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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 363<br />

pintou, & pintou em tudo o q escreveo" (1). E mais adiante :<br />

Autor paixonado, & q em todas as occasiões falta á verdade por<br />

não faltar á opinião dos seos" (2). E Varnhagen, não escondendo<br />

o seu entusiasmo pelo historiador neerlandês, recusa-lhe, todavia,<br />

a visão objetiva dos acontecimentos que narra : "Para ser, porém,<br />

considerado como historiador imparcial desse período (3), faltou-<br />

-lhe obedecer ao preceito : audiatur altera pars" {História Geral<br />

do Brasil, Vol. II, p. 682, 2.' edição)<br />

Entretanto, abstraindo-se dessa falha, aliás natural em quem<br />

escreveu uma história encomendada e sob a inspiração direta do<br />

maior interessado nela, a crônica barleusiana tem valia como fonte<br />

copiosa de informações relativas à época de que tr#ta. Cotejadas<br />

com as de outros narradores coetâneos e submetidas a uma crítica<br />

judiciosa, poderão concorrer ütilmente para se apreciar com verdade<br />

um dos períodos mais dramáticos da nossa vida histórica. De<br />

feito, Barléu, segundo se observa no seu livro, além de versar os<br />

autores que trataram do Brasil e das índias Ocidentais, tanto holandeses<br />

como de outras nacionalidades, recebeu informações diretas<br />

de Nassau e de testemunhas dos fatos que relata. Conforme<br />

assevera o Visconde de Porto Seguro, teve êle presente a correspondência<br />

oficial de Nassau e dela se utilizou para compor a sua<br />

obra. Ministrou-lhe também subsídios para essa tarefa, por ordem<br />

de Maurício, o judeu português Gaspar Dias Ferreira, que residiu<br />

em Pernambuco e passou posteriormente para a Holanda. Numa<br />

carta em latim por êle dirigida ao Conde de Nassau, depois do regresso<br />

deste para os Paises-<strong>Baixos</strong> e quando já governador de<br />

Wesel e tenente-general de cavalaria das Províncias-Unidas, lê-se<br />

o trecho seguinte, que torna claro este ponto : "Após a partida de<br />

V Exc., fui a Amsterdam falar com Barléu, conforme V Exc. me<br />

ordenou. Respondeu-me êle que ainda estava meditando sobre o<br />

assunto e formando o encadeamento da obra, e que, em lhe sendo<br />

necessária mais alguma informação minha, mandar-mo-ia dizer, afim<br />

de eu ir ter com êle. Prometi que o faria, como V Exc. mo determinara,<br />

isto é, declarando que, de ordem de V Exc, eu lhe ofereceria<br />

o meu auxílio e diligência" Esta carta, aqui posta em vulgar<br />

e pertencente ao arquivo particular do rei da Holanda, foi publicada<br />

na Revista do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco,<br />

tomo V, p. 327<br />

Gaspar van Baerle, mais conhecido pelo seu nome latinizado<br />

de Caspar Barlaeus, viu a luz em Antuérpia aos 12 de Fevereiro<br />

de 1584. Seu pai, calvinista convicto, foi obrigado a refugiar-se na

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