16.04.2013 Views

Baixos - Brasiliana USP

Baixos - Brasiliana USP

Baixos - Brasiliana USP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 63<br />

cessidades humanas. Onde êle se usa, insinuam-se menos nas repúblicas<br />

os contágios dos males de nações separadas, visto que é mais<br />

POLÍTICA,<br />

L - L<br />

difícil o transporte das veniagas e objetos e mais fácil o do dinheiro.<br />

Por essa razão guerreando César aqui (67), os mercadores rara- GUERRA DAS<br />

mente iam ter com os belgas do interior e levar-lhes as cousas que GÁLIAS > L - L<br />

servem de efeminar os ânimos. E segundo o testemunho do<br />

mesmo escritor, não tinham tão pouco entrada no país dos nérvios,<br />

os quais não lhes deixavam levar ali vinho algum, nem outras<br />

superfluidades, julgando que tais cousas afrouxavam as virtudes.<br />

Mas entre os neerlandeses de hoje, tanto do interior como do litoral, L. II.<br />

não só teem os mercadores entrada freqüente (quem dirá se numa<br />

idade mais feliz ou mais infeliz?), mas ainda, pelo desejo de comerciarem,<br />

gostam de espalhar-se por todas as plagas do mundo, já<br />

permutando utilidades por utilidades, já resgatando-as com dinheiro,<br />

já escambando o próprio ouro por outras cousas. Portanto, consi­<br />

><br />

deram vã esta exclamação de Plínio : "Oxalá se pudesse rejeitar HIST. NAT..<br />

totalmente da vida o ouro, essa fome execranda, como disseram ce- w ' ' c lebríssimos autores, o ouro, difamado pelos insultos dos melhores<br />

homens e achado para a ruína da vida."<br />

A respeito dos negros, porque amiude ocorrem nesta histó­<br />

' '<br />

ria, convém explicar o seguinte: — são povos daquela parte da Áfri- Descrição dos<br />

ca, que, após a Barbaria, a Numídia e a Líbia, é a quarta, e se chama<br />

Terra dos Negros, nome que tira ou dos naturais, que são de côr<br />

negra, ou do rio Niger, o qual corta a região pelo meio, fecundando<br />

os campos vizinhos à maneira do Nilo. É limitada ao norte pela<br />

Líbia, ao sul, pelo Oceano Etiópico, ao ocidente pelo reino de Gualata<br />

e ao oriente pelos reinos de Goaga. O ar, junto às costas da<br />

Guiné, é nocivo aos nossos compatriotas, por causa do excessivo<br />

òalor e das chuvas, que geram a podridão e os vermes. É pouco<br />

verissímil ser a negrura dos íncolas devida à adustão do sol, pois os<br />

habitantes do Cabo da Boa Esperança são muito pretos, e os espanhóis<br />

e italianos, a igual distância do equador, são brancos. O sol<br />

não é menos tórrido no estreito de Magalhães, onde são brancos<br />

os naturais, do que nos extremos da África, onde são pretos. Os<br />

súditos do Preste João são trigueiros, e os habitantes da ilha de<br />

Ceilão e da região de Malabar são muito negros, não obstante se<br />

acharem na mesma latitude. Demais, por toda a América, até mesmo<br />

nos países intertropicais, não se encontram negros em parte alguma,<br />

salvo uns poucos no lugar denominado Quareca. De sorte<br />

que a causa da côr da cutis parece dever-se atribuir antes às qualidades<br />

ocultas da terra, do céu e do ar (asilos, oh! pesar! da humanegros.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!