16.04.2013 Views

Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...

Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...

Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

segundo sua aceitação ou recusa, é que <strong>Arendt</strong> proce<strong>de</strong> à diferenciação<br />

terminológica entre estes termos.<br />

Se o po<strong>de</strong>r, como mencionado, correspon<strong>de</strong> à capacida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> agir<br />

em concerto, para a autora, a força significa “a qualida<strong>de</strong> natural <strong>de</strong> um indivíduo<br />

isolado” 231 . Enquanto o po<strong>de</strong>r existe entre os homens e é mantido através da<br />

ação e da palavra, a força é uma qualida<strong>de</strong> “natural” e “individual”. Também se<br />

contrastando com a violência, enquanto o po<strong>de</strong>r é práxis manifesta através da<br />

ação e da palavra e existe somente na sua potencialida<strong>de</strong>, a violência se <strong>de</strong>fine<br />

pelo seu caráter instrumental, pelos implementos utilizados visando à submissão,<br />

e é orientado pela categoria meio-fim 232 .<br />

Ao estabelecer esta separação entre po<strong>de</strong>r e violência, situando o po<strong>de</strong>r<br />

político no domínio da práxis discursiva e a violência no âmbito da<br />

instrumentalida<strong>de</strong> da categoria meio-fim, <strong>Arendt</strong> não <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra a influência que<br />

as questões instrumentais <strong>de</strong> governo <strong>de</strong>sempenham no âmbito político. É que<br />

para a autora,a própria “estrutura <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r em si prece<strong>de</strong> e dura mais que<br />

qualquer meta, <strong>de</strong> tal modo que o po<strong>de</strong>r, longe <strong>de</strong> ser o meio para atingir um fim, é<br />

na verda<strong>de</strong> a própria condição que permite a um grupo <strong>de</strong> pessoas pensar e agir<br />

conforme a categoria dos meios-fins.” 233<br />

Na sua análise, <strong>Arendt</strong> está interessada nas condições que asseguram<br />

legitimação às instituições políticas. Estas condições estão gestadas no espaço<br />

intersubjetivo da ação e do discurso, e é através <strong>de</strong>stas ativida<strong>de</strong>s que se<br />

assegura consentimento às instituições políticas nos quais o po<strong>de</strong>r está<br />

materializado. Este consentimento gerado é resultado “<strong>de</strong> escolha <strong>de</strong>liberada e<br />

opinião consi<strong>de</strong>rada” 234 , processos estes estabelecidos na esfera pública. Para<br />

<strong>Arendt</strong>, é no consentimento gestado na esfera pública que repousa o po<strong>de</strong>r que é<br />

institucionalizado no governo. Quando o po<strong>de</strong>r gestado recru<strong>de</strong>sce em função do<br />

monopólio que é estabelecido pelo governo, as instituições políticas resvalam na<br />

impotência, uma vez que estão <strong>de</strong>sancoradas das estruturas da ação e do<br />

231 H. ARENDT, CHM, p. 259. [Trad. bras. p. 212]<br />

232 H. ARENDT, Da violência, In CR, p. 124.<br />

233 I<strong>de</strong>m, Da violência, In CR, p. 129.<br />

234 H. ARENDT, SR. p. 76. Para a noção <strong>de</strong> consentimento, ver na mesma obra p. 166-167.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!