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Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...

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opinião política na constituição do domínio político. 197 Conforme a autora, “As<br />

opiniões surg[em] por toda parte em que os homens comuniquem livremente uns<br />

com os outros e tenham direito <strong>de</strong> possuir as suas idéias políticas;(...) estas idéias,<br />

na sua infindável varieda<strong>de</strong>” 198 , estão relacionadas ao lugar que cabe a cada<br />

indivíduo em um mundo comum constituído pluralmente sob diferentes<br />

perspectivas. Para <strong>Arendt</strong>, as opiniões cumprem o papel <strong>de</strong> ativar politicamente a<br />

pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perspectivas dos indivíduos que habitam um mundo comum,<br />

predispondo-as ao <strong>de</strong>bate, à discussão e à <strong>de</strong>liberação, conforme os diferentes<br />

pontos <strong>de</strong> vista percebem o mundo a partir <strong>de</strong> posições distintas. Nas palavras da<br />

autora, “nenhuma formação <strong>de</strong> opinião é sequer possível quando todas as<br />

opiniões se tornaram iguais. Como ninguém é capaz <strong>de</strong> formar a sua própria<br />

opinião sem se aproveitar <strong>de</strong> uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> opiniões <strong>de</strong>fendidas por outros, a<br />

norma da opinião pública põe em perigo até mesmo a opinião daqueles poucos<br />

que passaram ter a força <strong>de</strong> não partilhar.” 199<br />

A opinião discursiva articulada na pluralida<strong>de</strong> assevera sua valida<strong>de</strong><br />

conforme “a força da opinião’ é <strong>de</strong>terminada pela confiança do indivíduo ‘no<br />

número dos que ele supõe que nutram as mesmas opiniões’(Madison)” 200 .<br />

Consoante os homens se articulam pela palavra, eles estabelecem pactos<br />

provisórios segundo os acordos que são estabelecidos pela mediação discursiva.<br />

Estas opiniões manifestas po<strong>de</strong>m se confrontar persuasivamente, tecendo<br />

intersubjetivamente um espaço mediado pelo conflito, pela discussão e pelo<br />

convencimento. No ensaio “Verda<strong>de</strong> e <strong>Política</strong>”, <strong>Arendt</strong> apresenta o modo como a<br />

opinião discursiva se constitui e assevera sua valida<strong>de</strong> na esfera pública.<br />

“Formo uma opinião consi<strong>de</strong>rando um dado tema <strong>de</strong> diferentes pontos <strong>de</strong> vista, fazendo<br />

presentes em minha mente as posições dos que estão ausentes; isto é, eu os represento. Esse<br />

processo <strong>de</strong> representação não adota cegamente as concepções efetivas dos que se encontram<br />

em algum outro lugar, e por conseguinte contempla o mundo <strong>de</strong> uma perspectiva diferente; não é<br />

uma questão <strong>de</strong> empatia como seu eu procurasse ser ou sentir como alguma outra pessoa, nem<br />

197<br />

G. AGAMBEN, Os Direitos do Homem e a Biopolítica”, In Homo Sacer – O po<strong>de</strong>r soberano e a<br />

vida nua 1, p. 134.<br />

198<br />

H. ARENDT, “e que esse domínio <strong>de</strong>saparecia pura e simplesmente no preciso momento em<br />

que a troca <strong>de</strong> opiniões se tornasse supérflua porque sucedia que todos eram da mesma opinião”.<br />

SR, p. 224.<br />

199<br />

I<strong>de</strong>m, SR, p. 223.<br />

200<br />

H. ARENDT, Verda<strong>de</strong> e <strong>Política</strong>, In EPF, p. 292.

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