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Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...

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discurso que asseguram sua legitimida<strong>de</strong> política. Nas palavras da autora, “Todas<br />

as instituições políticas são manifestações e materializações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r; Petrificam<br />

e <strong>de</strong>caem quando o po<strong>de</strong>r vivo do povo cessa <strong>de</strong> lhes sustentar.” 235 E, conforme<br />

afirmado no ensaio O que é Liberda<strong>de</strong>?, “as instituições políticas – não importa<br />

quão bem ou mal sejam projetadas – <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, para a sua existência<br />

permanente, <strong>de</strong> homens em ação, e sua conservação é obtida pelos mesmos<br />

meios que as trouxeram à existência. (...) a total <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> atos posteriores<br />

para mantê-lo em existência caracteriza o Estado como um produto da ação.” 236<br />

Nas suas formulações, <strong>Arendt</strong> estabelece um nexo entre a legitimação <strong>de</strong><br />

uma dada comunida<strong>de</strong> política e a geração <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r através das potencialida<strong>de</strong>s<br />

da ação e do discurso, posto que para a autora as instituições políticas repousam<br />

na opinião e na ação dos cidadãos constituídos em po<strong>de</strong>r 237 . Não obstante, a<br />

<strong>de</strong>speito <strong>de</strong> serem as pré-condições que asseguram legitimação aos organismos<br />

políticos, na sua pura contingência e potencialida<strong>de</strong> os acordos firmados na esfera<br />

pública não são suficientes para estabelecer uma comunida<strong>de</strong> política<br />

salvaguardada na permanência e estendida a todos que coexistem no seu interior.<br />

É a partir daqui que retomaremos o conceito <strong>de</strong> fundação política no pensamento<br />

da autora, em particular, no registro secular que o tema apresenta na obra Sobre a<br />

Revolução.<br />

235 H. ARENDT, H. Da violência, In CR, p. 120. HABERMAS, J. “Esses fenômenos da aquisição e<br />

da preservação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r induziram teóricos políticos, <strong>de</strong> Hobbes a Schumpeter, ao erro <strong>de</strong><br />

confundir o po<strong>de</strong>r com um potencial para a ação estratégia bem sucedida. Contra essa tradição,<br />

em que também se inscreve Max Weber, po<strong>de</strong> H. <strong>Arendt</strong> fazer valer com razão o argumento <strong>de</strong><br />

que as confrontações estratégicas em torno do po<strong>de</strong>r político nem produziram nem preservam as<br />

instituições nas quais esse po<strong>de</strong>r está enraizado. As instituições políticas não vivem da violência,<br />

mas do reconhecimento.” “O conceito <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r em <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong>”, In HABERMAS. (Org.)<br />

FREITAG, B e ROUANET, S. P. p.112. Para uma comparação entre os dois filósofos, ver: Theresa<br />

CALVET, Ação e Po<strong>de</strong>r em H. <strong>Arendt</strong> e J. Habermas, In Ensaio 15 : 185-200. J-M. FERRY,<br />

“Habermas critique <strong>de</strong> <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong>”, Espirit. 6 : 109-124.<br />

236 H. ARENDT, O que é Liberda<strong>de</strong>?, In EPF, p. 200.<br />

237 J. HABERMAS, “O po<strong>de</strong>r legítimo só se origina entre aqueles que forma convicções comuns<br />

num processo <strong>de</strong> comunicação não-coercitiva.” O conceito <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r em <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong>, In<br />

HABERMAS, p. 112.

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