Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...
Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...
Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
porém, faz-se necessário abordar o conceito <strong>de</strong> direitos humanos na filosofia política da<br />
autora, <strong>de</strong>stacando a inclusão dos indivíduos em uma comunida<strong>de</strong> política como um<br />
fundamento <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> para instituições políticas <strong>de</strong>finidas pela diferença entre po<strong>de</strong>r<br />
e autorida<strong>de</strong> da lei, e fundamentadas no pluralismo constituinte das suas partes.<br />
4.1 Direitos Humanos como legitimação<br />
Conforme foi visto no capítulo prece<strong>de</strong>nte, para <strong>Arendt</strong>, as leis <strong>de</strong> um governo constitucional<br />
estabelecem os ‘canais <strong>de</strong> comunicação’, os ‘limites’ e as ‘fronteiras’ para que a ativida<strong>de</strong> política tenha suas<br />
condições <strong>de</strong> manifestação asseguradas. Definida pela sua exteriorida<strong>de</strong> ao po<strong>de</strong>r, as leis são os rapports que<br />
possibilitam que a pluralida<strong>de</strong> constitutiva da esfera política tenha um espaço positivamente assegurado para<br />
as manifestações do discurso e da ação. Para <strong>Arendt</strong>, as leis conferem uma personalida<strong>de</strong> legal aos indivíduos<br />
<strong>de</strong> uma dada comunida<strong>de</strong> política, qualificando-os juridicamente como cidadãos que nela po<strong>de</strong>m se expressar<br />
politicamente.<br />
A ausência <strong>de</strong> uma autorida<strong>de</strong> legal que assegure a existência do po<strong>de</strong>r político, significa que este se<br />
encontra <strong>de</strong>sguarnecido, uma vez que per<strong>de</strong> as fronteiras limitadoras do espaço político, estando assim sujeito<br />
à arbitrarieda<strong>de</strong> daqueles que lhes são exteriores ou daqueles que o compõe. De outro lado, a perda da<br />
personalida<strong>de</strong> legal significava que o indivíduo perdia a comunida<strong>de</strong> que o integrava na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cidadão<br />
portador <strong>de</strong> direitos e obrigações, <strong>de</strong>ixando em seu lugar um indivíduo natural porque <strong>de</strong>spojado dos artifícios<br />
da lei que o qualificava com uma personalida<strong>de</strong> jurídica.<br />
A perda das medidas isonômicas da lei on<strong>de</strong> os indivíduos po<strong>de</strong>m ser igualados e<br />
integrados politicamente, a perda <strong>de</strong> uma personalida<strong>de</strong> jurídica on<strong>de</strong> os indivíduos são<br />
qualificados como cidadãos <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> política, remetem às análises <strong>de</strong> <strong>Arendt</strong><br />
sobre o significado político da idéia <strong>de</strong> direitos humanos. Conceito que emergiu no<br />
pensamento da autora a partir da sua reflexão sobre o totalitarismo, os direitos humanos<br />
para <strong>Arendt</strong> <strong>de</strong>sempenha um papel legitimador em um domínio político assentado na<br />
distinção entre po<strong>de</strong>r e autorida<strong>de</strong> e na inserção dos indivíduos em uma comunida<strong>de</strong><br />
política baseada na isonomia diante da lei. Sobre este significado, analisaremos a seguir o