Hannah Arendt: Legitimidade e Política - Programa de Pós ...
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1.0 O Totalitarismo e a quebra da <strong>Legitimida<strong>de</strong></strong><br />
Qual a caracterização fundamental das massas? Como <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong><br />
articula o fio <strong>de</strong>ssa caracterização com uma análise política que assinala o<br />
recru<strong>de</strong>scimento dos problemas <strong>de</strong> legitimação dos espaços <strong>de</strong> manifestação<br />
política e da autorida<strong>de</strong> em que se encontram reconhecidos e firmados? Como<br />
esse quadro analítico po<strong>de</strong> ser retomado na gênese dos governos totalitários e na<br />
compreensão do ineditismo <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong> dominação? A resposta a estas<br />
perguntas nos leva a percorrer na análise <strong>de</strong> <strong>Arendt</strong>, a relação entre o <strong>de</strong>clínio do<br />
espaço público e a quebra da autorida<strong>de</strong> política na era mo<strong>de</strong>rna, na esteira <strong>de</strong><br />
sua compreensão do surgimento dos regimes totalitários. Ao retomar esta<br />
questão, preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>marcar conceitualmente como <strong>Arendt</strong> compreen<strong>de</strong> o<br />
<strong>de</strong>clínio e a <strong>de</strong>negação da legitimida<strong>de</strong> das instituições políticas mo<strong>de</strong>rnas –<br />
Estados Nacionais europeus e sistema partidário continental – com a emergência<br />
dos regimes totalitários. Para tanto, discorreremos, <strong>de</strong> um lado, sobre o colapso<br />
do sistema <strong>de</strong> classes e o surgimento das massas na linha das consi<strong>de</strong>rações<br />
arendtianas sobre o advento do social, enfatizando o esboroamento do binômio<br />
público-privado e da conseqüente elisão da formação <strong>de</strong> consentimento e po<strong>de</strong>r<br />
políticos. No que toca esta análise, enfatizaremos a impossibilida<strong>de</strong> das massas<br />
<strong>de</strong> constituírem uma interação intersubjetiva, uma vez que estão <strong>de</strong>spojadas nos<br />
espaços <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> mundanas, e <strong>de</strong> legitimarem as instituições políticas do<br />
po<strong>de</strong>r. De outro lado, recapitularemos a análise da autora sobre o <strong>de</strong>clínio do<br />
Estado nacional europeu e do sistema partidário continental a partir das suas<br />
formulações sobre a quebra da autorida<strong>de</strong> política mo<strong>de</strong>rna. Ao retomar esta<br />
articulação, <strong>Hannah</strong> <strong>Arendt</strong> indica que se as massas não <strong>de</strong>marcam um<br />
relacionamento político possível com as instituições políticas do po<strong>de</strong>r tampouco<br />
um or<strong>de</strong>namento político que per<strong>de</strong>u sua autorida<strong>de</strong> se prestaria a ser legitimado<br />
<strong>de</strong>sse modo.<br />
É a partir <strong>de</strong>sta reconstituição do pensamento da autora que po<strong>de</strong>mos<br />
compreen<strong>de</strong>r, nos regimes totalitários, a <strong>de</strong>negação dos espaços <strong>de</strong> manifestação<br />
da ação e da autorida<strong>de</strong> nos quais se encontram reconhecidos, consoante à