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Baixos - Brasiliana USP

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382 NOTAS DO TRADUTOR<br />

(157) Jaguaretê, jagoaretê ou onça pintada,<br />

segundo B. Caetano, quer dizer onça<br />

verdadeira, composta a palavra de jaguar,<br />

onça, cão e etê, verdadeiro. E' a Felis<br />

onça de Lineu, a maior do Brasil. Em<br />

Cardim lê-se "Iagoaretê. — "Ha muitas<br />

onças, humas pretas, outras pardas, outras<br />

pintadas,..." Barléu dá esse nome só às<br />

onças pretas : E em G. Soares : "A maior<br />

parte dessas alimárias são ruivas, cheias de<br />

pintas pretas, e algumas fêmeas, são todas<br />

pretas" (Trat. Descrit. do Brasil, cap.<br />

XCV, p. 224).<br />

"IAGUARATAE. .. tigrides nigrae sunt"<br />

(p. 133).<br />

(158) "Cajatayae" no texto. A única<br />

palavra designadora de símios semelhante<br />

a esta é coatá. Nos cronistas há referências<br />

a esta espécie de bugios que me pareceu<br />

autorizarem a versão pela palavra coatás,<br />

a despeito de não me constar se eles<br />

teem cheiro almiscarado. Diz-se coatá e<br />

coaitá, macaco platirrínio sul-americano.<br />

(Ateies paniscus, A. variegatus e A. marginatus),<br />

famílias dos Cebídeos. Levam<br />

vida arbórea e só teem quatro dedos. Dizse<br />

que, sendo atacados, se defendem jogando<br />

pedras e, estando em bandos, descem<br />

ao solo para gritar contra o agressor. Gandavo<br />

diz : "Ha huns ruivos, nara muito<br />

grandes que derramam de si hum cheiro muy<br />

soave a toda a pessoa que a elles se chega,<br />

e se os tratam com as mãos, ou se acertam<br />

de suar, ficam muito mais odoriferos e lançam<br />

o cheiro a todos os circunstantes . destes<br />

ha muy poucos na terra, e nam se acham<br />

sinam pelo sertão dentro muito longe" (capítulo<br />

VI) . Frei Vicente do Salvador informa<br />

(c. 9.°) : "Outros bugios ha não tão<br />

grandes, nem tem mais habilidades que fazer<br />

momos e caretas, mas são de cheiro". O<br />

macaco de cheiro ou Jurupixuma (Saimiris<br />

sciurea) tem o pêlo amarelo-azeitonado e a<br />

cauda muito longa. (Dr. R. von Ihering,<br />

Da vida dos nossos animais, p. 62).<br />

(159) Tiú, teyú, tijú = o que come escondido.<br />

(T. Sampaio), família dos 7eídeos<br />

ou Amenídeos.<br />

(160) Corrupção de mboy, cobra -\guaçú,<br />

grande = a cofera grande (Boa<br />

Constrictor), a gibóia de Cardim, a qual<br />

destrói animais pequenos, e raramente atinge<br />

4 metros.<br />

(161) Boicininga, corrupção de mboy<br />

= a cobra ressonante (T Sampaio). Também<br />

se ouve boicinunga e boicununga (Crotalus<br />

terrificus). Dela diz Cardim: "Esta<br />

cobra se chama cascavel; he de grande peçonha,<br />

porem faz tanto ruido com hum cascavel<br />

que tem na cauda, que a poucos toma..."<br />

No mesmo sentido Gandavo e Fr.<br />

Vicente do Salvador.<br />

(162) Corrupção mboy-obi cobra verde<br />

(Coluber veridíssimus de Lineu, também<br />

chamada Spilotes pullatus). Em Marcgrav<br />

e Piso (Ver. T Sampaio, verb.<br />

Boibi). E' a caninana de Cardim e a caninam<br />

de G. Soares.<br />

(163) Em Cardim tucana. A forma<br />

tucano é de G. Soares. Segundo Teodoro<br />

Sampaio, tucano é formado de tu -j- quã<br />

= o bico que sobrepuja, o bico exagerado.<br />

Para Batista Caetano é a alteração de<br />

tu -f- can = o bico ósseo. E' ave trepadora<br />

(rhamphastos) da América do Sul.<br />

família dos ranfastídeos.<br />

(164) Guará, a garça vermelha, a ave<br />

aquática (Íbis rubra). Teodoro Sampaio.<br />

Dele fala Gandavo: '...humas (aves)<br />

marítimas a que chamam goarás... A primeira<br />

penna de que a natureza as veste he<br />

branca sem nenhuma mistura e muy fina<br />

em extremo. E por espaço de dous annos<br />

pouco mais ou menos a mudam, e torna-lhes<br />

a nacer outra parda também muy fina sem<br />

outra nenhuma mistura ; e pelo mesmo tempo<br />

adiante a tornam a mudar e ficam vestidas<br />

de huma muito preta distinta de toda<br />

outra cor. Depois dahi a certo tempo pelo<br />

conseguinte a mudam e tornam-se a cobrir<br />

doutra muy vermelha, e tanto, como o mais<br />

fino e puro cramesim que no mundo se pode<br />

ver e nesta acabam seus dias" (Cap. VII).<br />

(165) Será o mesmo que percaaurís,<br />

que aparece no Diário de Pero Lopes de<br />

1532, segundo informa Teodoro Sampaio?<br />

Segundo ensina, é corrupção de paracau-r-í<br />

os papagaiozinhos, os periquitos. (Pernambuco)<br />

. A forma ai atinada é Piretaguaros,<br />

cuja identificação não é fácil.<br />

(166) Arara (Psittacus Macrocerus) são<br />

psitacídeos grandes e muito conhecidos.<br />

"Estes papagaios são os que por outro nome<br />

se chamão Macacos : he pássaro grande, e<br />

são raros, e pela fralda do mar não se<br />

achão; he uma formosa ave em cores, os<br />

peitos tem vermelhos como graã ; do meio<br />

para o rabo alguns são amarellos, outros<br />

verdes, outros azues, e por todo o corpo<br />

têm algumas pennas espargidas, verdes, amarellas,<br />

azues, e de ordinário cada penna tem<br />

três, quatro cores, e o rabo he muito comprido..."<br />

(Cardim). Segundo B. Caetano<br />

no aimará arara significa falador, palrador.<br />

(167) O avestruz americano tem um<br />

representante brasileiro genuíno — a ema<br />

ou nhandú ( = que corre com estrépito, a<br />

corredora, T. Sampaio), cujo nome científico<br />

é Rhea americana. "Há emas tão grandes,<br />

diz Fr. Vicente do Salvador, como<br />

as da África, umas brancas e outras malhadas<br />

de negro que, sem voarem do chão<br />

com uma asa levantada ao alto ao modo de<br />

vela latina, correm o vento como caravelas,<br />

e com tudo as tomam os índios a cosso

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