Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...
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indistinção entre a essência do regime e seu princípio <strong>de</strong> ação, amalgamados no<br />
movimento das organizações totalitárias.<br />
É, pois, confrontando o <strong>de</strong>clínio da autorida<strong>de</strong> política mo<strong>de</strong>rna e a<br />
<strong>de</strong>sagregação <strong>de</strong> seus espaços <strong>de</strong> coexistência comum, com o ineditismo político<br />
dos regimes totalitários, que se torna compreensível à quebra da legitimida<strong>de</strong><br />
política das instituições mo<strong>de</strong>rnas na visão <strong>de</strong> <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong>.<br />
1.3. Totalitarismo: a <strong>de</strong>negação da <strong>Legitimida<strong>de</strong></strong><br />
O surgimento dos movimentos totalitários, sua legitimação obtida junto às massas, o aparecimento dos<br />
governos totalitários, a instituição do terror como lei do domínio total, baseada em um conceito sem<br />
prece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e na legiferação <strong>de</strong> uma nova manifestação <strong>de</strong> lei, assinalou um limite para a<br />
legitimida<strong>de</strong> das socieda<strong>de</strong>s políticas mo<strong>de</strong>rnas. A pretensão <strong>de</strong> dominação total dos governos totalitários<br />
significou uma dupla quebra na autorida<strong>de</strong> do sistema político mo<strong>de</strong>rno: ao enraizar a legitimida<strong>de</strong> do Estado<br />
nacional mo<strong>de</strong>rno em um dado pré-político natural – um conceito <strong>de</strong> povo <strong>de</strong> cunho biológico – e basear a<br />
autorida<strong>de</strong> das suas instituições sob a égi<strong>de</strong> da idéia <strong>de</strong> movimento – a partir do cunho organizacional<br />
i<strong>de</strong>ologias do século XIX, como o Anti-semitismo, o Pan-eslavismo, o Racismo, etc. –, o totalitarismo<br />
dissolvia a diferença entre a fonte da lei e o po<strong>de</strong>r político no movimento instituído pela organização.<br />
Obliteração, como já mencionada, da distinção entre forma <strong>de</strong> governo e seu princípio <strong>de</strong> ação através do<br />
movimento instituído pelas organizações cuja compreensão resvala na tese arendtiana <strong>de</strong> que o totalitarismo<br />
constituiu uma nova forma <strong>de</strong> domínio na história da civilização Oci<strong>de</strong>ntal. Contudo, é preciso ressaltar o<br />
significado <strong>de</strong>sta indiferenciação para a compreensão da legitimida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r, assinalando em que medida a<br />
compreensão dos regimes totalitários sob o signo do terror e da i<strong>de</strong>ologia, implica uma quebra da legitimida<strong>de</strong><br />
da autorida<strong>de</strong> do sistema político mo<strong>de</strong>rno.<br />
“Em vez <strong>de</strong> dizer que o governo totalitário não tem prece<strong>de</strong>ntes, po<strong>de</strong>ríamos dizer que ele <strong>de</strong>struiu a<br />
própria alternativa sobre a qual se baseiam, na filosofia política, todas as <strong>de</strong>finições da essência dos governos,<br />
isto é, a alternativa entre o governo legal e o ilegal, entre o po<strong>de</strong>r arbitrário e o po<strong>de</strong>r legítimo. Nunca se pôs<br />
em dúvida que o governo legal e o po<strong>de</strong>r legítimo, <strong>de</strong> um lado, e a ilegalida<strong>de</strong> e o po<strong>de</strong>r arbitrário, <strong>de</strong> outro,