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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 73<br />

ções. O andar térreo serve-lhes de armazém e despensa. As paredes<br />

laterais são formadas de varas rebocadas, sem capricho, nem<br />

elegância. A cidade propriamente contém alguns edifícios bonitos,<br />

feitos de pedra, cujos cantos e janelas são de mármore branco, sendo<br />

o resto das patedes de alvenaria. Os habitantes, de estatura inferior<br />

à dos europeus, resistem pouco ao trabalho. Habitam os pa- sete povoaçoes<br />

raibanos sete povoaçoes. A principal é Pinda-Una, que conta 1.500 Pinda-Una.<br />

almas, enquanto as outras somente 300. Cada uma destas aldeias<br />

consta de cinco ou seis casas oblongas, que se distinguem por pequeninas<br />

e numerosas portas, pelas quais se entra e se sai (84). Os<br />

íncolas andam nus, a não ser que uma tanga cubra as partes viris<br />

nos homens e uma camisa de linho resguarde as mulheres. Gostam<br />

de estar junto das esposas e não sem ciúmes. São assaz desleixados<br />

quanto à criação dos filhos e, desconhecendo disciplina e educação<br />

séria, inhábeis para tudo o que é elevado, estão por isso presos<br />

a uma servidão natural. Teem aos portugueses ódio feroz, e estes<br />

lho retribuem, como a réus de perfídia, de ingratidão e de falta de<br />

caráter.<br />

As mercadorias que apresentam ao comércio dos estrangeiros Mercadoria».<br />

são açúcar, pau-brasil, tabaco, coiros de boi, algodão e outros produtos.<br />

Possue a Paraíba dezoito engenhos, dos quais uns se mo- w engenho».<br />

vem à força de água, outros à de bois. Veem-se tais engenhos suceder-se<br />

nas margens setentrional e meridional do Paraíba.<br />

Entretanto, vindo-me água à boca com a doçura do açúcar, não<br />

será estranho aspergir com o doce suco das canas as páginas desta<br />

narração, e comparar o açúcar dos antigos com o dos modernos.<br />

Esta história, eriçada de termos guerreiros, amansará, misturandose<br />

com esta suavidade das cousas e xlas palavras. E é certamente<br />

admirável que não se dome com tão brando alimento a barbárie e<br />

que perdure a aspereza e ferócia dos costumes naqueles que se nutrem<br />

com esse néctar e ambrosia.<br />

Fizeram menção do açúcar Plínio, Dioscórides (85). Galeno Dissertação sobre<br />

e Hesíquio (86). Os botânicos, porém, discutem se este é o mesmo ° a f« car -<br />

açúcar do nosso tempo. Os que sustentam que é outro dizem que o<br />

dos antigos se cristalizava nas próprias canas, enquanto o nosso se<br />

espreme líquido e se condensa ao lume. Dioscórides informa que o<br />

dos antigos era quebradiço nos dentes e friável como sal. O nosso<br />

logo se liqüefaz, convertendo-se num suco viscoso, e de modo algum<br />

quebradiço. O dos antigos era bom para o estômago, intestinos e<br />

fígado, e o nosso faz-lhes mal. Aquele aplacava a sede; este a excita.<br />

Mas os defensores dessa diversidade não esclareceriam fácil-

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