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Baixos - Brasiliana USP

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384 NOTAS DO TRADUTOR<br />

(181) "GUAPERUA, Orbis, PEIXE-<br />

PORCÓ, spinis undique horrens" Em Plínio<br />

Sênior (Hist. nat. 32,3) encontra-se<br />

Orbis, indicando certo gênero de peixe :<br />

"Durissimum esse piscium constat, qui orbis<br />

vocatur : rotundus est, et sine squamis, totusque<br />

capite constat". O peixe-porco que<br />

Barléu verteu por Orbis, é talvez o Tetraodon<br />

lineatus, cujo nome vulgar é peixe roda<br />

ou rolim. O peixe-porco (Balistes carolinensis)<br />

é peixe escleroderma plectognato,<br />

família dos Balistídeos, de que há muitas<br />

espécies nos mares tropicais e subtropicais.<br />

O nosso peixe-porco é o Monacanthus hispidus.<br />

Ver R. von Ihering, obs. cit. págs.<br />

150-151.<br />

(182) No texto Guacucua. E' o xarroco<br />

bicudo ou do Brasil (Lophius vespertilio),<br />

peixe esquamodermo. Temos o peixe-morcego<br />

(Ogocephalus vespertilio). Os nossos<br />

cronistas fazem referência a um peixe<br />

peçonhento semelhante ao xarroco, ao qual<br />

chamam maiacú, guamaiacú ou baiacú ou<br />

peixe-sapo : "Ha também hum certo gênero<br />

de peixes pequeninos, da feição de xarrocos<br />

a que chamam Mayacús..." (Gandavo<br />

VIII). "Ha uns peixes pequenos em toda<br />

esta costa, menores de palmo, chamados<br />

majacús" (Fr. Vic. do Salvador, X).<br />

Baiacú pinima (Spheroides Spengleri).<br />

(183) Em tupi nhandú -\- açú = aranha<br />

grande, a caranguejeira.<br />

(184) "Ha muitos gêneros de tubarões<br />

nesta costa. .. he peixe muito cruel e feroz,<br />

e matão a muitas pessoas, principalmente<br />

aos que nadão. Andão de ordinário acompanhados<br />

de huns peixes muito galantes,<br />

formosos de varias cores que se chamão romeiros"<br />

(Cardim) . No texto : " .. .comitês<br />

pisces habent diversicolores, quos Lusitani<br />

vocant PELGRIMES" (p. 134). "Uperú é<br />

o peixe a que os Portuguezes chamão tubarão".<br />

G. Soares, CXXVIII, p. 257<br />

Os maiores tubarões pertencem à ordem dos<br />

seláquios, família dos carcarídeos, contando<br />

mais de 150 espécies. Um dos maiores e<br />

mais terríveis tubarões é o Carcharodon<br />

Rondeleti, assim como o Cetorrhinus maximus.<br />

O de tamanho maior é o Rhinodon<br />

typicus. As nossas principais espécies são :<br />

o anequim (Carcharadon carcharias), a tintureira<br />

(Galeocerdus maculatus). o peixemartelo<br />

ou Cornuda (Sphyrna zygaena), o<br />

cação (Carcharias limbatus), etc.<br />

(185) O peixe-voador do Brasil (Cephalacanthus)<br />

é o pirabebê dos índios (pira<br />

-\- bebê ou pira -f- ueué = o peixe que<br />

voa, o voador, também chamado coto, família<br />

dos Cefalacantídeos ou Dactilopterídeos.<br />

Designa-se ainda com o nome científico<br />

Exocoetus volitans. "... são de ordinário<br />

de hum palmo, ou pouco mais de comprimento<br />

; têm os olhos muito formosos, ga­<br />

lantes de certas pinturas que lhes dão muita<br />

graça, e parecem pedras preciosas. . . Têm<br />

asas como de morcegos, mas muito prateadas,<br />

são muito perseguidos dos outros peixes,<br />

e para escaparem voão em bandos como<br />

de estorninhos, ou pardaes, mas não voão<br />

muito alto. Também são bons para comer,<br />

e quando voão alegrão os mareantes, e muitas<br />

vezes caem dentro das náos..." (Cardim)<br />

.<br />

(186) Trata-se de uma espécie de enguia<br />

volumosa, provida de aparelhos elétricos<br />

na região abdominal (Electrophocus<br />

electricus, Lineu) O nome tupi é poraqué<br />

= porá -f- ké = a gente adormece ou<br />

entorpece, segundo T. Sampaio, ou poro<br />

-\- quer = que faz dormir, adormece ou<br />

entorpece, segundo B. Caetano. Em Cardim<br />

pura, havendo ainda as variantes puraquê<br />

e piraqué.<br />

(187) "...Ypupiaprae dicti" (p. 134).<br />

À margem lê-se "peixe-mulher aliis" =<br />

= para outros peixe mulher. Segundo Batista<br />

Caetano, os elementos de ipupiara são<br />

Y = a água e pypiara = de dentro, do<br />

íntimo = o que é de dentro dágua, o que<br />

vive no fundo da água. Para T. Sampaio<br />

é corrupção de Ypú-piara — o que reside<br />

ou jaz na fonte ; o que habita no fundo das<br />

águas. Todos os nossos cronistas — Gandavo,<br />

Gabriel Soares, Frei Vicente do Salvador,<br />

Cardim, Padre João Daniel, Simão<br />

de Vasconcelos — descrevem esse homem<br />

marinho, entidade lendária, que lembra a<br />

concepção das sereias, tritões. ondinas e<br />

mãe-dágua. Em G. Soares lê-se upupiara,<br />

em Gandavo hipupiara, em Cardim Igpupiara.<br />

Frei Vicente do Salvador e S. de<br />

Vasconcelos só se referem o primeiro<br />

aos homens-marinhos e aos peixes-homens<br />

e peixes-mulheres. Cardim dá esta notícia<br />

:. "Estes homens marinhos se chamão<br />

na lingua Ipupiara; têm-lhe os naturais<br />

tão grande medo que só de cuidarem<br />

nelle morrem muitos, e nenhum que o vê<br />

escapa ; alguns correrão já, e perguntando-lhes<br />

a causa, diziam que tinham visto<br />

este monstro ; parecem-se com homens propriamente<br />

de boa estatura, mas têm os<br />

olhos muito encovados. As fêmeas parecem<br />

mulheres, têm cabellos compridos e são<br />

formosas ; acham-se estes monstros nas barras<br />

dos rios doces... O modo que têm em<br />

matar he : abração-se com a pessoa tão<br />

fortemente beijando-a, e apertando-a comsigo<br />

que a deixam toda feita em pedaços, ficando<br />

inteira... e se levão alguns comemlhes<br />

somente os olhos, narizes e pontas dos<br />

dedos. .. e assim os achão de ordinário pela<br />

praia com estas cousas menos" Fr.<br />

Vicente do Salvador e Magalhães de Gandavo<br />

contam a aparição de um desses monstros<br />

na Capitania de São Vicente, em 1564,

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