16.04.2013 Views

Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...

Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...

Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

permanecendo vinculante porque dispõe do assentimento dos po<strong>de</strong>res que estão<br />

coligados no corpo político; e, <strong>de</strong> outro lado, uma constituição que não é<br />

publicamente validada e que se encontra <strong>de</strong>sligada dos homens a quem se<br />

referem. <strong>Arendt</strong> explicita esta diferença citando Jonh Adams: “uma constituição é<br />

um padrão, um pilar e uma garantia, quando compreendida, aprovada e amada.<br />

Mas, sem esta compreensão e amor, é como se fosse um papagaio <strong>de</strong> papel ou<br />

um balão, pairando no ar.” 291<br />

Para <strong>Arendt</strong>, uma constituição que é conseqüência da fundação <strong>de</strong> um corpo político<br />

traduz o estabelecimento do po<strong>de</strong>r que preexiste no conjunto do corpo político, não se<br />

restringindo apenas em salvaguardar as liberda<strong>de</strong>s negativas dos indivíduos sob os<br />

governos. A Constituição Americana <strong>de</strong>monstra este fato para a autora. Segundo suas<br />

análises, a fundação política dos Estados Unidos expressa na sua Constituição, baseou-se,<br />

<strong>de</strong> início, numa avalanche <strong>de</strong> constituições manifestas nas treze colônias americanas. Estas<br />

inúmeras constituições, realizadas em congressos provinciais ou por diversas assembléias<br />

constitucionais nas fases que prece<strong>de</strong>ram o estabelecimento da Constituição, visavam<br />

estabelecer e criar novos centros <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>pois que a Declaração <strong>de</strong> In<strong>de</strong>pendência aboliu<br />

a autorida<strong>de</strong> da Inglaterra nos Estados Unidos (<strong>de</strong>ntro entre esses, <strong>Arendt</strong> menciona<br />

sobretudo o Convênio <strong>de</strong> Mayflower). 292 Para <strong>Arendt</strong>, a empresa fundadora manifesta na<br />

constituição americana não é uma empresa ex-nillo, instituída <strong>de</strong>miurgicamente e<br />

extrínseca as <strong>de</strong>terminações reais do corpo político, mas traduzia as experiências <strong>de</strong><br />

indivíduos que estavam coligados politicamente, e que apreendiam na instituição <strong>de</strong> leis<br />

uma maneira <strong>de</strong> garantir a consorciação dos diversos corpos políticos que ansiavam<br />

estabelecer uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> política própria.<br />

A instituição do po<strong>de</strong>r político – preexistente nos múltiplos espaços políticas do<br />

solo americano – na Constituição Americana, conduz <strong>Arendt</strong> a indagar sobre o estatuto da<br />

relação entre po<strong>de</strong>r e lei em Sobre a Revolução. No capítulo “Constitutio Libertatis”,<br />

<strong>Arendt</strong> se refere à natureza <strong>de</strong>sta relação na edificação da Constituição Americana.<br />

291 H. ARENDT, SR, p. 144.<br />

292 I<strong>de</strong>m, “Tivesse a Constituição Fe<strong>de</strong>ral, em vez <strong>de</strong> ter criado e constituído o novo po<strong>de</strong>r fe<strong>de</strong>ral,<br />

preferido truncar e abolir os po<strong>de</strong>res estaduais, e os fundadores teriam tido conhecimento imediato<br />

das perplexida<strong>de</strong>s dos seus colegas franceses;” SR, p. 162-163.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!