16.04.2013 Views

Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...

Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...

Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

fundações em que assentavam no Oci<strong>de</strong>nte as estruturas políticas” 174 era confirmada por<br />

Montesquieu e Burke ao atestarem que a autorida<strong>de</strong> das fundações políticas dos Estados<br />

nacionais não gozava da confiança daqueles que eram governados, estando ancoradas mais<br />

na força <strong>de</strong> hábitos e costumes do que no pleno reconhecimento, e, no caso <strong>de</strong> emergências<br />

políticas, suas estruturas facilmente ruiriam.<br />

Com o colapso da autorida<strong>de</strong> tradicional com a secularização, historicamente, a resposta<br />

para o conferimento <strong>de</strong> uma autorida<strong>de</strong> que legitimasse a emergente esfera secular veio<br />

com o Absolutismo Monárquico, que para <strong>Arendt</strong>, instituía uma resposta on<strong>de</strong> o<br />

conferimento <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> brotava da vonta<strong>de</strong> do rei como representante <strong>de</strong> Deus na Terra.<br />

Para a autora, sua vonta<strong>de</strong> indivisível possibilitava que a lei se tornasse po<strong>de</strong>rosa e que o<br />

po<strong>de</strong>r se tornasse legítimo, obliterando assim a distinção tradicional romana entre po<strong>de</strong>r e<br />

autorida<strong>de</strong>, uma vez que sua fonte única residia exclusivamente na vonta<strong>de</strong> do soberano.<br />

No Absolutismo, <strong>de</strong>scobriu-se na figura que o Príncipe encarnava um absoluto que se<br />

colocasse como fonte <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> no qual as leis positivas e o po<strong>de</strong>r político pu<strong>de</strong>sse ser<br />

remediado da perda dos seus fundamentos. Com o Absolutismo, segundo a autora, o que<br />

perdurava era a formulação grego-cristã da idéia <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, consoante a qual, para se<br />

fundamentar o po<strong>de</strong>r político e se conferir valida<strong>de</strong> às leis, a autorida<strong>de</strong> política se calca na<br />

exigência <strong>de</strong> um Absoluto que sancione a esfera política. Na época mo<strong>de</strong>rna, sua exigência<br />

se impunha em razão da secularização dos organismos mo<strong>de</strong>rnos cuja esfera política tinha<br />

que ser estabilizada e reconhecida. 175 .<br />

Na época mo<strong>de</strong>rna, a quebra da autorida<strong>de</strong> tradicional com o advento da secularização<br />

colocaria o Absolutismo como tendo aparentemente encontrado uma resposta para a perda<br />

<strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> da sanção religiosa <strong>de</strong>ntro do domínio secular. Contudo, para <strong>Arendt</strong>, o<br />

Absolutismo resolvia o problema “<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada estrutura <strong>de</strong> referência, na qual a<br />

legitimida<strong>de</strong> da norma em geral e da autorida<strong>de</strong> da lei e do po<strong>de</strong>r seculares, em particular,<br />

havia sido sempre justificada através do seu relacionamento com uma fonte absoluta que,<br />

ela própria, não era <strong>de</strong>ste mundo.” 176 Um soberano absoluto cuja vonta<strong>de</strong> é fonte <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

e <strong>de</strong> lei só po<strong>de</strong>ria ser contestado politicamente com as revoluções mo<strong>de</strong>rnas, uma vez que<br />

a fundamentação transcen<strong>de</strong>nte em que se ancorava já havia perdido suas raízes com a<br />

174 H. ARENDT, SR, p. 114.<br />

175 I<strong>de</strong>m, SR, p. 158.<br />

176 I<strong>de</strong>m, SR, p. 157.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!