Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...
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eixos <strong>de</strong> questão <strong>de</strong>vem então ser <strong>de</strong>stacados na elucidação do conceito <strong>de</strong> <strong>Legitimida<strong>de</strong></strong> em<br />
<strong>Arendt</strong>:<br />
1. Por meio do exame do colapso da legitimida<strong>de</strong> política das instituições mo<strong>de</strong>rnas,<br />
<strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong> reconstruiu – à luz da sua crítica à fundamentação metafísica do domínio<br />
político – na obra A Condição Humana (mas também em diversos ensaios – Da violência e<br />
O que é Liberda<strong>de</strong>? – e em inúmeras outras análises) a legitimação do po<strong>de</strong>r político<br />
ancorando-o numa teoria da ação e do espaço público. Para a autora, o po<strong>de</strong>r político<br />
legítimo é gestado na esfera pública <strong>de</strong>liberativa da ação e do discurso, ou seja, é através<br />
dos acordos <strong>de</strong>liberativos produzidos pelo agir em concerto que o po<strong>de</strong>r político é gestado.<br />
O po<strong>de</strong>r não se <strong>de</strong>fine ao nível da instrumentalização das vonta<strong>de</strong>s, mas é obtido nos<br />
acordos intersubjetivos mediados pela opinião política, auferindo sua valida<strong>de</strong> somente<br />
enquanto dispõe do assentimento que advém através das potencialida<strong>de</strong>s da ação e do<br />
discurso. É este consentimento que assegura o reconhecimento das instituições do po<strong>de</strong>r<br />
político que, por sua vez, resvalam na impotência política quando estão <strong>de</strong>sancoradas das<br />
bases público-políticas que legitimam o po<strong>de</strong>r institucionalizado politicamente.<br />
A esfera pública <strong>de</strong>liberativa da ação e da fala confere legitimação ao po<strong>de</strong>r porque<br />
esta somente é possível quando a pluralida<strong>de</strong> constituinte do po<strong>de</strong>r permanece coligada<br />
através <strong>de</strong> acordos intersubjetivos mediados discursivamente. A forma como as<br />
legitimações são produzidas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> assim do consentimento aduzido nos processos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>liberação comum, que passam, enfim, a ter caráter vinculante na medida em que é<br />
trespassado e iluminado pela pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> opiniões que lhes são concernidas. É porque<br />
está assentado nas potencialida<strong>de</strong>s da ação e da fala – que são suplantadas através dos<br />
constrangimentos da violência – que as legitimações políticas <strong>de</strong> um dado organismo<br />
político são intrínsecas às próprias manifestações do po<strong>de</strong>r no espaço público.<br />
Legitimação do po<strong>de</strong>r político pela ação e o discurso que se traduz na resistência<br />
contínua à diluição dos espaços <strong>de</strong> <strong>de</strong>liberação comuns pela mo<strong>de</strong>rna esfera do social. Esta,<br />
na medida em que canaliza a força dos processos metabólicos em direção ao mundo dos<br />
artefatos comuns, impossibilita a pluralida<strong>de</strong> que assegura a existência do po<strong>de</strong>r. Para a<br />
autora, em razão dos mo<strong>de</strong>rnos processos <strong>de</strong> socialização engolfarem a ativida<strong>de</strong> da ação e<br />
diluírem o artifício político na força dos processos naturais, a legitimação do espaço