necessária para estabelecer um fluxo de 10 mWb nos entreferros, sabendo que o<<strong>br</strong> />

fator de empilhamento do elemento de aço-silício é igual a 90%, enquanto que o elemento<<strong>br</strong> />

de aço fundido é maciço. Desprezar o efeito do espalhamento e o fluxo de dispersão.<<strong>br</strong> />

Solução<<strong>br</strong> />

Na Fig. 2.10(b) é mostrado o circuito elétrico análogo. A f.m.m. deve ser calculada<<strong>br</strong> />

em cada um dos elementos.<<strong>br</strong> />

Figura 2.9 - Exemplo 2.2: (a) circuito magnético; (b) circuito elétrico análogo<<strong>br</strong> />

Entreferros<<strong>br</strong> />

lef = 0,1 cm = 10 -3 m Sef = 10 cm 20 cm = 200 cm 2 = 0,02 m 2<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

1010 Eq. 1 .2 : Bef 0,5T<<strong>br</strong> />

S 0,02<<strong>br</strong> />

ef<<strong>br</strong> />

B 0,5 A e<<strong>br</strong> />

Eq. 1 .12 : H 397.887,36<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

ef<<strong>br</strong> />

f<<strong>br</strong> />

o 7<<strong>br</strong> />

410 3<<strong>br</strong> />

Eq. 2.1: F f Hef lf<<strong>br</strong> />

397.887,36 10 397,89 A e (para cada entreferro)<<strong>br</strong> />

Elemento de aço-silício:<<strong>br</strong> />

las = 2 (30 + 5) + 30 + (2 5) = 110 cm = 1,1 m<<strong>br</strong> />

Sas = f (10 20) = 180 cm 2 = 0,018 m 2<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

1010 B 0,56T<<strong>br</strong> />

as<<strong>br</strong> />

Sas 0,018<<strong>br</strong> />

Entrando com este valor na curva BH do aço-silício (Fig. 2.5): Has = 80 A-e/m<<strong>br</strong> />

Fas = Haslas = 80 1,1 = 88 A-e.<<strong>br</strong> />

23


Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

Elemento de aço fundido:<<strong>br</strong> />

laf = 2 7,5 + (25) + 30 = 55 cm = 0,55 m<<strong>br</strong> />

Saf = 15 20 = 300 cm 2 = 0,03 m 2<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

1010 B 0,33T<<strong>br</strong> />

af<<strong>br</strong> />

Saf 0,03<<strong>br</strong> />

Entrando com este valor na curva BH do aço fundido(Fig. 2.5): Has = 260 A-e/m<<strong>br</strong> />

Faf = Haflaf = 260 0,55 = 143 A-e.<<strong>br</strong> />

Aplicando a Eq. 2.10, encontra-se a f.m.m. total<<strong>br</strong> />

FT = 2 F1 + Fas + Faf = 1.026,78 A-e<<strong>br</strong> />

Entrando com este valor na Eq. 2.4<<strong>br</strong> />

T 1026,<<strong>br</strong> />

78<<strong>br</strong> />

I 0,<<strong>br</strong> />

68A<<strong>br</strong> />

N 1500<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

b) Circuito magnético paralelo: a f.m.m. em cada um dos elementos é a mesma; o fluxo<<strong>br</strong> />

magnético total é dado pela soma algé<strong>br</strong>ica dos fluxos magnéticos individuais, isto é<<strong>br</strong> />

T = 1 + 2 + ... + n<<strong>br</strong> />

(2.11)<<strong>br</strong> />

onde n é o número de elementos (percursos) do núcleo.<<strong>br</strong> />

Exemplo 2.3<<strong>br</strong> />

O núcleo da Fig. 2.11(a) é de aço fundido maciço, sendo o enrolamento dividido em<<strong>br</strong> />

duas partes, cada qual com número N de espiras. Sabendo que uma corrente de 0,8 A<<strong>br</strong> />

produz no entreferro um fluxo magnético igual a 5 mWb, determinar o valor de N.<<strong>br</strong> />

Desprezar o efeito do espalhamento e o fluxo de dispersão.<<strong>br</strong> />

Figura 2.10 - Exemplo 2.3: (a) circuito magnético; (b) circuito elétrico análogo<<strong>br</strong> />

Solução<<strong>br</strong> />

O circuito elétrico análogo é mostrado na Fig. 2.11(b). Considerando que os<<strong>br</strong> />

enrolamentos são idênticos e que existe total simetria do núcleo, pode-se deduzir que cada<<strong>br</strong> />

parte do enrolamento fornecerá a metade do fluxo magnético na "perna" central. Assim<<strong>br</strong> />

24


Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

e d 2,5 mWb<<strong>br</strong> />

onde e, d e c correspondem, respectivamente ao fluxo nas pernas esquerda, direita e<<strong>br</strong> />

central do núcleo.<<strong>br</strong> />

Entreferro<<strong>br</strong> />

lef = 0,1 cm = 0,001 m Sef = 10 10 = 100 cm 2 = 0,01 m 2<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

c Bef 0,5<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

Sef<<strong>br</strong> />

B Ae ef Hef 397.887,36<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

Fef = Heflef = 397,89 A-e<<strong>br</strong> />

Perna esquerda<<strong>br</strong> />

le = 30 + 40 + 30 = 100 cm = 1 m Se = 10 10 = 100 cm 2 = 0,01 m<<strong>br</strong> />

Ae B 0,25 T H 230<<strong>br</strong> />

S m<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

e e<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

Fe = Hele = 230 A-e<<strong>br</strong> />

Perna central (trecho bghe), excetuando o entreferro<<strong>br</strong> />

lc = 40 – 0,1 = 39,9 cm = 0,399 m Sc = 10 10 = 100 cm 2 = 0,01 m<<strong>br</strong> />

Ae B 0,5 T H 350<<strong>br</strong> />

S m<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

c c<<strong>br</strong> />

c<<strong>br</strong> />

Fc = Hclc = 139,65 A-e<<strong>br</strong> />

Aplicando a Eq. 2.10 ao trecho abghde: FT = Fe + Fc + Fef = 767,54 A-e. O número de<<strong>br</strong> />

espiras é dado pela Eq. 2.4:<<strong>br</strong> />

T<<strong>br</strong> />

N 959,<<strong>br</strong> />

43 espiras<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

F<<strong>br</strong> />

960 espiras<<strong>br</strong> />

Nos exemplos anteriores observa-se que, apesar de seu pequeno comprimento, o<<strong>br</strong> />

entreferro "concentra" uma f.m.m. bastante elevada; isto se deve à sua elevada relutância a<<strong>br</strong> />

qual, por sua vez, resulta da baixa permeabilidade magnética do ar. Esta constatação é útil<<strong>br</strong> />

na solução de outro tipo de problema: a determinação do fluxo magnético uma vez<<strong>br</strong> />

conhecida a f.m.m. Nesse caso, como não se conhece o valor de B no núcleo, não é possível<<strong>br</strong> />

o cálculo de H – e conseqüentemente de F – no elemento.<<strong>br</strong> />

Um método simplificado para a solução nesses casos é o das aproximações<<strong>br</strong> />

sucessivas: supõe-se, inicialmente, que toda a relutância do circuito está contida no<<strong>br</strong> />

entreferro e calcula-se a F requerida, comparando-a à F real. Ajusta-se, então, o valor de B<<strong>br</strong> />

para mais ou para menos e repete-se os cálculos. Prossegue-se assim até que a f.m.m. dada<<strong>br</strong> />

e a calculada atinjam uma diferença pré-fixada (por exemplo, 5%) e, por fim, calcula-se o<<strong>br</strong> />

fluxo<<strong>br</strong> />

25


Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

Exemplo 2.4<<strong>br</strong> />

Dado o núcleo maciço de aço fundido da Fig. 2.12(a), determinar o fluxo magnético<<strong>br</strong> />

em seu entreferro, sabendo-se que I = 0,5 A e N = 1.000 espiras. Desconsiderar os efeitos<<strong>br</strong> />

do espelhamento e do fluxo de dispersão.<<strong>br</strong> />

Solução<<strong>br</strong> />

O circuito elétrico análogo é mostrado na Fig. 2.12(b). A f.m.m. real é F = NI = 500<<strong>br</strong> />

A-e. As medidas neste exemplo são:<<strong>br</strong> />

Entreferro: lef = 0,1 cm = 0,001 m Sef = 5 10 = 50 cm 2 = 0,005 m 2<<strong>br</strong> />

Núcleo : ln = 4 15 – 0,1 = 59,9 cm = 0,599 m Sn = 5 10 = 50 cm 2 = 0,005 m 2<<strong>br</strong> />

1 a Aproximação – desconsidera-se a relutância do núcleo, portanto Fn = 0 e<<strong>br</strong> />

F A e<<strong>br</strong> />

Fef = F = Heflef Hf<<strong>br</strong> />

500.<<strong>br</strong> />

000<<strong>br</strong> />

l<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

Bef = oHef = 0,63 T<<strong>br</strong> />

ef<<strong>br</strong> />

Vê-se, porém, que o valor de Bef será menor do que este, já que a f.m.m. no núcleo deve ser<<strong>br</strong> />

considerada.<<strong>br</strong> />

Figura 2.11 - Exemplo 2.4: (a) circuito magnético; (b) circuito elétrico análogo<<strong>br</strong> />

2 a Aproximação – fazendo Bef = 0,6 T<<strong>br</strong> />

Bef Ae Entreferro: Hef 477.464.83<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

o<<strong>br</strong> />

Fef = Heflef = 477,46 A-e<<strong>br</strong> />

Núcleo: Bn = Bef = 0,6 T Hn = 400<<strong>br</strong> />

26<<strong>br</strong> />

A e<<strong>br</strong> />

m<<strong>br</strong> />

Fn = Hnln = 239,60 A-e<<strong>br</strong> />

Aplicando a Eq. 2.10: F = Fn + Fef = 717,06. Este valor é cerca de 43% maior que o valor<<strong>br</strong> />

da f.m.m. real, logo é necessária nova aproximação.


Máquinas e Transformadores Elétricos Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

3 a Aproximação – fazendo Bef = 0,5 T e refazendo os cálculos<<strong>br</strong> />

Entreferro: Hef = 397.887,36 A-e/m Fef = 397,89 A-e<<strong>br</strong> />

Núcleo: Hn = 350 A-e/m Fn = 209,65 A-e<<strong>br</strong> />

F = Fn + Fef = 607,54 A-e (cerca de 21,5% maior que o valor real).<<strong>br</strong> />

4 a Aproximação – fazendo Bef = 0,4 T e refazendo os cálculos<<strong>br</strong> />

Entreferro: Hef = 318.309,896 A-e/m Fef = 318,31 A-e<<strong>br</strong> />

Núcleo: Hn = 300 A-e/m Fn = 179,70 A-e<<strong>br</strong> />

F = Fn + Fef = 498,01 A-e (valor apenas 0,4% menor que o real).<<strong>br</strong> />

Portanto, adotando-se Bef = 0,4 T: ef = Bef Sef = 2 mwB<<strong>br</strong> />

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