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Baixos - Brasiliana USP

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Forte de Nassau.<br />

Antes foi S. Jorge<br />

atacada inutilmente<br />

pelos<br />

nossos.<br />

Matança dos holandeses.<br />

NICOLAU<br />

VAN YPERN<br />

escreve ao Conde.<br />

56<br />

O BRASIL HOLANDÊS SOB<br />

portugueses contra os nossos, que, por sua vez, se defendem com<br />

outro forte, o de Nassau.<br />

Os mercadores portugueses pagavam anualmente ao rei da<br />

Espanha 120.000 ducados, com a condição de terem naquelas regiões<br />

a exclusividade do tráfico. Em 1625, procuraram os diretores<br />

da Companhia ganhar aquela praça, mas numa tentativa inútil,<br />

conquanto tivessem ali desembarcado soldadesca assaz numerosa.<br />

Vagueando esta, desprevenida e negligente, abatida com o calor<br />

atacou-a um punhado de negros com tal celeridade, que os soldados<br />

mal acreditaram ver aqueles cuja chegada não tinham percebido.<br />

Travaram antes uma carnificina do que uma peleja, contra os<br />

nossos, sem nenhum destes resistir varonilmente. Comandantes e<br />

soldados, pondo-se em fuga como se lhes fosse incutido um pavor<br />

celeste, eram mortos como gado, aumentada pela precipitação a<br />

chacina. Em toda a parte era um espetáculo consternador e semelhante<br />

a uma carniçaria. Os bárbaros, que a nenhum poupavam, fizeram<br />

tão violenta irrupção, que muitos, sem saber nadar, se afogaram<br />

no mar, sofrendo morte horrível, e outros, num terror estúpido,<br />

lançavam fora as armas, não podendo ninguém conter o ímpeto dos<br />

africanos, o qual eles reputam valor. Como os portugueses, guardas<br />

da fortaleza, tivessem posto a preço as cabeças dos vencidos,<br />

ocupando-se nesse açougue e matança os negros, em breve espaço<br />

reduziram-se os holandeses apenas a uns poucos. E foi em verdade<br />

tão intenso o horror dos nossos soldados, que se atribuiu a milagre<br />

escapar alguém daquela hecatombe. Foram mortos 450 homens<br />

entre comandantes, soldados, marinheiros, todos decapitados<br />

e ficando os cadáveres irreconhecíveis.<br />

Abatidos de desespero e vergonha os ânimos dos nossos, e conhecida<br />

a perfídia dos régulos, que simulavam amizade e proclamavam,<br />

em palavras vãs, a concórdia, perfídia essa que se patenteava<br />

no recente transe da República, partimos sem glória e ensinados a<br />

comerciar e a guerrear ali mais cautamente. Aquele desastre foi<br />

devido à negligência dos comandantes, e, como acontece na guerra,<br />

calda um lançava a culpa sobre o outro.<br />

Nessa quadra assumia Nassau o governo do Brasil. O governador<br />

holandês do território africano, Nicolau van Ypern, varão<br />

digno de memória, em carta expôs ao Conde que, em ótima ocasião<br />

e com esperança mais certa, se poderia outra vez atacar a fortaleza,<br />

contanto que se lhe enviassem tropas auxiliares e armas necessárias<br />

para a guerra. Os soldados do Conde estavam ociosos por<br />

causa dos meses chuvosos, e o inimigo fora afugentado para longe

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