Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...
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dominação e, como tal, a ruptura com a tradição tornou-se “realida<strong>de</strong> tangível e<br />
perplexida<strong>de</strong> para todos, isto é, um fato <strong>de</strong> importância política.” 140<br />
Por outro lado, para <strong>Arendt</strong>, a constituição da tradição Oci<strong>de</strong>ntal através da<br />
assunção dos padrões metafísicos da filosofia grega, o solapamento <strong>de</strong>stes<br />
padrões no mo<strong>de</strong>rno conceito <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> da ciência e na transformação <strong>de</strong>stas<br />
tradições em costumes, assinala que na compreensão da autora esta tradição<br />
seria inexoravelmente esgarçada na época mo<strong>de</strong>rna. A quebra das tradições com<br />
o totalitarismo exigia uma consi<strong>de</strong>ração filosófica da tradição que apontasse o<br />
modo como esta se constituiu e como foi esgarçada na época mo<strong>de</strong>rna.<br />
2.3. Autorida<strong>de</strong><br />
O que é Autorida<strong>de</strong> ? Quais os seus pressupostos políticos? Estas questões constituem o<br />
fulcro do ensaio “O que é Autorida<strong>de</strong> ?” e da obra Sobre a Revolução 141 . A partir da<br />
tematização do conceito <strong>de</strong> Autorida<strong>de</strong>, <strong>Arendt</strong> articula a emergência do totalitarismo<br />
enquanto novida<strong>de</strong> política assentada na instituição do terror e da i<strong>de</strong>ologia com o colapso<br />
das fundamentações tradicionais do político no trajeto das socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas. Para a<br />
autora, “o ascenso <strong>de</strong> movimentos políticos com o intento <strong>de</strong> substituir o sistema partidário,<br />
e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma nova forma totalitária <strong>de</strong> governo, tiveram lugar contra o pano<br />
<strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> uma quebra mais ou menos geral e mais ou menos dramática <strong>de</strong> todas as<br />
autorida<strong>de</strong>s tradicionais.” 142<br />
Retomar o problema da autorida<strong>de</strong> política em <strong>Arendt</strong> significa reatar a gênese das<br />
instituições totalitárias empreendida nas Origens do Totalitarismo com o colapso das<br />
instâncias fundamentadoras dos organismos políticos na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Para a autora, “o<br />
famoso ‘<strong>de</strong>clínio do Oci<strong>de</strong>nte’ consiste fundamentalmente no <strong>de</strong>clínio da trinda<strong>de</strong> romana<br />
<strong>de</strong> religião, tradição e autorida<strong>de</strong>, com o concomitante solapamento das fundações<br />
140 I<strong>de</strong>m, A Quebra entre o Passado e o Futuro, In EPF, p. 40.<br />
141 H. ARENDT, S.R. p. 195-201. I<strong>de</strong>m, O que é Autorida<strong>de</strong>?, In EPF, p. 127-187. I<strong>de</strong>m, O abismo<br />
da liberda<strong>de</strong> e a novus ordo seclorum, In VE, p. 332-348.<br />
142 I<strong>de</strong>m, O que é Autorida<strong>de</strong>?, In EPF. p. 128