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Baixos - Brasiliana USP

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Mulatos.<br />

O rio Niger.<br />

Costumes dos<br />

negritas.<br />

64 O BRASIL HOLANDÊS SOB<br />

na ignorância) ou ao temperamento inato dos homens, recebido dos<br />

pais, ou a uma e outra cousa, principalmente quando, mesclando-se<br />

entre si brancos e negros, nascem os trigueiros, corrigida a negrura<br />

por uma coloração mais clara, por se confundirem os elementos geradores.<br />

É o tipo que os espanhóis denominam mulatos. Os romanos<br />

chamar-lhes-iam híbridos, isto é, gerados de pais desiguais, como<br />

os semi-ferozes, nascidos de ferozes e de mansos. Neste sentido<br />

Suetôniò, na vida de Augusto, chama híbrido a certo Epicado (68)<br />

de Temesas (69), por ter nascido de pai parto e de mãe romana.<br />

Grégoras (70) designa esses mestiços com a denominação de gênero<br />

gasmúlico (71)<br />

Dos negros fizeram menção Plínio, Estrabâo, Estéfano (72):<br />

aqueles lhe chamam negritas, e o último negretas e ao rio Negreta.<br />

Este cresce, como também o Nilo, no mês de Junho, quarenta<br />

dias inteiros, durante os quais a região submersa faz-se navegável.<br />

Em conseqüência da cheia, cobrindo-se de pingue aluvião e limo,<br />

exubera com extraordinária produtividade. Por Claudiano, no<br />

Panegírico de Estilicão, é o Niger denominado Gis ou Gir: "Et Gir<br />

notissimus amnis JEtiopum" (73). — e em Sidônio Apolinário<br />

talvez se deva ler — "Indorum Ganges, Gothorum Phasis, Araxes<br />

Armeniae, Gis JEtiopum, Tanaisque Getarum (74)" —. em vez do<br />

que ora se lê — "Tagus JEtiopum" —, o qual se há de procurar na<br />

Espanha e não entre os etíopes.<br />

A língua destes negritas varia com as terras, sendo também<br />

diversa a religião. No sertão há cristãos, maometanos e gentios.<br />

Os da beira-mar são idolatras. Em certas partes adoram o Sol, a<br />

Lua e a Terra. Cuspir nesta é pecado para eles.<br />

Sarjam eles próprios a pele e pintam-na com um ungüento corado,<br />

espetáculo para eles belo e para nós feio. Enquanto almoçam,<br />

abstem-se de beber; depois de almoçarem, bebem água ou vinho de<br />

palma. Uns há que furam o lábio superior e pelo buraco e narinas<br />

introduzem pedaços de marfim, tornando-se com isto, ao que lhes<br />

parece, lindíssimos. Alguns ainda, furam o lábio inferior, deitam<br />

por êle a língua como de outra boca. Trazem outros, no próprio<br />

septo nasal, marfim ou conchas. Tingem de vermelho um dos olhos<br />

e de azul o outro. As mulheres mais ricas prendem às coxas grandes<br />

anéis de ferro, de latão ou de estanho. Enfim, comprazem-se admiràvelmente<br />

em sórdida e fétida barbárie.<br />

Com largo lucro dos espanhóis e portugueses, são transportados<br />

daquelas costas para o Brasil e para as índias Ocidentais, afim<br />

de naquele trabalharem principalmente no fabrico do açúcar, e nes-

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